O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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Peço que, quem queira continuar acompanhando o meu trabalho, siga o novo blog.

domingo, 27 de junho de 2010

O mundo gira, apesar da copa

O mundo gira, apesar da copa

Por Mario Augusto Jakobskind (*)

Enquanto nós, mortais, estamos com os olhos e corações voltados para a Copa do Mundo na África do Sul, a situação no Oriente Médio vai se deteriorando, com os meios de comunicação conservadores sonegando informações. São poucas as agências internacionais que informam, por exemplo, que navios de guerra dos Estados Unidos, com foguetes e submarinos nucleares e a colaboração militar israelense, estão navegando através do Canal de Suez rumo ao litoral do Irã.

É possível que essa movimentação seja manobra intimidatória contra o Irã, mas não é impossível que essas forças belicosas decidam agir de alguma forma ou, quem sabe, orquestrar uma ação interna contra o regime dos aiatolás e desestabilizar o governo de Mahmoud Ahmadinejad. O Irã se declarou em estado de guerra para fazer frente a qualquer eventualidade.

Concomitante ao deslocamento, a Câmara de Representantes dos Estados Unidos, seguindo a trilha do Senado, aprovava mais sanções contra o Irã, além daquelas decididas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Ou seja, os tambores da guerra estão ressoando com mais força na região mais conflagrada do Planeta. O jogo de interesse do complexo industrial militar estadunidense não se contenta apenas em escoar a sua produção no Afeganistão e Iraque, quer ainda mais, sempre mais. O Irã, que não é o Iraque, não se intimidará assim tão facilmente e se ocorrer alguma precipitação dos acontecimentos reagirá em sua defesa. Em havendo algum confronto, as consequências serão sentidas em todo o planeta.

Brasil e a Turquia quando procuravam resolver a “crise” nuclear através de um acordo com o Irã tentavam exatamente conseguir o relaxamento da tensão. A resposta veio imediatamente com a aprovação das sanções contra o Irã pelo Conselho de Segurança e segue agora com o deslocamento das forças militares dos EUA e Israel.

Outro fato marcante envolvendo o Oriente Médio está a ocorrer na Suécia e nos Estados Unidos. Em protesto contra as agressões de Israel em Gaza, o sindicato de trabalhadores portuários suecos deu início, no último dia 23 de junho, a um bloqueio de uma semana de mercadorias procedentes de Israel. No porto estadunidense de Oakland, a carga de um navio israelense foi impedida de desembarcar. Mas as TVs brasileiras não deram uma linha a respeito, preferindo informar com destaque o lançamento de um satélite israelense destinado, segundo o noticiário, a espionar as usinas nucleares do Irã.

Mas tudo bem, a Copa está aí mesmo para absorver diariamente quatro bilhões de telespectadores espalhados pelo mundo com as partidas de futebol, algumas delas parecendo uma grande mutreta armada pela Fifa. Mas aí cabe aos cronistas esportivos analisarem os fatos.

Em meio a tudo isso, os telespectadores que acompanham também informações alternativas à grande mídia ficam sabendo que por detrás da contenda Rede Globo x Dunga estão altos interesses em jogo, que o senhor Ricardo Teixeira tentou intermediar entrevistas exclusivas com alguns jogadores da seleção e tudo isso tendo em vista a corrida atrás do lucro fácil para a Vênus Platinada. Como Dunga cortou o esquema da Globo, o resto da história já é conhecida. Como disse o Eliakim em sua coluna do Direto da Redação, o treinador brasileiro virou o Brizola de 2010.

O que aconteceu é a repetição de fatos relacionados com a informação diária, manipulada e obedecendo não a padrões jornalísticos mas a interesses de empresas da área de comunicação, como a Globo e outras.

E, para finalizar, a Senadora Katia Abreu, do Demo, também presidente da Confederação Nacional da Agricultura, uma lídima representante do agronegócio, escreveu artigo assustadoramente favorável ao deputado Aldo Rebelo, do Partido Comunista do Brasil (PC do B). Sabem o motivo? A Senadora e seus pares estão levantando as mãos para o céu por encontrarem no deputado comunista, relator do projeto do novo Código Florestal Brasileiro, um defensor incondicional de seus interesses. E quem perde em toda essa brincadeira de mau gosto, segundo o Greenpeace, é exatamente o meio ambiente, pois se prevalecer o que quer impor Rebelo serão ampliadas as áreas de degradação das terras. Segundo cálculo do Ministério do Meio Ambiente, se prevalecer o relatório de Rebelo serão autorizados para desmatamento 80 milhões de hectares de vegetação nativa, o que equivale a 138 territórios equivalentes ao Distrito Federal, segundo o jornal Correio Brasiliense.

Em suma: já não se fazem comunistas como antigamente, como demonstra concretamente o relator do Código Florestal, que está fazendo exatamente o jogo do setor do agronegócio. Não é à toa que a senadora Katia Abreu está exultante.

*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, mora no Rio de Janeiro e é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de S. Paulo e editor de Internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato. É autor, dentre outros livros, de “América que não está na mídia” e “Dossiê Tim Lopes – Fantástico / Ibope”. É colunista do site “Direto da Redação” e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”

Recado ao ministro Amorim

Recado ao ministro Amorim

Por Rui Martins (*)

Berna (Suiça) - Senhor Ministro:

Permita-me lhe deixar este recado para ler quando tiver tempo, pois mandarei uma cópia para seu Ministério.

Na última vez que nos vimos, eu estava quase sem fôlego por ter corrido da galeria da imprensa até uma das portas de saída do Palácio das Nações, onde um carro lhe esperava. Pouco pude acrescentar, depois de minhas perguntas profissionais sobre desarmamento e seu desmentido ao boato lançado na Alemanha de que o Brasil quer entrar no clube das potências nucleares.

Não sei se nas suas correrias como chanceler lhe sobra fôlego para ver alguns jogos do Mundial, mas me chamou a atenção o fato das seleções africanas terem sempre um branco do primeiro mundo como técnico treinador.

O suíço Sepp Blatter foi muito mais corajoso que o canadense Jacques Rogge ao promover um Mundial na África, pois o dirigente do Comité Olímpico Internacional, na mesma época da escolha, preferiu Londres. Mas a África não se libertou ainda do velho colonialismo e seu futebol repete a velha receita em que o país colonizado entra com a matéria prima, no caso os jogadores locais, mas o know-how ainda é estrangeiro.

Porque utilizo essa figura futebolística neste meu recado ? Porque seu Ministério obteve do presidente Lula a criação de um Conselho de Representantes de Emigrantes, porém fez como Portugal, Inglaterra e França na África depois da descolonização – os emigrantes estão livres de fazerem o que quiser o Ministério das Relações Exteriores.

Ou seja, exceto para os emigrantes desejosos de ostentar o título de conselheiros e ter familiaridade com o pessoal do Itamaraty, esse Conselho será uma simples figura de retórica, porém inútil nos seus resultados. Sem qualquer força decisória, meramente consultivo e informativo, não corresponde às expectativas daqueles que esperavam o ponto de partida para uma verdadeira política de emigração, como merecia o governo Lula.

Sinceramente, senhor ministro, tudo muito bonito, como o nome « brasileiros no mundo » em lugar de emigrantes, mas como no velho filme de Antonioni, impotente como o belo Antônio. Reunir os emigrantes uma vez por ano, codificar suas reivindicações num rosário chamado Ata Consolidada só pode satisfazer quem não conhece a política de emigração em outros países. Como já qualifiquei, logo depois da II Conferência, tudo não passou de uma bela montagem de teatro, uma bela cena, mas de resultado estéril.

Quando na I Conferência, que ia terminar na mão de religiosos e na tal de Ata Consolidada, denunciamos a trama, exigimos laicidade no tratamento dos emigrantes, e propusemos, por via de um abaixo-assinado majoritário, a criação de uma Comissão de Transição para que se criasse um órgão institucional emigrante e que a recém-criada Subsecretaria das Comunidades Brasileiras no Exterior deixasse de ser dirigida por diplomatas e entregue aos emigrantes, porque temos quadros altamente competentes para assumir tal responsabilidade.

Ter uma estrutura para os emigrantes dirigida por diplomatas do seu Ministério é como as seleções africanas que jogam segundo a técnica e esquemas de treinadores brancos estrangeiros. Não tenho nada contra os diplomatas, mesmo se durante anos e anos engabelaram os emigrantes dizendo que seus filhos eram brasileiros quando não eram, mas não acho que estejam suficientemente identificados com os emigrantes para tomarem suas dores e assumirem sua política.

E, se me permite, já que o governo Lula queria inovar e criar uma política de emigração, por que não se fazer algo inovador mas baseado na experiência de países mais experientes com emigração ? Por que o seu Ministério quer ficar com os emigrantes se as questões principais, relacionadas com trabalho, razão da emigração, competem ao Ministério do Trabalho e ao seu colega Carlos Roberto Lupi ?

Sou um seu admirador, acho excelente, corajosa e independente sua ação à frente do MRE, porque não considera, portanto, simplesmente transitória essa atual tutela do MRE sobre os emigrantes ? Lembro-me bem de suas palavras, que mesmo gravei, « nunca se fez tanto pelos emigrantes e melhoramos os serviços prestados pelos Consulados ». É verdade, porém, essa era e é atribuição do MRE, se adaptar rapidamente ao surto da emigração, se agilizar, adotar os novos recursos da tecnologia. Trata-se de uma questão de atendimento dos emigrantes, mas não é uma política de emigração, mesmo porque os Consulados são tabelionatos brasileiros no Exterior. E como as embaixadas representam o Brasil no estrangeiro, o que sobra para os emigrantes ?

Muitos países já avançaram e retiraram seus emigrantes da tutela do Ministério das Relações Exteriores. Já que a PEC 05/05 não anda, o governo poderia apresentar, ele mesmo, o projeto em favor dos parlamentares emigrantes ou pedir para sua bancada apressar a aprovação e promulgação.

Quanto à Subsecretaria das Comunidades Brasileiros no Exterior já cumpriu sua missão e precisa se transformar numa Secretaria de Estado autônoma e independente do Itamaraty, dirigida por emigrantes, ligada diretamente à presidência da República. Não se trata de se duplicar os serviços, porém de se ter em Brasília um órgão institucional emigrante, dedicado exclusivamente aos emigrantes e encarregado de elaborar e aplicar a nova política de emigração.

Ou, então, ministro Celso Amorim, para encerrar com chave de ouro seu brilhante exercício, o ideal seria se criar um super Ministério das Migrações, incluindo migração, imigração e emigração. Seria realmente um passo de gigante e ainda há tempo para isso.

*Rui Martins é jornalista. Foi correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. É autor do livro “O Dinheiro Sujo da Corrupção”, criador dos "Brasileirinhos Apátridas" e da proposta de um Estado dos Emigrantes. É colunista do site "Direto da Redação" e vive em Berna, na Suíça, de onde colabora com os jornais portugueses Público e Expresso, e com o blog "Quem tem medo do Lula?"

As eleições na Venezuela

As eleições na Venezuela

Por Laerte Braga (*)


Empresários e organizações empresariais dos Estados Unidos e da Europa admitiram publicamente que estão investindo cerca de 50 milhões de dólares nas eleições de setembro na Venezuela com o objetivo de derrotar o presidente Hugo Chávez.

A organização terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A matou entre 600 mil e um milhão de pessoas no Iraque. Invadiu o país afirmando que Saddam Hussein pretendia destruir o mundo “livre” com armas químicas e biológicas. Milhares de veteranos de guerra estão com doenças incuráveis por conta das balas de urânio empobrecido usadas pelos norte-americanos. Numa das áreas do Iraque o governo está pedindo às mulheres para que não engravidem tal o grau de radiação. Resultado de armas químicas e biológicas usadas pelos invasores.

Invadiram para se apoderar do petróleo.

A pretexto de capturar o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden invadiram o Afeganistão. Por lá mantêm tropas numa guerra que os próprios generais admitem que está perdida.

Três milhões de seres humanos morreram no Vietnã, de onde os norte-americanos saíram enxotados pela coragem e bravura de um povo na defesa de seu país. Bertrand Russel, o pensador e matemático inglês, em seu livro VIETNÃ, editado pela Civilização Brasileira no Brasil, acusa os norte-americanos de experimentos médicos com presos vietnamitas, tal e qual os nazistas faziam.

Em todo o mundo são mais de 600 bases militares norte-americanas e perto de 400 mil soldados.



No vídeo acima, é possível ouvir o depoimento de um soldado dessa máquina terrorista e de guerra. Uma confissão de vergonha por tudo o que fez a mando dos governantes e comandantes militares da organização EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Clicando aqui, há uma perfeita comparação entre o tratamento dado pelos nazistas aos judeus, ciganos, negros, minorias raciais durante a IIª Grande Guerra e o tratamento do estado terrorista de Israel aos Palestinos nos dias atuais.

Não há a menor diferença entre um outro. O sionismo é uma forma ressurreta do nazismo.

O controle quase absoluto que os grandes grupos empresariais exercem sobre os veículos de comunicação na maioria dos países do mundo, inclusive o Brasil, cria uma realidade diversa daquela que de fato acontece e permite a um apresentador de jornal chamar o telespectador de idiota, rotulando-o de Homer Simpson, sem que haja reação ou indignação da grande maioria desses telespectadores, tal o poder dessa comunicação mentirosa e repleta de tecnologia de alienação.

Empresários dos EUA e da Europa (em processo de falência) apostam em derrotar o presidente bolivariano da Venezuela nas eleições de setembro, retomar o controle sobre aquele país e reiniciarem o saque sistemático imposto aos que sustentam um império de terror e destruição.

Não há diferença entre o cinismo de Barack Obama e a estupidez de George Bush. Representam os mesmos interesses.

Derrotar Chávez é vital para fazer com que a América Latina retorne à condição de colônia. Como eleger José Arruda Serra no Brasil significa reassumir o controle do maior país latino-americano, hoje potência mundial. A volta aos tempos de FHC.

O que o soldado norte-americano relata a uma platéia que o aplaude de pé ao término de seu mea culpa, da exposição pública de sua vergonha, é a constatação da falência moral de seu país. O reconhecimento que um povo inteiro é ludibriado pela mentira do poder econômico.

Um dos momentos mais significativos é quando o soldado declara que foi obrigado a tomar casas de iraquianos e ao retornar a seu país percebeu que milhões de norte-americanos haviam perdido suas casas e estavam ao desabrigo para evitar que grandes organizações bancárias e imobiliárias arrastassem todo o complexo econômico/político e terrorista a uma bancarrota absoluta.

Lutar para que é o que pergunta o soldado. Para beneficiar a quem? São 450 milhões de dólares dia gastos nessas guerras.

A Venezuela e o Brasil são alvos prioritários da organização terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Não passa pela cabeça dos líderes desse conglomerado terrorista que esses países possam permanecer independentes, soberanos e sejam capazes de construir o futuro a partir da vontade de seus povos.

E muito menos imaginar um processo crescente e contínuo de integração latino-americana.

Vivem do saque, do terror, da barbárie.

São criminosos em si e por si, no que representam e no que significam.

Quando as tropas aliadas (ingleses, franceses, norte-americanos em sua maioria) desembarcaram na Normandia na IIª Grande Guerra, o general Dwight Eisenhower, comandante aliado, mandou um recado desesperado a Stalin. Que o governante soviético aumentasse a pressão sobre as forças nazistas para que eles, os aliados, não fossem derrotados pelos alemães.

Perto de 20 milhões de cidadãos soviéticos morreram na guerra. As tropas da antiga URSS derrotaram dois terços da poderosa máquina de Hitler e entraram em Berlim ocupando o bunker do ditador nazista abrindo caminho para que os norte-americanos, britânicos e franceses pudessem chegar.

Isso está em qualquer livro de história. Hollywood produz filmes para mostrar soldados dos EUA “libertando” o mundo.

Duas bombas atômicas foram despejadas em agosto de 1945 sobre Hiroshima e Nagazaki matando centenas de milhares de pessoas e estendendo seus efeitos por anos a fio em território japonês.

Àquela altura a guerra estava ganha, especialistas já haviam detectado isso e Harry Truman, presidente dos EUA, optou por lançar as bombas para testar seus efeitos e intimidar a antiga União Soviética.

É fácil criar pretextos para uma futura invasão ao Irã. Para um golpe de estado na Venezuela, ou eleições fraudadas pelo poder econômico. Financiar empresários brasileiros e veículos de comunicação (GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE MINAS, RBS, todos os grandes) para fabricar fatos e buscar a eleição de um político venal e corrupto como José Arruda Serra (cada vez mais difícil).

É necessária a resistência e a organização popular. Impõe-se como condição de sobrevivência da dignidade de nações livres como o Brasil e a Venezuela. Não importa que a maioria das forças armadas brasileiras, por exemplo, seja subordinada a Washington.

Importa a percepção do dilema. Do terror que nos é imposto na mentira contumaz e contínua da organização terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A. Em cada William Bonner da vida, ou em cada Fátima Bernardes a “exigir” de Dunga exclusividade para a quadrilha que representa.

Imaginam que todos almejam terminar nas páginas centrais de PLAYVBOY, ou sejam paspalhos a disputar um milhão no bordel do BBB.

As eleições de setembro na Venezuela servirão para mostrar a toda a América Latina que um povo é capaz de resistir e não se permitir ser saqueado. Mas todo cuidado é pouco.

A organização terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A não tem um pingo de escrúpulo, nem sabe o que é isso. E seus agentes muito menos.

Glauber Rocha um ou dois anos antes de morrer disse num programa na antiga TV TUPI que precisamos ter identidade cultural para promover uma revolução. “Somos o país da macumba”.

O povo venezuelano vai dizer não àqueles que sempre o exploraram, ainda que por aqui a GLOBO diga o contrário.

Hugo Chávez resgata a origem de cada trabalhador venezuelano. E os trabalhadores responderão sim à revolução bolivariana.

É a continuidade da construção de uma identidade cultural e revolucionária. Não importa quanto empresários/terroristas gastem para sustentar partidos e grupos políticos. Por aqui também há de ser assim.

Ao contrário do que José Arruda Serra diz, o frouxo com o tráfico de drogas não é Evo Morales, mas o antigo pupilo de Pablo Escobar, o colombiano Álvaro Uribe.

E a América Latina não voltará a ser América Latrina.


*Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no “Estado de Minas” e no “Diário Mercantil”. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.

Corrupção deve R$ 5,6 bilhões a São Paulo

Levantamento leva em consideração apenas os valores bloqueados pela Justiça

Por Fernando Porfírio,
especial para o Diário de São Paulo

Os prejuízos gerados pela corrupção envolvendo dinheiro público no estado de São Paulo e na capital paulista, nas duas últimas décadas, daria para construir um novo trecho sul do Rodoanel, uma linha amarela e meia do Metrô e remodelar quase três novas marginais.

Os dados fazem parte de um levantamento parcial do Ministério Público Estadual a partir dos valores que estão bloqueados com autorização da Justiça. O cálculo não leva em conta operações que conseguiram escapar do radar dos magistrados.

A bolada deve ultrapassar a cifra de R$ 5,6 bilhões. Esse valor — em dinheiro, aplicações financeiras e bens móveis e imóveis — está indisponível aos seus proprietários até que as ações por mau uso de dinheiro público (improbidade administrativa) sejam julgadas definitivamente, sem qualquer possibilidade de recursos. Em caso de derrota, os recursos voltariam aos cofres públicos.

Com a devolução do dinheiro, o estado e os municípios paulistas poderiam ganhar 147.370 ambulâncias. Caso os recursos fossem aplicados integralmente na capital paulista, a área de saúde poderia investir na construção de 46 hospitais como o da Cidade Tiradentes (no extremo Leste), inaugurado em 2008. O hospital, com capacidade para 228 leitos, custou aos cofres municipal, estadual e federal R$ 120 milhões.

O dinheiro bloqueado na Justiça ainda daria conta da manutenção do mesmo hospital por quase um século (93 anos). Hoje a prefeitura e o governo do estado têm um gasto de R$ 60 milhões por ano para manter o hospital funcionando.

A Virada Cultural deste ano obrigou o município a desembolsar R$ 8 milhões. A alegria dos paulistanos estaria garantida em outras 700 atividades de cultura do mesmo porte. Outro exemplo que pode servir de parâmetro é a construção de parque de lazer na capital paulista.

A prefeitura está criando sete parques, entre eles o Nove de Julho, próximo da Represa do Guarapiranga, na Zona Sul. O local tem 637 mil metros quadrados de área e vai consumir R$ 4,750 milhões. Com os recursos embargados a cidade ganharia mais de mil parques como o da Guarapiranga.

Os valores ainda dariam para o município recapear todos os 15 mil quilômetros de ruas pavimentadas da cidade. A Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU) poderia construir 103,7 mil casas populares, de 45 metros quadrados. Hoje o custo de cada moradia é estimado em R$ 54 mil, e a Secretaria Estadual da Saúde entregaria 1.215 Ambulatórios Médicos de Especialidade (AMEs), a um custo de R$ 4,6 milhões cada.

R$ 40 milhões podem voltar
A dinheirama que está mais perto de voltar aos cofres públicos será de cerca de R$ 40 milhões, resultado de condenação definitiva referente ao chamado “escândalo dos precatórios”. A fraude aconteceu durante a gestão Paulo Maluf (PP) na Prefeitura de São Paulo(1993-1996).

Segundo o levantamento, são mais de duas dezenas de ações que não cabem mais recursos e estão na fase de execução. Quando não é pedida a indisponibilidade de bens dos acusados na fase do processo, a Justiça manda fazer a busca e sequestro de bens dos devedores para garantir o ressarcimento.

O dinheiro bloqueado integrava o patrimônio de ex-autoridades, servidores e empresas, que realizaram obras ou prestaram serviços à administração. As autoridades ocuparam ou ainda ocupam cargos de direção no estado e no município. As empresas, geralmente, são empreiteiras ou fazem serviços terceirizados.

O povo não é bobo

A combinação Dunga-internet está prestando um serviço inestimável à nossa sociedade. Permitiu que o grito reprimido na garganta durante tanto tempo ganhasse novos caminhos e, acima de tudo, encontrasse eco tornando-o cada vez mais forte. São caminhos sem volta.

Por Laurindo Lalo Leal Filho (*)

A arrogância com que a Rede Globo sempre tratou a sociedade brasileira tem volta. Basta uma oportunidade e toda a humilhação suportada pelo público durante mais de 40 anos vem à tona. É o que explica a reação imediata, realizada através da internet, ao editorial veiculado pela emissora na noite de domingo contra o técnico Dunga.

Trata-se do episódio mais recente de uma série iniciada lá no final dos anos 1970 e, ao que tudo indica, não acabará tão cedo. “Cala boca Galvão” ou “Cala a boca Tadeu (o jornalista que se prestou a servir de voz do dono)” são as versões modernas e futebolísticas do famoso “O povo não é bobo, fora a Rede Globo”, ouvido pela primeira vez nas ruas de São Bernardo e no estádio da Vila Euclides, durante a greve dos metalúrgicos do ABC, em 1979.

Foi lá que a mascara global começou a cair em público e o Jornal Nacional se desencantou para uma parte dos seus telespectadores, até então crentes de que o que ali se dizia era verdade. Mas como podia ser verdade se, eles operários em greve e seus familiares participavam de atos e passeatas gigantescas ao longo dia e, à noite, ao ligarem na Globo assistiam tudo enviesado e distorcido. Deu-se ai o desencantamento, ou o fim das ilusões mediáticas, pelo menos para essa parcela da população, a uma só vez personagem e espectadora da notícia.

A resposta à manipulação foi imediata. Ao voltarem no dia seguinte para cobrir a greve, as equipes da Globo passaram a ser hostilizadas e recebidas com bordão que se tornou famoso, usado depois em outras ocasiões: o povo não é bobo...

Presenciei aqueles cenas antigas e outra um pouco mais recente: a saia-justa vivida pelo pessoal da Globo, em 2001, numa passeata na Av. Paulista. Estudantes voltavam às ruas para protestar contra a criação da Alca, iniciativa dos Estados Unidos para institucionalizar a dependência absoluta da América Latina aos seus interesses. Várias emissoras mandaram equipes de reportagem para cobrir o evento, talvez não tanto pelo conteúdo da manifestação, mas pelo fato de ser inusitado. Já haviam se passado quase dez anos das últimas manifestações estudantis de rua, ocorridas ao final do governo Collor e essa, de 2001, era uma novidade.

Constatei na avenida Paulista o constrangimento dos repórteres, operadores de câmara e auxiliares da Globo. De todas as emissoras, eram os únicos que escondiam os seus crachás, colocando-os por baixo das camisas e dos casacos. Temiam hostilidades, conscientes da existência de uma imagem fortemente negativa da empresa junto à população.

O incômodo provocado pela Globo na sociedade brasileira, sentido por alguns de forma mais concreta, por outros mais difusa, não encontra muitos caminhos para se manifestar. Através da mídia é impossível diante do controle quase monopolista da própria Globo sobre a comunicação no Brasil.

As respostas da sociedade, até o episódio Dunga, se davam de forma artesanal, em protestos de rua – como na greve do ABC – ou em faixas, cartazes, vaias e bordões vistos e ouvidos de forma cada vez mais constante nos estádios de futebol.

A internet deu uma nova dimensão aos protestos. É impressionante o número de manifestações contrárias ao poder global que circula na rede. Além do protesto em si, essas mensagens vão aos poucos constituindo comunidades, cujos integrantes descobrem, nesses contatos, que os seus sentimentos não são isolados e pessoais. Ao contrário, são coletivos e sociais, fortalecendo suas convicções.

Curiosas são as reações da empresa, talvez surpresa com o abalo de sua soberba. De forma errática ataca o técnico da seleção em editorial procurando manter a empáfia, de outro assimila o refrão “cala a boca Galvão” tentando minimizá-lo e ainda coloca funcionários para dizer que as pessoas falam dela mas assistem aos seus programas, como se audiência fosse adesão.

O público sintoniza a Globo por absoluta falta de alternativa, dentro e fora da TV. Dentro, porque o que há de concorrência ou é semelhante à Globo ou ainda pior. Fora, pela falta de opções de cultura e lazer acessíveis a maioria da população brasileira. Não há amor pela Globo. Ninguém a chama de “tia”, como os britânicos fazem com a BBC, numa demonstração de afeto resultante de uma relação aberta e honesta.

Mas é preciso ressaltar que a combinação Dunga-internet está prestando um serviço inestimável à nossa sociedade. Permitiu que o grito reprimido na garganta durante tanto tempo ganhasse novos caminhos e, acima de tudo, encontrasse eco tornando-o cada vez mais forte. São caminhos sem volta.

Laurindo Lalo Leal Filho é sociólogo e jornalista. Professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

*Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4687

Ficha limpa da ditadura

Por Emir Sader*

A anistia decretada pela ditadura tentou limpar tudo, igualar tudo – torturadores e torturados. A forma como se deu a transição da ditadura à democracia permitiu que políticos que estiveram vinculados à ditadura, aparecessem como convertidos à democracia.

Porém nunca esqueceremos que o golpe militar rompeu o processo democrático brasileiro, depôs um presidente que havia sido eleito vice-presidente, tinha assumido a presidência com a renúncia de quem tinha sido eleito para este posto, aceitando inclusive recortar seus poderes, com a imposição do parlamentarismo. Posteriormente, João Goulart convocou um referendo sobre a forma de governo e venceu, democraticamente, o retorno do presidencialismo.

Esse presidente, legítimo e legalmente presidente, foi derrubado por um movimento militar golpista, que terminou com a democracia e impôs uma ditadura ao país. Se valeram dos recursos públicos para reprimir ao povo e a tudo o que tivesse que ver com democracia: organizações populares, Parlamento, Judiciário, partidos, movimentos culturais, imprensa popular. Contaram com o apoio e o beneplácito da imprensa, do governo dos EUA, de boa parte da elite política, do grande empresariado e suas associações. Prenderam arbitrariamente, torturaram, assassinaram a milhares de brasileiros, os condenaram sem processos, promoveram um regime do terror.

A volta à democracia foi tutelada pelos próprios militares que haviam dado o golpe e imposto a ditadura. Decretaram uma anistia que os poupasse de pagar pelos crimes que tinham cometido, assim como seus beneficiários – que se enriqueceram com o arrocho salarial, a intervenção nos sindicatos, a política econômica favorável aos grandes monopólios daqui e de fora.

Está bem o Ficha Limpa da corrupção. Mas por que não o Ficha Limpa da ditadura? Por que não impugnar todos os que participaram da ditadura, a apoiaram, se beneficiaram dela, foram políticos do regime, ocuparam cargos, foram governadores, prefeitos biônicos? Todos foram cúmplices, por ação ou por inação do episódio mais brutal da vida política brasileira.

Muitos deles ainda andam por ai. Façamos uma lista dos que foram políticos da ditadura e impunemente andam por ai, querendo definir quem é democrático e quem não é, quando eles foram, de corpo e alma, adeptos da ditadura e nunca fizeram autocrítica do seu passado.

Só para começar, me recordo de alguns deles:

Marco Maciel
José Sarney
José Agripino
Jorge Bornhausen
Romeu Tuma
Paulo Maluf

*Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=495

Te mando um passarinho

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Na região do Rio Negro, no Amazonas, as mulheres acordam bem cedinho e vão pra roça buscar mandioca pra fazer o beiju nosso de cada dia. No caminho, às vezes, encontram um boêmio que está voltando da farra, requebrando seu rabo comprido, peludo e enfeitado. É o quatipuru, um mamífero roedor, primo-irmão do caxinguelê, que passa a noite toda na esbórnia. Ele tem hábitos noturnos. Gosta das baladas da náite.

Depois de cada noitada de orgia, o quatipuru, cansado, passa o dia inteirinho dormindo. Por isso, ficou com fama de dorminhoco, a tal ponto que quando morre uma pessoa, logo que o corpo apodrece, a alma do dito cujo, que vai dormir o sono eterno, sobe ao céu em forma de quatipuru. Ele é, indiscutivelmente, o dono do sono. Era a ele que as mulheres da Amazônia se dirigiam, quando embalavam seus filhos na rede, cantando uma canção de ninar em nheengatu – a língua geral dos amazonenses – na qual pediam:

- Acutipuru ipurú nerupecê / Cimitanga-miri uquerê uaruma

A tradução ao português dessa canção de ninar foi feita pelo cônego Francisco Bernardino de Souza, que em 1873 publicou um livro com a letra, mas não nos deixou nenhuma partitura com a representação da música. As mães que embalavam seus filhos pediam mais ou menos isso:

- Acutipuru, me empresta o teu sono, que eu quero fazer meu filho dormir.

Pára-tudo

Escrevo sobre o quatipuru, porque na hora do jogo Brasil x Portugal fiquei falando sobre ele, mas meu pensamento estava na África do Sul. É que naquele momento, eu dava uma conferência na Biblioteca Nacional de Bogotá, contando histórias sobre o quatipuru, passarinhos, borboletas e outros bichos. Podes crer, bicho! Não vi o jogo.

Na hora do jogo, eu conversava num enorme auditório com cerca de 800 bibliotecários e bibliotecárias provenientes de todas as regiões da Colômbia, que participavam do II Congresso Nacional de Bibliotecas. O evento foi encerrado na sexta-feira com meu papo sobre o livro “Te mandei um passarinho”, que ainda não foi publicado, e que recolhe textos e ilustrações de índios de mais de trinta etnias. Os autores são, portanto, somente índios escritores e artistas plásticos, mas quem organizou o livro fomos nós, apaixonados por essa literatura: Nietta Monte, Ira Maciel, Nubia Melhem e eu.

O título do livro nós pedimos emprestado a José Vieira Couto de Magalhães, um mineiro rico, filho de fazendeiros, que foi presidente da Província do Pará (1864-1865), onde aprendeu a falar o Nheengatu, língua ainda amplamente disseminada naquela época por toda a Amazônia. Escreveu – ‘O Selvagem’ – que foi traduzido e editado em várias línguas: francês, inglês, alemão e italiano.

Couto de Magalhães recolheu a literatura oral indígena na Amazônia e no Mato Grosso. Um dia, viajando pelo rio a bordo de uma embarcação a vapor, ele descansava no passadiço e ficou ouvindo a conversa dos tripulantes do barco. Entre eles havia um índio Kadiwéu, apelidado de ‘Pára-tudo’, que era um puta contador de histórias.

- Foi esta a primeira vez que minha atenção foi despertada para os mitos nacionais, escreveu Couto de Magalhães, que aprendeu o Nheengatu só para poder entender essas histórias. Depois, no Tocantins, encontrou o cacique Anambé, que lhe contou o mito de Ceiuci – “uma espécie de fada indígena, uma velha gulosa que vivia perseguida pela fome”. Registrou ainda uma canção recolhida no Pará em 1865, quando ainda era cantada com muita frequência. Trata-se de um texto bilíngue português-nheengatu, no qual ambas línguas convivem sem o predomínio de uma sobre a outra.

- Te mandei um passarinho / Patuá miri pupé / pintandinho de amarelo / iporanga ne iaué.

Na época, como no Amazonas todo mundo falava português e nheengatu, todo mundo entendia a letra. Mas agora nós estamos apresentando o livro para neo-leitores, pessoas recém-alfabetizadas em programas de Educação de Jovens e Adultos, que não conhecem a língua geral. Portanto, nesse contexto, numa publicação destinar a circular no Brasil, era necessário traduzir ao português os versos escritos em nheengatu, o que fizemos recorrendo à versão de autoria não identificada, que ficou assim:

- Te mandei um passarinho / dentro de uma gaiolinha / pintadinho de amarelo / e bonito como você.

Gaiola ou cesto?

O tradutor anônimo, que usou “gaiolinha” como equivalente a “patuá mirim”, parece ter entendido que a forma mais apropriada de presentear alguém com um passarinho era aprisioná-lo dentro de uma gaiola para evitar sua fuga. Afinal, a cultura regional urbana naturalizou a gaiola como o lugar de pássaros que vivem em espaços domésticos.

No entanto, não é o que os índios guarani pensam e praticam. Essa tradução, submetida a um teste de recepção com professores bilíngues guarani do Curso de Formação Docente de vários estados do Sul e Sudeste do Brasil, que são meus alunos, causou entre eles uma visível sensação de desconforto. A discussão se deu em torno do verso “dentro de uma gaiolinha”, particularmente com relação à palavra ‘gaiolinha’. A reação foi unânime. Eles rejeitaram essa tradução.

Um professor guarani sintetizou o pensamento de todos: “Está errado. O que é que os leitores vão pensar de nós? Que somos malvados e aprisionamos pássaros? Nós não fazemos isso”. O grupo analisou o texto, viu que se tratava de uma “tradução”, entendeu que o original está escrito em Língua Geral da Amazônia, cuja base é o tupinambá antigo – língua aparentada ao guarani - mas propôs outra palavra para traduzir essa expressão: – “Por que não colocamos o passarinho numa cestinha?”.

Aceitamos a proposta. Colocamos o passarinho na cestinha, embora conscientes de que o guarani é outra língua, diferente do nheengatu, e de que os índios proponentes desconhecem a região amazônica, lugar de produção dos versos. Conferimos no Stradelli, um italiano que fez um dicionário Português x Nheengatu, Nheengatu x Português (1929) e ele confirma que “patauá” significa efetivamente “cestinha”. A versão final do livro proposto ao MEC foi, então, modificada, e ficou assim:

- “Te mandei um passarinho / dentro de uma cestinha / pintadinho de amarelo e bonito como você”.

O responsável pela coleta, Couto de Magalhães, maravilhado com as histórias “originais e belas” dos índios, fala delas como um “verdadeiro colar de pedras finas, tanto pelo espírito e animação do enredo, como pelo laconismo, sobriedade das cenas e clareza”. Ele não hesita em situá-las dentro do quadro da literatura universal, dizendo que elas estão no mesmo nível que as fábulas de Esopo, Fedro e La Fontaine.

Os moradores de Soure, no Pará, também ficaram maravilhados. Fomos lá, em 2008, fazer um teste de recepção do livro, a convite da minha amiga, a pajé Zeneida Lima, que organiza a Jornada Cultural da Ilha do Marajó. Apresentei os versos em nheengatu coletados por dois naturalistas alemães Spix e Martius, em março de 1820, no rio Urariuá, afluente do Madeira, que dizem:

- Nitio xá potar cunhang / Setuma sacai wáa / Curumú ce mama-mamane / Baia sacai majaué / Nitio xá potar cunhang / Sakiva-açu/ Curumú monto-montoque / Tiririca-tyva majaué.

Os participantes da Jornada Cultural se divertiram com a tradução ao português:

- Não gosto de mulher / de perna muito fina / Porque pode me enroscar / como cobra viperina. Não gosto de mulher / de cabelo alongado / Porque pode me cortar / como tiririca no roçado.

Um negão, porém, protestou:

- Desculpa, professor, com todo respeito, mas comigo não tem disso não. Traço mulher de perna fina, de perna grossa, de cabelo alongado e até careca. Esse cara que fez essa poesia devia ser boiola.

É isso aí, leitor. Tentei dar o meu recado aos colombianos. Parece que gostaram de ouvir essas histórias, porque queriam comprar o livro até hoje não editado pelo MEC. De qualquer forma, daqui de um hotel em Bogotá, de onde escrevo esse artigo, te mando também um passarinho, dentro de uma cestinha, esperando que a seleção brasileira, no próximo jogo, consiga enfiar vários gols na cestinha do time adversário.
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José Ribamar Bessa Freire é professor universitário (Uerj), reside no Rio há mais de 20 anos, assina coluna no Diário do Amazonas, de Manaus, sua terra natal, e mantém o blog Taqui Pra Ti Colabora com a Agência Assaz Atroz e com este "Quem tem medo do Lula?"

Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA

Agência Assaz Atroz

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Querem diminuir o valor das indenizações a anistiados




















Por Celso Lungaretti


A matéria de capa de O Estado de S. Paulo neste domingo (27) é Ministério Público quer reduzir indenizações já pagas a anistiados.

Remete para a pág. 4, cuja principal retranca é Procurador quer que Comissão de Anistia corte valor de indenizações. Eis a abertura:
"Pelo menos R$ 4 bilhões de indenizações a perseguidos políticos já pagas ou aprovadas pela Comissão da Anistia poderão ter os valores revistos pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Proposta em análise no tribunal prevê a possibilidade de reduzir os benefícios concedidos aos anistiados.

"A revisão poderá gerar uma economia de milhões de reais aos cofres públicos", defende Marinus Marsico, procurador do Ministério Público junto ao TCU, autor da representação que está para ser votada.

"Não contesto a condição de anistiado político, mas os valores das indenizações concedidas a título de reparação econômica", disse o procurador ao Estado.

"São alvo da representação, por ora, 9.371 benefícios já concedidos com base em uma lei de 2002".
Sendo um dos pensionistas que podem ser atingidos por tal decisão, considero-me moralmente impedido, como parte interessada, de comentar o assunto.

Mas, claro, estarei ao lado dos que lutarem contra a medida. E recomendo que todos tomem conhecimento, avaliem, repassem e se mobilizem.
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