Por Que V Excelências Morrem de Medo?
Carlos A. Lungarzo
Anistia Internacional
O Senado Brasileiro está composto de vários tipos de parlamentar. Alguns, entre os quais quero citar o lendário Eduardo Suplicy, os defensores populares José Nery e Inácio Arruda, e vários outros com os quais não possuo muito contato, mas que admiro muito, que certamente orgulhariam a câmara alta de qualquer Parlamento do mundo. Outras pessoas se mantêm no nível necessário para defender suas idéias e propósitos, e mais alguns outros (não saberia atualmente estimar quantos são) representam a clássica função histórica do Senado nos países imperiais ou descendentes de impérios: o órgão de expressão das mais altas e poderosas elites, que precisam possuir os controles da vida parlamentar para manter o aparelhamento do estado.
Em alguns países de tradição mais complexa, como G. Bretanha, o senado reúne figuras muito diversas, mesmo nas bancadas mais conservadoras. Entretanto, nas Américas, por diversas razões relacionadas com o caráter colonial de nossas elites, aqueles altos representantes das classes dominantes se caracterizam por certo transtornos de personalidade que vão além da simples necessidade de defender seus privilégios. Com efeito, nada impede que um parlamentar da ultra-direita se empenhe em todos os lobbies necessários para o sucesso dos interesses corporativos que representa, sem que isso implique uma notória tendência à violência verbal, o racismo, a discriminação, a xenofobia, a intolerância e, por momentos, a quadros de séria patologia. Acaso as reuniões da Máfia não aparecem no cinema como sendo muito educadas e atenciosas?
Entretanto, como fazem notar alguns sociólogos europeus, em alguns países desenvolvidos (esclareço que a Itália está excluída desta consideração) é possível ser ultra-conservador e ter boas maneiras. Já nos países onde as elites se desenvolveram com base na brutalidade, seus representantes não podem evitar vomitar todo seu ódio por qualquer motivo.