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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DO "PASQUIM" AOS BLOGS

DO “PASQUIM” AOS BLOGS


Laerte Braga



O 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas realizado na cidade de São Paulo nos dias 21 e 22 de agosto mostrou uma realidade que, se já era visível, não tinha ainda contornos ou caminhos possíveis para uma revolução nas comunicações, sem perda das características básicas da rede mundial de computadores. Ou do princípio fundamental da Internet.

A liberdade concreta de um modelo alternativo de comunicação, capaz de nos livrar da ditadura da mídia privada. Os mais recentes levantamentos sobre o papel e a força da Internet mostram que jornais e revistas já foram superados pela rede.

O aspecto mais importante talvez tenha sido o do trazer ao mundo real o mundo virtual e mostrá-lo vivo, pujante e visível, em carne e osso. A conseqüência será a medida da percepção de cada um dos participantes, de todos os internautas de um modo geral, do poder que existe, no curso desse processo, de conduzi-lo a caminhos de liberdade ampla e irrestrita, uma espécie de grito do ser humano que se recusa a ser coisa, objeto.

Não há censura, ou como foi dito por um dos participantes, “fugimos da censura da mídia privada”. A notícia escondida, o fato ocultado, os interesses de grupos prevalecendo sobre aquilo que fato acontece.

Há alguns anos atrás um cientista de uma universidade norte-americana anunciou que em breve seria possível captar do espaço todas as palavras ditas pelo ser humano desde o primeiro. Isso tornaria possível ouvir Nero, por exemplo, no momento de sua morte, dizer “que grande homem perde Roma”. Ou Bertold Brecht afirmar que aquele que luta “por toda a vida é indispensável”… O ugh ugh do primeiro de todos, o Brucutu.

A dificuldade, segundo o cientista, seria separar as vozes em canais próprios a cada uma delas, do contrário teríamos apenas uma zoeirada sem tamanho.

A internet e o papel dos blogs separam as vozes e mais isso, proclamam as diversas vozes que muitas vezes são caladas pela opressão, qualquer que seja a sua forma.

Há perigos, evidente, a rede é controlada por quem vive a “embriaguez do arsenal militar”, pode pará-la a qualquer momento – pelo menos em tese –, já existem tentativas de mecanismos legais de censura (projeto apresentado através do senador Eduardo Azeredo ao Legislativo brasileiro e com similar, a fonte é uma só, em todo o mundo cristão e ocidental), ou de intimidação, como meios mais sofisticados para identificar revolucionários nesse sentido, nesse campo, enfim.

O jornal O PASQUIM cumpriu um papel decisivo na luta contra a ditadura militar. Transformou sisudos generais e seus apetrechos de barbárie em ridículo sem tamanho forçando-os a uma retirada que se não é total (os torturadores continuam livres, impunes), avança e será assim com certeza num determinado ponto, nem que seja onde as paralelas se interceptam no infinito.

O 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas trouxe um elemento novo a essa perspectiva de um mundo alternativo, diferente dessa dialética entre barbárie civilizada na forma de hambúrguer e barbárie em si, nas bombas despejadas sobre países como o Afeganistão.

O da construção coletiva, diversa na multiplicidade de idéias, de caminhos, mas convergente na necessidade de trilhas e estradas comuns.

E uma ética que nada tem a ver com a frieza do caiu um avião e morreram duzentas e tantas pessoas, ou de um dossiê fajuto.

É uma combustão que explode em liberdade. Só isso.

Desde o conjunto regional do jornalista Luís Nassif às discussões e experiências de uma nova linguagem. Não tem freios, nem peias, mas tem sentido e está decodificada em cada manifestação viva de humanidade.

É como uma proclamação “sou um ser humano, tenho pernas, braços, tenho liberdade para pensar, para caminhar e caminhos para me irmanar fora de todo o ozônio que sufoca cada espírito de vida”, por redundância que espírito de vida pareça.

É o contraponto ao caos, embora possa à primeira vista parecer o contrário. Vai na direção oposta do pessimismo de Huxley, ou do cientificismo histórico de Toynbee.

No caso específico do Brasil é um grito insurgente contra a ditadura da mídia privada. GLOBO, o exemplo maior. A fonte mais forte de toda a barbárie nas suas mais diversas formas e manifestações. Inclusive sabão que lava mais branco, tira manchas infalível e odor da natureza a cada trinta minutos para você flutuar.

Ou VEJA e seu cinismo de mentiras digeríveis pela classe média. FOLHA DE SÃO PAULO saudosa da “ditabranda”. Nem falo do ESTADÃO, lá ainda não chegaram à abolição, ainda reina soberano e com pompa o imperador Pedro II.

Mas falo da RBS e do estupro escondido, ocultado porque praticado por filhos de senhores de gente e da mídia. Presumidamente senhores.

É óbvio que o poder, entendido como camarilha no bunker do institucional, tente de todas as formas silenciar esse canal. Há jornalistas como Paulo Henrique Amorim, Celso Lungaretti que estão teoricamente sufocados por processos vários de bandidos diversos (Daniel Dantas, Gilmar Mendes, Boris Casoy, etc). São incapazes, os bandidos, de perceber que na verdade essa expressão, ou esse tempo de verbo, sufocado, no duro mesmo significa liberto da penosa tarefa de engolir sapos. Diferente de William Bonner, que, naturalmente, desenvolveu um aparelho digestivo capaz de trogloditar qualquer falta de ranhura nas pistas de um aeroporto em nome da companhia relapsa e criminosa na manutenção, no clássico “a culpa é do piloto”.

Blogs e a Internet no seu todo rompem essa cadeia de “quem quer um bom dia?” Depende do que seja o bom dia, isso atormenta a essa gente.

E há anônimos blogueiros, que como cometas a uma velocidade imperceptível ao olho humano, mas que sensibiliza e desperta humanos, despejam o lixo que os tais donos escondem debaixo do tapete.

Tudo tem seu lugar, seu tempo, há dimensões várias ao longo da História. O encontro serviu para mostrar que além disso o caminho é o do compromisso básico e fundamental com o caos organizado, mas sempre caos, e caloroso da liberdade e da vida em seu sentido e em sua essência. Em sua razão de ser.

E não importa que seja um jornalista consagrado como Luís Carlos Azenha, ou um engenheiro fotógrafo por amor à imagem, Castor, mas o blog que exibe as contradições de uma sociedade organizada em torno de fachadas.

A tarefa é colocá-las, as fachadas, abaixo. A ética e só a da verdade contida em cada luta pela preservação da espécie em cada um dos caminhos importantes à espécie. Vale dizer não passa por gente como Fernando Henrique e sua presunção de semi deus. Ou José Arruda Serra em sua arrogância de anjo guardião do inferno capitalista.

Passa por cada um no caos livre de todos somados na alternativa possível.

Não há donos do estoque de ar. Nem estoques de ar. Existe apenas o ar.

O encontro foi um primeiro passo. Dali é possível perceber a realidade imediata de cada um, a cidade, a comuna, inserida no todo. E juntar cada Brancaleone na utopia possível, porque começa a ser real. A se mostrar factível. Mesmo porque quem procurou utopia até hoje procurou perfeição, não se ateve à necessidade das imperfeições.

De algumas pelo menos para não ser tão radical. E muitas são indispensáveis para não dizer ótimas.

De tudo o que se falou, o que se ouviu, até o que se pensou em silêncio meditabundo como diria Stanislaw, nada precisa ser peneirado porque ao fim restou a certeza que está desperto o ser humano na sua totalidade e está declarada uma guerra pacífica até um certo ponto (guerra não é sempre feita com armas de tiro, digamos assim, mas as de idéias também), mas aguda, viva.

Quando Elizabeth Bishop disse que “o paraíso deve ter sido muito chato”, levantar, comer maçãs, olhar a natureza, afagar os leões, dormir a sesta e repetir tudo até a noite, se é que noite havia, estava conclamando a olhar o outro e perceber-se nele. A uma fusão que é estelar no sentido da vida plena, livre, algo incapaz de ser compreendido por quem acha que o português de Adoniran Barbosa prejudica a qualidade de suas letras (já ouvi essa besteira de um intelectual padrão FHC).

O que tudo isso tem a ver com Bolsa de Valores? Tem tudo. Azar dos caras da bolsa que não entendem nada.

É por aí o mundo alternativo.

Consolidado num Barão de Itararé. “Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga”.

O blogueiro não. É como pobre, “quando enfia a mão no bolso tira no máximo cinco dedos”.

E muitas esperanças e caminhos.

Nada a ver com O Homer Simpson conceituado e definido por William Bonner, paladino da cabeça vazia.

Falta futuro para os barões da mídia

Percebe-se pela postura adotada, seja nas páginas de seus veículos ou no congresso da ANJ, que os barões da mídia no Brasil, acossados em seu próprio domínio, começam a atirar para todos os lados em uma clara demonstração de que não sabem mais para onde ir. 

Realizado nos dias 19 e 20 de agosto, o 8º Congresso Brasileiro de Jornais foi revelador do momento pelo qual passam os principais conglomerados de comunicação no Brasil. A começar pelo próprio tema, “Jornalismo e Democracia na Era Digital”, o evento organizado pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) no Rio de Janeiro foi uma prova viva de que as poucas famílias que controlam os principais jornais do país vêm tendo muitos motivos para se preocupar desde que as novas mídias eletrônicas entraram em cena.

O principal tema de discussão entre os cerca de 700 empresários e profissionais do setor foi a gratuidade do conteúdo jornalístico na internet, curiosamente considerada por muitos dos presentes como “um entrave à democracia”. A própria ANJ, no texto de abertura do congresso, já antecipava sua posição a esse respeito: “O bom jornalismo, que difunde as informações de credibilidade e as opiniões que os cidadãos necessitam para fazer as suas escolhas, resulta de investimentos e deve ser adequadamente remunerado”.

Não é à toa que, este ano, a maior estrela do congresso organizado pelos donos da mídia no Brasil foi o jornalista Robert Thomsom, editor do Wall Street Journal. O jornal dos Estados Unidos se tornou o case de maior sucesso em termos de venda de conteúdo pago via internet. Durante sua palestra, o “guru” não decepcionou: “Precisamos urgentemente voltar ao que era antes. Voltar ao básico, em que as pessoas apreciam o conteúdo jornalístico o suficiente para pagar por ele”, disse.

Outras questões debatidas no congresso foram o fim da Lei de Imprensa e o fim da obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício da função de jornalista, destacados como “importantes avanços” pela presidente da ANJ, Judith Brito, que também é diretora-superintendente do Grupo Folha.

Única novidade do congresso, a ANJ apresentou um plano de autorregulamentação do setor, a partir da criação de um conselho dentro da própria associação. A idéia, no entanto, não conta com o entusiasmo sequer do vice-presidente da ANJ, e também vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho: “A autorregulamentação é um princípio muito bom, mas a atividade jornalística é carregada de subjetividades”, disse.

“Perigo na AL”
O grande momento do congresso, no entanto, foi o painel “O Futuro da Democracia e o Jornalismo”, que reuniu o diretor de redação da Folha de SP, Otávio Frias Filho, e o sociólogo e professor da USP Demétrio Magnoli, um daqueles intelectuais que, segundo a ANJ, “difunde as opiniões que os cidadãos necessitam”. Neste debate, a sociedade brasileira foi alertada para o perigo que constitui “a formação de joint-ventures entre companhias de telecomunicação e governos populistas” para controlar a difusão de informações: “Tal perigo ronda, em especial, a América Latina”, afirmou Magnoli.

O sábio neoliberal disse mais: “Vem sendo difundida a teoria de que os jornais são como partidos que fazem parte de um jogo político. Ela surge numa época em que volta a idéia de que o Estado deve falar diretamente às pessoas, evitando a mediação. Essa teoria política dá base a um projeto de jornalismo estatal em curso na América Latina, buscando criar uma imprensa alternativa, principalmente nos meios eletrônicos”.

Frias, por sua vez, estendeu a outros continentes o leque de culpados pela “guinada antidemocrática” no jornalismo mundial: “Vladimir Putin, Ahmadinejad, Chávez, Rafael Corrêa e Evo Morales representam uma erupção de governantes autoritários e populistas que, embora mantendo a aparência de democracia, manietam os poderes Judiciário e Legislativo, além de buscar controlar a imprensa”, disse.

“Conferencismo”
Os candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) passaram, em momentos diferentes, pelo 8º Congresso Brasileiro de Jornais. Os três presidenciáveis ratificaram a Declaração de Chapultepec, documento firmado em 1994 no México durante uma conferência hemisférica sobre liberdade de imprensa organizada pelos grandes empresários do setor.

Curiosamente, no mesmo dia em que passou pelo congresso da ANJ, Serra deu declarações públicas acusando o governo Lula: “Nos últimos anos, têm havido diversas tentativas de cercear a liberdade de imprensa no Brasil”, disse o tucano, que também fez críticas à 1ª Conferência Nacional de Comunicação, classificada como “parte de um processo de conferencismo pago com o dinheiro público”.

Em resposta a Serra, o ministro Franklin Martins divulgou uma nota pública na qual afirmou que o tucano “faz uma acusação grave e descabida” ao governo: “A imprensa no Brasil é livre. Ela apura - e deixa de apurar - o que quer e publica - e deixa de publicar - o que deseja. Opina - e deixa de opinar - sobre o que bem entende. Todos os brasileiros sabem disso. Diariamente, lêem jornais, ouvem noticiários de rádio e assistem a telejornais que divulgam críticas, procedentes ou não, ao governo. Jornalistas e veículos de imprensa jamais foram incomodados por qualquer tipo de repressão ou represália”, diz a nota.

Orquestra
Os ataques orquestrados ao governo e aos “inimigos da liberdade de imprensa” continuaram nestes últimos dias nos maiores jornais do país com a cobertura do XVI Encontro do Foro de São Paulo, evento do qual participam 54 organizações políticas de esquerda da América Latina e do Caribe. Fazendo referência ao documento final do encontro, que pede a democratização dos meio de comunicação, o jornal O Globo publicou matéria com o singelo título “PT e grupo da AL apóiam controle da mídia”.

Percebe-se pela postura adotada, seja nas páginas de seus veículos ou no congresso da ANJ, que os barões da mídia no Brasil, acossados em seu próprio domínio, começam a atirar para todos os lados em uma clara demonstração de que não sabem mais para onde ir. Qualquer semelhança com a campanha do candidato a presidente por eles apoiado não é mera coincidência. E pensar que, logo após o congresso da ANJ, foi realizado em São Paulo o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que reuniu cerca de 300 blogueiros em defesa da liberdade de expressão, da democratização da comunicação e da universalização da banda larga no Brasil. Como se vê, apesar das preocupações conservadoras, ninguém pode deter o futuro.

*Maurício Thuswohl é jornalista.

FONTE: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4760

Os números da campanha - Dilma tem 18 pontos à frente de Serra que, se bobiar mais, ainda cairá pra 3º!



Agradeço ao companheiro Paulo Ávila pelo envio do vídeo.

A RENÚNCIA DE JÂNIO


 A RENÚNCIA DE JÃNIO

Laerte Braga


Há quarenta e nove anos atrás Jânio Quadros renunciou a presidência da República. Sete meses após sua posse. Minutos depois da leitura da carta renúncia pelo presidente do Senado, Auro Soares de Moura Andrade (PSD/SP), já ex-presidente e ao volante de um DKW da Vemag, Jânio disse a jornalistas que nunca mais poria os pés em Brasília, “cidade maldita”. Afirmou que iria ser pedreiro em Cuba.

“Forças ocultas” foi a expressão usada por Jânio Quadros, um mato-grossense que fez carreira política em São Paulo, para justificar o ato. Em seus sete meses de governo proibiu brigas de galos, desfile de miss com biquíni e instituiu o slack como uniforme do funcionalismo público.

Deixou Douglas Dillon secretário do Tesouro dos EUA falando sozinho para encenar um show de Brasil independente e mandou que cada chefe de repartição conferisse o ponto de cada funcionário público, aumentando em meia hora o expediente.

Atribuir a renúncia de Jânio a umas doses a mais é simplificar demais o fato. As doses a mais faziam parte do dia a dia do presidente e começavam pela manhã, estendiam-se pela tarde e encerravam-se à noite, já em profunda embriaguez. Aí ia assistir a faroestes de trás para a frente.

Outro hábito de Jânio eram os famosos bilhetinhos. Enviava-os aos seus ministros com determinações curtas, tudo com cópia para a imprensa.

Jânio era marqueteiro de si próprio. Um dos grandes demagogos de nossa história. Construiu a fama de político honesto e deixou um patrimônio objeto de disputa judicial por seus herdeiros em torno de cem milhões de dólares. No exterior, lógico.

O ex-presidente acreditava que sua renúncia criaria um clima de comoção popular e voltaria ao poder nos braços do povo com amplos poderes. Poderes de ditador. Mas esqueceu de combinar o golpe com seus ministros militares e seus principais aliados. Pelo contrário, deixou alguns pelo caminho, caso de Carlos Lacerda.

Na antevéspera da renúncia chamou Lacerda a palácio, a conversa permanece mais ou menos sigilosa até hoje e ao final o ministro da Justiça, Pedroso Horta, mandou que as malas de Lacerda fossem postas à porta de saída do Planalto.

Na noite do dia seguinte Lacerda foi a tevê e em seus costumeiros e virulentos discursos usou de todo o arsenal de acusações que guardava desde os tempos de Getúlio Vargas, para ocasiões em que seus interesses eram contrariados.

No dia 24 de agosto Jânio recebeu em palácio o ministro da Indústria e Comércio de Cuba, nada mais e nada menos que Ernesto Chê Guevara para condecorá-lo com a Ordem do Cruzeiro do Sul. O fato indignou a direita brasileira.

O marechal Lott, adversário de Jânio nas eleições de 1960, passou a campanha inteira advertindo aos brasileiros que a eleição do ex-governador de São Paulo levaria o País ao caos, a uma crise institucional, cujas conseqüências seriam dias sombrios e tenebrosos.

Quase que simultaneamente à renúncia de Jânio, Lott divulgou um manifesto de apoio à legalidade, vale dizer, a posse do vice-presidente da República João Goulart.

O golpe que Jânio não combinou com ninguém, aí sim, a “mardita pinga” deve ter influenciado, começou quando sem maioria no Congresso tentou atrair uma das principais lideranças do PSD (maior bancada), o ex-presidente Tancredo Neves, oferecendo-lhe uma embaixada no exterior. A Bolívia foi a “oferta” de Jânio a Tancredo (o mineiro havia sido derrotado por Magalhães Pinto nas eleições para o governo de Minas e estava sem mandato). A surpresa veio por conta da recusa de Tancredo. Simples, respeitosa e direta. “sou de um dos partidos que fazem oposição ao seu governo, agradeço a lembrança, sinto-me honrado, mas declino do convite”. Mais ou menos assim.

O peso de Tancredo em setores do pessedismo não era maior, por exemplo, que o de José Maria de Alckmin, mas sua presença entre os petebistas, partido de Jango, era respeitada e acatada por setores expressivos daquele partido, o antigo PTB. A idéia de Jânio era neutralizar o ex-ministro da Justiça de Vargas, jogá-lo fora da arena política.

Mais à frente incumbiu o vice-presidente João Goulart, com quem vinha tendo atritos, de missão na China Comunista. O objetivo era o mesmo, afastar Jango do cenário político nacional, colocá-lo num país objeto de visceral ódio da maioria dos militares brasileiros, limpar o terreno para o golpe.

Sabia que a primeira conseqüência de sua renúncia seriam as reações de setores das forças armadas à posse de Jango, incluindo os seus três ministros militares (Odílio Dennys, Grum Moss e Sílvio Heck – Guerra, Aeronáutica e Marinha).

O problema Lacerda, na cabeça de Jânio era simples. A vocação golpista do antigo governador do extinto estado da Guanabara aflorava à sua pele em cada pronunciamento que fazia. Só não contava com a reação de Carlos Lacerda ao seu projeto de virar ditador, já que Lacerda alimentava o sonho de suceder a Jânio. Esse desejo era maior que o desvio golpista. E além do mais Lacerda enfrentava problemas nos negócios, particularmente o jornal TRIBUNA DA IMPRENSA, que pretendia transformar em algo semelhante ao que o GLOBO é hoje.

Porta voz da insensatez e da mentira. O que faz de forma bem sensata, aliás.

Jânio puxou a escada, deixou Lacerda seguro só na brocha.

Cumpriu os protocolos, digamos assim, do dia 25 de agosto, dia do Soldado, não deu na pinta que o gesto tresloucado viria uma ou duas horas depois, entregou a renúncia a Pedroso Horta, ministro da Justiça e esse ao presidente do Senado. A despeito dos apelos de Afonso Arinos, ministro das Relações Exteriores e que correu a assumir o mandato de senador para tentar evitar a renúncia, Auro Soares de Moura Andrade leu a carta e aceitou a renúncia.

Afonso Arinos queria colocar em votação e Auro foi direto depois de ouvir Tancredo. “A renúncia é um gesto de vontade unilateral, não cabe ser discutida”.

Na ausência do vice-presidente, João Goulart, em missão na China (o Brasil não tinha relações diplomáticas com o governo de Pequim e Jânio mandara Jango para iniciar um diálogo com o governo de Mao Tse Tung e Chou En Lai), o presidente da Câmara, Ranieri Mazili (PSD/SP) foi empossado no cargo.

Os três ministros militares, de pronto, se colocaram contra a posse de Jango tachando-o de comunista. Não encontraram apoio nem entre udenistas históricos caso de Adauto Lúcio Cardoso, nem em boa parte da caserna. Mas assumiram o controle do Brasil.

A reação veio do governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. Do antigo PTB, cunhado de Jango e que começava a despontar como liderança nacional a partir das ações de seu governo, principalmente na área da educação.

Brizola, com ele e uns poucos secretários e assessores transformou o Palácio do Piratini em centro da resistência democrática. Criou uma rede de emissoras de rádio a que chamou de CADEIA DA LEGALIDADE, usada para denunciar o golpe, defender a posse de Jango, a legalidade democrática.

Ao contrário dos ministros militares encontrou eco em todo o Brasil e em diferentes forças políticas. Teve o apoio da Brigada Militar do Rio Grande (PM), o Piratini foi pequeno para abrigar voluntários, muitos chegando de várias partes do Brasil e em meio a incertezas recebeu o apoio do comandante do III Exército, general Machado Lopes.

Lott que conclamara através de um manifesto a defesa da legalidade fora preso pelos golpistas, isso no Rio de Janeiro onde se encontrava. O marechal Nilo Sucupira foi o encarregado de prender o marechal.

Jango, estava em meio a um périplo para voltar da China ao sabor dos fatos que aconteciam no Brasil. Encarregou Tancredo Neves de negociar em seu nome. Um acordo feito com os golpistas em torno da emenda parlamentarista de Raul Pila (Partido Libertador, RS), pôs fim à crise.

Brizola aceitou a solução negociada, mas declarou-se contrário ao que chamou de “expediente golpista”. Tancredo Neves foi o primeiro-ministro indicado por Jango e Ernesto Geisel o porta-voz do vice-presidente, agora presidente, junto aos ministros militares do ex Jânio Quadros.

E se não me falha a memória, Jânio Quadros e suas esquisitices deliberadas, propositais, embarcou para a Europa num navio cargueiro, me parece que o Uruguai Star. Nos momentos seguintes à sua renúncia, na base aérea de Cumbica, em São Paulo, ao saber que o fato estava consumado, teve uma forte crise de choro.

O golpe falhara.

Um ano depois tentaria voltar ao governo de São Paulo. Foi derrotado por Ademar de Barros (a quem havia vencido em 1954). O governador Carvalho Pinto, oriundo do chamado janismo não absorvera a renúncia do seu antigo líder e um terceiro candidato, José Bonifácio, dividiu o eleitorado janista. Àquela época não havia segundo turno, uma eleição para governos estaduais ou presidente da República era decidida por maioria simples.

A renúncia de Jânio escancarou mais ainda as portas para o golpe real.

O outro golpe, o de 1964, começou em 1950, na segunda derrota do brigadeiro Eduardo Gomes (UDN). A primeira para o marechal Dutra e a segunda para Getúlio Vargas. Quase se materializou em 1954 no manifesto dos coronéis contra a presença de Jango no Ministério do Trabalho (Getúlio havia dobrado o valor do salário mínimo e nem as elites e nem militares subordinados a elas aceitaram a medida) e da crise provocada pelo assassinato do major Rubens Florentino Vaz, que na verdade foi um atentado contra Carlos Lacerda, deputado e principal líder da oposição a Getúlio.

Um inquérito que mostrou membros da guarda pessoal de Vargas envolvidos no crime deu ensejo a que militares da Aeronáutica, na chamada REPÚBLICA DO GALEÃO, pregassem abertamente o golpe. O suicídio de Vargas abortou o golpe, comoveu o país e o vice, o potiguar João Café Filho, ligado a Ademar de Barros, assumiu o governo. De cara deixou Ademar e migrou para o udenismo.

A eleição de JK por pouco não foi para o brejo na tentativa golpista abortada pelo marechal Lott, ministro da Guerra (hoje, Secretaria do Exército). Em 11 de novembro de 1955 e no governo de Juscelino, duas revoltas localizadas e levadas à frente por setores da Aeronáutica fracassaram.

Nada do que Lott dissera que aconteceria ao Brasil na hipótese da eleição de Jânio deixou de acontecer. Em 1º de abril de 1964 militares de extrema-direita, subordinados aos Estados Unidos e comandados pelo general norte-americano Vernon Walthers, derrubaram Goulart, assumiram o governo e até 1984 produziram o pior filme de terror de nossa história, real e sofrido.

A última cena ainda não foi protagonizada. A punição dos responsáveis pelo período de barbárie. Se auto anistiaram. É uma espécie de the end necessário para cicatrizar feridas abertas pela barbárie dos DOI/CODI e das OPERAÇÕES CONDOR.

Jânio conseguiu voltar à Prefeitura de São Paulo, em 1965, derrotando Fernando Henrique Cardoso.

No dia da sua posse pendurou um par de chuteiras à porta do seu gabinete anunciando que estava terminando sua carreira.

E ainda assim tentou “inovar” para melhorar o trânsito de veículos automotivos na capital paulista. Queria o patinete a motor.

Sua reputação por pouco não vai abaixo literalmente, quando sua filha quis denunciá-lo por corrupção, abusos, etc. Foi salvo por Ulisses Guimarães que preferiu não deixar a história vir a público e segurou Tutu Quadros, deputada e filha do ex.

Se a ditadura foi uma noite de horror, Jânio foi um drama lamentável com laivos de loucura consciente, se é que posso escrever assim, estudada, pensada.

Sanduíche de mortadela e um copo de pinga, os ingredientes preferidos em suas campanhas políticas, mas de público, de forma ostensiva e visível, para que todos pensassem que com o boné de motorneiro de bonde, de fato dirigia um bonde.

Descarrilou. Pior descarrilou o Brasil.

A versão atual de Jânio é também um ex-prefeito da capital de São Paulo e ex-governador do estado, José Arruda Serra.

A diferença está no fato de Arruda Serra ser abstêmio. O que conta a favor de Jânio. Como costumo sempre lembrar e como dizia o poeta Sílvio Machado, “não conheço nenhuma boa idéia surgida em leiteria”.

Um detalhe. O vice de Jânio era Milton Campos, anos luz à frente de Índio da Costa (nem deve saber quem foi Milton Campos). E antes de renunciar à presidência, Jânio renunciou à candidatura. É que a UDN havia indicado Leandro Maciel, um senador sergipano para vice. Jânio sabia que a despeito de ser um político honrado, não acrescentaria nada à sua chapa, pelo contrário, poderia complicar uma eleição fácil.

No período da ditadura militar tentou ensaiar algumas declarações contra o regime militar, acabou inovando, cumpriu a primeira pena de confinamento desde não sei quando em nossa história. Foi para Corumbá, onde ficou 45 dias por determinação do marechal Castelo Branco. Sossegou em seguida, foi cuidar de outro Sossego, esse com letra maiúscula. Uma das marcas mais famosas de pinga àquele tempo e escreveu uma gramática e uma coleção de história do Brasil, uma delas em parceria com Afonso Arinos.

Arinos recuperou-se e curou-se da doença, registre-se nos autos a bem da verdade.

E como dizia Jânio, “fi-lo porque qui-lo”.

Grécia deveria seguir lições econômicas do Brasil, sugere "Financial Times"

Lula


Jornal diz que Lula ignorou 'cantos da sereia' por moratória em 2003

A Grécia deveria aprender com o Brasil “a lição de como um governo de centro-esquerda pode transformar o rigor fiscal em ganho político”, segundo afirma um artigo publicado nesta quarta-feira pelo diário britânico Financial Times

O texto, assinado pelo editor de economia internacional do jornal, Alan Beattie, comenta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o cargo “em meio ao pânico sobre uma iminente bancarrota do governo e está prestes a deixá-lo luxuriando-se em uma antes inimaginável popularidade nas nuvens”.

A Grécia, governada pelo primeiro-ministro socialista George Papandreou, vem há meses enfrentando a desconfiança internacional sobre sua capacidade de honrar com sua dívida.

O jornal comenta que Papandreou “herdou essa confusão de seu antecessor incompetente e mentiroso” e que “resolver essa bagunça pode criar uma narrativa política poderosa de recuperação e redenção”.

‘Cantos da sereia’

Ao citar o exemplo brasileiro, o artigo observa que quando Lula foi eleito, em 2002, o Brasil havia recém recebido um empréstimo de US$ 30 bilhões do FMI, o maior da história até então, para tentar conter a queda acentuada da confiança sobre a solvência do país.

O texto observa que Lula ignorou os “cantos de sereia” para anunciar uma imediata suspensão do pagamento da dívida ao assumir o cargo e adotou uma dura meta de superávit fiscal primário ainda mais alta do que o FMI pedia.

O jornal relata que em um ano o Brasil havia recuperado a confiança dos investidores internacionais e não se falava mais sobre a possibilidade de uma moratória.

“Os oito anos subsequentes – que, para sermos justos, aproveitaram o trabalho iniciado pelo governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso – constituíram um raro período de sucesso para a democracia social na América Latina”, afirma o jornal.

“Ortodoxia fiscal, crescimento estável, alívio da pobreza por meio do emprego e do sistema de benefícios da Bolsa Família: todos são exemplos extremamente úteis em uma região onde o modelo de esquerda alternativo é o populismo brutamontes de Hugo Chávez”, diz o artigo.

Chances pequenas

Para o jornal, porém, “tristemente” as chances de o atual governo grego conseguir repetir o sucesso brasileiro são pequenas.

A principal razão para isso é que o Brasil se aproveitou de um período de crescimento econômico mundial e preços de commodities em alta.

A Grécia, por sua vez, tem de fazer suas mudanças “em um ambiente internacional de consumidores relutantes e investidores temerosos”, observa o jornal.

“A pouco competitiva Grécia, com baixa produtividade e altos custos por unidade, desastrosamente presa ao euro, está tentando se vender em meio a uma recuperação global claudicante”, diz o FT

O jornal conclui afirmando que provavelmente a Grécia não terá como escapar de declarar uma moratória para reestruturar sua dívida, mas que não deverá fazer isso imediatamente, para ter tempo de resolver outros problemas estruturais de sua economia e para permitir aos investidores se prepararem para isso e evitar assim uma contaminação para o resto da economia europeia ou mundial.

AOS COMPANHEIROS, AMIGOS E CIDADÃOS SOLIDÁRIOS

Agradeço as manifestações de apoio a esta causa, que vai além das pessoas de Celso Lungaretti e Boris Casoy.

O que está em jogo é a liberdade de informação e opinião, pois o sucesso do querelante restringiria drasticamente os limites de atuação de jornalistas e blogueiros.

Os primeiros não poderiam mais adotar como verdadeiras as afirmações de fontes pertinentes e consistentes, nem aquilo que tenha sido publicado em veículos de circulação nacional.

Teriam, talvez, de escrever seus textos baseados unicamente no que presenciassem com seus olhos e escutassem com seus ouvidos...

Já os blogueiros se veriam obrigados a consultar figuras públicas cada vez que quisessem postar qualquer texto passível de lhes cair no desagrado.

A grande maioria, que não tem o blogue como atividade rentável nem pode contratar auxiliares, perderia pessoalmente um tempo precioso correndo atrás de celebridades/personalidades que tudo fazem para dificultar o acesso à  plebe ignara.

Mesmo superando tais obstáculos, em 99% dos casos esperariam em vão pela resposta, olimpicamente ignorados, enquanto os assuntos fossem caducando.

E os poderosos, quando se sentissem incomodados, não se contentariam sequer com direitos de resposta, o meio mais adequado para a parte que se julga atingida apresentar sua versão na blogosfera.

Imporiam, com o chicote judicial, a obrigação de o blogueiro se retratar humilhantemente, como alternativa à possível prisão.

É isto que realmente está em jogo, não as reminiscências de um passado que teima em voltar à tona exatamente porque, naquela época, imperava o arbítrio e não foi feita Justiça.

Se a organização criminosa, nazistóide, homicida, terrorista e racista conhecida como CCC tivesse respondido judicialmente por seus muitos e hediondos crimes, hoje se saberia quem a integrou... ou não.

Quando o regime militar acobertou os grupos paramilitares que complementavam a repressão política oficial, não só livrou os culpados do merecido castigo, como pode ter propiciado a estigmatização de inocentes. Quem sabe?

O certo é que essas pessoas devem apresentar suas versões a historiadores, jornalistas e à opinião pública, com as provas e testemunhos cabíveis, ao invés de simplesmente tentarem proibir que se toque no assunto. Censura nunca mais!

E, se têm alguma queixa a fazer, que escolham o alvo certo: a ditadura militar, responsável por todas as atrocidades, injustiças e aberrações daquele período tenebroso de nossa História.
Celso Lungaretti é jornalista, escritor e ex-preso político. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com

Sobre Casoy e os "xerifes da nação"

Para o caso de também haver interesse em me processar, lembro que o texto que está levando Boris Casoy a processar Celso Lungaretti foi publicado, na época, por este humilde blog: clique aqui para ler. Como forma de reiterar mais ainda o meu total apoio ao companheiro Celso, republico hoje aqui o texto que eu escrevi na ocasião em repúdio a Casoy. O meu é, sem dúvida, bem mais leve que o do Celso. Quando termino ironizando dizendo que "Há coisas que não se publica onde crianças possam ler", refiro-me justamente ao jornalismo estilo PIG: sensacionalista, mentiroso e, muitas vezes, de baixíssimo calão (a Folha de S. Paulo que o diga no episódio do "menino do MEP", leitura definitivamente não recomendada para as crianças). Nesse sentido, aproveito para dizer que também assino embaixo no texto do Celso. Crianças podem lê-lo sem problema algum: é todo baseado em fatos e em nenhum momento cai em insultos baratos, como muitos outros sobre o mesmo assunto espalhados pela rede. Mas que, nem por isso, mereceram processo. Talvez porque os fatos são o que realmente ameaça. Segue abaixo o meu  texto e FORÇA CELSO, VOCÊ É MUITO MAIOR DO QUE ELE!


Diante das câmeras, a maioria dos apresentadores de telejornal vira um produto que precisa vender uma imagem de paladino da moral e dos bons costumes. Muitos confundem estúdio com delegacia e fazem uma cara de “xerifes da nação”. Tudo é uma vergonha menos eles.

Por Ana Helena Tavares, em 12/01/2010  para o Observatório da Imprensa

Afinal de contas quem é Boris Casoy? Não costumo ver a Band, praticamente não consigo mais ver televisão, mas é espantoso ver como um pequeno erro de áudio desmascara um jornalista. A ética não está em agirmos como pensamos somente quando estamos diante de um grande público. Ao contrário, ela está principalmente em agirmos como pensamos quando estamos sozinhos.

Diante das câmeras, a maioria dos apresentadores de telejornal vira um produto que precisa vender uma imagem de paladino da moral e dos bons costumes. Muitos confundem estúdio com delegacia e fazem uma cara de “xerifes da nação”. Tudo é uma vergonha menos eles. Resta saber o que é uma vergonha num mundo de tantas.

Nada justifica a falta de vergonha na cara. Mas que cara? Se é verdade que, em nome de linhas editoriais e até mesmo de padrões estéticos e comportamentais (de parcela da sociedade que dá IBOPE aos “xerifes”, pois sente-se amparada por eles), diante das câmeras, nenhum jornalista pode agir como pensa, parece-me translúcido o fato de que a declaração de Casoy sobre os garis demonstra o que ele verdadeiramente é. Dito isso, parece-me que ela é totalmente passível de processo por crime de intolerância de classes.

Boris Casoy falou quando pensava estar “às escondidas”, mas, em nome do pior dos tipos de corporativismo, há quem o defenda publicamente. Com os argumentos que eles têm apresentado, eu se fizesse parte da direção da Band começaria a ficar verdadeiramente preocupada com a dimensão do caso. Demitiria todos. A Band, porém, provavelmente os manterá lá, pois pensa igual a eles. E, nós brasileiros que pensamos diferente, temos nas mãos o controle remoto e uma chance única de repararmos, ao menos um pouco, o erro que é colocar uma classe fundamental como a dos garis à margem da sociedade.

Um dos artigos do abandonado Código de ética dos Jornalistas diz que “O jornalista não pode usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime.” Não é o que pensa Barbara Gancia que assinou hoje (08/01/2010) artigo na Folha de S. Paulo (local ideal para tal espetáculo) tentando defender o colega de emissora. No entanto, enganou-se absurdamente ao tentar confirmar as palavras de Casoy, de que os lixeiros são “o mais baixo na escala de trabalho”. Quem lê o artigo conclui que, para ela, isso se confirma porque, por exemplo, não há médicos entre eles.

Eu gostaria muito de entender o que é uma “escala do trabalho” para a tão afinada dupla de jornalistas. Partindo do artigo dela, em que, sem conseguir explicar onde está a piada, ela garante que “dois lixeiros desejando dinheiro para o novo ano é mesmo motivo de riso” (coisa que ela certamente não ousaria falar se eles ganhassem o que de fato o suor deles vale), então, conclui-se que estão no topo os que ganham mais. Ora, vejamos... Ronaldo “Fenômeno” está então no topo da escala do trabalho? Pensemos com cuidado de quem o mundo depende mais: dos jogadores de futebol ou dos lixeiros?

Ah, mas esperem, talvez “estar no topo da escala do trabalho” seja ter um diploma de médico. Ainda que fosse, como jornalista bem-informada, ela deveria estar ciente da quantidade de lixeiros com curso superior. Não possuo números, mas dou minha cara a tapa como existem médicos. Seria bonito, inclusive, se ao “lembrar” que “não há médicos entre os garis”, Barbara lembrasse também que o próprio Casoy não tem diploma de curso superior algum. Com a experiência adquirida que ele tem, isso não desqualifica nem a ele nem aos garis. O que desqualifica é o preconceito e nisso Barbara se superou, posto que tentou dar à declaração dele uma inacreditável sustentação.

Fico imaginando a felicidade, a sinceridade – e, mais do que isso, a provável ingenuidade – com que aqueles dois lixeiros fizeram aqueles votos de boas festas e não tenho como deixar de imaginar a decepção deles. Fico imaginando o que muitos âncoras televisivos devem ter comentado por detrás das câmeras sobre os recentes encontros de Lula com catadores de lixo e não tenho como deixar de imaginar que, perto do que ocorre diariamente nos bastidores da grande imprensa, o que Boris disse foi apenas uma gota num mar de lama.

Mas é melhor que eu fique só imaginando... Há coisas que não se publica onde crianças possam ler.

Ana Helena Tavares é escritora e poeta eternamente aprendiz. Jornalista por paixão e futura jornalista com diploma, editora-chefe do blog "Quem tem medo do Lula?".

VAI DAÍ QUE O MUNDO É ASSIM



Laerte Braga

Soldados do exército de Israel roubaram aparelhos eletrônicos apreendidos nos navios da flotilha da paz. Pretendiam vendê-los. É típico de forças armadas braço do terrorismo de estado, incentivado e cultuado pelos comandantes. É comportamento padrão do Estado de Israel.

A comissão que vai investigar o assunto, entre outros, inclui como vice-presidente, o narcotraficante Álvaro Uribe, ex-presidente da Colômbia. Responsável por massacres de líderes de oposição, cumplicidade com organizações de extrema-direita e pela entrega da soberania de seu país aos Estados Unidos.

Por curiosidade, assim que Uribe deixou a presidência, a Suprema Corte colombiana anulou o tratado militar celebrado com os norte-americanos. Não obedeceu aos chamados trâmites legais. Sete bases militares para combater o narcotráfico e manter a ordem no país. Segundo alguns dos juízes a Colômbia e suas instituições são capazes de combater o tráfico e manter a ordem.

O diabo é o tipo de ordem que gostam de manter.

Em Honduras, o governo farsa de Pepe Lobo mata em média um opositor por dia e na quarta-feira uma criança de seis anos foi seqüestrada e levada a uma prisão. O que uma criança de seis anos pode causar de dano a uma ditadura disfarçada de democracia não sei.

Uma húngara de dezenove anos está leiloando através de um canal de tevê chamado TABU a sua virgindade. Conhecida como “miss primavera”, pretende usar o dinheiro para pagar uma dívida imobiliária de sua mãe – casa própria.

Recusou uma oferta de 100 mil libras de um cidadão da Grã Bretanha. É que o cara além da virgindade queria um relacionamento. “Miss primavera” quer apenas pagar a dívida da mãe e evitar que a família fique sem casa.

“É só por uma noite, não quero um marido, quero pagar a dívida. Ele será o nosso salvador”. O leilão da virgindade vai até o dia 25 de agosto. E todas as medidas da moça estão disponibilizadas no site da tevê que promove o leilão.

A Hungria era um país governado pelos comunistas até o fim da União Soviética. Hoje é o que chamam de democracia.

Lembra o jogador Petkovic quando perguntado por Ana Maria Braga, especialista em coisa alguma, sobre como era nascer num país comunista, pobre e onde as pessoas sofriam. A resposta dele: “Não, nós tínhamos emprego, educação e o que comer, a fome, o desemprego e a pobreza começaram depois com o fim do comunismo”.

Se não existisse o tal de louro, seria inventado na hora.

Demétrius Russ, de 21 anos, negro, foi preso em Indianápolis nos EUA, estado de Indiana, pois estava falando ao telefone celular com as calças abaixadas e a cueca aparecendo.

Uma pesquisa feita nos EUA mostra que 18% dos norte-americanos acreditam que o presidente Barak Obama seja muçulmano. Obama havia autorizado, e depois recuou, a construção de uma mesquita nas proximidades do que foi o World Trade Center.

O Partido Republicano continua governando os EUA e o ódio se soma ao imperialismo capitalista numa espécie de governo mundial, diagnóstico de Fidel Castro, na sabedoria de um líder que não se curvou em momento algum. E a poucas milhas marítimas de Miami, centro mundial do tráfico, das grandes máfias, a Chicago contemporânea.

Era lá que o brasileiro Sérgio Naya tinha um hotel de luxo e tomava champanhe em taças de cristal, que depois atirava contra as paredes. Não as paredes dos prédios que construía, essas caiam a matavam pessoas.

Uma das séries de tevê mais populares no mundo inteiro, CSI – Criminal Scene and Investigation – exibiu um episódio em que uma empresa se dedica à cultura de transgênicos e no desprezo absoluto pela vida humana, pelo ser humano, permite que a contaminação de uma determinada espécie de milho gere botulismo em 1% dos que consomem o tal milho. A justificativa do presidente da empresa é que o índice é baixo e por isso os benefícios são imensos. Botulismo mata.

Na série o presidente da empresa vai responder judicialmente pelo crime. Algumas pessoas morreram com a doença. Na vida real a MONSANTO deita e rola no Brasil e países latinos de um modo geral.

E a senadora Kátia Abreu, do DEM, presidente da Confederação Nacional da Agricultura, se refestela em dinheiro público desviado para suas campanhas eleitorais.

Mais ou menos como as Granjas Carrol, geradoras da gripe suína. Perseguida em alguns estados do império, foi deitar ramas no México, colônia mais próxima dos EUA.

Chamam isso de agronegócio. Interessante é que no episódio de CSI a revolta é também de um pequeno agricultor que cismou de continuar a cultivar produtos orgânicos. Por “coincidência” o agricultor é negro.

Negros somos todos no desprezo e no terrorismo capitalista, discriminados e tratados como selvagens, na selvageria de soldados mercenários contratados por empresas privadas, por sua vez contratadas pelo Pentágono para libertar o mundo de “terroristas”.

Nas horas vagas se dedicam ao saque, ao tráfico de drogas e mulheres, assim como os soldados de Israel torturam, estupram e matam palestinos, além de lhes roubar a terra e agora, a ajuda humanitária.

Deve haver alguma explicação, penso eu, pois é o povo eleito de Deus, então...

Como a arte imita a vida, ou a vida imita a arte, agentes de saúde dos EUA, sempre eles, fizeram o recall de 380 milhões de ovos (como não sei, mas a notícia é que fizeram) contaminados com a bactéria salmonela, tudo com elevado rigor tecnológico, mais ou menos como aquela máquina de alimentar trabalhadores de um dos filmes magistrais de Chaplin. “TEMPOS MODERNOS”.

Os moradores dos estados da Califórnia, Colorado e Minnesota foram atingidos por um surto provocado pela bactéria.

A preocupação com cidadãos comuns nos EUA está sumindo desde o governo Bush de maneira mais acentuada. Cada dia mais os EUA transformam-se em EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A. Não é uma criação de Ian Fleming. A SPECTRE perde longe para a nova organização, e olha que é ficção e a AL QAEDA é fichinha nessa história.

No Brasil, onde pontifica a mídia colonizada e servil, mas regiamente paga, o narrador esportivo Galvão Bueno, que se imagina uma espécie de enviado divino, não erra nunca, tem razão em tudo, declarou que a rede onde trabalha, a GLOBO (onde mais?) deveria mandar no futebol brasileiro, pois “ela paga as contas”.

Os diretores da dita rede, que não noticiam nada que contrarie os “nossos amigos americanos”, palavras do robô William Bonner (penúltima geração de puxa-sacos), paladinos da “democracia”, transferiram o primeiro jogo da semifinal da Libertadores da América para o mesmo dia e horário em que a rede concorrente – e aliada – BANDEIRANTES, promovia um debate entre alguns dos candidatos a presidente da República.

Com certeza, até o dia das eleições, alguns dossiês especialmente contratados para agradecer a José Arruda Serra a doação de terreno público em São Paulo, algumas caravanas para iludir e mentir e no final a culpa vai ser do Irã, e de Chávez.

Cá para nós, recall de ovos é um trem difícil de entender. Bota difícil nisso.

Quem estiver interessado em miss primavera, a moça da virgindade, é só tentar o site da tevê TABU e fazer uma oferta. Madona levou cinco milhões de dólares aqui num papo de duas horas. Apagou incêndio provocado por bombeiro.

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Vídeo Maria da Conceição Tavares



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Laerte Braga é jornalista. Colabora com a Agência Assaz Atroz e com este "Quem tem medo do Lula?"

Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA

Agência Assaz Atroz

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