O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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Peço que, quem queira continuar acompanhando o meu trabalho, siga o novo blog.

domingo, 14 de março de 2010

A estratégia da imprensa: Operação "Tempestade no Cerrado"

Operação “Tempestade no Cerrado”: o que fazer?


Por Mauro Carrara


(O PT é um partido sem mídia... O PSDB é uma mídia com partido).

“Tempestade no Cerrado”: é o apelido que ganhou nas redações a operação de bombardeio midiático sobre o governo Lula, deflagrada nesta primeira quinzena de Março, após o convescote promovido pelo Instituto Millenium.

A expressão é inspirada na operação “Tempestade no Deserto”, realizada em fevereiro de 1991, durante a Guerra do Golfo.

Liderada pelo general norte-americano Norman Schwarzkopf, a ação militar destruiu parcela significativa das forças iraquianas. Estima-se que 70 mil pessoas morreram em decorrência da ofensiva.

A ordem nas redações da Editora Abril, de O Globo, do Estadão e da Folha de S. Paulo é disparar sem piedade, dia e noite, sem pausas, contra o presidente, contra Dilma Roussef e contra o Partido dos Trabalhadores.

A meta é produzir uma onda de fogo tão intensa que seja impossível ao governo responder pontualmente às denúncias e provocações.

As conversas tensas nos "aquários" do editores terminam com o repasse verbal da cartilha de ataque.

1) Manter permanentemente uma denúncia (qualquer que seja) contra o governo Lula nos portais informativos na Internet.

2) Produzir manchetes impactantes nas versões impressas. Utilizar fotos que ridicularizem o presidente e sua candidata.

3) Ressuscitar o caso “Mensalão”, de 2005, e explorá-lo ao máximo. Associar Lula a supostas arbitrariedades cometidas em Cuba, na Venezuela e no Irã.

4) Elevar o tom de voz nos editoriais.

5) Provocar o governo, de forma que qualquer reação possa ser qualificada como tentativa de “censura”.

6) Selecionar dados supostamente negativos na Economia e isolá-los do contexto.

7) Trabalhar os ataques de maneira coordenada com a militância paga dos partidos de direita e com a banda alugada das promotorias.

8 ) Utilizar ao máximo o poder de fogo dos articulistas.

Quem está por trás

Parte da estratégia tucano-midiática foi traçada por Drew Westen, norte-americano que se diz neurocientista e costuma prestar serviços de cunho eleitoral.

É autor do livro The Political Brain, que andou pela escrivaninha de José Serra no primeiro semestre do ano passado.

A tropicalização do projeto golpista vem sendo desenvolvida pelo “cientista político” Alberto Carlos Almeida, contratado a peso de ouro para formular diariamente a tática de combate ao governo.

Almeida escreveu Por que Lula? e A cabeça do brasileiro, livros que o governador de São Paulo afirma ter lido em suas madrugadas insones.

O conteúdo

As manchetes dos últimos dias, revelam a carga dos explosivos lançados sobre o território da esquerda.

Acusam Lula, por exemplo, de inaugurar uma obra inacabada e “vetada” pelo TCU.

Produzem alarde sobre a retração do PIB brasileiro em 2009.

Criam deturpações numéricas.

A Folha de S. Paulo, por exemplo, num espetacular malabarismo de ideias, tenta passar a impressão de que o projeto “Minha Casa, Minha Vida” está fadado ao fracasso.

Durante horas, seu portal na Internet afirmou que somente 0,6% das moradias previstas na meta tinham sido concluídas.

O jornal embaralha as informações para forjar a ideia de que havia alguma data definida para a entrega dos imóveis.

Na verdade, estipulou-se um número de moradias a serem financiadas, mas não um prazo para conclusão das obras. Vale lembrar que o governo é apenas parceiro num sistema tocado pela iniciativa privada.

A mesma Folha utilizou seu portal para afirmar que o preço dos alimentos tinha dobrado em um ano, ou seja, calculou uma inflação de 100% em 12 meses.

A leitura da matéria, porém, mostra algo totalmente diferente. Dobrou foi a taxa de inflação nos dois períodos pinçados pelo repórter, de 1,02% para 2,10%.

Além dos deturpadores de números, a Folha recorre aos colunistas do apocalipse e aos ratos da pena.

É o caso do repórter Kennedy Alencar. Esse, por incrível que pareça, chegou a fazer parte da assessoria de imprensa de Lula, nos anos 90.

Hoje, se utiliza da relação com petistas ingênuos e ex-petistas para obter informações privilegiadas. Obviamente, o material é sempre moldado e amplificado de forma a constituir uma nova denúncia.

É o caso da “bomba” requentada neste março. Segundo Alencar, Lula vai “admitir” (em tom de confissão, logicamente) que foi avisado por Roberto Jefferson da existência do Mensalão.

Crimes anônimos na Internet

Todo o trabalho midiático diário é ecoado pelos hoaxes distribuídos no território virtual pelos exércitos contratados pelos dois partidos conservadores.

Três deles merecem destaque...

1) O “Bolsa Bandido”. Refere-se a uma lei aprovada na Constituição de 1988 e regulamentada pela última vez durante o governo de FHC. Esses fatos são, evidentemente, omitidos. O auxílio aos familiares de apenados é atribuído a Lula. Para completar, distorce-se a regra para a concessão do benefício.

2) Dilma “terrorista”. Segundo esse hoax, além de assaltar bancos, a candidata do PT teria prazer em torturar e matar pacatos pais de família. A versão mais recente do texto agrega a seguinte informação: “Dilma agia como garota de programa nos acampamentos dos terroristas”.

3) O filho encrenqueiro. De acordo com a narração, um dos filhos de Lula teria xingado e agredido indefesas famílias de classe média numa apresentação do Cirque du Soleil.

O que fazer

Sabe-se da incapacidade dos comunicadores oficiais. Como vivem cercados de outros governistas, jamais sentem a ameaça. Pensam com o umbigo.

Raramente respondem à injúria, à difamação e à calúnia. Quando o fazem, são lentos, pouco enfáticos e frequentemente confusos.

Por conta dessa realidade, faz-se necessário que cada mente honesta e articulada ofereça sua contribuição à defesa da democracia e da verdade.

São cinco as tarefas imediatas...

1) Cada cidadão deve estabelecer uma rede com um mínimo de 50 contatos e, por meio deles, distribuir as versões limpas dos fatos. Nesse grupo, não adianda incluir outros engajados. É preciso que essas mensagens sejam enviadas à Tia Gertrudes, ao dentista, ao dono da padaria, à cabeleireira, ao amigo peladeiro de fim de semana. Não o entupa de informação. Envie apenas o básico, de vez em quando, contextualizando os fatos.

2) Escreva diariamente nos espaços midiáticos públicos. É o caso das áreas de comentários da Folha, do Estadão, de O Globo e de Veja. Faça isso diariamente. Não precisa escrever muito. Seja claro, destaque o essencial da calúnia e da distorção. Proceda da mesma maneira nas comunidades virtuais, como Facebook e Orkut. Mas não adianta postar somente nas comunidades de política. Faça isso, sem alarde e fanatismo, nas comunidades de artes, comportamento, futebol, etc. Tome cuidado para não desagradar os outros participantes com seu proselitismo. Seja elegante e sutil.

3) Converse com as pessoas sobre a deturpação midiática. No ponto de ônibus, na padaria, na banca de jornal. Parta sempre de uma concordância com o interlocutor, validando suas queixas e motivos, para em seguida apresentar a outra versão dos fatos.

4) Em caso de matérias com graves deturpações, escreva diretamente para a redação do veículo, especialmente para o ombudsman e ouvidores. Repasse aos amigos sua bronca.

5) Se você escreve, um pouquinho que seja, crie um blog. É mais fácil do que você pensa. Cole lá as informações limpas colhidas em bons sites, como aqueles de Azenha, PHA,Grupo Beatrice, entre outros. Mesmo que pouca gente o leia, vai fazer volume nas indicações dos motores de busca, como o Google. Monte agora o seu.

A guerra começou. Não seja um desertor.

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=> O artigo é do jornalista Mauro Carrara. Recebi do meu sempre combativo amigo Gilson Caroni Filho. Dada a pertinência, peço que espalhem pela blogosfera progressista.

Ana Helena Tavares

Lula em quadrinhos - Cap. 7 - A paixão pelo futebol e o 1º salário como profissional


Clique na imagem para ler.
Esta história em quadrinhos, que foi lançada em 2002, será publicada aqui em capítulos. Tentarei manter freqüência semanal. A liberação dos direitos autorais é uma cortesia de seu autor, o cartunista Bira Dantas, hoje colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.

Brasileiros e brazileiros ou 7 factóides em 15 dias

Brasileiros e brazileiros ou 7 factóides em 15 dias

Por Sônia Montenegro*

A economia vai bem, o Brasil nunca gozou de tanto prestígio e reconhecimento no mundo, nunca na história desse país um presidente foi tão querido... então, por que é que eu sinto um nó no peito?

Nos últimos 15 dias, a imprensa tem submetido a todos nós, que estamos
satisfeitos com os rumos que o Brasil está seguindo e que queremos eleger a
Dilma para dar continuidade e avançar neste caminho, a uma verdadeira
tortura psicológica.

O Brasil sempre foi tido como "o país de futuro", e quando esse futuro
parece se aproximar, brazileiros tentam boicotar? Não deveriam eles estar
também engajados nessa mesma onda? Parece óbvio, mas infelizmente não é!

Sempre acusamos os portugueses, ingleses e norte-americanos por terem
explorado o Brasil, mas eles só o fizeram porque brazileiros deixaram. E é
muito triste fazer essa constatação. Certos brazileiros que rimam com
fuleiros, preferiram defender seus projetos e interesses pessoais aos
interesses da nação. E para atingir seus objetivos, foram e são capazes de
atos impensados.

No final de 2009, foi realizada a Confecom - Conferência Nacional de
Comunicação em Brasília, depois de concluídos os debates em todas as regiões
do país. Era uma demanda antiga de diversas entidades, por sua
incomensurável importância. É a imprensa que nos informa, e é a grande
"formadora de opinião". Tem os meios de nos fazer pensar como querem que
pensemos. Uma arma silenciosa tanto quanto perigosa, já que são brazileiros
e não brasileiros. Querem o Brasil para eles, e não para todos os
brasileiros, como nós queremos.

Quem quis participou, quem se inscreveu falou e no final foi
democraticamente votado um documento que foi enviado à Presidência da
República, com as sugestões de políticas democráticas para a comunicação.

Os grandes veículos da mídia brazileira foram convidados, mas declinaram do
convite para promover a sua própria conferência em São Paulo. Os
palestrantes foram escolhidos pelos organizadores: jornalistas e
articulistas dos grandes veículos de comunicação, como Globo, Abril (revista
não-Veja), Folha, Estadão etc. Para assistir às palestras, era cobrado um
ingresso de R$ 500,00 (isso mesmo, quinhentos reais).

Também fizeram um documento, que afirma que o setor de comunicação no país
não precisa de leis, basta apenas a auto-regulação. A eles deve ser
concedido o direito de fazer o que quiserem, independentemente do que pensa
a população brasileira e dos interesses do próprio país. Baseados não se
sabe em que, decidiram que a eleição da Dilma é uma ameaça à liberdade de
imprensa. Os movimentos sociais foram taxados de "autoritários".

A mensagem que se pode captar é que querer justiça social é sinônimo de ser
comunista. Criticar a imprensa é sinal de autoritarismo. E ponto final!!!

Coincidência ou não, o que se viu acontecer a partir dessa tal conferência
foi uma descarga de factóides, todos exibidos nas primeiras páginas dos
jornalões e noticiários de TV, notadamente o Jornal Nacional da Rede Globo.

1 - O Estadão chamou o PT de "partido da bandidagem".

2 - A revista Istoé, publica uma matéria na qual liga o petista Fernando
Pimentel ao caixa-2 do PT, apelidado de "mensalão" para dar um colorido mais
grave à denúncia. O Portal Terra, antes de divulgar a notícia, fez o que
TODOS os jornalistas deveriam fazer: checar a informação. Telefonou para o
procurador responsável pela investigação, Patrick Salgado Martins, e
perguntou se o fato era verdadeiro, recebendo como resposta um sonoro não.
Fernando Pimentel não era objeto da investigação.

A matéria não visa apenas incriminar o ex-prefeito de Belo Horizonte, um dos
coordenadores da campanha de Dilma Rousseff, mas induzir o leitor a
acreditar que o mensalão petista foi financiado com dinheiro público, o que
até o momento não foi provado, diferentemente dos mensalões do PSDB (MG) e
do DEM (DF), cuja origem do dinheiro público já foi comprovado.

3 - O jornal Folha de São Paulo, que já publicou uma ficha-falsa da Dilma
Rousseff como se verdadeira fosse entre inúmeros outros escândalos que
desdenham da nossa inteligência, publica matéria na qual acusa o PNBL -
Plano Nacional de Banda Larga do Governo Federal de beneficiar um cliente de
consultoria do ex-deputado do PT José Dirceu, chamado Nelson dos Santos, que
receberia R$ 200 milhões na "negociata". Dirceu teria feito o lobby para
beneficiar seu cliente, e para tal, recebido R$ 600 mil. Em função dos
esclarecimentos e desmentidos, a própria FSP foi obrigada a mudar a sua
versão, porque o governo federal ganhou na Justiça o direito de utilizar a
fibra ótica da falida Eletronet (criada por FHC), para levar banda larga
para os lugares onde não interessa às empresas privadas, um meio barato de
difundir conhecimento. Não precisou desembolsar um tostão, com uma única
exigência, determinada pela justiça: pagar eventuais credores por material
fornecido e não pago. Note bem: em momento algum o tal de Nelson dos Santos
seria beneficiado, como afirmou a matéria. O jornalista Luiz Nassif explica
didaticamente em seu blog, que a própria FSP foi obrigada a reconhecer, para
tirar o "deles da reta", que sua fonte foi o tal Nelson dos Santos, cujo
objetivo era exatamente o contrário do que afirmava a matéria, ou seja,
impedir o PNBL, para que ele pudesse negociar com as teles as fibras óticas,
quando poderia vir então a receber de R$ 70 a R$ 200 milhões. Em resumo: a
FSP acusa Dirceu por um lobby que ele não fez, e sim ela, tentando melar o
PNBL e dar ao seu informante a chance de angariar os valores acima
descritos.

4 - A revista (não)Veja produz uma matéria, que só não dá para chamar de
sensacionalista por ser pleonasmo. Para não me alongar muito, basta dizer
que a "fonte" da revista é um promotorzinho cujo nome me recuso a repetir,
porque é esse o seu principal objetivo: ficar conhecido e se candidatar a
uma cadeira na Câmara Federal (como ele mesmo afirmou), e já foi assunto de
uma denúncia da própria revista no passado. Começando por seu pai, preso em
flagrante por posse de bens roubados, cuja soltura foi negociada pelo filho
com um delegado. Antes de se tornar promotor, foi sócio do filho de Ivo
Noal, conhecido banqueiro de bicho e morou num apartamento de Alfredo
Parisi, condenado por bancar jogo de bicho. Foi acusado pela tentativa de
proteção do mega-contrabandista chinês Law Kin Chong, desviando as
investigações para pequenos contrabandistas. Seu patrimônio também é fruto
de suspeitas, já que comprou, de uma só vez, 2 carros importados e
blindados, entre outros delitos mais. Ainda assim a revista acreditou em
todas as declarações da sua "fonte", sem checar a informação.

Outro fato estranho é que essa denúncia é, como se usa dizer no jargão
jornalístico, uma matéria "requentada", ou seja, não é um fato novo, e o
promotorzinho a denunciou para a imprensa, antes de apresentá-la à justiça.
Correu para fazê-lo, e anteontem, teve os seus pleitos negados pelo juiz
Carlos Eduardo Lora Franco, ou seja, o bloqueio de contas da Bancoop e a
quebra de sigilo bancário do ex-presidente da cooperativa, João Vaccari
Neto, desqualificando o promotorzinho por fazer uma série de afirmações "sem
demonstrar em quais elementos as acusações se sustentam".

5 - A mais alta corte brasileira, o STF, deixa vazar para a imprensa uma
denúncia de que estaria investigando o presidente do Banco Central, Henrique
Meireles, que ignorava o fato e veio a saber por quem? Pela imprensa! Eu
tenho cá pra mim uma forte suspeita da autoria do vazamento de um processo
que correria em segredo de justiça!

6 - O que deveria ser uma boa notícia, depois de 7 anos, o Brasil consegue
na OMC - Organização Mundial do Comércio, o direito de retaliar os EUA pelos
prejuízos causados ao país por subsídios ilegais que dão aos seus produtores
de algodão. Aliás, não apenas ao Brasil, mas também à África. A grande
potência norte-americana faz o que sempre condenou em outras nações: protege
o seu mercado, criando uma concorrência desleal. Mas na imprensa brazileira,
vira uma temeridade. Uma "guerra comercial" contra os EUA, sem deixar de
enfatizar que o consumidor teria que pagar a conta pelo aumento do pãozinho.
Uma imprensa que pretende nos fazer crer que não somos uma nação soberana, e
que temos que nos curvar eternamente à grande potência norte-americana.

7 - A exploração da viagem do Lula a Cuba, pela "saia-justa" de coincidir a
sua chegada com a morte de Zapata por greve de fome. A imprensa brazileira
afirma que Zapata era dissidente do regime cubano, já Aleida Guevara March,
filha do Guevara, em visita ao Brasil nesta semana, afirmou que Orlando
Zapata, era um "delinquente comum". Disse mais: "São personagens criadas
pela mídia para caluniar Cuba. Recebem dinheiro de empresários dos EUA e
Europa que são contrários à revolução cubana". Digamos que a opinião de
Aleida seja parcial, mas seria imparcial e digna de credibilidade a
informação da imprensa brazileira colonizada, que repete aqui a ladainha
norte-americana?

Os EUA divulgaram em 2007 parte dos documentos secretos da CIA chamados
"Jóias da Família", onde reconheciam terem tentado matar por diversas vezes
o líder cubano Fidel Castro, sem contar a invasão mal sucedida à Baía dos
Porcos em Cuba, dentre inúmeras outras ações contra o país.

Em 2 de setembro de 2005, o português José Saramago e o brasileiro Oscar
Niemeyer, entre outros, assinaram um documento pedindo a libertação de 5
cubanos presos e injustamente condenados nos EUA. Até hoje, nada aconteceu.

E Guantânamo, e Abu Ghraib? Por acaso a nação norte-americana é algum
exemplo de respeito aos direitos humanos?

Em janeiro de 1988, quando Fidel recebeu a visita do Papa João Paulo II, ele
afirmou: "Esta noite, milhões de crianças dormirão na rua, mas nenhuma delas
em Cuba". Os EUA não poderiam fazer esta afirmação. Não existe analfabeto em
Cuba. A saúde é um direito de todos os cidadãos do país, e tá lá o Obama
querendo fazer o mesmo na nação mais rica do planeta, com enormes
dificuldades.

Cuba enviou médicos para ajudar o Haiti, os EUA enviaram tropas para
controlar o espaço aéreo.

Vá lá que um erro não justifique o outro, e sendo libertária, reprovo
qualquer regime de força, mas sentar no próprio rabo para falar mal do rabo
alheio é falta de caráter!!!

E o nó no peito é a constatação do que todos nós já esperávamos: vamos
sofrer muito nessas eleições. Será uma luta entre Davi e Golias. E todos
nós, que temos consciência do que está em jogo temos a responsabilidade de
salvar o BRASIL desses brazileiros.

*Sônia Montenegro é analista de sistemas e mora no Rio de Janeiro. Mantém o blog “Farmácia de Pensamentos” e é colaboradora do blog “Quem tem medo do Lula?”

Cuba "não é paradigma" para o Brasil em Direitos Humanos, diz Garcia

Cuba "não é paradigma" para o Brasil em Direitos Humanos, diz Garcia

Por Celso Lungaretti*

Esqueçam o exemplo desastrado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu para ilustrar sua posição de que não se pode libertar todo e qualquer detento que faça greve de fome.

Se ele acrescentasse que cada caso é um caso, a ser abordado de acordo com suas especificidades, ninguém estaria reclamando.

Os bandidos paulistas é que não tinham nada a ver com este assunto. Errou Lula ao misturar alhos com bugalhos.

A posição oficial do Governo Lula foi dada nesta 6ª feira (12) pelo assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, em coletiva à imprensa. Ele esclareceu que:



  • as polêmicas declarações foram "laterais" (ou seja, referem-se a aspectos secundários e não ao âmago da questão) e "não refletem a posição do Brasil e nem do Lula sobre os direitos humanos";
  • "o regime de Cuba não é paradigma para o nosso", em matéria de DH;
  • o Brasil faz defesa "intransigente" dos DH, mas só debate "nos fóruns multilaterais";
  • como os cubanos não dialogam "na base da exigência", criticá-los seria "contraproducente", daí Lula preferir tratar do assunto com "discrição".




Assim, segundo Garcia, o Brasil se dissocia do enfoque cubano dos direitos humanos, pois os DH são defendidos de forma intransigente por nosso país (e, depreende-se, não o são pelo regime dos irmãos Castro).

Mais: Cuba infringe mesmo os DH dos opositores de consciência, mas se manterá intransigente diante de pressões externas para rever suas práticas. Então, Lula acredita que uma atuação discreta seja mais adequada para atingir-se tal objetivo.

Colocada nestes termos, é uma posição defensável e equilibrada, após os excessos cometidos de parte a parte nesta polêmica desfocada: de um lado a grande imprensa, tendenciosamente, conferiu importância demasiada a uma fala distraída de Lula; do outro, os defensores de Cuba satanizaram uma vítima, negando-lhe até a condição de perseguido político, embora ele fosse reconhecido como tal pela Anistia Internacional desde meados de 2003 (vide aqui).

Quanto à decisão de ignorar os apelos dos dissidentes cubanos, porque "o governo brasileiro não é uma ONG" e só se relaciona com outros governos, formalmente é inatacável, mas isto não a impede de ser chocante ao extremo para quem tem nossas tradições humanitárias e compassivas.

Caberia melhor, p. ex., para anglo-saxões, que colocam a lei acima de tudo (às vezes, até do espírito de justiça).

Gente como a   dama de ferro Margareth Thatcher.

*Celso Lungaretti, é jornalista, escritor e ex-preso político. É paulistano, nascido e residente na capital paulista. Mantém o blog "Náufrago da Utopia", é autor de livro homônimo sobre sua experiência durante a ditadura militar e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"

José Serra e a arte de se auto-destruir

Serra e seu demônio

Por Mino Carta, jornalista, na revista "Carta Capital"

Serra é 'estranho' no ninho tucano. Talvez desde sempre. Mas agora só lhe resta entrar na arena

O governador José Serra tem um demônio para complicar-lhe a vida. O demônio tucano. É o contrário do que se deu com Sancho Pança, seu demônio, segundo Kafka, se chamava Dom Quixote, de cuja companhia tirou grande diversão ao participar de extraordinárias aventuras.

Está claro que ao se desligar do PMDB do doutor Ulysses para figurar entre os pais fundadores do PSDB, vinte e poucos anos atrás, Serra não se deu conta das graves incompatibilidades destinadas a aflorar no galope do tempo. E não se tratou do trote trôpego de Rocinante.

À época do nascimento do novo partido, que ele acompanhasse os amigos Fernando Henrique e Sergio Motta pareceu absolutamente natural. Havia entre eles uma sociedade tida como indissolúvel e que foi decisiva para levar o príncipe dos sociólogos à Presidência da República. Mas já então dei para perguntar aos meus intrigados botões se José Serra figurasse a contento naquela companhia.

Que passou pela cabeça do então ministro do Planejamento – o cargo almejado em vão no governo de Tancredo Neves – quando FHC avisou: “Esqueçam o que disse”? Da pasta, Serra desincompatibilizou-se para disputar a prefeitura de São Paulo contra Celso Pitta, candidato de Paulo Maluf. Por quê? Confiou em uma vitória líquida e certa? Ou não estava satisfeito com os limites do posto que o amigão presidente lhe entregara?

Na esquina esperava-o a derrota. Acabou por regressar ao governo e ali valorizou o cargo de ministro da Saúde, graças inclusive aos encantados louvores da mídia nativa. Já enxergavam nele o futuro candidato. Nós, aqui no nosso canto, víamos nele um estranho no ninho, a partir da convicção de que jamais declararia “esqueçam o que eu disse”.

No governo, o tucanato assumiu o papel de tardio intérprete do credo udenista, tanto mais hipócrita a acobertar corrupção desenfreada, subserviência às vontades de Washington, adesão pontual ao neoliberalismo da moda, desastres econômicos variados até a bancarrota nacional de janeiro de 1999. Será que Serra regalou-se na ocasião, propiciada por um segundo mandato conquistado pela compra de votos parlamentares?

Tive com Serra diversos contatos antes e durante a campanha de 2002, um deles na cozinha da minha casa. Jantamos um risotto produzido na hora, como convém, e tomamos um tinto de honestidade à toda prova. Ele esforçou-se para me convencer de que no Planalto teria desempenho melhor do que Lula. Afirmava ter condições de ser mais ousado, muito mais, do que o adversário, do ponto de vista econômico e social. Possível, com os tucanos à sua volta?

O problema de Serra, hoje mais do que nunca, é o próprio tucanato que pretende exprimi-lo, tão bem representado pelo senador Tasso Jereissati, o qual o chama às falas para invocar imediata definição de sua candidatura. Enquanto FHC prova que ele próprio enterrou o passado.

O parceiro de Enzo Falletto na formulação da teoria da dependência, em conferência pronunciada há dias em uma das deslumbrantes Casas do Saber (saber?), descortina os impensáveis caminhos de um liberalismo de esquerda, ele mesmo que há mais de 30 anos apontava a incapacidade visceral da burguesia nativa.

Que Serra careça de alternativas está além da evidência, só lhe resta entrar na arena e aceitar o desafio plebiscitário promovido pelo presidente da República mais amado da história do País. Mais carismático, mais hábil, mais sutil. Mais atento às falhas do contendor e mais certeiro na mira. Trata-se, justamente, de parada federal, mas o governador não tem como escapar dela.

Serra, desde 2002, carrega a certeza de que CartaCapital não gosta dele, a começar por mim, a despeito do risotto servido na cozinha. Está enganado, mas isso não impede que a revista e o cozinheiro façam suas escolhas na hora do voto, nas páginas impressas e na urna. CartaCapital expõe claramente sua preferência, ao contrário de quem afirma isenção e equidistância para confirmar a aposta na parvoíce da plateia.

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José Serra: como aniquilar a própria candidatura

Por Francisco Barreira, sociólogo, em seu blog "Fatos Novos Novas Idéias"

Poucas vezes na História um político do chamado primeiro time cometeu tantos erros num espaço tão curto de tempo, a ponto de conseguir destruir sua própria candidatura à presidência. Arrogância e teimosia que na verdade encobriam o medo de trocar uma reeleição certa para o governo paulista por uma perigosa aventura em direção ao Planalto, fizerem com que José Serra despencasse nas pesquisas. Pior: começou a ser boicotado por importantes líderes de seu PSDB e da direção do principal aliado, o DEM. Todos estes setores não escondem sua preferência pelo nome de Aécio Neves que nega ser candidato à presidência, mas não com a mesma convicção com que sempre se recusou a ser vice de Serra.

Com as prévias deste fim de semana que devem apontar já a ultrapassagem de Dilma Rousseff sobre ele, o governador paulista assiste inerte ao desmoronamento de sua candidatura e, de forma inacreditável, não altera sua tática: só anunciará formalmente que é candidato na primeira semana de abril. E não mudou, tampouco, a forma autoritária e truculenta de lidar com seus correligionários e aliados.

Na quinta-feira, um de seus aliados mais importantes, o senador Jarbas Vasconcelos, ex-governador de Pernambuco (PMDB) também estomagou-se com o Jeito Serra de fazer política e mandou pelos jornais um recado que pode ser considerado o prolegômeno de um rompimento: “Diante desse quadro dispenso meu encontro com o governador Serra. Eu pretendia ter uma conversa política com ele, mas, por enquanto, sua maior preocupação é administrativa com São Paulo. Como tomei conhecimento disso pela imprensa, também resolvi responder pela imprensa”.

Vasconcelos é o mais respeitado e popular representante do PMDB no Nordeste. Se perder seu apoio, Serra fica desfalcado de sua principal peça no tabuleiro eleitoral da região dominada pelo lulismo. O pior é que, há duas semanas, ele já perdera para Dilma o apoio de Pedro Simon do PMDB gaucho. Assim, no partido do Dr. Ulisses, Serra só conta agora com a adesão do insaciável ex-governador Orestes Quércia e uma possível composição com o combalido governador Luiz Henrique de Santa Catarina.

*As charges são uma cortesia do nosso colaborador Bira Dantas.

Os Argumentos Contra Zapata

Os Argumentos Contra Zapata

Por Carlos Alberto Lungarzo*

É um lugar comum dizer que a mídia ocidental privada, aquela propriamente capitalista, cujo negócio é não apenas ganhar dinheiro, mas direcionar a opinião pública para que o sistema se mantenha vigoroso, mente, distorce ou, pelo menos, omite a verdade. De fato, na América Latina e nos Estados Unidos isso é correto para quase a totalidade da mídia grande e mediana. Só jornais pequenos e estações de rádio e TV independentes de baixa potência estão ao serviço do esclarecimento e da educação. No Canadá e na Europa a situação é menos grave, mas as grandes redes em quase 70% dos países são semelhantes.

Ora, digamos para simplificar: a mídia capitalista mente! Mas, então, quais são as outras mídias? Alguém diria que China e Rússia são “socialistas”? Aquelas tiranias árabes não são capitalistas? Então, para fazer uma colocação mais precisa, mas igualmente superficial, digamos: toda a mídia amiga dos americanos mente!

OK, então a outra mídia incluiria Al-Jazeera, as emissoras Cubanas, Telesur, etc. A pergunta é: a simples falsidade dos pró-americanos garante a sinceridade dos antiamericanos?

Esta pergunta veio à tona quando assisti a um vídeo que exibe uma matéria de Cuba InformaçãoTV, na qual se refuta que a morte de Orlando Zapata Tamayo fosse uma violação dos DH. Quero analisar brevemente este vídeo. O total, junto com um comentário, pode ser encontrado no site seguinte, e também no conhecido Consciência.net.


O vídeo dura 3:58 minutos, mas só é relevante o trecho 0:47 a 2:50. Do final, o único importante é o desmentido do governo cubano de que Zapata foi abandonado e lhe foi negada água. Esta refutação parece verdadeira, e a difusão desta notícia lembra muito as típicas distorções da mídia imperialista. Entretanto, o trecho que consideramos permite reflexões bastante críticas sobre o relatório cubano.

Delinqüência Comum

Entre os primeiros 47 segundos e o 1:03 minuto, o locutor adverte sobre as exigências de Zapata, que pretendia ter “fogão, televisor e telefone em sua cela”, que ele qualifica como impensáveis em qualquer prisão do mundo. Curiosamente, o governo cubano nunca tinha denunciado que estas eram as reivindicações de Zapata e só as fez públicas agora. Entretanto, mesmo em países como Brasil, onde o sistema carcerário é truculento, alguns presos (e nem sempre os abastados) possuem algumas facilidades que lhes permitem telefonar e assistir TV, mesmo que não seja através de um aparelho exclusivo em sua cela.

O segundo argumento contra Zapata é mais grave. Ele seria pintado pela imprensa capitalista como um bom proletário, mas na realidade, seria um “violento delinqüente comum” processado a partir de 1993 por violação de domicílio, estelionato, e lesões (1:04-1:30). Não se indica a exata índole das lesões, mas apenas que eram graves, pelas quais foi condenado a 3 anos. Essa pena foi estendida para 24 anos por agressão violenta aos guardas prisionais (1:30-1:35). Não falemos de provas, mas o apresentador nem mesmo dá detalhes de como foram estas agressões nem os nomes das vítimas.

Informa-se depois (1:35-1:50) que Zapata não aparece entre os 75 detidos em março de 2003 por alegados contatos com os Estados Unidos, nem foi apresentado como prisioneiro político no relatório do Departamento de Estado americano desse ano, onde se faz um balanço da situação dos DH em Cuba. Este argumento é usado pela fonte cubana para afirmar que os Estados Unidos não o consideravam um preso político, mas apenas um criminoso comum, que depois teria sido utilizado pelos dissidentes.

Vale a pena observar que, no relatório sobre DH em Cuba em 2003 (sem julgar sobre a qualidade da informação) o Departamento de Estado apresenta um panorama geral dividido por itens, mas NÃO FAZ UMA LISTA dos 75 presos. É claro que Zapata não está na lista de presos, porque, simplesmente, NÃO HÁ LISTA DE PRESOS. O relatório apenas menciona aqueles mais conhecidos, como Lorenzo Copello Castillo, Barbaro Sevilla Garcia e Jorge Martinez Isaac, os três que foram executados pela tentativa de assaltar uma barca.

Também é mencionado Manuel Vazquez Portal por ter apresentado uma queixa sobre sua situação prisional. Outros mencionados são: Luis Enrique Ferrer Garcia; Martha Beatriz Roque Cabello; Oscar Elias Biscet; Pedro Pablo Alvarez Ramos; Antonio Diaz; Regis Iglesias Ramirez; Raul Rivero; Marcelo Manuel Lopez Banobre; Manuel Vazquez Portal; Oscar Mario Gonzalez. Destes, alguns eram jornalistas, outros líderes de oposição e alguns outros militantes destacados de oposição.

Observe que só são mencionados 14 detentos, sobre um total de 75. Pessoas que eram simples aderentes ou simpatizantes provavelmente não foram tidas em conta pelo Departamento de Estado. Estados Unidos nunca se preocupou por vítimas de qualquer natureza, salvo que tivessem relevância para seus projetos. Então, Zapata não foi citado porque era pouco interessante para os Estados Unidos.

É CURIOSO QUE O GOVERNO CUBANO CONSIDERE UM ELEMENTO CONTRA ZAPATA O FATO DE QUE SEU MAIOR INIMIGO, OS ESTADOS UNIDOS, NÃO O MENCIONE.

Tudo isto pode ser rigorosamente comparado no relatório deste site, especialmente nos itens 1.d e 1.e.


Entretanto, Anistia Internacional, que acredita que os DH são iguais para todos, menciona claramente Zapata ao conceder-lhe o status de prisioneiro de consciência. No seguinte site, você pode conferir a ficha redigida por AI em relação com Orlando Zapata:


Também pode ver o site de AI, que já mencionamos várias vezes em nossos artigos, procurando por CUBA e por 2003.

A ficha feita por AI sobre Zapata é esta, traduzida literalmente:

Orlando Zapata Tamayo
Data de prisão: 20 de Março 2003
Sentença: Sem julgamento ainda, indiciado por “desacato”, “desordem pública” e “desobediência”.

Orlando Zapata Tamayo é membro do Movimento Alternativa Republicana e membro do Conselho Nacional de Resistência Cívica.

Foi preso várias vezes no passado. Por exemplo, foi temporariamente detido em 03/07/2002 e em 28/10/2002. Em novembro de 2002, depois de fazer parte numa oficina sobre DH no Parque Central de Havana, José Marti, ele e outros 8 opositores foram arrestados e depois libertados. Ele foi também preso em 06/12/2002, junto como Oscar Biscet, mas foi libertado no dia 08/03/2003

A Cooptação

Segundo o relato da TV cubana, sendo Zapata um criminoso vulgar e um sujeito sem ideologia nenhuma, teria sido facilmente cooptado por Oswaldo Payá Sardinhas e Marta Roque, dois dirigentes de movimentos opositores, que o teriam convencido da importância de sua causa e lhe teriam conseguido uma boa pensão para sua família, paga pela máfia que apóia os cubanos de Miami. (1:56-2:26).

Antes que Zapata se tornasse conhecido, as informações sobre ele o indicavam como um militante de base da oposição. Assim sendo, o que Roque e Payá poderiam ter feito era apenas estabelecer uma aliança, no sentido de que Zapata trabalhasse para seu movimento. Até aí, tudo pode ser verdadeiro. Também pode ser verdade que sua família recebesse uma pensão da máfia. Como todos sabem, é difícil saber nos Estados Unidos qual é a origem do dinheiro. Por outro lado, é ridículo pensar que uma família miserável que tem um parente preso rejeitaria uma pensão, percebendo que a prisão de Orlando era uma aberração e não um ato de justiça.

A Indução ao Suicídio

A afirmação mais curiosa aparece entre os instantes 2:27 e 2:58. Aí, o locutor disse que os verdadeiros opositores convenceram a este homem (que, segundo se pode inferir das insinuações do relato, estaria grato pela ajuda dada a sua família) para fazer greve de fome.

Em seguida, se menciona que REJEITOU TODA ASSISTÊNCIA MÉDICA, e se destaca a solidariedade dos médicos do governo que em nenhum momento o abandonaram.

A atenção médica recebida deve ter sido real. Entretanto, chama a atenção que um criminoso sem ideais políticos fizesse GREVE DE FOME POR UM DEVER DE CONSCIÊNCIA PARA COM SEUS PROTETORES. Aliás, no site de Payá na Internet, o blogueiro estimula a todos os opositores cubanos a preservar suas vidas, e não fazer greve de fome.

Então, será que ZAPATA ERA TÃO SIMPLES QUE NÃO SABIA QUE UMA PESSOA PRECISA COMER PARA VIVER???

Até pode ser verdade que ele tenha resistido a receber assistência médica no começo, mas, quando percebeu que estava morrendo, SERÁ QUE ALGUM IDEAL OU PRINCÍPIO ÉTICO O ANIMOU A CONTINUAR???

As pessoas que se suicidam deliberadamente (ou se posicionam perto do suicídio) o fazem por algum destes motivos: (1) desespero; (2) fanatismo político ou religioso; (3) crença em valores éticos que (no caso de sua morte) ficarão acima do que seria uma vida sem dignidade. Caso não morram, terão mostrado sua têmpera e pressionado seus captores.

No caso (2) estariam os homens-bombas (fanatismo religioso) e os kamikazes (fanatismo patriótico). Zapata não é mencionado como fanático religioso. Aliás, como seria um fanático patriota? Por que teria sentimentos patrióticos pelos Estados Unidos? Obviamente, Cuba não diria que ele tinha patriotismo cubano.

No caso (2) estariam, por exemplo, os revolucionários do IRA liderados por Bobby Sands em 1981. Apesar de que eles também estavam animados por um fanatismo nacionalista, não deve esquecer-se que sua demanda tinha muito a ver com sua dignidade humana: queriam ser tratados como presos políticos e não presos comuns.

O caso (2) também inclui aos que chegam à beira do suicídio. Neste caso, eles não querem morrer INCONDICIONALMENTE, mas arriscam a vida para defender suas idéias. Se conseguirem dobrar seus algozes, terão ganhado moralmente parte de sua causa. Se morrerem, deixaram um sinal de coragem para os sucessores. Há vários destes casos, dos quais, o mais conhecido é Mahatma Gandhi. Outros casos famosos relativamente recentes são:

Ativistas tâmiles contra a ditadura de Sri Lanka.

Sufragistas americanas e britânicas.

Independentistas tibetanos.

Prisioneiros dos americanos em Guantánamo.

Prisioneiros políticos argentinos (2000-2001)

Prisioneiros políticos turcos, e outros.

Segundo a descrição feita pela TV cubana, Zapata seria um lumpen sem valor que se venderia a qualquer um. Então, como uma pessoa assim pode ser convencida a morrer por uma causa? Até onde se conhecem as greves de fome, não há nenhum caso de alguém que não tivesse uma motivação, social, ética ou religiosa muito clara; correta ou errada, mas clara.

A idéia de ser subornado pelos agentes americanos coloca esta pergunta: subornado a troco de que? O que faria ele com algum dinheiro depois de morto?

A única hipótese possível, mesmo aceitando a explicação da TV Cubana é que Zapata se deixou morrer por desespero. Fosse apenas um lumpen (existem lumpen em Cuba depois de 50 anos de Revolução???), ou um agente da CIA, ou qualquer outra coisa, é natural que um homem condenado a penas crescentes de prisão (no último momento atingiam os 36 anos), sem a menor possibilidade de defesa nem de julgamento limpo, só pense em morrer.

Acima de qualquer outra idéia (cuja existência não negamos) em valores éticos ou sociais, seu desespero face uma morte lenta conduz naturalmente ao desejo de uma morte mais rápida. Como disse o senador Cristóvão Buarque, a morte por greve de fome é muito mais cruel que a morte por fuzilamento. Acrescentemos, porém, que é bem mais macia que uma agonia de décadas.

Por sinal, não se parece isto muito ao caso Battisti? Observemos que no Brasil, as forças de esquerda realmente democráticas têm feito grande esforço pela defesa de Cesare. Não posso mencionar todos os casos, porque são muitos, mas os parlamentares, alguns jornalistas e operadores de direito progressistas estão entre eles. Observemos também que a esquerda que adere a projetos populistas de vários governos, e até defende a ditadura dos aiatolás, pouco se importou do caso Battisti.

Como coordenador do site de assinaturas em prol do asilo de Cesare, fiquei surpreso pela falta de colaboração de redes da dita “esquerda nacionalista”, que dizem possuir milhares de associados, dos quais, menos de mil assinaram nossa petição. Os outros foram esquerdistas independentes ou estrangeiros.

*Carlos Alberto Lungarzo é professor e escritor, autor do livro "Os Cenários Invisíveis do Caso Battisti". Para fazer o download de um resumo do livro, disponibilizado pelo próprio autor, clique aqui. É membro da Anistia Internacional e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"

CINEMA & POLÍTICA: MOSTRA E SEMINÁRIO

Programação - Rio de Janeiro


Centro Cultural da Justiça Federal


Av. Rio Branco, 241, Centro





O preço do ingresso para os filmes é de R$ 1,00. É preciso pegar senha uma hora antes. Os debates são gratuitos.

16 a 21 de março








Dia 16 terça-feira





Cinema e ditadura



15h. Madres de Plaza de Mayo: Memória, Verdade, Justiça | Carlos Pronzato (2009)

Idioma esp. | legenda port. | classificação indicativa 12 anos

17h. Condor | Roberto Mader (2007)

Idioma ing., esp. | legenda port. | classificação indicativa 12 anos



19h. Mesa redonda – Golpe de Estado e processos revolucionários

Mediador: Jorge Vasconcellos (Gama Filho; Uff)

Debatedores: Roberto Mader (Cineasta)

Carlos Eugênio Paz (Escritor e ex-dirigente da ALN)








Dia 17 quarta-feira





Cinema e Processos Revolucionários



15h. Marighella: retrato falado do guerrilheiro | Silvio Tendler (2001)

Idioma port. | sem legendas | classificação indicativa 12 anos



17h. Carabina M2 Una Arma Americana: Che na Bolívia | Carlos Pronzato (2007)

Idioma esp. | legenda port. | classificação indicativa 12 anos










Dia 18 quinta-feira





Cinema e Libertação Nacional



15h. A Las Cinco en Punto| José Pedro Charlo (2004)

Idioma esp. | legenda esp. | classificação indicativa 12 anos

17h. Salvador Allende | Patricio Guzmán (2004)

Idioma esp. | legenda port. | classificação indicativa 12 anos

19h. Mesa redonda – Fim da Ditadura: abertura e esquecimento

Mediador: Juan David Posada (UniverCidade)

Debatedores: Daniel Aarão Reis (Uff)

Dênis de Moraes (Uff)






Dia 19 sexta-feira







Cinema e Movimento Sindical



15h. Braços Cruzados, Máquinas Paradas | Roberto Gervitz (1978)

Idioma port. | sem legenda | classificação indicativa 12 anos

17h. Volta Redonda: o Memorial da Greve | Eduardo Coutinho, Sérgio Goldemberg (1989)

Idioma port. | sem legenda | classificação indicativa 12 anos












Dia 20 sábado

Cinema e Globalização



15h. Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá | Silvio Tendler (2006)

Idioma port. | sem legenda | classificação indicativa 12 anos



17h. Os Olhos Fechados da América Latina | Miguel Mirra (2008)

Idioma esp. | legenda port. | classificação indicativa 12 anos



19h. Mesa redonda – Globalização e Socialismo no Século XXI

Mediador: André Queiroz (Uff)

Debatedores: Francisco Teixeira (Ufrj)

Rogério Haesbaert (Uff)










Dia 21 domingo





Cinema e Socialismo no Século XXI



15h. Pachamama | Eryk Rocha (2008)

Idioma esp., aimará, quíchua, | legenda port. | classificação indicativa Livre

17h. Autonomía Zapatista: Otro Mundo es Possible | Juan E. García (2008)

Idioma esp. | legenda esp. | classificação indicativa 14 anos

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=> Dica recebida do meu sempre combativo amigo Luiz Claudio C. Souza.

Arnaldo Jabor e eu: quem é o boçal?

Arnaldo Jabor e eu: quem é o boçal?

Por Raul Longo*

Eu, claro. Afinal, ainda que filho de operária, me tornei um classe-média. E o Arnaldo Jabor conhece muito da contumaz boçalidade da classe média.

A meu ver Jabor fez um único filme realmente notável: "Tudo Bem". Mas é tão bom que apesar da produção posterior do que chamou “trilogia do apartamento” ser de enredo paupérrimo e péssima direção, “Tudo Bem” justifica o longo aprendizado de Jabor sobre a classe média brasileira.

“Tudo Bem” é um verdadeiro tratado sobre a incapacidade de raciocínio e de percepção da realidade que o circunda, pelo cidadão comum de classe média. Mas a concepção farsista de nossa pequena-burguesia sobre o país e sobre si mesma, já despertara a atenção do Jabor há muito mais tempo, como se verifica em seu primeiro longa-metragem de 1967: “A Opinião Pública”. Um documentário onde, através de um mosaico de depoimentos, Jabor possibilita à própria classe média a exposição de seu empedernido atrasismo fascistóide e moralista, ao apoiar a ditadura militar instaurada pelo golpe de 64.

Em sua primeira produção ficcional, “Pindorama” de 1970, através de alegórica representação da irracionalidade e alienação da classe média através de uma personagem feminina viciada e manipulada pela Igreja, Militares, Políticos e o poder econômico dos verdadeiros burgueses; Jabor transpõe a atualidade dos anos 60 ao Brasil do século XVI.

Todo esse interesse e análise desenvolvida ao longo de uma década de críticas mordazes e profundas, em 1978 se concretizam em um dos mais atilados tratados sociais já produzidos sobre o segmento médio dos estratos sociais brasileiro, o “Tudo Bem”.

Nem da Casa Grande nem da Senzala, sempre excluída e menosprezada pelos clãs dos Donos do Poder, a classe média nunca mereceu maiores atenções de nossos mais destacados historiadores, cientistas e analistas sociais. Até mesmo os modernistas que dela se originaram, não dedicaram mais do que breves ironias. E os que alguma vez tentaram enaltecê-la, nunca superaram as rimas pobres como aquelas das “bandeiras de 13 listas que marcam conquistas de paulistas trabalhistas”.

Além de Machado de Assis no início do século passado e de Nelson Rodrigues nos meados, só Roberto Carlos e sua turminha da jovem guarda buscaram interpretar as pequenezes e comezinhas vicissitudes desta classe que nunca se destacou por nenhum maior envolvimento com o país e seu povo. Apenas deixaram se enganar por duas campanhas promovidas por Assis Chateaubriand, entregando relíquias familiares e acreditando no Ouro Para o Bem do Brasil (que o Brasil nunca viu) e a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em prol da ditadura militar.

Interessaram somente aos publicitários e estrategistas comerciais que chegaram a contratar os irmãos Paulo e Marcos Vale para compor um hino ao “Corcel cor de Mel e o Mustang cor de sangue”, e ao marketing da ditadura que versou o “America love or leave” para “Brasil ame-o ou deixe-o”, ao que seus integrantes que ainda preservavam algum senso crítico completavam com “E o último a sair apague a luz do aeroporto”.

Ridicularizada por si mesma e menoscabada pelas esquerdas, mais interessadas nas classes produtivas em cultura ou em contribuições ao desenvolvimento da civilização brasileira; é essa pobre classe média que Jabor denuncia em “Tudo Bem” como sintoma de um capitalismo tardio; cruelmente tratando-a como bocas inúteis a serem alimentadas pelos que ela despreza e ocupante de espaços adaptados para conter o vácuo, o vazio, o nada.

O filme resgata de Lima Barreto a ironia às inócuas boas intenções de um Policarpo Quaresma adaptado e reinterpretado por Paulo Gracindo em anacrônica preservação do Integralismo, contracenando com a divina Fernanda Montenegro reproduzindo uma patética esposa incapaz de incluir-se na própria realidade, mas ridiculamente disposta a ensinar sobre o que não consegue ver e sequer ter qualquer noção do que seja.

Antes da instalação da primeira indústria automobilística brasileira Noel Rosa já reclamara da operária que atendia ao apito da fábrica, embora surda à buzina de seu carro. E Newton Mendonça fotografou numa alemã Roleiflex a ingratidão composta pelo Jobim e cantada pelo João Gilberto; mas analisar, estudar, descobrir os medos, os segredos, inseguranças, vazios... Os pequenos engodos que utiliza para enganar-se a si mesma e as vãs fantasias cotidianas, ninguém antes reproduziu tão bem quanto o Jabor.

Se alguém descobrir alguma razão para conhecer em profundidade essa grande falácia que é a pequena burguesia urbana brasileira, não terá como fugir. Obrigatoriamente haverá de consultar a obra do cineasta, pois assim como não se conhece o sertanejo sem ler Guimarães Rosa, não é possível conhecer nossa classe média sem Jabor.

Mas a questão que resta é que enquanto o sertanejo continua sendo uma matéria riquíssima, seja para o teatro e a literatura de um Ariano Suassuna, para a música de um Elomar, ou o espetáculo de um Antônio Nóbrega; qual a utilidade de todo o conhecimento que Jabor reuniu sobre a classe média?

Para o próprio Jabor não teve nenhuma, pois quando se deu conta das restrições de conteúdo de seu objeto de estudo e resolveu tirar proveito com algum retorno financeiro, é que acabou quebrando a cara.

Ao explorar as emoções baratas da classe média através de suas típicas crises existenciais e conseqüentes reflexos sexuais, tudo o que fez foi produzir dois fracassos brochantes: “Eu te Amo” em 1980 e “Sei que vou te amar” em 1986.

Tim Maia, emérito frasista, dizia que o Brasil é o único país onde traficante se vicia e prostituta se apaixona pelo freguês. Quando Chico Anísio casou com a Zélia Cardoso, o Macaco Simão da Folha de São Paulo completou a relação com o humorista que casa com a piada. No caso do Jabor, podemos adicionar o intelectual que se tornou tão estúpido quanto a estupidez que ironizou. Como Jabor foi cometer a burrice de tentar ganhar dinheiro com a classe média brasileira reproduzindo a própria nulidade desse grupo social, é incompreensível. Como, apesar de duas décadas de estudos e análises, não percebeu que a colonizada classe média brasileira desconhece e despreza a si mesma, apenas reconhecendo e valorizando sua congênere estadunidense, por mais idênticas que sejam.

O vazio é o mesmo, o mesmo nada, mas com uma diferença fundamental: a classe média norte-americana, conhecida como “maioria silenciosa”, ainda que silenciosa é muito orgulhosa de si: do seu chiclete, da sua coca-cola, dos seus carros, do seu sanduíche e de sua calça jean. A brasileira tem o mesmíssimo orgulho, mas do chiclete, coca-cola, carros, sanduíches e jeans deles, dos norte-americanos.

Difícil imaginar de onde o Jabor tirou que os brasileiros médios dariam o mesmo valor para uma porcaria de filme produzido aqui, que dão às porcarias de filmes produzidos lá; mas nem por isso se pode dizer que Jabor seja um boçal.

Não! Pois apesar do fracasso como cineasta, Jabor logo descobriu outra forma de utilizar seus conhecimentos sobre a boçalidade da classe média brasileira, colocando-os a serviço do maior grupo de comunicação do país. Deu um pouco de azar, coitado, pois resolve fazer isso justo quando o tal grupo inicia um processo de decadência e perda de público, mas isso Jabor não tinha como imaginar, porque apesar de seu convívio com Glauber Rocha, de povo ele entende muito pouco ou praticamente nada.

Ainda assim, e graças as suas pontas no jornalismo da Globo, as madeixas do Jabor conseguiram algum sucesso entre as senhoras da mesma classe que ele tanto desprezou, ironizou, satirizou e menoscabou através de seus longa-metragem.

Foi o também cineasta César Cavalcanti quem me chamou a atenção para o detalhe da cor da gravata diária no Jabor na TV: vermelha! E vermelha continuou cotidianamente desde a vitória eleitoral de Luís Ignácio Lula da Silva, até o anúncio da indicação de Gilberto Gil para o Ministério da Cultura. Talvez um pouco mais, na esperança de biscoitar algum alto cargo de confiança, mas a medida que o estafe se definiu em todo o Ministério, Jabor mudou de vez a cor da gravata e, de lá pra cá, não há o que o faça perdoar Lula. E nem deve! Pois se não for o que recebe dos Marinhos pra falar mal do governo Lula, vai viver do quê?

Difícil a situação do Jabor! Mas não se pode dizê-lo boçal, afinal está tirando algum proveito de tantas décadas de áridas análises e estudos sobre a classe média. Boçal sou eu que tento demonstrar a essa mesma classe média quanto o Jabor a trata como fruto da mais pura e refinada boçalidade.

Reconheço que sou boçal, pois jamais o típico pequeno-burguês do Brasil será capaz de enxergar algum valor em sua gente, em seu país, em sua história e em si mesmo. Muito pelo contrário! Sente-se afagado pelo William Bonner quando confessa que faz jornal para Hommer Simpsons, o personagem idiota do famoso seriado animado dos norte-americanos. Idiotas, sim, mas idilicamente idiotas norte-americanos!

Lembrando disso é que me contive quando vi o Jabor comentando a notícia do outro, o William Waack, culpando o Presidente Lula – evidentemente! – pela morte do prisioneiro cubano. Dizia a notícia que o presidente brasileiro negligenciara um pedido por sua intervenção, emitido pelo grupo do Orlando Zapata Tamayo de dento da prisão.

Aí aparece Lula negando ter recebido tal pedido, afirmando que se houvesse recebido até conversaria a respeito com os mandatários cubanos, mas que não fora protocolado. E então, para meu espanto, surge o Jabor especulando sobre a desumanidade do Lula ao exigir que o moribundo Zapata, fraco e com fome, ainda protocolasse o tal pedido.

Naquele momento não me contive e considerei o Jabor um boçal por desconhecer que qualquer pessoa que pretenda se dirigir por escrito a uma autoridade de onde for no mundo, terá de fazê-lo através de um registro protocolar, exatamente para preservar o direito de comprovar a intenção de se comunicar com a autoridade.

Se sou mal atendido por um assessor de serviço público e pretendo me queixar com seu titular, não adianta pôr uma cartinha no correio, pois o secretário, diretor ou o que seja, simplesmente poderá alegar que a missiva não lhe foi entregue. Jabor pode até cogitar que o governo cubano não entregou o pedido ao protocolo da embaixada brasileira, mas em meu imediato entender proferiu evidente boçalidade ao cogitar sobre desumana exigência burocrática a um moribundo em greve de fome. Afinal quem protocola não é o que emite o comunicado e, sim, o órgão que o recebe.. Assim se atesta o recebimento de qualquer documento ao longo da história.

Muito fácil qualquer um dizer que entregou um documento a Lula, mas somente aquele que apresentar o protocolo de recebimento desse documento pela chancelaria de Lula poderá prová-lo. Qualquer pessoa com um mínimo de informação sabe disso e só o ignoram os muito desinformados ou boçais.

Mas então me lembrei da filmografia do Jabor. Lembrei quanto conhece bem de seu público, quanto sabe de suas fantasias e da facilidade de sugestioná-lo. Jabor sabe com o que e com quem está lidando, afinal passou quatro décadas analisando, documentando e ridicularizando a pasmaceira daqueles que hoje o adoram.

Não! Sem nenhuma sombra de dúvida, Jabor não é um boçal. Está ganhando para fazer o que faz.

Boçal sou eu que, sem ganhar coisa alguma, fico aqui perdendo meu tempo na tentativa de impedir que a classe média seja tratada tal qual é afeita, acostumada, e com tanto gosto e enrosco.

*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta. Mora em Florianópolis (SC), onde mantém a pousada "Pouso da Poesia". É colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".

Cavalos de Tróia

Cavalos de Tróia

Por Laerte Braga*

A cada dez pessoas às quais se pergunte se é de direita ou esquerda, mesmo que esse campo ideológico esteja “ultrapassado” segundo alguns ex-esquerdistas (para justificar o virar a casaca), todas dirão que ou estão à esquerda, ao centro-esquerda, nunca à direita. Para encontrar alguém disposto a assumir uma postura pública de direita será necessário que a pergunta seja feita a pelo menos cem pessoas, mesmo que a nona se declare de direita. Será a única em cem.

José Collor Arruda Serra (envolvido na Operação Satiagraha agora convalidada pela Justiça por favorecimento a doleiro, negócio de oitenta milhões) não aceita, por exemplo, o rótulo de direita. Ou diz que essa forma de situar as pessoas do ponto de vista ideológico é superada, incorreta, ou imprecisa, ou se afirma, já disse isso, à esquerda do presidente Lula “em muitas situações”.

É claro que não é assim matemática essa divisão, maniqueísta, mas é um ponto de partida para que se possa perceber, entre outras coisas, no caso do Brasil, se alguém é a favor de privatizar a PETROBRAS ou do monopólio estatal do petróleo.

Há um processo em fase aguda de luta pela integração dos países e povos latino-americanos, vale dizer, sem a presença de norte-americanos e canadenses.

Governos comprometidos com essa idéia, com esse propósito, movem-se num espetro à esquerda, conscientes que os interesses norte-americanos e canadenses (um grande estado dos EUA e ao norte dos EUA, com pretensão de súditos da rainha da Inglaterra, colônia européia desse mesmo EUA), não são interesses de nações e povos latino-americanos, pelo contrário, quando o são, tem o viés de colonizar, oprimir, intervir e acrescentar um “r” à palavra Latina. Vira Latrina, América Latrina. Que o digam mexicanos, colombianos, peruanos e hondurenhos para citar quatro. E todos os livros de História sobre aquela conversa de “a América para os americanos”.

O presidente dos Estados Unidos chegou à Indonésia, onde viveu por três anos de sua infância, debaixo de protestos generalizados da população muçulmana, a um ponto tal que o governo foi obrigado a retirar uma estátua de Obama posta no centro de Jacarta para simbolizar o tempo que ali viveu.

O presidente Lula do Brasil chegou a Israel e foi recebido como “profeta do diálogo”, sem necessidade de rever um único dos seus pontos de vista e reafirmando sua amizade com o presidente e o povo do Irã, além do direito do Irã ter seu projeto nuclear.

Em


está uma entrevista de Lula concedida a dois jornalistas israelenses e um jornalista árabe, em que até a ordem para saber se os de Israel fariam a primeira pergunta ou o árabe, foi tirada num par ou ímpar. Valeu a Lula a classificação de imparcial.

Israel é um estado terrorista. Uma anomalia criada por interesses de britânicos, franceses e norte-americanos logo após a segunda guerra, escorado na “reparação aos judeus vítima dos holocausto” e que se constitui hoje em ponto de operações terroristas como assassinatos, seqüestros, falsificações, além, lógico de grandes lucros nas terras e água palestinas. O petróleo de lá, como querem o daqui.

Lula ainda vai a própria Palestina, ao Irã e a Jordânia.

Obama está sendo escorraçado de um país onde passou três anos de sua infância e antes de sua eleição, durante a campanha eleitoral, acreditava que sua realidade pudesse vir a ser compreendida, ou seja, que Obama fosse de fato negro e diferente.

É branco e igual a qualquer Bush da vida.

Difere apenas no método, na forma de agir, carrega um tubo de vaselina no bolso, mas já não consegue enganar ninguém. Caiu a máscara no golpe militar de Honduras, todos os dias no Afeganistão.

A integração latino-americana se impõe para que países como o Brasil, o maior dessa parte do mundo, ao lado de venezuelanos, argentinos, uruguaios, paraguaios, bolivianos, cubanos, nicaragüenses e todos os outros, possam aspirar níveis de desenvolvimento, soberania e integridade de seus territórios capazes de se lhes garantir para além da independência em seu todo, uma existência, coexistência e convivência em bases dignas e humanas para seus nacionais.

Isso preocupa Washington.. Preocupa Wall Street e preocupa os vários “escritórios” dessa gente aqui em nosso país, por exemplo, entidades putrefatas de elites fétidas como a paulista (FIESP/DASLU), ou de um latifúndio alojado no DEM, versão contemporânea e dissimulada (mas nem tanto) dos partidos escravocratas do século XIX.

E dos ladrões também, caso de José Collor Arruda Serra e do próprio José Roberto Arruda, o tal do “vote num careca e leve dois”.

Fossem apenas esses os “escritórios”, teríamos os adversários descobertos à luz do dia. Mas não. Somam o quem em linguagem internética hoje chamam de vírus. Organizações como a ANISTIA INTERNACIONAL, uma capa e outro conteúdo. Human Wrighgts, a mesma coisa, uma vasta e quase incontável quantidade de ONGs “protetoras” de todo mundo, desde que os juros sejam pagos em dia a bancos sionistas em Wall Street.

Há uma discussão em toda a América Latina que não pode deixar de ser feita pelo conjunto de forças populares. A questão das FARCs-EP e do ELN, respectivamente FORÇAS ARMADAS REVOLUCIONÁRIAS COLOMBIANAS-EXÉRCITO POPULAR e EXÉRCITO DE LIBERTAÇÃO NACIONAL (a última guerrilha fundada por Guevara). Para a ONU são movimentos “insurgentes”, vale dizer rebeldes, para os EUA, organizações “terroristas”.

Já o MOSSAD, serviço secreto de Israel não. É legítima defesa, pode falsificar documentos, assassinar, seqüestrar, roubar, etc, que está defendendo a democracia.

Setores e organizações ditos ou ditas de esquerda restringem qualquer movimento de defesa do processo de integração latino-americana à presença das FARCs-EP e do ELN. Acreditam ser possível a negociação com o governo títere de Pepe Lobo em Honduras e vivem da crítica a Cuba, por conta de um preso “político” em prisão domiciliar e em greve de fome, dispondo de toda a assistência prevista e recomendada pelos Direitos Humanos, ao contrário, por exemplo, de quem está preso em Guantánamo, ou nas prisões do Iraque, ou de Israel.

Pior, se é que isso é possível, nas prisões do latifúndio CST/SAMARCO/ARACRUZ, antigo estado brasileiro do Espírito Santo. O criminoso que lá chamam de governador, está sendo intimado a explicar a organizações de direitos humanos da ONU, as condições abjetas dos presídios do latifúndio (no antigo Espírito Santo, desde a chegada do “progresso” com as empresas como a VALE/CST/SAMARCO/ARACRUZ, anularam a lei áurea e reintroduziram a escravidão, sem falar na predação ambiental).

A mídia, aquela que segundo Bial não precisa de credibilidade, pois quem busca credibilidade é o pastor, o padre (nem isso mais, pastores com mínimas exceções, são estelionatários a vender terrenos no céu e o papa atual, comandante da Igreja Católica, uma aberração saída das catacumbas do III Reich e que envergonha a maior parte do clero e dos fiéis), a mídia, repito, outro escritório dos EUA no Brasil e em muitos países, vende a idéia através de agentes nacionais a seu serviço (GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO, etc, Bonner, Miriam Leitão, Alexandre Garcia, Lúcia Hipólito, ali não tem exceção), que os brilhos de Hollywood, mesmo que sejam só brilhos e por baixo deles estejam milhões de famintos, de desempregados, de sem teto, sem terra, professores tratados como lixo ao longo de suas carreiras, que esses brilhos são melhores e acima de tudo patrióticos.

E que todos ou tudo o que se voltem contra os que dirigem esse brilho ofendem a democracia cristã/sionista e ocidental.

Não existe integração dentro desse espectro de “esquerda” que exclua as FARCs-EP, ou o ELN do processo nessa direção. Os pruridos de organizações ditas de “esquerda” contra a presença da guerrilha nos fóruns de debates trazem o viés moralista e hipócrita, o mesmo que cerca Obama. São cavalos de Tróia..

Não creio que possa existir algo mais doloroso que ser rejeitado pelos seus, e Obama foi rejeitado pelos indonésios, onde viveu três anos de sua infância e despertou esperanças que se viram frustradas quando arrancou a pele de negro que lhe cobria a ideologia branca. Ariana.

Pelo peso e pela importância do Brasil qualquer retrocesso (o retorno Tucano/DEM) trará conseqüências desastrosas e significará abrir mão do que foi conquistado em 1822. A independência.

Quando de um acordo de paz entre um governo colombiano e as FARCs-EP, o movimento transformou-se em partido político, disputou as eleições e venceu em várias das regiões colombianas, elegendo mais de três mil representantes municipais, deputados regionais, ao Parlamento e viabilizou um caminho para mais à frente eleger o presidente da República. Os eleitos foram assassinados e as FARCs-EP voltaram á condição de guerrilha.

Que nem a paz firmada entre palestinos e israelenses. Rabin, primeiro-ministro de Israel assinou um acordo com Arafat e na comemoração foi assassinado por um fanático judeu.

Dois livros não desmentidos e com tradução para o inglês, vendidos nos EUA, mostram onde está o tráfico na Colômbia. “Amando Pablo, odiando Escobar”, da ex-amante de Pablo Escobar, onde são contadas as suas ligações com o atual presidente colombiano, inclusive no financiamento de suas campanhas eleitorais. “Biografia não autorizada”, do jornalista Joseph Contreras, do jornal NEWSWEEK, que traz toda a história das ligações de Uribe com o tráfico e com Escobar.

Vetar as FARCs-EP e o ELN na luta pela integração dos países e povos latino-americanos é ficar ao lado do narcotráfico e isso é coisa da direita, do latifúndio, de banqueiros (que guardam o dinheiro dos traficantes), das grandes empresas, que muitas vezes abrigam entre seus acionistas poderosos narcotraficantes.

Abadia não morava numa favela em São Paulo e no condomínio de luxo onde tinha sua faraônica mansão, as festas eram freqüentadas pelas elites FIESP/DASLU e noticiadas nas colunas de fuxicos ditas sociais de jornais “paladinos” da democracia como a FOLHA, o ESTADO DE SÃO PAULO, muitos jornalistas de VEJA buscavam uma graninha ali para reforçar o “leite das crianças”.

É o parece que é mas não é.

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*Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no "Estado de Minas" e no "Diário Mercantil". É colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".

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