EVA BLAY: “Diziam que eu era representante do diabo” |
Eva Blay (PSDB-SP), suplente de Fernando Henrique Cardoso que assumiu o Senado em 1993, quando ele virou ministro do governo Itamar Franco, apresentou um projeto para legalizar a prática do aborto no Brasil. Ela relembra que quase foi agredida por grupos religiosos "extremamente violentos" e diz não acreditar que a discussão tenha tirado votos do PT na reta final do primeiro turno eleitoral.

Eva Blay - Está havendo uma confusão muito grande. Este é um problema da sociedade civil, que tem múltiplas posições a respeito da questão. E infelizmente determinadas igrejas ficam pressionando por uma questão que é de saúde pública.
Como foram as pressões na época do seu projeto?
Convidei pessoas das mais diferentes posições para um debate: cientistas, políticos, várias igrejas. Em Brasília existe um movimento católico carismático que é extremamente violento. Eles invadiram o Senado gritando e carregando cartazes que me agrediam muito fortemente. Diziam que eu era representante do diabo, fizeram insinuações sobre a minha posição como judia. Fizeram uma missa em pleno corredor. E alguns funcionários -isso foi gravíssimo- do Senado que tinham posição contrária ao projeto gritavam e tentavam me agredir. Quem me salvou foi a [senadora] Benedita da Silva [PT-RJ].