O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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Peço que, quem queira continuar acompanhando o meu trabalho, siga o novo blog.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Um mundo bem melhor








Um Mundo Bem Melhor


Por Carlos Alberto Lungarzo (*)


Por Carlos LungarzoPor causa do conflito da Flotilha da Liberdade com forças israelenses no final de maio, várias músicas e vídeos com temas humanitários, já conhecidos e promovidos durante outras catástrofes, foram novamente colocados em circulação nas redes de solidariedade da Internet.. Eu agradeço ao jurista e militante humanitário Vanderley Caixe por ter enviado informação sobre a versão de Somos o Mundo em português, e passo a distribuí-la em nossa rede.


A canção We Are the World (Nós Somos o Mundo) foi inicialmente escrita por Michael Jackson e Lionel Richie, e produzida por Quincy Jones e Michael Omartian para incluir no álbum do mesmo nome. (V). Foi gravada em 1985, pelo grupo USA for Africa.


Cinco vezes premiada, a composição teve a venda mais alta de todos os tempos para o caso de uma canção single. Os lucros produzidos, mas aqueles de produtos relacionados com a música foram utilizados para ajuda emergencial e para projetos de desenvolvimento em 18 países da África.


Em Fevereiro de 2010, foi gravada uma nova versão em inglês, agora visando a ação solidária com o povo de Haiti, vítima de terremotos em 2009. Esta versão foi chamada We Are the World 25 for Haiti. O “25” se refere ao número de anos transcorridos entre a versão original e esta.


O projeto Um Mundo bem Melhor é a versão brasileira do movimento, idealizada pelos músicos e produtores brasilienses Walter Amantéa e Hudson Borges. Seu objetivo é ajudar as comunidades do Haiti e do Chile, abaladas pelos fortes terremotos recentes, mas também visa também colaborar com campanhas de solidariedade e amor ao próximo, mobilizações e ações em prol da construção de um Brasil ambientalmente sustentável, livre da fome e da miséria.


Com uma versão em português da canção, e com a participação de dezenas de grandes artistas de Brasília, o projeto busca sensibilizar as pessoas para o fato de que cada um é responsável por construir um mundo melhor. O coro das crianças que aparece em várias partes da gravação pertence à Legião de Boa Vontade de Brasília.


No seguinte site, você encontra o vídeo gravado durante esta execução, num arquivo publicado no You Tube, que pode ser baixado para seu computador:


http://www.ummundobemmelhor.com.br/VersaoBrasileira.aspx


Numa das guias está a versão original em inglês, e na última aparece a totalidade dos créditos, inclusos os solistas.


A letra da música em português a seguinte:


Um mundo bem melhor
A hora chegou, precisamos dar as mãos
E lembrar que somos todos irmãos
Tantos vão morrendo, tentando encontrar
Uma chance, um motivo pra sonhar


Fácil fingir que não há o que fazer
E que alguém, um dia, vai resolver
Somos todos parte de algo bem maior
E no fim queremos só amor


Eu e você podemos muito
Somos aqueles que podem trazer o amor ao mundo
Não precisa ir longe, procure ao seu redor
Assim a gente faz um mundo bem melhor


(Oh) Faça o melhor, dê carinho, estenda a mão
Quando houver problema, dê solução
Basta atitude, dizer mais sim que não
É só abrir seu coração


Eu e você podemos muito
Somos aqueles que podem trazer o amor ao mundo
Não precisa ir longe, procure ao seu redor
Assim a gente faz um mundo bem melhor


Alguns pensam que o problema é de ninguém
Mas é preciso ver que ele é seu também
Te-e-e-emos que entender: Pra mudança acontecer
Você também precisa querer Yeah, yeah, yeah, yeah


(RAP)
A gente sabe que é preciso de alguém pra contar
Quando acordamos queremos mais um pra compartilhar
Os nossos sonhos, as tristezas que o tempo nos trouxe
São alicerces pra dar força à esperança hoje.
Todos nós somos o mundo unido em amor
E quando essa canção bater ninguém sentirá dor
Temos a luz pra estrada escura que o mundo caminha
Um sinal que te ajuda achar tudo que se perdia
Não haverá mais obstáculos pra tropeçar
Vamos reconstruir a paz quando o tremor passar
Somos o mundo! No fundo a esperança existe
Vamos lutar pra essas crianças não crescerem tristes


Somos amor, somos el mundo
Somos la luz que alumbra con ardor, lo más oscuro
Llenos de esperanza podemos rescatar
La fe que nos puede salvar Juntos tu y yo


We are the World, we are the children
We are the Ones who make a brighter day So lets start giving
There’s a choice we’re making, we are saving our own lives
It’s true, we make a better day, just you and me


*Carlos Alberto Lungarzo é graduado em matemática e doutor em filosofia. É professor aposentado e escritor, autor do livro "Os Cenários Invisíveis do Caso Battisti". Para fazer o download de um resumo do livro clique aqui. Ex-exilado político, residente atualmente em São Paulo, é membro da Anistia Internacional (registro: 2152711) e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".

Valeu, pessoal!

Auto Draft

Auto Draft

Algumas teses equivocadas sobre a América Latina (e o mundo)

Algumas teses equivocadas sobre a América Latina (e o mundo)


Por Emir Sader*

1. A crise atual levou ao fim do neoliberalismo, da hegemonia norteamericana e levará ao fim do capitalismo.


- O maior equivoco desta visão é considerar que um modelo ou uma hegemonia ou um sistema social se termina sem que seja derrubado e/ou substituído por outro. Conforme o Sul do mundo ou outro bloco alternativo proponha alternativas e seja capaz de as construir. O neoliberalismo não terminou, se tempera com graus de apoio estatal.


2. Pode-se e deve-se “mudar o mundo sem tomar o poder”.


- O projeto de transformações profundas da sociedade “pela base” sem que desemboque na alteração das relações de poder não levou a nenhum processo real de transformação das sociedades latinoamericanas. Ao contrário, os movimentos sociais – como os bolivianos – que transformaram sua força social em força política, são os que protagonizam processos reais de mudança do mundo.


3. O Estado nacional se tornou um elemento conservador.


- Os governos progressistas da América Latina estão valendo-se do Estado, seja para regular a economia, para induzir o crescimento econômico, para desenvolver políticas sociais – entre outras funções -, enquanto os governo neoliberais são os que desdenham o Estado, transformam em mínimas suas funções e deixam espaço aberto para o mercado. Os processos de integração regional e de alianças no Sul do mundo também tem os Estados como protagonistas indispensáveis.


4. A política se tornou intranscendente.


Falsa afirmação. Os governos progressistas da América Latina resgataram o papel da política e do Estado. Se não tivessem feito isso, não poderiam reagir da forma como reagiram diante da crise.


5. Há milhões de “inimpregáveis” nas nossas sociedades.


- Esta afirmação, originalmente de Fernando Henrique Cardoso, tentava, buscava justificativas para os governos oligárquicos, que sempre governaram só para uma parte da sociedade,excluindo aos mais pobres, agora sob pretexto de um suposto “desemprego tecnológico”, que prescindiria de grande parte dos trabalhadores. Os governos progressistas associam retomada do desenvolvimento econômico com elevação constante do emprego formal e aumento do poder aquisitivo dos salários.


6. Os movimentos sociais devem se manter autônomos em relação à política.


- Os movimentos sociais que obedeceram a essa visão abandonaram a disputa pela construção de hegemonias alternativas, isolando-se, quando não desaparecendo da cena política, quando se passou da fase de resistência à de construção de alternativas. Enquanto que movimentos como os indígenas, na Bolivia, formaram um partido – o MAS -, disputaram e elegeram seu maior líder presidente da república. Em outros países, os movimentos sociais participam de blocos de forças dos governos progressistas, mantendo sua autonomia, mas participando diretamente da disputa pela construção de nova hegemonia política.


7. Só se sai do neoliberalismo para o socialismo.


- Houve quem afirmasse que o capitalismo tendo chegado a seu limite – seja pela mercantilização geral das sociedades, seja pela hegemonia do capital financeiro – com o modelo neoliberal, só se sairia para o socialismo. Sem levar em conta as regressões nos fatores de construção do socialismo nas ultimas décadas, não apenas o desprestigio do socialismo, do Estado, da política, das soluções coletivas, do mundo do trabalho, entre outros. As transformações introduzidas pelo neoliberalismo – entre elas, a fragmentação social, o “modo de vida norteamericano” como forma dominante de sociabilidade – representam obstáculos a ser vencidos em longa e profunda luta política e ideológica, para recolocar o socialismo na ordem do dia.


8. A alternativa aos governos do Brasil, da Argentina, do Uruguai, do Paraguai, está à esquerda e não à direita.


- O fracasso das tentativas de construção de alternativas radicais, à esquerda desses governos, confirma que a polarização política se dá entre os governos progressistas e as forças de direita. Esta situação tem levado a que, freqüentemente, setores ideologicamente situados à esquerda desses governos, tenham – objetivamente ou mesmo conscientemente – se aliado ao bloco de direita, terminando por definir, na prática, nem sequer uma eqüidistância dos dois blocos constituídos, mas até mesmo considerando ao bloco progressista como seu inimigo fundamental.


9. Os processos de integração atuais são de natureza “capitalista”.


- Esta visão desqualifica todos os processos de integração regional, porque não se dariam mediante uma ruptura com o mercado capitalista internacional, porque representariam integrações no marco de sociedades capitalistas. Se incluiriam não apenas Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, mas também Venezuela, Bolívia, Equador. Se deixa de compreender a importância da criação de espaços de intercambio alternativos aos Tratados de Livre Comércio. Não se entende a importância da luta por um mundo multipolar, debilitando a unipolaridade imperial norteamericana. Não se entende como a Alba promove formas de intercambio alternativas ao mercado, às regras da OMC, na direção do que o FSM chama de “comércio justo”, solidário, de complementaridade e não de competição.


10. Existe uma esquerda boa e uma esquerda ruim.


- Quem prega esta posição quer dividir a esquerda, tentando cooptar seus setores mais moderados e isolar os mais radicais. A esquerda é antineoliberal e não a favor dos TLCs, privilegia as políticas sociais e não os ajustes fiscais, com os matizes que tenha cada um dos governos progressistas.


11. O período atual é de retrocessos na América Latina.


- Alguns setores, com critérios desvinculados da realidade concreta, difundem visões pessimistas e desalentadoras sobre a América Latina. Às vezes usam o critério da posição dos movimentos sociais de cada país em relação à constituição dos governos, para definir se há avanços ou não, ao invés de definir a natureza desses movimentos em função da posição que tem em relação a esses governos. Subordinam o social ao político, sem se darem conta dos extraordinários avanços do continente, ainda mais se comparados com a década anterior e com o marco internacional, profundamente marcado pelo predomínio conservador. É um pessimismo produto do isolamento social, de quem está à margem das formas concretas pelas quais avança a história no continente.


12. Em eleições como a uruguaia, a brasileira e a argentina, para a esquerda, tanto faz quem ganhe.


- Há quem diga isso, como se a vitória de Lacalle ou de Mujica representassem a mesma coisa para o Uruguai e para a América Latina, como se o retorno dos tucanos ou a vitória de Dilma tivesse o mesmo sentido, como se a substituição dos Kirchner por Duhalde, Reuteman, Cobos ou algum outro prócer da direita argentina, significasse o mesmo para o país. Consideram que se tratariam de “contradições interburguesas”, sem maior incidência, desconhecendo o alinhamento das principais forças políticas e sociais de cada um dos dois lados, mas sobretudo as posições – de aprofundamento e extensão dos processos de integração regional ou de TLCs, de prioridade das políticas sociais ou de ajuste fiscal, do papel do Estado, da atitude em relação às lutas sociais, ao monopólio da mídia privada, ao capital financeiro, entre outro temas, que diferenciam claramente os dois campos.


13. O nacionalismo latinoamericano contemporâneo é de caráter “burguês”.


- Desde que ressurgiam ideologias nacionalistas na América Latina, com Hugo Chavez, houve gente que se apressou a comparar com Perón, a desqualificar como “nacionalismo burguês” ou simplesmente de nacionalismo, que nada teria a ver com luta anticapitalista, etc. Usaram, aqui também, clichês, sem fazer analises concretas das situações concretas. O nacionalismo de governos como os da Venezuela, da Bolívia, do Equador, que recuperam para o país os recursos naturais fundamentais de que dispõem, são parte integrante da plataforma antineoliberal e anticapitalista desses países. Cada fenômeno adquire natureza distinta, conforme o contexto que está inserido, cada reivindicação, conforme o governo, assume caráter diferente. No caso do nacionalismo atual na América Latina, ele promove, além disso, processos de integração regional, tendo assim um caráter não apenas nacional, mas latinoamericanista.



*FONTE: http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=481

Netanyahu é também kamikase?


Netanyahu é também kamikase?


Por Rui Martins (*)


Por Rui MartinsBerna (Suiça) - Daniel Cohen Bendit deu a ênfase necessária, num discurso pronunciado no Parlamento Europeu, no lançamento, em maio, da campanha por uma paz durável entre israelenses e palestinos, num abaixo-assinado que circula entre judeus principalmente da Europa.*


Daniel Cohen Bendit, o Daniel Vermelho da revolta estudantil de maio de 68, em Paris, agora Daniel deputado Verde na União Européia, fez uma comparação pertinente – o ódio entre israelenses e palestinos é o equivalente ao que existia entre alemães e franceses e, hoje, disso ninguém mais se lembra.


O abaixo-assinado, chamado de Apêlo à Razão, já tem quase 7 mil assinaturas e viu confirmados seus temores, no episódio da frotilha comandada pelo navio Mavi Marmara, do qual sai reforçado o apêlo de tantos intelectuais judeus para que Israel mude sua política e evite o atual isolamento, numa espécie de suicídio diplomático e político de Netanyahou e do governo israelense.


O apelo condena a política de implantação de novas colônias na Cisjordânia e na parte árabe de Jerusalem, por constituir uma falta moral e política e por constituir uma deslegitimação de Israel como Estado. O documento deplora também a manutenção do bloqueio de Gaza, com o objetivo de obter a libertação do soldado Guilat Shalid, que produz como resultado o refôrço do movimento Hamas e do fundamentalismo islâmico.


Bernard-Henry Levy, filósofo francês judeu, assinou o manifesto e lamenta a política atual de Netanyaou que, pelo jeito, « está pouco ligando para o que pensa o mundo ». É verdade que são assinaturas de judeus de esquerda e Daniel Cohen Bendit afirma não ter feito sua bar mitzva e que sete assinaturas é muito pouco num país onde vive uma enorme comunidade judáica, de um milhão de pessoas, mas serve para mostrar que entre os intelectuais judeus da diáspora européia existe um clima de oposição à política de Netanyahou, qualificada de perigosa para a própria existência de Israel.


Como as relações entre Israel e os palestinos puderam se deteriorar de tal maneira, desde o promissor 13 de setembro de 1993, em Washington, quando Bill Clinton saudava o aperto de mão entre Yitzhak Rabin e Yasser Arafat ? Como aquele « processo de paz » talhou e virou processo de guerra, se naquele dia Arafat reconhecia a existência de Israel e Israel reconhecia a OLP e cedia uma parcela do território ocupado ?


Era justamente o inverso do que ocorre hoje. Com esse acordo, Israel saía do isolamento em que se encontrava, o mesmo isolamento no qual retorna. Mas esse acordo tinha sérios opositores – a direita israelense do Likud, o lobby americano do Aipac, que não queriam negociar nenhuma parcela do território. Eram igualmente contra esse acordo os islamitas palestinos do Hamas, que ia se fortalecendo e se opondo ao Fatha de Arafat, contrário a qualquer negociação com Israel, e o Irã, por questões geopolíticas.


Por mais absurdo que possa parecer, esses inimigos do processo de paz agiram com o mesmo objetivo para torpedeá-lo. Assim, logo a seguir, o Irã qualificou Arafat de traidor e pediu a destruição de Israel. Dizem especialistas que o Irã temia ficar de lado com o surgimento de uma potência palestino-israelense. Mas foi a direita israelense que agiu rapidamente assassinando Rabin, e provocando o sepultamento do acordo de paz palestino-israelense.


Seguem-se os atentados em Israel que provocam a vitória de Netanyahou em 96. Ao contrário de Rabin e Peres, em lugar de acusar os iranianos ele acusa os palestinos e os árabes em geral, é o começo do fim do processo de paz. Seu retorno ao poder é o retorno ao mesmo processo. Obama quer forçar Israel a suspender a implantação de colônias, mas não consegue convencer Netanyahou, que evita ir a Washington, no dia seguinte, ao ataque israelense à frotilha comandada pelo Mavi Marmara.


Alguns europeus vêem na maneira como Israel quis impedir o avanço da flotilha, uma punição à Turquia por ter agido junto com o Brasil no sentido de se encontrar uma solução para o impasse nuclear do Irã. Entretanto, o cálculo teria sido mal feito, pois a reação da Turquia pode significar o fim de numerosos acordos com Israel, isolando-o ainda mais, pois a Túrquia é o único país muçulmano que tem acordos, inclusive militares, com Israel.


Paradoxalmente, se a própria criação de Israel tem suas raízes no navio Exodus, impedido de aportar, é um outro navio, impedido de acostar, que isola, destrói a imagem e coloca em questão a própria existência de Israel. Com sua intransigência, implantando novas colônias, desafiando até um antigo e importante aliado, Netanyahou não está se transformando no mais perigoso kamikase do Oriente Médio ?


*www.jcall.eu


*Rui Martins é jornalista. Foi correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. É autor do livro “O Dinheiro Sujo da Corrupção”, criador dos "Brasileirinhos Apátridas" e da proposta de um Estado dos Emigrantes. É colunista do site "Direto da Redação" e vive em Berna, na Suíça, de onde colabora com os jornais portugueses Público e Expresso, e com o blog "Quem tem medo do Lula?"


Charge: Carlos Latuff

ELEIÇÕES 2010: A mídia e o "dossiê"

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Por Maurício Caleiro


Graças ao trabalho de jornalistas notáveis como Luis Nassif, Saul Leblon e Leandro Fortes, pode-se agora não apenas traçar a genealogia do mal-chamado "dossiê" contra o candidato à presidente José Serra mas ter acesso ao criticismo mais apurado e contundente em relação a mais esse episódio demeritório para a política e para a mídia nacionais.


A divulgação do "dossiê" como forma de evitar ou ao menos minimizar o impacto – potencialmente nocivo para Serra e o PSDB – do livro do jornalista Amaury Ribeiro Júnior sobre as privatizações no Brasil, a ser lançado em agosto, expõe uma das razões principais para o factóide, embora, como veremos ao final deste artigo, não as esgote.


Mídia é corresponsável


Mas mesmo antes que se tornasse claro o que já era para muitos evidente quando da publicação da primeira matéria sobre o "dossiê", tornava-se, uma vez mais, motivo de grande consternação e preocupação o comportamento da "grande mídia" brasileira em relação ao caso.


Pois se a inserção de dossiês no circuito político-eleitoral é deletéria à democracia, o modo como as principais publicações e a maioria dos telejornais têm tratado o caso é ofensivo a seus leitores/telespectadores – e é isso o que, no âmbito deste artigo, nos interessa frisar.


Primeiro porque, ao dispensar tamanha atenção e espaço a um produto de atividade protocriminal, é a mídia quem, de uma maneira ou de outra, acaba por endossar essa má prática político-eleitoral.


Segundo, e mais importante, porque ao ignorar as muitas e contundentes questões que cercam a autoria de tal factóide e a identidade dos que dele se beneficiam, dando-lhe divulgação, a mídia, ao mesmo tempo em que se alia aos que o perpetuaram, constituindo-se como meio privilegiado de propaganda e difusão do "dossiê", subvaloriza a capacidade crítica de seu público.


Questões de um energúmeno


Pois só concebendo-o como um energúmeno incapaz de fazer a si mesmo perguntas óbvias, os veículos da "grande mídia" poderiam endossar a pantomima de que o dossiê fora forjado pelo grupo dilmista como forma de atacar Serra.


Ora, entre as perguntas que o leitor, ainda que tido como idiota pela mídia – quase um "Eremildo", do Elio Gaspari – faria, estaria obrigatoriamente o questionamento acerca de o porquê de uma candidatura que vinha em ascensão e acabara de ultrapassar o adversário em algumas pesquisas eleitorais lançaria mão de tal estratagema desesperado.


Ainda que reduzido aos dois neurônios que nossas empresas jornalísticas lhe atribuem, o leitor haveria de fazer um balanço, mínimo que fosse, de quem se beneficiaria com a divulgação de que o PT teria negociado um dossiê contra Serra.


Mesmo concebido pela editoria do Jornal Nacional como um Homer Simpson, o leitor/telespectador certamente se daria conta de que uma maneira esperta e dissimulada de trazer à tona informações que podem vir a ser comprometedoras no futuro – mas não se vierem com o carimbo de "obtidas ilegalmente através de dossiê" – é divulgá-las entre a mídia amiga atribuindo-as a um dossiê da oposição, a qual faria por merecer, uma vez mais, a pecha de aloprada.


Embora com capacidade crítico-reflexiva alegadamente restrita, o leitor há de ter boa memória, não só para ligar os nomes de Serra ao do deputado Marcelo Itagiba, mas para recordar-se de um modus operandi conhecido de outros carnavais, assim como o são os mesmos blogueiros corporativos cuja parcialidade só rivaliza com o antipetismo que nutrem, e que só faltam dar piruetas de felicidade em cada nota emitida sobre o "dossiê".


Perguntas urgentes

A ironia, no entanto, não oculta a urgência de nos fazermos uma série de perguntas:


** Até onde pode chegar esse conluio entre mídia e interesses político-partidários, admitido até pela presidente da ANJ, Maria Judith Brito?


** Quais os riscos efetivos para a lisura do processo eleitoral ora em estágio inicial e para o pleno exercício da democracia no momento das eleições?
** Quando a sociedade reagirá contra essa mídia transformada em partido político?
** Quais as consequências dessa partidarização da mídia para sua própria credibilidade?
** Pode tal fator minar, no médio prazo, as bases comerciais sobre as quais se assenta a atividade midiática?
** Até quando o leitor/telespectador que lhe permanece fiel aceitará ser tratado como um idiota pela mídia?


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Publicado no Observatório da Imprensa , em 8/6/2010


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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons


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PressAA


Agência Assaz Atroz


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Estado delinquente protegido pelos EUA


Estado delinquente protegido pelos EUA


Por Mario Augusto Jakobskind (*)


Por Mario JakobskindO mundo continua chocado com o ataque de um comando militar israelense contra uma flotilha de nove navios, com 800 passageiros de várias nacionalidades, que levava ajuda humanitária para Gaza e provocou nove mortes. A investida ocorreu em águas internacionais e recebeu o repúdio de todos os governos do mundo.


A exceção ficou por conta dos Estados Unidos, cuja titular do Departamento de Estado, Hillary Clinton, pediu apenas cautela para as partes, enquanto o vice de Obama, Joe Biden deu integral apoio a Israel. Ou seja, cautela e apoio para assassinos? Na segunda incursão do Exército, o barco foi levado para um porto israelense Os militantes foram deportados.


O importante agora é exigir a instalação de uma comissão de investigação internacional, sem a presença de israelenses, para evitar parcialidades, para apurar com rigor o que aconteceu. E a partir daí, punir em Tribunais internacionais os responsáveis. Mas o governo Obama-Biden quer israelenses investigando, exatamente para não apurar nada.


Israel, governado por trogloditas políticos de extrema direita, tal como um tumor maligno, precisam ser extirpados para o bem da humanidade. Netanyahu e o Ministro do Exterior, um tal Lieberman, fazem lembrar judeus nos campos de concentração que faziam serviços para os nazistas em troca da sobrevivência. Lieberman é racista declarado e prega a violência contra palestinos.


O extremismo dos atuais dirigentes de Israel, acompanhado pelo trabalhista Edhud Barak, Ministro da Defesa, e pelo Presidente Shimon Peres chegou ao cúmulo de culpar os integrantes da missão de paz pelo incidente. Há acusações graves, inclusive de que os feridos não receberam cuidados médicos e que foram fuzilados pelos integrantes do comando israelense, que não podem ficar por isso mesmo.


Na verdade, os fundamentalistas de Israel, que só entendem a linguagem da truculência, que envergonha a humanidade e os próprios judeus progressistas ou que não professam a ideologia sionista, deveriam responder no Tribunal Penal Internacional pelo que fizeram agora e antes em matéria de violação dos direitos humanos.


Curioso nesta história trágica é o fato de Madame Clinton, hoje a maior representante dos falcões que só pensam naquilo, ou seja, na guerra e como escoar os armamentos que fabricam, faz jogo duro com o Irã e pede apenas cautela para quem está cometendo crime contra a humanidade.


Os trogloditas de Israel são hoje uma ameaça à paz mundial. Utilizam-se da chantagem da vitimização, ou seja, da tragédia representada pelo III Reich nos anos 40 do século passado. Mas é preciso colocar os pingos nos is e mostrar como os trogloditas apenas usam o holocausto para chantagear. Tal fato tem sido denunciado até por vítimas da II Guerra Mundial que também não professam a ideologia sionista.


Na II Guerra Mundial, seis milhões de judeus foram trucidados pelos nazistas. Quem mais sofreu foram os que viviam no Leste da Europa, geralmente grupos de baixo poder aquisitivo. Os judeus dos Estados Unidos, agrupados no forte lobby que pressiona governantes estadunidenses, tanto democratas como republicanos, em apoio a Israel, nada sofreram.


E o que acontece então? Israel desrespeita seguidamente os direitos humanos e no Conselho de Segurança das Nações Unidas saem no máximo condenações verbais, geralmente tímidas que na prática sugerem a impunidade. Isto é, Israel faz o que faz e nada acontece em matéria de punição, porque o padrinho Estados Unidos não permite.


Os israelenses são arrogantes e quem os critica é tachado de antissemita. Como prova de arrogância, o embaixador de Israel aqui no Brasil, Giora Becher, falando à TV Globo fez críticas ao governo brasileiro pelo posicionamento louvável que vem mantendo em matéria de política externa.


O Itamaraty poderia perfeitamente considerar este senhor persona non grata ou pelo menos dar-lhe uma advertência pelo tipo de crítica rasteira que fez, inclusive numa demonstração de intromissão em assuntos internos.


O governo brasileiro e os demais do Mercosul deveriam suspender os acordos comerciais firmados recentemente com Israel. Só assim um governo extremista como o atual de Israel, veria como a comunidade internacional está de fato adotando providências para frear o genocídio que vem ocorrendo na região.


Mas para que isso aconteça é preciso que esses governos escutem a voz rouca das ruas que está indignada com as atrocidades que vem sendo cometidas por Israel.


Esta, vale assinalar, é uma das poucas formas de se pressionar um país delinquente como Israel. Na África do Sul o bloqueio funcionou.


*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, mora no Rio de Janeiro e é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de S. Paulo e editor de Internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato. É autor, dentre outros livros, de "América que não está na mídia" e "Dossiê Tim Lopes - Fantástico / Ibope". É colunista do site "Direto da Redação" e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"

Serra e a calculadora tucana





Israel mata. E a ONU pune o Irã por pretender matar

Por Celso Lungaretti (*)



O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas deverá votar nos próximos dias um novo pacote de sanções ao Irã por estar, SUPOSTAMENTE, pretendendo desenvolver armas nucleares.



Israel não só possui, COMPROVADAMENTE, armas nucleares, como até se dispôs a fornecê-las à África do Sul, no auge do apartheid.

O estado teocrático iraniano representa mesmo uma grande ameaça... para sua população, já que executa seres humanos por serem homossexuais, por participarem de manifestações pacíficas de protesto e outras insignificâncias que o mundo civilizado nem sequer considera crimes. Mas, não tem mostrado a mesma agressividade em relação às demais nações, salvo nas palavras que o vento leva.

Já Israel é useiro e vezeiro em cometer genocídios e atrocidades contra os outros povos, desrespeitando sistematicamente o Direito internacional, como comprova a incursão pirata da semana passada.

Retórica à parte, não há elementos que nos permitam concluir que o Irã pretenda mesmo jogar uma bomba atômica em Israel.

Da história das últimas décadas se pode concluir, sem sombra de dúvida, que Israel responderá a qualquer ataque de maior envergadura que sofra lançando quantas bombas atômicas tiver contra o inimigo. Sua norma é sempre reagir com força desmesurada, não só como retaliação, mas também para intimidá-lo e traumatizá-lo ao máximo.

Então, cabem as perguntas:


  • qual desses países, a partir de sua prática concreta, tem-se demonstrado uma ameaça maior para o resto do mundo?

  • que sentido faz punir o Irã por uma bomba que ainda nem fabricou, depois de não punir Israel pelas bombas que possui há décadas, sem controle internacional de nenhuma espécie?



No fundo, só há um motivo: o de que os EUA vetam qualquer resolução do Conselho de Segurança da ONU contra Israel, enquanto o Irã não conta com um protetor que lhe garanta a impunidade.

Ou seja, o Direito não possui nenhuma força. E a força tem todos os direitos.


* Celso Lungaretti (http://naufrago-da-utopia.blogspot.com) é jornalista e escritor.

Se alguém tem alguma coisa a dizer em favor dessa união, cale-se agora e para sempre

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Olho no voto e defesa da Constituição


Cunca Bocayuva


Na entrevista no TSE jornalistas fizeram perguntas especulativas ao Presidente daquele órgão auxiliar das intituições judiciais, Marco Aurélio Mello, sobre a hipótese de seu poder de impugnar o resultado do pleito, por força do dossiê sobre a participação dos tucanos no caso dos "sanguessugas". Curiosamente a resposta deste senhor deixou entrever que o TSE possuiria o poder de impugnação após a proclamação dos resultados. Mesmo vendo empenho e a lisura do governo e da PF no processo de investigação sobre a compra de dossiê e as várias tramas conexas essa entrevista tentou produzir umas nuvens cinzentas. O TSE nada pode nem poderá, o crime eleitoral processual não se verificou posto que face aos fatos todas as controvérisias mesmo que indiquem responsabilidades de pessoas já afastadas do PT só beneficiaram de maneira evidente o candidato da minoria. O tucanato que representa as forças minoritárias da nação não pode ganhar no tapetão.


O clima especulativo que visa produzir uma suposta possibilidade constitucional de resolução de controvérsia no âmbito do TSE é o início do intento para uma nova provocação. O objetivo midiático de ganhar pela naturalização da indústria provacativa do simulacro de informação tenta gerar uma ficção pseudo-jurídica, um discurso que fere a Constituição. O exercício de extrapolação especulativa de atribuições para que o TSE possa impugnar resultados de eleições, para além de suas atribuições técnico-processuais derivadas do exercício das atribuições constitucionais dos poderes.


A produção da impugnação do resultado é impossível, a não ser que o Dr.Mello tenha na cabeça repetir o triste episódio de 1982 no Rio de Janeiro. A proclamação dos resultados fará cessar as atribuições do TSE. O resto passa por denúncia nas instâncias jurídicas, num processo que, mesmo passando pelo Supremo só pode se concluir em julgamento político de impedimento pelas casas congressuais instaurando um processo, com pelo menos 3 etapas.


Mas esse processo de provocação golpista só serve para desestabilizar a democracia e ameaçar a Constituição. Novamente cabe lembrar que a praça é do povo como o seu é do condor, Castro Alves tinha razão, e o velho Presidente também, nosso povo não será mais escravo de ninguém. Até mesmo os poderes reacionários da sociedade e do Estado norte-americano não dão ouvidos aos idiotas e aos corvos de plantão. Todo esse murmúrio só fará nos fortalecer ou produzir uma rápida marcha para a bárbarie. As elites do capital devem decidir se preferem a marcha totalitária a uma mudança democrática legítima na estrutura centenária das desigualdades. A rede da resistência democrática defende a legalidade constitucional apoiada na Carta de 1988, na força das urnas, no funcionamento das instituições, na pressão ativa da opinião emancipada e organizada.


O golpismo só pode vir das cabeças que sonham com banhos de sangue. Os responsáveis pelo nosso ambiente de corrupção e violência sistêmica derivada do capitalismo autoritário, selvagem e dependente, não tem dignidade ético-política face a uma vontade livremente manifesta. As regras do jogo funcionaram, a Constituição prevalecerá, o poder constituinte que emana da Carta continua vivo.


[Texto escrito em outubro de 2006, recebido por e-mail da lista de debates da Universidade Nômade, antes de este Editor-Assaz-Atroz-Chefe ser expulso daquela comunidade.]


Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons


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