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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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domingo, 9 de maio de 2010

Mundo, vasto mundo


Mundo, vasto mundo


Por Mario Augusto Jakobskind (*)


Por Mario JakobskindQue semana movimentada, de Atenas a Nova York, passando pelo ninho tucano. Nem tudo são flores, muito pelo contrário. Mais uma vez, como acontece nestes momentos de nervosismo e abalos para certos setores do capital, analistas de sempre são convocados para dizer que, no caso da Grécia, os remendos a serem tentados vão superar a mais recente crise do modo de produção que no decorrer da história tem enfrentado outras de mediana ou grande envergadura.


A Grécia, que recebe injeção de bilhões de euros da Alemanha, França e outros países europeus, e até uma grana de menor porte do Brasil, parece encontrar-se nos estertores. O governo socialista de George Papandreus, de uma tradicional família grega que já dirigiu o país em outras ocasiões, seguiu radicalmente o modelo de austeridade propugnado pelo neoliberalismo. O povo, de muita tradição de luta mas que andava meio apático, teve de protestar nas ruas contra o rebaixamento dos salários e aumento de impostos. A repressão foi violenta com três mortes e muitos feridos.


E tudo isso para salvar o insalvável, ou seja, um modo de produção selvagem que levou a Grécia para o buraco sem retorno. Daqui a mais algum tempo o país será esquecido, mas lembrado em algumas ocasiões, sobretudo em função do aumento da violência urbana. Não é preciso nenhuma bola de cristal para prever. Basta olhar o que aconteceu em países onde esta fórmula de remendo foi adotada. É de remendo, porque em essência nada muda, muito pelo contrário. Injetam euros para evitar o estrangulamento imediato, mas o povo, que não teve responsabilidade pelos desmandos neoliberais, é intimado a pagar a conta.


O mundo globalizado já está na expectativa de que outros países europeus sigam o destino grego. Pode ser que a classe trabalhadora, digamos da Espanha e Portugal, países que podem virar a bola da vez, saiam também do estado de letargia em que se encontram e se organizem para enfrentar os arrochos das classes dominantes responsáveis de fato pela crise. Resta agora aguardar o desenrolar dos acontecimentos e prestar atenção aos vaticínios dos analistas de plantão.


Em Nova York, segundo muitos observadores, recomeçaram as ameaças com prisão de um paquistanês supostamente responsável por um atentado terrorista que acabou não acontecendo. Lá longe, no Afeganistão, o talibã assumiu a autoria do fracasso. Foi tão bandeiroso que dá até para desconfiar, ou seja, de que tudo teria sido uma farsa montada para reforçar o esquema do combate ao terrorismo. E a quem favorece a empreitada frustrada?


Seis dias depois do carro bomba sem detonação em Times Square, as principais televisões de todo o mundo mostraram, muitas delas ao vivo, um novo “capítulo da novela” esquema Bin Laden. Desta vez Times Square parou para assistir o esquadrão antibombas desarmar o nada, ou seja, uma ou duas bolsas suspeitas com roupas e um vasilhame de água. Em suma, em Nova York e todos os Estados Unidos voltou com toda a força o esquema paranoia do ar. Caso o ex-Ministro do Exterior do governo FHC, Celso Lafer, voltasse por lá teria de tirar os sapatos para ser revistado por funcionários da alfândega, como aconteceu depois do atentado nas Torres Gêmeas. Se como ministro aceitou de bom grado o vexame, imagina como cidadão comum?


Enquanto isso, por estas bandas, quando se aproxima a data da visita de Lula a Teerã, os tucanos, utilizando os mesmos argumentos do Departamento de Estado norte-americano, criticam duramente o Presidente da República. De antemão, seguindo a orientação pode-se imaginar de quem, estão a prever o isolamento internacional do Brasil. Lula vai ao Irã, como já foi a outros países dos mais variados regimes, ampliando a presença brasileira e o intercâmbio comercial. Mas para os subservientes do PSDB isso é ruim.


Na verdade, por sua subserviência à potência hegemônica, os tucanos, hoje jogando todas as suas cartas no candidato a Presidente José Serra, não se conformam com o fato de Lula ter indicado o caminho que o Brasil não precisa aceitar de antemão as ordens de Washington, como em outros tempos, inclusive nos da gestão FHC.


Esta é a grande verdade, que passa neste momento pela posição de independência do governo brasileiro. Serra já avisou que em matéria de política externa seguirá caminhos distintos aos de Lula. Já se posicionou contra o Mercosul e assim sucessivamente. Não será de se estranhar se em qualquer hora convocar o ex-chanceler Celso Láfer para desenhar os rumos da subserviência, aplicado quando ocupava o cargo que hoje ocupa Celso Amorim.


E ainda há quem diga que Serra, Lula, Dilma etc não diferem. Prestem atenção porque esta é a nova tática da direita que quer voltar a gerenciar este país continente chamado Brasil. FHC está de unhas afiadas porque também quer ocupar o lugar que entende merecer no ninho do tucanato subserviente. É por aí que a banda toca...


*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, mora no Rio de Janeiro e é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de S. Paulo e editor de Internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato. É autor, dentre outros livros, de "América que não está na mídia" e "Dossiê Tim Lopes - Fantástico / Ibope". É colunista do site "Direto da Redação" e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"

Com burca ou sem burca?


Com ou sem burca?


Por Rui Martins (*)


Por Rui MartinsBerna (Suiça) - Você já ouviu falar em burca ? É uma roupa feminina que sem ter desfilado nas passarelas, sem ter sido desenhada por um estilista como Jean Paul Gaultier, sem promoção pelas revistas Elle ou Marie-Claire ocupa a primeira página dos jornais europeus.


A burca é um traje inteiriço, sem franjas, desenhos ou pregas, que cobre a mulher desde o alto da cabeça aos pés. Como esse objeto do homem, chamado mulher, precisa respirar, existem uns furinhos à altura da boca e do nariz, e como essa coisa precisa ver por onde anda, existe uma abertura retangular, longa como a distância entre os olhos e larga de apenas dois centímetros.


Essa é a burca, sempre de cor preta, tecido não transparente, no qual o marido muçulmano fundamentalista encobre o corpo e o rosto de sua bem-amada, para que ela possa sair às ruas ou para fazer compras, passear os filhos ou simplesmente dar uma volta pela praça da cidade.


O uso da burca não foi regulamentado pelo Corão, pois nos escritos do Profeta não se fala nessa vestimenta extrema, que pode ser ideal para as feias esconderem seu rosto, sua celulite ou obesidade, bastante usada no Afeganistão e alguns países do Oriente Médio, mas causadora de discussões nos Parlamentos dos países Europeus.


Discute-se se o preceito ocidental da liberdade individual inclui o de mulheres fechadas dentro de uma túnica, que impede mesmo sua identificação. Se a mulher assim embalada como um pacote assim se veste por convicção própria ou se a isso foi obrigada pelo marido religioso ciumento ou pelo pai zeloso.


Na Bélgica, onde é grande a presença das comunidades muçulmanas, muitas delas vivendo ao lado da sociedade belga mas sem nelas se integrar, o Parlamento decidiu proibir que os « vestidos » andantes saiam às ruas sob pena de multas e de prisão. Na Itália, algumas províncias já baixaram idêntica proibição. Na França, existe um projeto de lei para indexar a burca e na Suíça, onde já se proibiram os minaretes, é provável um próximo voto popular contra o uso desse estranho vestido.


Entre os próprios muçulmanos as opiniões divergem – a grande maioria é contra a burca por não haver nenhum escrito do Profeta impondo essa moda feminina. As mulheres religiosas ou as que vivem nos países árabes só devem usar o chamado chador ou véu que cobre a cabeça e se fecha embaixo do queixo, cobrindo também o pescoço.


É verdade que algumas mulheres muçulmanas liberais, geralmente intelectuais (há mesmo uma que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura) criticam essa exigência do véu, que também inclui o uso de mangas compridas e de saias até os pés, mas só quando vivem na Europa. Caso contrário podem ser alvo de represálias nas ruas, como lhe jogarem ácido no rosto ou mesmo serem presas por atentado ao pudor ou acabarem alvo de uma fátua ou condenação à morte.


E, então, deve-se ou não proibir às mulheres o uso desse traje extremo ? Quantas mulheres saem vestidas de burca nas ruas européias ? Dizem que na França não chegam a mil, na Bélgica e na Suíça algumas centenas e daí a pergunta, por que tanto alvoroço ?


Em lugar de se encarar a burca como um símbolo religioso por que não considerar a burca simplesmente como uma escolha de como se vestir ? Ainda há cinquenta anos, todas as viúvas e senhoras idosas portuguesas, espanhola e gregas, cristãs, vestiam-se de preto com seu chalé na cabeça e, hoje, esse hábito vai desaparecendo. Proibir, cria resistências. Deixar ao critério de cada mulher, permitirá que muitas delas – se conseguirem escapar ao autoritarismo do marido, do pai ou dos irmãos – avaliem se é essa a maneira adequada de se vestir no nosso Ocidente.


Outra coisa, se proibirem que saiam às ruas, essa mulheres serão obrigadas a ficar confinadas em sua casa e não terão sequer a chance de serem tentadas a experimentar uma outra maneira de se viver. Haverá sempre momentos nos quais elas terão de descobrir o rosto, seja nos bancos, nos cartórios, nas repartições públicas ou nos aeroportos para se identificarem. E, é claro, se existem professoras lecionando com chador e mesmo parlamentares com chador em alguns países europeus, não será possível exercer qualquer profissão dentro de uma burca.


Em lugar de se pressionar, talvez o melhor seja deixar o excesso e o ridículo mostrarem que a mulher de rosto e corpo livre são uma conquista da nossa civilização, onde já não se discute mais o uso de biquini ou monoquini porém a igualdade total entre homens e mulheres, inclusive nos salários.


*Rui Martins é jornalista. Foi correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. É autor do livro “O Dinheiro Sujo da Corrupção”, criador dos "Brasileirinhos Apátridas" e da proposta de um Estado dos Emigrantes. É colunista do site "Direto da Redação" e vive em Berna, na Suíça, de onde colabora com os jornais portugueses Público e Expresso, e com o blog "Quem tem medo do Lula?"

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