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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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domingo, 3 de abril de 2011

1964: A insônia dos golpistas



Os golpistas esperam o sono dos justos para lançar os dados do nosso destino. Não podemos dormir novamente.


Por Gilson Caroni Filho (*)

Escrever sobre o golpe de Estado de 1964, passados 47 anos, não deixa de ser um trabalho de reconstituição que conserva toda a sua atualidade política no momento em que o sermão pelo esquecimento do passado, pelo desarmamento das vontades, continua sendo pregado pelas mesmas classes e grupos que apoiaram, e depois conduziram o regime autoritário. É bom lembrar que essas forças políticas romperam, na undécima hora, com o núcleo decisório da ditadura, forjando uma transição por alto, que desidratou todos os projetos políticos da oposição progressista.

Isso explica, como que, num passe de mágica, José Sarney, o presidente do PDS, após comandar no Parlamento a batalha contra as "Diretas-já", tenha ressurgido como um dos líderes da redemocratização e candidato à vice-presidência na chapa de oposição junto a Tancredo Neves. Não estamos falando apenas de um projeto pessoal oportunista bem sucedido, mas da incrustação no próprio centro de decisões, de setores políticos e econômicos comprometidos com as concepções do regime político anterior. Não compreender as implicações desse processo nos dias de hoje pode levar a um voluntarismo pueril. Aceitá-lo como fato incontornável é uma resignação em tudo, e por tudo, pusilânime.

O golpe veio para barrar a emergência de um movimento de massas. Não foi para atingir personalidades, ainda que muitas delas tenham desempenhado um papel importante na abertura dos espaços para essa nova dinâmica, mas para conter o crescimento popular.

Como destacou Almino Afonso, ministro do Trabalho no governo João Goulart, o movimento tinha dois objetivos: "Primeiro, barrar o avanço dos movimentos sociais; segundo, impedir a tomada de consciência nacional que começava a esboçar uma linha de resistência internacional com uma nitidez nunca havida antes em nosso passado. Esses dois fatores confluíram gradualmente para um todo mais ou menos homogêneo e, embora não tivéssemos nem partido político para ser expressão desse despertar, nem lideranças claras para se converterem em porta-vozes desses novos atores, essa emergência foi suficientemente forte para alarmar os setores dirigentes do país e seus aliados internacionais, que se associaram na implantação da ditadura"( Folha de S. Paulo, 1/4/1984)

Numa retrospectiva das medidas tomadas naquela época, é impressionante ver, no governo de Jango, a quantidade de iniciativas que foram adotadas, projetadas e enviadas ao Congresso Nacional. Na sua totalidade é inequívoca a vontade de atacar os pilares da estrutura capitalista num país subdesenvolvido.

Disciplinou a remessa dos lucros das empresas estrangeiras, estabeleceu o monopólio da compra do petróleo, desapropriou as refinarias privadas, bem como os latifúndios improdutivos nas margens das rodovias, congelou os aluguéis e buscou o apoio dos sargentos, cabos e soldados, diretamente. Atacando a todos simultaneamente, João Goulart facilitou a aglutinação dos interesses econômicos contrariados em torno dos generais da direita, que chegaram a receber a garantia do Pentágono, conforme documentos divulgados em Washington.

A índole dos golpistas pôde ser apreciada desde os primeiros atos legislativos baixados. Seguiu-se a arrasadora repressão, ampla entrega do subsolo, compra pela União das empresas de serviços públicos pertencentes à Bond & Share (American Power) e depois os da Light, por preços absurdamente abaixo do valor de mercado. A corrupção generalizada nos negócios do Estado e a censura à imprensa - apesar do apoio do baronato do campo midiático - fizeram da noite dos generais a luxúria dos cartéis e grandes corporações.

Apesar de tudo, um fio de continuidade, transverso e denso, percorre a história desses anos. A história dos tempos de arbítrio é a história de uma crise feita de muitas dimensões: das sucessivas crises militares, dos esforços de Geisel e Figueiredo de usar a “abertura” como garantia do monopólio do poder a serviço do grande capital. É, no entanto, no crescimento do movimento popular - da luta pela anistia, da reabertura da UNE à criação do Partido dos Trabalhadores - que se avolumam os choques maiores e as contradições mais profundas do regime. Um ciclo se esgota, mas a história não se encerra. Mobilizar a vontade nacional, tendo como fundamento um pacto social mais justo e não excludente, em defesa da soberania nacional, da cultura brasileira, da sua integridade, visando a realização do bem comum é o projeto nacional posto em pauta desde 2003.

Para continuar sendo exeqüível, é fundamental não ceder terreno. Reafirmar os princípios do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, cumprir as propostas aprovadas na Confecom, avançar na questão agrária e na manutenção do diálogo com os movimentos sociais são passos decisivos para construir uma nação moderna e organizada. Não fazê-lo é conviver com o permanente risco de retrocesso. E nunca é bom desconsiderar o aspecto trágico da História e o papel motriz da violência em sua caminhada. Os golpistas esperam o sono dos justos para lançar os dados do nosso destino. Não podemos dormir novamente.

*Gilson Caroni Filho é sociólogo e mestre em ciências políticas. Mora no Rio de Janeiro, onde é professor titular de sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha). É colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".

Por onde pensa um país sem informação? (ou Pra não dizer que não falamos no blog de Bethânia...)

Foto: Agência News
Apesar desses miados, queremos bem te ver rugindo de verdade, leãozinho. Ao invés de choramingar ilações de medo à Bahia por parte desses que acertadamente desanca em sua exegese à Bethânia, imite o que a irmã propõe e desenvolva sua proposta do uso de verba pública para levar canções e poesias para as escolas de favelas e periferias, para os Pontos de Cultura popular. Aí, sim, como ela agora, fará medo por todos os brasis.

Por Raul Longo (*)

Muitos “analistas!”, “observadores” e palpiteiros em geral, ainda não aprenderam ou não atinaram por onde pensar. Alguns com o fígado, outros pelas orelhas, expressam-se por línguas e dedos como se falassem com os cotovelos, esse despreocupado apoio que só se da conta de si quando sente aquela sensação de choque.

Há interesses dos mais diversos, é verdade, mas também se percebe que muitos só querem vomitar preconceitos inconfessos a si mesmos, como denotou-se em Caetano Veloso por ocasião daquelas ridículas comparações entre os falares dos Silva, a Marina e o Lula. Mero palavrório para esconder o que realmente enfeza e, assim, nunca acertando o buraco correto, à céu aberto vão vazando e escorrendo pelas telas de TV, páginas de revistas e jornais e, outras vezes (ou fezes) invadem até nossos monitores por mais que tentemos higienizá-los com bloqueios e programas anti spam.

Num país onde desde a ditadura Vargas a opinião pública é formada por meias informações quando não por informação alguma ou meras ilações e mentiras, sempre há alguém a falar merda. Seja um idiota completo, por mau caráter assumido ou até notável em certos misteres como é o caso do

Caetano Veloso que, em belíssimos versos, compôs alguns dos mais profícuos achados do pensamento já produzidos no Brasil, mas quando se põem a pensar com seu inchado umbigo baiano, é um Oxossi que nos acuda!

Essa é a atrabílis em que Caetano novamente tropeça no comentário publicado pelo O Globo, link abaixo, onde expõe por inteiro a informação sobre a dotação da Lei Rouanet à sua irmã Maria Bethânia, que tanto indignou palpiteiros de esquerda e direita a pensar com as orelhas emprenhadas pelas meias ou nenhuma verdade do Ricardo Noblat. Apesar da boa intenção, o cantor e compositor de rádio, TV, teatro e cinema acaba se esborrachando na ridícula catituagem que tentou disfarçar num parêntese “(não é todo cantor de rádio que escreve um "Verdade tropical")”.

“Um Verdade Tropical”! Seria assim como “um Memórias Póstumas de Brás Cubas”? Ou apenas mais uma biografia como “O Mago” de Fernando Morais? Sem nenhum demérito ao excelente biógrafo, mas mesmo convencionando que nem o personagem de Machado de Assis era real, nem Paulo Coelho é um Caetano Veloso autobiografado, ainda assim resta a dúvida se na cosmogonia de Garcia Marques caberia ao próprio assumir-se autor de “um Cem Anos de Solidão”? Ou se Miguel de Cervantes se referiria à própria obra como “um O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha”?

Enfim, o universo de cada um sempre se limita às fictícias e reais considerações sobre si próprio, mas tudo isso apenas por uma tardia revanche ao Tognolli quando se referiu à “máfia do dendê”, ao escrever a biografia do Lobão? Isso está mais para o remoer de moinhos do que para o gigantismo do cavaleiro que fez muito melhor figura do que a grosseira estampa de vaidade que se expõe em tão hilária arrogância.

Compreensíveis as rusguinhas dos tempos em que Caetano defendia os direitos autorais pagos pelas gravadoras e Lobão assumia-se como pirata vingador, mas hoje, já reconciliado com a indústria fonográfica e a grande mídia, Lobão também confirma a previsão dos irmãos Borges cantada por Milton Nascimento e, esquecido do tudo que queria ser, já não fala mais da bota e do anel de Zapata. Tanto quanto o Caetano também sai por aí a depor contra o mesmo Lula de quem, há tempos atrás, ambos se declaravam simpatizantes.

Capaz até de Lobão ser ainda mais assíduo na crítica e não só para atender permutas de divulgação negociadas com a mídia, mas inclusive por não sofrer a mesma censura materna do filho de Dona Canô, a centenária lulista de Santo Amaro da Purificação que, há 4 anos atrás, encontrei na amarga “putrificação” em que Caetano a nomeou lá nos primórdios de sua carreira. Uma cidade em ruínas, ressalvando-se o velho casarão “onde o Imperador fez xixi”, restaurado pelo então Ministro Gilberto Gil como Museu do Samba de Roda.

Ministério que, apesar de gerido pelo parceiro baiano, tanto incomodou Caetano e outros históricos humanistas e socialistas das artes brasileiras por privilegiar mais a cultura popular, através do programa Pontos de Cultura, do que aos velhos medalhões das expressões artísticas que tanto mamaram nas manifestações da cultura popular, sem nunca retribuírem em nada.

Até Ronaldo Lindenberg Von Schilgen Cintra Nogueira, o autodefinido como metrossexual Ronnie Von, se beneficiou da apropriação de criações anônimas do Recôncavo Baiano rotuladas pelo genérico Tropicalismo. Poucos se lembram, mas se deu quando só “Pra Chatear” o patrulhamento ideológico dos anos 60, Caetano entregou aos cuidados do então “Pequeno Príncipe” da Jovem Guarda a gravação de uma adaptação de origem tão omitida quanto a real autoria da versão do “El Condor Passa” de Simon and Garfunkel, feita por um certo Señor José, do altiplano andino, já não recordo se da Bolívia ou Peru.

Percalços antigos que já vêm desde os tempos em que Chico Viola e outros roubavam sambas do Cartola a troco de cachaça, mas tirante os surtos e excessos de caetania, o texto publicado pelo O Globo, e à mim enviado por uma amiga que o colheu do Blog do Murilo, pode ajudar àqueles que têm deitado falação pelo pensar com as orelhas ardendo pelas meias informações do Noblat.

Se houvesse alguma editoria nos veículos da Rede Globo, Noblat teria de se retratar por suas especulações. Mas isso de especular continua sendo prática tão permanente que se conclui que em sua “evolução” através das décadas pós-ditadura, a imprensa brasileira decididamente aboliu a função e hoje engravida até as trompas da esquerda que se crê o úbere pensante do país.

Se houvesse alguma editoria na imprensa brasileira, Noblat e tantos outros sequer existiriam, mas em existindo o “jornalismo” que aí está, natural que outros órgãos do sistema fisiológico tenham se encarregado de produzir o que ao cérebro se inviabilizou por inanição, falta de alimento. E o alimento para o cérebro desempenhar o raciocínio é a informação que, tirante os delírios ególatras e num esforço para defender a irmã, Caetano nos fornece. Nos serve até entornar de vez a bandeja ao anunciar-se como candidato aos benefícios da Rouanet por ser “um dos criadores que mais contribuem para o crescimento do Brasil”. Lamentável!

Lamentável porque ninguém duvidaria disso, mas como acreditar se açodadamente precipita-se à mesma sarjeta dos pedintes que critica, apesar de mais do que eles já usufruir de todo o apoio da mídia e produtoras nacionais e estrangeiras. Quando vão perceber que mendigar financiamentos para manter as inócuas contestações de uma classe medianamente esclarecida, só serve para dar impressão de manutenção de liberdade de expressão durante tempos ditatoriais?

Querem liberdade de expressão exclusiva aos seletos? Pedem pão a quem come, mas querem circo somente para os que cantam os que não têm o que comer? Fazem lembrar um certo clássico personagem piromaníaco da Antiguidade.

Apesar desses miados, queremos bem te ver rugindo de verdade, leãozinho. Ao invés de choramingar ilações de medo à Bahia por parte desses que acertadamente desanca em sua exegese à Bethânia, imite o que a irmã propõe e desenvolva sua proposta do uso de verba pública para levar canções e poesias para as escolas de favelas e periferias, para os Pontos de Cultura popular. Aí, sim, como ela agora, fará medo por todos os brasis.

Mas não se queira passar pelo Leão do Norte. Deixe-se de bairrismo bobo que não é esse o caso. Em nada tanto se comprova não ser esse o caso quanto no fato desse seu papo que já tá qualquer coisa, conseguir espaço no mesmo O Globo do Noblat. Por aí se vê que sem precisar por a mão no bolso, com toda sua baianidade e decantado amor a terrinha natal, já teria garantido o apoio da Fundação Roberto Marinho para facilmente obter o patrocínio do restauro de um casarão de Santo Amaro da Purificação por mês.

Tudo ali vizinho de Dona Canô. Na mesma rua e praça!

Portanto, deixe de manha! Deixe de manha que esse papo aranha já não mais arranha.

*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta. Mora em Florianópolis (SC), onde mantém a pousada “Pouso da Poesia“. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.


Clique aqui para ler o texto de Caetano Veloso.
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