O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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Peço que, quem queira continuar acompanhando o meu trabalho, siga o novo blog.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Lech & Lula – do eletricista ao torneiro, o choque que moldou ideologias



Por Raul Longo(*)
Lá pro final do governo Lula distribui pela internet um texto (O Legado do Cara), onde abri comentando que desde Spartacus, nos anos 60 a. C., muitas lideranças populares de ambos os sexos fizeram por merecer o reconhecimento da humanidade, mas poucas foram tão distinguidas quanto o torneiro mecânico Lula da Silva.
Pra quê? Um tal de Marcus ou Marco Gutermann do blog do Estadão, entendeu ou quis entender que eu estaria comparando Lula a Spártakos (em grego) ou Spartacus (em latim) que o Gut aportuguesou para Espártaco (quando não em inglês, eles aportuguesam para facilitar aos seus ledores).
Daí foi uma borbulhante feira de indignações. Os ledores (leitor é classificação que não convém ao caso) do Estadão, boquiabertos, buscando fôlego ao que entenderam como uma comparação de Lula da Silva ao escravo romano da Trácia (atual Bulgária).
Peixes fora d’água! Se eu quisesse comparar Lula a algum herói das lutas populares, não iria buscar nos Balcãs e evocava mesmo era o Zumbi dos Palmares, ali de Alagoas, ao lado de Pernambuco. Só me referi ao Spartacus por ser o mais antigo líder popular de que tenho memória.
Os ledores do Estadão sempre foram assim mesmo: eruditos! Se chamar de puta, se ofendem. Mas chamou de messalina, ficam coquetes e oferecem o número do telefone.
Já pra quem é leitor de fato, não preciso nem explicar que liderança popular sequer precisa ser de esquerda, posto que as de direita também há. E deixa o blog atrasado do Estadão pra lá. Atrasado não de anacrônico, mas porque antigo, lá do ano passado. Embora desde antes do ano passado Lula já fosse uma das mais distinguidas lideranças populares da história da humanidade, querendo o Marcus Gutemberg e Guarabyra, ou não.
Hoje Lula sem dúvida alguma, é a mais citada, falada, documentada, honrada e premiada personalidade política, pra desespero do aquário.
E se for olhar no aquário do Estadão daqui a alguns dias, estará lá os bichinhos de guelras inchadas pelo título deste texto propondo comparação de Lula com o único líder popular da história que eles aplaudem depois do Spartacus. Walesa pelo que entendem de ideologia, o trácio pelo que creem por erudição. Já o brasileiro, nem debaixo d’água!
É uma calamidade, coitadinhos! O mundo capitalista se inundando de Lula e esses alevinos brasileiros no seco do abandono pelo cardume buscando em Lula o canal por onde sair do encalhe.
Que situação! Não bastasse os 96% de aprovação dos brasileiros e ainda vem o pessoal do Conselho de Davos a conferir ao homem o título de Estadista Global! Já aí o Estadão se confirmou estadinho, mas o Gut ainda insistiu ao me reprender pelo Spartacus que seria cedo para julgar se a herança lulista era bendita ou maldita.
Cedo pro Gutinho, porque Lula já era mais que bem agraciado por título honores causa do que se poderia ter imaginado cinco anos antes. Depois do Instituto Sciences, uma entidade da Sourbone, ficou ainda mais evidenciado que em menos de uma década a direita brasileira ficou mais de século atrás da direita do restante do mundo.
Marcel Proust foi um dos raros homenageados por este título que ao longo dos 140 anos de existência do Sciences só foi entregue a 16 personalidades internacionais, sendo a última e única da América Latina o brasileiro Luís Ignácio Lula da Silva. E o Guto preocupado com que eu esteja comparando Lula a Spartacus!
Esses caras não perderam… Eles despencaram do trem da história!
Quem mandou surfar onde não deve? Ora vejam! Eu é que moro no fim do mundo e o Mauricinho Gutterman é quem banca o suburbano.
E podis crê que vai pegar o bonde errado outra vez, assim que souber que falei do Lula e do Walesa. Mas a culpa não é minha! É do próprio Lech Walesa que ao entregar o prêmio “Lech Walesa” pro Luís Ignácio Lula da Silva pediu desculpas e deu explicações pelas críticas que fez ao colega brasileiro no passado, aquelas mesmas em que O Estadão insiste, apesar de — que eu saiba — só em setembro o mundo ter distinguido Lula com três grandes honrarias.
A última de que tive notícia foi em Iowa, nos Estados Unidos, mas teve a do eletricista de Gdansk que deu um choque na ideologia socialista nos anos 80.
Se O Estado de São Paulo me permiti, Lech Walesa possibilita interessante comparação com Lula e não apenas por ambos terem sido líderes da classe trabalhadora e presidentes de seus países, mas pela trajetória de cada um dentro do histórico das sociedades a que pertencem.
Durante 123 anos a Polônia foi dividida entre a antiga Prússia, a Rússia e a Áustria, se tornando independente em 1918. 21 anos depois, em 1939, foi invadida pelos nazistas e depois da Segunda Guerra ali se instalou um dos mais cerrados governos aos moldes soviéticos.
Em 1980 Lech Walesa liderou o movimento grevista considerado precursor da queda do regime soviético não apenas na Polônia, mas em todo o leste europeu. Aclamado como herói no Ocidente (inclusive pelo Estadão) e sobretudo na Polônia, recebeu o insofismável apoio do patrício e Papa Carol Wojtyla; além do Prêmio Nobel da Paz em 1983. Em 1990 foi eleito o primeiro presidente da história da Polônia, com ampla maioria de votos.
Apesar de todo esse embasamento, Walesa não conseguiu se reeleger em 95 e nas eleições do ano 2000 obteve apenas 1% dos votos. Em 2006 rompeu com o Solidariedade, o sindicato que havia criado.
Como presidente do sindicato de metalúrgicos de São Bernardo do Campo, em 1977 Lula liderou movimento grevista por reposição salarial. Em 1980 fundou o Partido dos Trabalhadores e em Diadema organizou o 1º comício pela redemocratização do país. O movimento se estendeu pelo ABC paulista, mas sem adesão de convidados de outros partidos políticos.
Por fim, em 83 o Senador Teotônio Vilela lança o Movimento das Diretas Já por um programa da TV Bandeirantes e com a participação de todos os partidos de oposição as manifestações se espalharam pelo país ao longo de 2 anos, finalizando com uma passeata no centro de São Paulo que se constituiu na maior manifestação pública da história do país: hum milhão e meio de participantes.
No entanto, os oposicionistas acordaram com os militares mais uma eleição indireta. O PT absteve-se de participar desta eleição e somente em 1989, quando depois de 25 anos o povo brasileiro pôde voltar a escolher seu presidente, Lula concorre com um político que apesar de desconhecido em pouco mais de um ano foi transformado pela mídia brasileira em mítico caçador de marajás.
Dois anos depois o caçador é cassado por um impeachment e, substituindo-o no cargo, Itamar Franco indica o sociólogo Fernando Henrique Cardoso para o Ministério da Economia. A mesma equipe que já formulara anteriores planos econômicos para o Brasil e a Argentina cria nova moeda congelando o câmbio e os salários. Dessa forma se obteve imediato controle da inflação que, então, era o mais agudo problema da economia popular. O entusiasmo pelo Real garantiu a vitória de Fernando Henrique sobre Lula em 1994 e o efeito se manteve em 1998, após a emenda constitucional que possibilitou sua reeleição.
Neste segundo mandato do que se chamou de “Era FHC” o custo do Real foi cobrado em privatização de grandes empresas estatais e serviços estratégicos. Reflexos de crises financeiras de países de outros continentes agravaram a fragilidade econômica do Brasil e se deu uma triplicação da dívida externa. O país estagnou e os níveis de desemprego cavaram profunda crise social. Fatores que garantiram a vitória de Lula em 2002, por reduzida margem de votos acima do candidato de Fernando Henrique: José Serra.
Apesar de desde a campanha de 1989 o ex metalúrgico ser apontado como anacrônico trânsfuga do regime soviético, “ralé e besta quadrada que se chegar ao poder o país vai virar uma grande bosta” (Paulo Francis); indicado como racista que abandonou a própria filha (Miriam Cordeiro); e seu partido, o PT, ser responsabilizado pelo sequestro do empresário Abílio Diniz (Pão de Açúcar), entre centenas de outras acusações; ao longo dos primeiros 4 anos de seu governo se conseguiu intensificar e rebaixar ainda mais o nível dessas críticas. Se propôs impeachment, se o acusou de bêbado, apedeuto, anta (Diogo Mainardi) e se o ameaçou de tapas na cara em plenário do Senado (Arthur Virgílio) e da Câmera Federal (Antônio Carlos Magalhães Neto).
No entanto, apesar da maior concentração de esforços dos meios de comunicação para a derrubada de um presidente de que já teve notícia no mundo, Lula foi reeleito em 2006 e desde aí seu nome atingiu projeção internacional entre as mais diversas correntes ideológicas. Apontado por Barack Obama como o mais popular presidente entre as nações, Lula terminou seu segundo mandato com 96% de aprovação, elegendo sua sucessora, também vitimada pelo mesmo teor de acusações e ofensas pessoais.
Ao contrário do previsto em 1989 pelo então presidente da maior entidade patronal brasileira, a FIESP, Lula não espantou os empresários do país. Apesar de se assumir como socialista desde o início de sua militância política, hoje é o conferencista mais bem pago e mais convidado pelas maiores empresas do mundo.
Exatamente no socialismo de Lula o ex-líder de Gdansk baseou suas desculpas pelas críticas do passado, lembrando que, então, a Polônia buscava uma saída ao socialismo proposto pelo líder do ABC paulista, mas que hoje entende que o modelo de socialismo de Lula é bem outro do o que se impôs àquela nação.
Ou seja, se os ledores do blog do O Estado de São Paulo pretendem continuar chocados, que o fiquem com o Walesa. Mas se querem saber quem tem andado por aí, da África à Europa e América do Norte, dando sugestões para se moldar o ocidente e todo um mundo melhor, que se tornem leitores e busquem por outras fontes de informações porque eu não tenho nada a ver com isso.
Só gosto de me divertir um pouquinho como os Gutos da mídia brasileira.
*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta. Mora em Florianópolis e é colaborador do “Quem tem medo da democracia?”, onde mantém a coluna “Pouso Longo”.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Lula no World Food Prize: “Democracia não é apenas gritar que tá com fome, democracia é comer”

Lula recebeu o prêmio em Iowa (EUA), junto ao ex-presidente de Gana, John Agyekum Kufuor.O ex-presidente Lula recebeu na noite desta quinta-feira (13) o prêmio internacional World Food Prize, um reconhecimento aos esforços do seu governo no combate à fome e à pobreza no Brasil. Além do título deste post, destaco dois trechos do discurso:
-  "Lutar pela vida e não pela morte. Porque a fome é a arma de destruição de massas mais poderosa e mais perigosa que qualquer outra arma no mundo. A fome mata crianças. Esta é a guerra que os governantes de todos os países deveriam declarar."
- "A fome não leva à revolução, mas à submissão"

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Reação provinciana às condecorações de Lula

Por Paulo Moreira Leite*, em sua coluna "Vamos combinar", na revista "Época"
Confesso que o esforço de determinados políticos, observadores e acadêmicos para reclamar das condecorações internacionais recebidas por Luiz Inácio Lula da Silva já passou o limite da boa educação, do bom gosto e até do ridículo.
Lula recebeu sua mais nova condecoração há duas semanas em Paris. Até hoje a imprensa continua publicando textos que procuram convencer o leitor, basicamente, do seguinte: os pobres intelectuais do mundo desenvolvido são tão despreparados, tão ignorantes e tão incultos, que não sabem quem é Lula, nunca ouviram falar das mazelas de seu governo e só por isso insistem em lhe dar títulos honorários.
Num artigo publicado no Estadão, hoje, um professor do interior de Minas Gerais tenta convencer o público que os intelectuais europeus estão confundindo Lula com a reencarnação do “bom selvagem,” aquele mito da obra de Jean-Jaques Rousseau.
É até preconceituoso, quando se recorda que o “bom selvagem” não tinha um conteúdo de classe social, mas era uma referencia a civilizações consideradas primitivas pelo pensamento colonial europeu.
É preciso apostar alto na ignorancia do leitor para imaginar que ele vai acreditar que os intelectuais dos países desenvolvidos vivem na Idade da Pedra, sem internet e sem uma imprensa de qualidade, que nos últimos anos tem feito reportagens extensas e profundas sobre o Brasil.
Posturas deste tipo são apenas mesquinhas e provincianas.
Mesquinhas, porque envolvem interesses menores e inconfessáveis, frequentemente eleitorais, apenas disfarçados por um palavrório de tom indignado.
Provincianas, porque a condecoração de um presidente da Republica por instituições respeitadas, como a Ecole de Sciencies Politiques, de Paris, que, com afetada intimidade, alguns comentaristas chamam de Siencies Po, deveria ser motivo de orgulho para qualquer brasileiro.
Outro ponto é que o aplauso acadêmico internacional pelas realizações do governo Lula contém um ensinamento importante para um pais desigual e hierarquizado, onde a boa educação só é acessível a uma minoria.
Estou falando de um preconceito antigo e mal disfarçado contra brasileiros e brasileiras que não puderam frequentar a escola como se deve, na idade em que seria preciso, não tem o domínio perfeito da língua, não respeitam normas cultas, cometem erros de concordancia e exibem um vocabulário muitas vezes limitado.
Com frequencia, essas pessoas costumam ser tratados como cidadãos de segunda classe, pré-destinados a ocupações inferiores e que nada devem fazer além de ganhar a vida em atividades braçais.
Ao premiar um presidente que teve pouca educação formal, mas foi capaz de obter um reconhecimento popular como nenhum outro na história recente do país, as universidades estrangeiras informam que é recomendável enxergar além do estererótipo.
Talvez por isso as condecorações irritem tanto a tantos. O reconhecimento é uma advertencia contra aqueles que valorizam demais os diplomas que conseguiram pendurar na parede. Não faltam motivos concretos para se fazer uma crítica política a Lula e a seu governo. Todo cidadão bem informado tem sua lista de críticas e sua análise.
Mas o esforço para criticar as condecorações internacionais é esforço inglório.
Nem os brasileiros foram convencidos por estes argumentos, como se viu na campanha presidencial e também pelas pesquisas de opinião, que sugerem que Lula está próximo do nível da santificação junto ao eleitorado. Vencidos em casa, seus adversários querem ganhar a eleição no exterior. Além de feia, é uma batalha perdida.
*Paulo Moreira Leite é jornalista desde os 17 anos. Foi diretor de redação de ÉPOCA e do Diário de S. Paulo. Foi redator chefe da Veja, correspondente em Paris e em Washington.
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