O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ou Arruda Serra está zoando com o Brasil ou o DEM está de brincadeira com Arruda Serra: Índio da Costa?

É rato demais num navio só, estão zoando com o Brasil e os brasileiros.

Por Laerte Braga (*)

O cara é genro do banqueiro Salvatore Cacciola, aquele amigo de FHC que quebrou de mentirinha, fugiu para a Itália, foi preso na Suíça, extraditado e cumpre pena na Penitenciária da Papuda em Brasília. E está envolvido no escândalo do superfaturamento da merenda escolar no Rio de Janeiro.



O deputado Índio da Costa tomou um susto danado quando soube que seria indicado para vice de José Arruda Serra. O dito foi casado com Rafaella Cacciola, filha do banqueiro, namorou a filha de César Maia e tem como primo um outro banqueiro, Luís Octávio Índio da Costa, dono do banco Cruzeiro do Sul.



O novo vice foi indicado por Rodrigo Maia, deputado e filho de César, o ex-prefeito, que, no sábado, havia ficado uma arara quando soube que Roberto Jéferson tinha emplacado na quadrilha a candidatura de Álvaro Dias. Pulou, estrebuchou, fez o senador Sérgio Guerra sair correndo de Recife para apagar o incêndio no Rio e no fim Índio de Costa.



Ou estão zoando com Arruda Serra, ou Arruda Serra está zoando com o Brasil. O mais provável é que esteja acontecendo uma e outra coisa. Rodrigo Maia, no sábado, em declaração a jornalistas disse que “já perdemos a eleição”.



Quando percebeu que sua política econômica ia gerar uma baita quebradeira no mercado FHC consentiu que o Banco Central vendesse dólar mais barato aos bancos Marka e FonteCindam, com um prejuízo de bilhões para os cofres públicos.



Estava tentando salvar Salvatore Cacciola, que usava informações privilegiadas obtidas junto ao próprio Banco Central, através de Chico Lopes, amigo de FHC e presidente da instituição por uns dias. Teresa Grossi, diretora interina, à época, do Departamento de Fiscalização negociou com a Bolsa de Mercadorias e Futuro uma carta para justificar a negociata. Uma CPI apurou que o prejuízo foi de um bilhão e meio de reais aos cofres públicos, ou seja, ao distinto cidadão.



Cacciola? Sai logo, sem perder um tostão. Enquanto cumpre pena em cela especial o dinheiro vai rendendo aqui fora e de quebra o ex-genro é indicado candidato a vice-presidente na chapa do amigo do peito José Arruda Serra.



Não foi por outra razão que Aécio Neves, que já pulou fora desse barco faz tempo, saiu dizendo que estava tudo errado, que não era assim, ou seja, não dá para levar a candidatura Arruda Serra. Colocaram chumbo nos pés do candidato.



O sogrão de Índio da Costa foi condenado, em 2005, pela juíza Ana Paula de Vieira Carvalho, da 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro a treze anos de prisão. Crimes de peculato e gestão fraudulenta.



Está aí uma prévia do que poderia ser um governo Arruda Serra. Chico Lopes, do BC foi condenado a dez anos e Teresa Grossi a seis anos, mas estão em liberdade, aguardando julgamento de recurso.



Quando o escândalo estourou FHC tratou de demitir Chico Lopes, tanto quanto garantir o silêncio de Cacciola. O temor dos tucanos era exatamente o banqueiro abrir o bico e envolver mais figuras do corrupto governo do ex-presidente. Com as garantias que tudo seria jogo de cena, falo das investigações, foi para a Itália, até ser preso e extraditado. Foi preso na Suíça.



Índio da Costa é piada pronta. Irresponsabilidade pronta, declarada publicamente. Ao lado do dito cujo, todo sorridente, o ex-senador Bornhausen, o deputado ACM Neto e Rodrigo Maia.



A vergonha foi tanta que Arruda Serra resolveu chegar quando a convenção do DEM já estava terminada. Jeito de despistar, dizer que não tem nada com isso, com amigos assim ninguém precisa de inimigo.



Mas por que aceitar então? Rabo preso. Só isso. Não tem como pular fora do barco. Pode até tentar, mas ou engole os caras ou vai para o brejo definitivamente.



No andar dessa carruagem Arruda Serra vai disputar o vice-campeonato com Marina da Silva. E vai ser uma disputa dura, daquelas de arrepiar.



Andréa Gouvêa Vieira, vereadora à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, num relatório de uma CPI sobre o escândalo da merenda escolar afirma que o secretário de Administração do governo do município então o atual deputado Índio da Costa, favoreceu a um cartel de empresas pagando mais caro, com alimentos de baixa qualidade, em prejuízo dos alunos da rede pública. Segundo a vereadora em seu relatório à época, o trabalho do secretário Índio da Costa podia ser considerado um manual de como “não administrar na gestão da coisa pública”.



Mas, o cara é ex-genro de banqueiro com fundos no exterior (caixa dois), namorou a filha do ex-prefeito César Maia, boa pinta e contempla a quadrilha DEM, a família tucana agradece penhorada o que o próprio Arruda Serra chamou de “processo autofágico”. Ou como diz Aécio, “o Serra tem uma capacidade incrível para desorganizar tudo”.



Registre-se que a vereadora é do PSDB, partido de Arruda Serra.



Numa declaração ao jornalista Josias de Sousa, FOLHA DE SÃO PAULO, o deputado disse o seguinte – “acabei de ser indicado, foi uma surpresa, não sei de nada, vou ver como posso ajudar”.



Parece prefácio de livro cabeça, como dizem. Chamam um especialista para apresentar a obra, ele escreve trezentas páginas para duzentas da dita obra, explica tudo, ninguém entende nada, mas faz que entende e fica na dúvida se larga o romance para lá, lê só a orelha ou se nunca mais na vida lê prefácio.



Prefácios são uma ameaça à leitura e a literatura.



A dupla José Arruda Serra e Índio da Costa ameaçam algo muito maior, ameaçam o Brasil.



Ah! Segundo Andréa Gouvêa Vieira, a vereadora tucana que relatou a CPI da roubalheira do “ficha suja” Índio da Costa, o deputado Rodrigo Maia fez uma jogada de mestre. Afastou um concorrente já que o novo vice de Arruda Serra seria candidato a reeleição e tiraria votos de Rodrigo, atuam em áreas próximas.



Eieta quadrilhazinha braba esse tal de DEM. Deu nó até na quadrilha grande, o PSDB. Essa nem Roberto Freire, o ex-honesto imaginava. Na verdade apenas sonhava de tudo ficar embrulhado e, de repente, alguém “lembrar”, “uai gente, por que não o Freire?”



É rato demais num navio só, estão zoando com o Brasil e os brasileiros.


*Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no “Estado de Minas” e no “Diário Mercantil”. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.

A charge é uma cortesia do cartunista Bira Dantas, também colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.

“Tasso, Zé”?

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Raul Longo
Foto: Jasmim Losso Arranz

coitado. Tão feinho e sem viço, só por causa de um vice!
– Vício?
– Não. Vice!
– Hum! Isso é tão perigoso quanto caxumba. Só que funciona ao contrário: vai do saco pra cabeça.
– Precisa ter controle médico...
– O quê? O vírus da caxumba?
– Não. O vício de procurar vice.
– É tudo mentira!
– Tem algumas meias-verdades, com as quais escondem rios de dinheiro desviado do erário.
– Ah, sim! Tem sim. Mas também usam cuecas inteiras.
– Nesse caso está comprovado que dá azar.
– Arruda dá sorte, mas existem casos de efeitos contrários!
– Arruda fede!
– Depende do olfato de quem cheira.
– Por isso o Caçador de Maracujina prefere supositórios, como os mulas que transportam cápsulas de cocaína no estômago.
– Mas que cagão de merda.
– Quem? O Dunga?
– Não, o cafunga.
– É o vício.
– Do Maradona?
– Não! Vício de vice.
– Dias piores virão!
– Aff!
– Do jeito que tá, só Deus! pois o Demo tá cansado de tanta luta inglória.
– No Rio, a Marina da Glória também é conhecida como Marina do Flamengo.
– Que sina a de quem desatina!
– Deveria tentar um vigário.
– Vigário?
– É! Vê lá no dicionário: “vigário: aquele que substitui outro”. O vice.
– Então... vigário está.
– Vigário para-quedista.
– E daí?
– Agrega valores católicos aos preceitos evangélico-eleitorais.
– Não vai dar certo!
– Só as meninas do baixo dão na medida certa. O resto é enganação.
– Pelo visto, formigão, quando quer se perder, cria malas.
– Virgem Santa!
– A Marina?
– Essa hoje parece menos milagreira do que se supunhetava.
– A Abreu abriu...
– Ninguém aguentaria katilinária.
– Então, o Tasso...
– O Tasso já havia mandado um bilhete no qual constava apenas as palavras “Tasso, Zé”.
– Ofereceu-se para ser vice?
– Não, nada disso. Só agora ele decodificou a sua própria mensagem: “Tás só, Zé”. Tirou o time em grande estilo: montou na garupa do jato e se afastou voando...
– Pela vicinal?
– Sim, foi o que alegou: “Vice, não!”
– É que eles insistem na titularidade. Sabe como é, né?
– Sei sim, sei como é isso de ser obrigado a protelar planos de infância. Às vezes a vida passa e nunca se concretizam. Aquilo que poderia ter acontecido ontem talvez aconteça daqui a cinquenta anos.
– Ora, cinquenta anos não passa de um piscar de olhos, quando, einsteinianamente, tomamos como referência a eternidade.
– Quer saber?
– Depende! Se vai falar de vice, prefiro jogar Caça ao Tesouro.
– Caça ao tesouro? Ora, isso é programa de índio.
– Índio que, durante milênios, carregou este país nas costas?
– Não. Índio que prefere montar nas costas dos outros índios.
– Cacique?
– Por enquanto, curumim.
– “Cu” o quê?!

_________________________

*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta. Ponta do Sambaqui, 2886
Floripa/SC. Colabora ca Agência Assaz Atroz e com este "Quem tem medo do Lula?"


Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA

Agência Assaz Atroz

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Nome do vice não entusiasma tucanos

Em público, ordem é não reclamar da escolha e evitar nova crise com o DEM

Autor(es): Agência o Globo/Adriana Vasconcelos
O Globo - 01/07/2010

No PSDB, a notícia da indicação do deputado Indio da Costa (DEM-RJ) foi recebida sem entusiasmo, e até com certa preocupação nos bastidores. Mas de público ninguém ousou reclamar da escolha, justamente para não realimentar a crise que se arrastava há seis dias entre os dois partidos.


A avaliação interna, porém, é a de que a escolha de um deputado federal de primeiro mandato, sem maior projeção eleitoral e praticamente desconhecido nacionalmente, evidenciou a falta de opções da oposição - além de expor a má condução das negociações sobre o companheiro de chapa do candidato tucano à Presidência, José Serra.



Publicamente, porém, os tucanos elogiaram a escolha, seguindo rigorosamente a orientação da cúpula de encerrar de uma vez por toda a novela do vice. Reservadamente muitos tucanos afirmaram nem conhecer o deputado fluminense, que está em seu primeiro mandato na Câmara.


O ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, o vice que Serra tanto queria, atuou nas últimas horas da negociação com o DEM e elogiou a escolha:


- É o nome escolhido. É uma cara nova do Rio de Janeiro. Agora, o principal é trabalharmos para virar a página de vice e seguir em frente.


- Indio é um bom deputado. Atuante e com muita sensibilidade. Participou ativamente de CPIs e foi relator da Lei da Ficha Limpa - afirmou o líder do PSDB, deputado João Almeida (BA).


Apesar dos esforços para mostrar que está tudo resolvido, o próprio presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), elogiou a escolha de Indio, mas, perguntado, admitiu que preferia Álvaro Dias.


- É um nome de bastante respeito, é um jovem líder, com grande capacidade de comunicação. Mas continuo achando que o Álvaro Dias seria o melhor candidato de todos - afirmou Sergio Guerra.

Fonte: http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/1/nome-do-vice-nao-entusiasma-tucanos

O homem reificado: transformado em coisa

O homem reificado:
transformado em coisa


Por Renato Prata Biar (*)

Numa palestra proferida pelo psicanalista Jorge Forbes para o programa Invenção do Contemporâneo, e que tinha como tema a questão da globalização, o psicanalista de linha lacaniana afirmou que a grande questão para o homem e a mulher do século XXI é o fato de hoje nós termos inúmeras opções no que diz respeito à escolha de uma carreira, de uma profissão. Segundo Forbes, além da gama de possibilidades no século passado ser bem menor, havia também uma convicção e uma certeza maior das pessoas na hora de escolher sua profissão e, consequentemente, sua carreira como profissional. Ainda segundo o psicanalista, se antes nós escolhíamos uma alternativa, hoje, quando se faz essa escolha tendo, por exemplo, dez opções, a sensação que temos não é a de ter feito uma escolha, mas de ter perdido as outras nove que existiam. O homem, portanto, diante de tamanha quantidade e diversidade nas opções, simplesmente fica perdido e não sabe o que fazer da vida. E é a partir desse ponto que começo a traçar minhas divergências com esse psicanalista que é, sem dúvida, um dos maiores especialistas da psicanálise lacaniana, no Brasil.



Para começar, se analisarmos a questão do desemprego estrutural (aquele que ocorre devido à extinção de determinados postos de trabalho: trocador de ônibus, os bancários, que sofreram uma redução de cerca de 50% do efetivo da categoria, etc.) podemos constatar facilmente que os postos que foram extintos, são muito mais numerosos do que os postos de trabalho que foram criados nesse mesmo período (da década de 1990 até os dias atuais). Portanto, se existe nas pessoas de hoje essa insegurança e essa sensação de não saber o que fazer e o que escolher para suas vidas, o motivo certamente não é o maior número de alternativas existentes, mas, pelo contrário, a extrema redução dessas alternativas. O que parece é que para ter alcançado uma conclusão como essa, Jorge Forbes não levou e não leva em consideração a “sutil” diferença entre as classes sociais. Sua conclusão só pode ser entendida se acreditarmos que as inúmeras possibilidades de se escolher uma carreira ou uma profissão sejam exatamente iguais tanto para aqueles que estão na base da pirâmide social (a classe menos abastada) quanto para aqueles que estão no topo dessa pirâmide (a classe mais abastada, mais rica); algo completamente inaceitável e absurdo.



Outro ponto que o psicanalista lacaniano parece não enxergar (e o pior cego é aquele que não quer ver) é o fato de que a globalização privilegia apenas dois “sujeitos” ilustres: o capital e a informação (esta, principalmente, pelo desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação). Para quem já leu o Manifesto Comunista, de K. Marx, esse tipo de globalização não é nenhuma novidade. O barbudo de Trier já havia escrito, em 1848, que o capital é apátrida. Ou seja, ele não tem pátria e irá buscar o lucro maior onde quer que ele esteja. Para constatar isso, basta observarmos a quantidade de grandes empresas dos países mais ricos (Estados Unidos e vários países europeus) que transferiram o seu parque industrial para a China, a Índia e diversos países latinos americanos na busca por mão-de-obra mais barata, de uma classe trabalhadora pulverizada e de sindicatos fracos e com uma legislação trabalhista ineficiente e, em muitos casos, praticamente inexistente. Será que os milhões de trabalhadores que estão submetidos aos subempregos e às condições de trabalho escravo ou semi-escravo também estão em crise existencial, no que diz respeito a decidir que carreiras irão escolher para suas miseráveis vidas? E quando digo que essa globalização é uma globalização do capital, pois, esse, sim, tem trânsito livre em qualquer lugar do mundo, quero lembrar a onda de xenofobia que cresce a cada dia nos países mais ricos: deportando trabalhadores imigrantes sem dar-lhes direito algum, culpando-os por suas crises econômicas, criando leis para criminalizá-los e tantas outras atrocidades cometidas contra seres humanos que só querem trabalhar e ganhar a vida de forma honesta. Gostaria que o psicanalista opinasse sobre essas questões.



Outro ponto de divergência com Forbes refere-se à própria classe média/alta que ele tanto prioriza nas suas análises. A esse respeito, o que parece é que, mesmo essas pessoas que têm condições e estrutura para escolher sem pressa ou desespero a profissão e a carreira que querem abraçar, estão submetidas a uma pressão que, essa, sim, parece ser uma característica do final do séc. XX e que adentrou pelo séc. XXI: escolher uma atividade que, antes de qualquer coisa, ofereça a oportunidade de grandes ganhos financeiros. Em outras palavras: de ficar rico. Não é que não existam mais honradas e dignas profissões a serem seguidas, mas o problema é que as pessoas acreditam, religiosamente, na existência metafísica do mercado com a sua mão invisível que tudo controla. Com isso, se dedicam exclusivamente a uma preparação que visa uma formação que lhes transforme cada vez mais numa mera mercadoria. Porém, esse homem reificado (transformado em coisa) não é mais aquele que busca se aperfeiçoar na sua profissão para garantir o seu emprego. Mas é aquele que agora deseja ser uma mercadoria polivalente, pois o seu desejo é estar preparado para as mais diversas e diferentes oportunidades que o Deus Mercado irá lhe oferecer. Não importa mais o que se tenha que fazer desde que isso tenha uma grande probabilidade de lhe proporcionar excelentes e exorbitantes lucros. E, o que é mais grave, as pessoas são levadas a acreditar que é somente através do seu crescimento e sucesso financeiro que conseguirão a admiração e o respeito da grande maioria da sociedade. Terão, finalmente, o reconhecimento e a visibilidade tão desejados. Como dizia o próprio Lacan, “o maior desejo do sujeito é ser o objeto do desejo do outro. O sujeito deseja ser desejado.”



Portanto, se vivemos numa sociedade que é ensinada e que ao mesmo tempo ensina que para ser desejado o que importa é Ter e não Ser, os meios pelos quais se busca a obtenção daquilo que realmente se valoriza na sociedade (nesse caso, as coisas materiais e, mais especificamente, o dinheiro) não só já não importam mais, como também já estão mais do que justificados. Como mais uma vez nos alertou K. Marx (Manuscritos Econômico-filosóficos):



“O que é para mim pelo dinheiro, o que eu posso pagar, isto é, o que o dinheiro pode comprar, isso sou eu, o possuidor do próprio dinheiro. Tão grande quanto a força do dinheiro é a minha força. As qualidades do dinheiro são minhas – de seu possuidor – qualidades e forças essenciais. O que eu sou e consigo não é determinado de modo algum, portanto, pela minha individualidade. Sou feio, mas posso comprar para mim a mais bela mulher. Portanto, não sou feio, pois o efeito da fealdade, sua força repulsiva, é anulada pelo dinheiro. Eu sou – segundo minha individualidade – coxo, mas o dinheiro me proporciona vinte e quatro pés; não sou, portanto, coxo; sou um ser humano detestável, sem honra, sem escrúpulos, sem espírito, mas o dinheiro é honrado e, portanto, também o seu possuidor. O dinheiro é o bem supremo, logo, é bom também o seu possuidor; o dinheiro me isenta do trabalho de ser desonesto, sou, portanto, presumido honesto; sou tedioso, mas o dinheiro é o espírito real de todas as coisas, como poderia o seu possuidor ser tedioso? Além disso, ele pode comprar para si as pessoas ricas de espírito, e quem tem o poder sobre os ricos de espírito não é ele mais rico de espírito do que o rico de espírito? Eu, que por intermédio do dinheiro consigo que o coração humano deseja, não possuo, eu, todas as capacidades humanas? Meu dinheiro não transforma, portanto, todas as minhas incapacidades no seu contrário?”



Para concluir, se é o homem que produz as ciências, as artes e o conhecimento; se é ele que transforma a natureza para satisfazer das suas necessidades mais básicas até as mais complexas e supérfluas, das mais banais até as mais interessantes e maravilhosas, então somente o homem será capaz de superar essa ordem das coisas que ele próprio criou e que, de maneira alienada e equivocada, pensa estar submetido e impotente diante dela. Se a história é algo que construímos através da nossa atividade e da nossa práxis, na nossa interação e na relação com o outro, então que tomemos de vez essas rédeas em nossas mãos para que possamos construir algo que transforme a nossa angústia diante da vida e da finitude, em algo que nos dê um sentimento de que, mesmo com todas as adversidades e sofrimentos, valeu apena ter passado por aqui.

*Renato Prata Biar é historiador, pós-graduado em filosofia. Mora no Rio de Janeiro e é colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.


Habemus vice

Para Zelaya, posição do Brasil sobre Honduras evita abertura de precedente

Foto: Aler

Matéria do site "Operamundi"

O ex-presidente de Honduras Manuel Zelaya ressaltou, em entrevista à ANSA, a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o golpe de Estado que o destituiu, um dia depois de o governo brasileiro reiterar sua posição em relação ao caso.

Na semana em que o golpe contra o então mandatário constitucional hondurenho completa um ano, Zelaya explicou que Lula, assim como os demais presidentes da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), quer que "não nos aconteça o mesmo do século XX".

"Que neste novo século não se inicie este turbilhão fascista dos golpes militares promovidos por interesse geopolítico e comercial da potência do norte, os Estados Unidos", rebateu o ex-líder do país centro-americano, que concedeu a entrevista por e-mail a fim de não colocar em risco seu asilo na República Dominicana.

Zelaya partiu para o exílio após um acordo entre o mandatário dominicano, Leonel Fernández, e o atual chefe de Governo de Honduras, Porfirio Lobo, que venceu as eleições realizadas durante o regime de facto e por isso não tem sua administração reconhecida por parte da comunidade internacional -- inclusive a maioria dos membros da Unasul, liderados por Lula.

Nesta quarta-feira (30/06), o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, apontou que a reintegração de Honduras à OEA (Organização dos Estados Americanos), entidade da qual a nação foi suspensa após a ação contra o regime democrático que instaurou o governo de fato de Roberto Micheletti, dependeria da anistia do ex-presidente.

A reincorporação do país centro-americano à OEA continua a ser rechaçada por nações como Venezuela, Equador e Argentina, além do Brasil, ainda que outros governos da região -- como Peru e Colômbia -- defendam a iniciativa.

De acordo com a Agência Brasil, Garcia relembrou que na última assembleia geral do organismo muitos dos presentes concluíram que "não foram reunidas as condições" para a reintegração, já que "todos foram anistiados em Honduras, inclusive os golpistas, menos o presidente Zelaya", o que seria "imprescindível".

Também os países da América Central -- reunidos no Sistema de Integração Centro-Americano (Sica) -- não conseguiram chegar a um consenso sobre o tema. Embora já tenham reconhecido o governo de Lobo, com exceção da Nicarágua, em encontro realizado entre terça-feira e quarta-feira no Panamá os líderes da região terminaram os debates sem um posicionamento comum sobre o tema.

Ainda em declarações à ANSA, Zelaya fez elogios a Lula, definido por ele como um "patriota americano de primeira qualidade" e "o melhor que poderia acontecer ao Brasil e à América do Sul nos últimos 100 anos".

"Suas democráticas e progressistas posições obedecem a sua consciência de classe e seu conhecimento da realidade de nossos povos explorados da América Latina", exaltou.

Questionado sobre quais seriam suas reivindicações atuais, o ex-mandatário assegurou não necessitar de "reconhecimento" e garantiu não trabalhar por isso. "Sou humanista cristão. Não pratico o hedonismo nem temo a morte", declarou.

Ele também disse não se arrepender de ter "enfrentado os Estados Unidos e a oligarquia midiática e econômica de Honduras", e que está "pagando um alto preço por isso".

"Tenho confiança que será retificado e um dia terminará o apartheid, que já tem vários séculos em Honduras, será buscada e então se terá a reconciliação nacional", acrescentou Zelaya, que atualmente ocupa seu tempo escrevendo um livro sobre democracia e organizando uma fundação.
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