O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O retorno do velho senhor - Mauro Santayana sobre FHC

O retorno do velho senhor


Por Mauro Santayana, jornalista, no JB de hoje


Sob a alucinação da idade madura, que costuma ser mais assustadora do que a dos adolescentes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está conseguindo o que sempre pretendeu, desde que deixou o governo, há oito anos: o tumulto no processo sucessório. Ele – e não mais ninguém – impediu que as bases nacionais de seu partido fossem consultadas sobre o candidato à sucessão do presidente Lula. Se pensasse mais no país e menos em sua própria vaidade, teria, como o líder que se arroga ser, presidido à construção do consenso que costuma antecipar as convenções partidárias. Haja os desmentidos que houver, ele sonhava em criar impasse entre os dois principais postulantes, a fim de ser visto como a grande solução apaziguadora. Ele continua animado por essa miragem no sáfaro horizonte de suas ambições.


Assim, estimulou o governador de São Paulo ao exercício de uma tática de desgaste contra as pretensões de Minas. Decretou a precedência de José Serra e acenou com a “chapa puro-sangue”. Acreditava que levaria Aécio Neves a renunciar a servir a Minas, ao servir ao Brasil, com novo pacto federativo para o desenvolvimento de todas as regiões do país, e a contentar-se em ser caudatário de projeto hegemônico alheio.


Na verdade, essa ilusão era instrumento de outra maior: a de que, com o afastamento do mineiro da disputa, seu próprio cacife aumentaria. Com isso, buscou inviabilizar Serra e Aécio, de tal maneira que, com o crescimento da candidatura de Dilma Rousseff – alvo de tenaz campanha desqualificadora da direita – as elites viessem a assustar-se e batessem às portas de seu escritório político, pedindo-lhe que as salvasse de uma “terrorista”.


Se esse não fosse o objetivo essencial do ex-presidente, poderíamos considerá-lo um tolo – e Fernando Henrique não é tolo. Seu comportamento poderia estar dentro da advertência de Galileu, de que muita sabedoria pode transformar-se em loucura, mas por enquanto, ele está apenas deslumbrado pela ambição. Se se prontifica a discutir com o presidente Lula, e aceitar a comparação entre os dois governos, isso só pode ocorrer na hipótese de que venha a ser ele mesmo o candidato. Do contrário, estará forçando o candidato de seu partido, seja Serra, seja Aécio, a se transformar em mero defensor de sua administração, e não postulante sério à sucessão. Ambos sabem que a comparação será desastrosa em termos eleitorais. Talvez ela pudesse realizar-se, nos meios acadêmicos, pelos economistas e sociólogos, companheiros de sua ex-excelência, e ainda assim é certo que Fernando Henrique perderá, se a discussão for séria. Entre outras coisas, o ex-presidente multiplicou as universidades pagas; Lula, ao contrário, criou novos centros universitários federais e promoveu maciça inclusão dos pobres no ensino médio e superior.


Pergunte-se ao eleitor do Crato e da periferia de São Paulo se ele estava mais feliz durante os anos de Fernando Henrique. Faça-se a mesma pergunta ao pequeno empresário que consolidou o seu negócio com a expansão do consumo, os créditos facilitados e os juros mais suportáveis que paga hoje. Até mesmo os banqueiros se sentem mais satisfeitos.


Ao promover o vazio – para o qual contribuiu o governador de São Paulo em suas íntimas incertezas – Fernando Henrique tenta, com seus artigos de campanha, identificar-se como o único capaz de preenchê-lo. Seu jogo perturba todo o processo político, tanto no plano nacional quanto nos estados. Fruto indireto desse exercício de feitiçaria macunaímica, foi a maldade que fizeram ao vice-presidente José Alencar. O ato de oportunismo estimulou a natural e justa autoestima do vice-presidente, e sua disposição de luta, para a disputa do governo de Minas. Não se tratava de real homenagem ao conhecido homem público. Se Alencar viesse a ser candidato ao Palácio da Liberdade, a verdadeira homenagem que lhe prestariam os competidores seria tratá-lo como adversário, e submetê-lo ao duro debate eleitoral. Do contrário, seria deixar explícita uma cínica comiseração, o que constituiria ofensa ao grande brasileiro.

Ciro Gomes solta o verbo: Serra é figura detestável. FHC tem inveja de Lula e não tem moral para falar mal de Dilma

Por Denise Madueño e Eugênia Lopes - O Estado de S.Paulo*

BRASÍLIA - O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) decidiu entrar no bate-boca entre o PT e o PSDB e acusou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de ter "inveja" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de não ter "moral para falar mal" da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do PT à sucessão de Lula. Ao se referir ao pré-candidato do PSDB à presidência da República, Ciro xingou José Serra de "figura detestável".


*Clique aqui para ler a matéria completa

PT e PSDB erraram ao não se unir, diz Marina Silva

Por Ana Conceição, da Agência Estado*


SÃO PAULO - A senadora e pré-candidata à Presidência da República pelo PV, Marina Silva (AC), disse nesta terça-feira, 9, durante entrevista à TV Estadão, que PT e PSDB erraram nos últimos 16 anos ao não entrarem em um acordo para garantir a governabilidade do País. "Um erro que cometemos, e digo nós porque fiz parte do PT durante 30 anos, foi o de não estabelecer um ponto de contato com o PSDB no período em que ele foi governo. E a mesma coisa aconteceu no período em que o presidente Lula é governo."


*Clique aqui para ler a matéria completa.

Os Direitos Humanos e a Proibição da Burka



Os Direitos Humanos e a Proibição da Burka


Por Carlos Alberto Lungarzo

Em notas recentes, motivadas pela violenta reação das castas armadas contra o PNDH-3, falamos do militarismo como o maior inimigo dos DH. Não devemos esquecer, porém, que a voz da caserna não está sozinha, e que, como aconteceu quase sempre na história, tem a cumplicidade da teocracia. A Igreja Católica também vitupera o projeto, colocando ênfase maior em assuntos vinculados com homoerotismo, aborto e propaganda religiosa. Não entendemos a relevância para a Igreja da existência de crucifixos nas delegacias e nos juizados. Será que, quando um favelado é apressado pela polícia, é mais doce receber choque elétrico observando a imagem de Cristo martirizado? Será que a presença daquele enorme crucifixo no STF faz menos dura a condena das mulheres que não podem abortar, porque uma casta de leguleios medievais e sádicos o proíbe?


Por enquanto, nesta nota quero referir-me a um problema relacionado com a iconografia religiosa num tom menor: é o que surge quando os símbolos confessionais não são exibidos pelas instituições públicas, mas pelos cidadãos comuns.



Burka e Chador


Faz tempo que o conservador moderado Nicolas Sarkozy propõe que o parlamento francês impeça, pela força da lei, que mulheres islâmicas utilizem a burka em locais públicos. www.bbc.co.uk/blogs/thereporters/gavinhewitt/2010/01/french_burka_ban_looms..html


No 28/01/2010, uma comissão desse parlamento, que estudava o uso da burka e o niqab por umas 1900 mulheres islâmicas residentes na França, entregou seu relatório final. Este não defende a proibição absoluta, mas aconselha sua veda em instituições públicas, como hospitais, escolas, escritórios do estado, etc. Veja:


http://pt.euronews.net/2010/01/26/comissao-parlamentar-francesa-recomenda-proibicao-da-burqa


O parlamentar de esquerda, Andre Gerin, propunha que a proibição fosse absoluta em todos os locais públicos, mas o alcance da proposta só ficará bem conhecido depois que o parlamento vote uma lei oficializando essas idéias. O líder do governo no parlamento (de centro-direita) Jean-Francois Cope, afirma que esta iniciativa defende os direitos das mulheres. Ele disse a um editor da BBC inglesa:


“Pensamos que em nosso país, o rosto é o veículo pelo qual as pessoas se reconhecem, simpatizam, e se respeitam mutuamente. O problema é a ocultação do rosto.”


O ministro Xavier Bertand, do partido do governo, entende que burka ou niqab são uma prisão para a mulher, que não consegue comunicar-se , exibir seu sorriso, socializar-se com pessoas da mesma ou diferente tradição cultural, fazer amizades.


Em outros países europeus tipicamente seculares, como a Holanda e a Dinamarca, foram lançadas iniciativas parlamentares inspiradas no caso francês. Antes que a questão fosse levantada na França, já o UK tinha proibido esta indumentária nas escolas.


Entretanto, é injusto qualificar de intolerante o racista o projeto francês, que foi exaustivamente explicado por parlamentares tanto da esquerda como da direita moderada. Se o objetivo fosse amedrontar os islâmicos, o projeto poderia proibir também o chador, que constitui uma peça de indumentário do mesmo caráter classista, machista e discriminatório, mas que permite ver o rosto e, portanto, diminui a humilhação da mulher. Pelo pouco que eu conheço da cultura oriental, acredito que não há motivo para poupar tampouco o chador, que já tinha sido banido pelo conservador xá Pahlavi, considerando-o uma forma arcaica de domínio masculino.



Relativismo Cultural e Atrocidades


Vários cidadãos islâmicos e também alguns não islâmicos rotulam a iniciativa de proibir a burka de discriminação e intromissão na vida privada dos estrangeiros. O argumento de que essa proibição mostra a desconfiança contra os muçulmanos, expressadas por alguns fascistas delirantes (no sentido de que a burca permitiria esconder armas no corpo de mulheres terroristas) não merece a menor atenção. Não é provável que o governo francês seja vítima de um pensamento tão descabido.


Outros resgatam o uso da burca, por ser um objeto tradicional em alguns países islâmicos, e representar, portanto, a cultura e os costumes dessas regiões; porém, a maioria não aprova a obrigatoriedade de seu uso imposta pelo Talibã. Este tipo de raciocínio é muito conhecido desde a década de 1950 e corresponde a um relativismo cultural surgido como reação polarizada à imposição de hábitos coloniais pelos países imperialistas. Talvez nem precise comentário o fato de que a diversidade e tolerância cultural que procuramos não serão obtidas aceitando as tradições humilhantes, desumanas e sangrentas, seja de Oriente, seja de Ocidente, mas criando um convívio diversificado de hábitos solidários e saudáveis, que possam construir uma sociedade mais livre e racional.


Seria simplista ver a tradição da burka apenas como uma moda ritual. Embora não seja mais que uma vestimenta, sua função protetora está relacionada com tradições cruéis e supersticiosas. Na Ásia Central, a burca serve para proteger o namus (algo assim como honra) da família nuclear de um homem, mas também (no caso dos pashtum) para defender a honra da família estendida.  O namus é violado quando uma mulher comete alguma falta ao recato e inclusive quando é estuprada involuntariamente. Nesse caso, a família não se solidariza com a vítima, pois todos eles se consideram ofendidos.. A solução que nunca é leve pode variar dependendo do lugar. Em Afeganistão, predomina a tendência a obrigar à menina “desonrada” a se suicidar; no Irã, o apedrejamento; na Arábia Saudita, a decapitação, e no Paquistão, a deformação de seu rosto com ácido.


Não precisa ser salientado o nível ético de qualquer um que defenda estas atrocidades em nome da soberania, da integridade cultural de um povo ou da luta contra o imperialismo.


É evidente que ninguém pode gostar desta vida, como o provam, aliás, os livros que mulheres árabes publicam em Ocidente. As moças que mostram resignação ou até defendem os brutais hábitos de indumentária (não os de tortura) tiveram sua “cabeça feita” durante anos, e temem pela ira dos maridos e familiares.


Depois da derrota do Talibã, muitas mulheres se lançaram à compra de cosméticos para assemelhar-se às ocidentais, e existem muitos vídeos que mostram um novo perfil da moça afegã. É impossível saber o efeito sobre as mulheres da invasão aliada em Afeganistão, já que sua opinião não recebe qualquer atenção. Mas é provável que vejam como salvador a qualquer inimigo do Talibã e outros marqueteiros da burca. Por sinal, foi isso o que aconteceu na década de 20, quando os bolchevistas entraram na Ásia Soviética Islâmica liberando as mulheres do uso daquelas roupas.


Não estou sugerindo que exista em Oriente uma especial tendência a barbárie ritual que seja desconhecida em Ocidente, pois os DH assim como as suas violações são universais. Os defensores dos DH também combatem as barbáries ocidentais semelhantes, como a repressão da mulher que a Igreja injetou em muitas gerações, e ainda injeta hoje nos ambientes mais atrasados. A diferença é, apenas, que os países ocidentais (especialmente a França) conseguiram reagir contra a teocracia, enquanto os orientais não puderam.



Política e Direitos Humanos


As razões para proteger as mulheres islâmicas da humilhação e do domínio masculino podem ter, como qualquer ação tomada por políticos e governantes, motivações espúrias, mas o efeito visível é um aumento no respeito a seus DH.


O aspecto político foi comentado por vários parlamentares. Sendo que atualmente a comunidade islâmica da Ásia e do Oriente Médio adquiriram uma visibilidade antes desconhecida, os governos estão preocupados pela possível criação de culturas internas, incomunicáveis, que não mantenham interação. Além do óbvio interesse estratégico e político, a medida de evitar a divisão da sociedade em compartimentos estancos, como nos Estados Unidos, possui um valor humanitário.


Pode deduzir-se das declarações de intelectuais, políticos e celebridades francesas e do próprio Sarkozy, que a proibição da burka visa estes objetivos:


1.       Evitar a segmentação da sociedade em subnacionalidades independentes, o que aumentaria o “bairrismo” e criaria novas formas de chauvinismo.


2.       Manter a neutralidade religiosa, que não é afetada pelo porte discreto de símbolos religiosos (cruzes, crescentes, estrelas de David em jóias e enfeites), mas que é desafiada pela exaltação provocativa de pessoas soturnamente fantasiadas.


3.       Desterrar da contemplação pública um símbolo que caracteriza a escravidão patriarcal sobre as mulheres, e representa implicitamente graves atrocidades.


4.       Contribuir à integração das mulheres islâmicas no mundo Ocidental, as livrando, não apenas do sofrimento psicológico de aceitar uma aparência bizarra, mas da dor concreta de estar separadas do meio ambiente.


Ninguém será livre nem terá DH, se sua vida pessoal for monitorada desde o Vaticano, Jerusalém ou Meca, com base nos esotéricos “conhecimentos” codificados por uma casta de alucinados, que acreditam receber ordens metafísicas. Os dirigentes islâmicos, cujos países são brutalmente arrasados pelos Estados Unidos e a Nato, produzindo a morte de famílias e condenando povos completos à desaparição, aumentam ainda mais a desgraça da população e colaboram com o imperialismo ao infernizar a vida de suas próprias mulheres.


Por outro lado, é deplorável que pacifistas e defensores dos DH apliquem o que se chama a filosofia do tango, em referência a um assunto que aparece sempre nos tangos argentinos. Tudo vale o mesmo, tudo é igual, em todo lugar tem maldade. Esse nihilismo só tem sido paralisante na história do mundo. Os países ocidentais não têm povos melhores que os outros, porque todos os povos são iguais. Mas tiveram uma oportunidade histórica melhor: a de desvencilhar-se (muito parcialmente) da tirania teológica. É por isso que usufruímos (algo mais) de DH que os orientais.


Carlos Alberto Lungarzo é professor e escritor, autor do livro "Os Cenários Invisíveis do Caso Battisti". Para fazer o download de um resumo do livro, disponibilizado pelo próprio autor, clique aqui. É membro da Anistia Internacional e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"

A exoneração do general provocador: o depois e o antes






O antes: Ataque do general Maynard à Comissão da

Verdade foi transgressão disciplinar

Por Celso Lungaretti*

Figurinha carimbada da extrema-direita militar, o chefe do Departamento Geral do Pessoal do Exército, general Maynard Marques, lançou uma catalinária contra a Comissão da Verdade que o Governo Federal está instituindo para, principalmente, apurar as atrocidades perpetradas pela ditadura de 1964/85.














Sua nota A Comissão da "Verdade"? está amplamente disponibilizado nos sites fascistóides e demais espaços virtuais das  viúvas da ditadura, como o Coturno Noturno.

Depois de manifestar sua convicção autoritária na prevalência de uma verdade "absoluta, [que] transcende opiniões e consensos, e não admite incertezas", desanda a atirar na fogueira os que ousam expressar o outro lado, cujo direito a existir e manifestar-se é a própria essência da democracia.

Segundo ele, "a 'Comissão da Verdade' (...), certamente, será composta dos mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o seqüestro de inocentes e o assalto a bancos, como meio de combate ao regime, para alcançar o poder".

No seu entender, seriam fanáticos os que combateram o regime, exercendo seu legítimo direito de resistência à tirania, mas nenhuma crítica faz àqueles que conspiravam há mais de uma década para usurpar o poder e, aprimorando seus métodos de tentativa em tentativa, acabaram por obter êxito, o que foi ponto de partida para assassinatos, torturas, estupros, detenções ao arrepio da Lei (sequestros, portanto), ocultação de restos mortais, cassação de mandatos legítimos, extinção arbitrária de entidades e partidos políticos, demissão ilícita de funcionários, censura aos meios de comunicação e, enfim, de todo tipo de perseguições, intimidações e pressões truculentas.

Incidindo em humor involuntário, o gen. Maynard Marques finge não perceber que, ao barbarizar dezenas de milhares de brasileiros em seus famigerados porões, a ditadura militar se definiu como legítima sucessora da Santa Inquisição. Ele tenta penosamente enfiar na cabeça dos adversários a carapuça que Deus e o mundo sabem repousar melhor sobre quepes:



"A História da inquisição espanhola espelha o perigo do poder concedido a fanáticos. Quando os sicários de Tomás de Torquemada viram-se livres para investigar a vida alheia, a sanha persecutória conseguiu flagelar trinta mil vítimas por ano no reino da Espanha".


Que palpite infeliz! Não escapará a nenhum cidadão civilizado que as realizações de Torquemada e seus sicários têm tudo a ver com as de Médici e seus Ustras...

Com sua nota insubmissa -- em que chega a qualificar a Comissão da Verdade de "excêntrica", comparando-a a uma "Comissão da Calúnia" --, o gen. Maynard Marques desrespeitou pelo menos duas proibições do Regulamento Disciplinar do Exército:



  • "manifestar-se, publicamente, sem que seja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária"; e



  • "censurar ato de superior hierárquico ou procurar desconsiderá-lo, seja entre militares, seja entre civis".



Devemos, portanto, EXIGIR do general Enzo Martins Peri (comandante do Exército) e de Nelson Jobim (ministro da Defesa) que façam cumprir o Regulamento Disciplinar, aplicando as punições cabíveis ao general boquirroto.

Quanto aos seis integrantes da Comissão da Verdade, designados pela ministra Dilma Rousseff, têm motivos de sobra para levar aos tribunais quem os qualificou de fanáticos, terroristas, sequestradores e assaltantes, antes mesmo de conhecer os nomes indicados para a função.
















O depois: O incrível general brancaleone






Apesar dos comentários lisonjeiros dos amigos, não fui eu quem derrubou o general Maynard Marques de Santa Rosa.


Como prezo muito a verdade, nem sequer talharei uma marca no PC: não foi meu fogo inimigo quem o abateu, mas sim o fogo amigo do ministro Nelson Jobim. Ironias do destino.

Muita seda a direita rasgará para o exonerado; aliás, já existem alguns desagravos demagógicos e golpistas circulando na internet.

No entanto, é bom que se saiba que, ao invés de ter agido em nome dos interesses superiores da Nação ou, pelo menos, na defesa da honra da corporação, tudo leva a crer que a motivação principal do gen. Maynard fosse bem mais prosaica: estaria apreensivo quanto ao que a Comissão da Verdade poderia revelar a seu respeito.

Numa lista de torturadores que o Blog do Cappacete recentemente publicou, eis a parte que lhe cabe:


MAYNARD MARQUES DE SANTA ROSA Segundo Tenente da Infantaria do Exército; integrava Equipe de Buscas do DOI-CODI-RJ; era da 2A. Seção do 1O.RO-105-RJ em 1971-1972


É claro que tudo se completa: os esqueletos no armário e as convicções ideológicas ultradireitistas de Maynard Marques, aquele general encrenqueiro que apareceu no noticiário contestando a ação do Exército na Reserva Raposa Serra do Sol e acusando ONGs da região amazônica de estarem "envolvidas com o tráfico de drogas, armas, lavagem de dinheiro e espionagem".

Azar dele que, em estratégia, é zéro à esquerda. Deve ter cabulado as aulas.

Quando li a nota dele contra a Comissão da Verdade, fiquei perplexo com sua incontinência verbal. É óbvio que um militar na ativa não pode impunemente referir-se a um colegiado instituído pelo Governo Federal como "Comissão da Calúnia".

Pior ainda foi ter-se deixado levar pelo exibicionismo pseudo-erudito, aludindo ao pior personagem da História que poderia invocar na defesa da sua causa: Torquemada. Levantou a bola para marcarmos o ponto.

Asnática também foi a escolha do momento para sua provocação.

Depois de ter feito uma concessão indigesta à pressão dos militares, retirando da terceira versão do Programa Nacional dos Direitos Humanos a correta especificação dos crimes a serem investigados, era igualmente óbvio que o Governo não engoliria outro sapo -- ainda mais se viesse na bandeija de um general que está longe de ser uma unanimidade na caserna.

Pelo contrário, o que Maynard Marques ofereceu ao governo foi uma excelente e não desperdiçada oportunidade para mostrar autoridade, apagando a má impressão deixada no episódio anterior.

"Quem é burro, pede a Deus que o mate e ao diabo que o carregue" - costumava citar o Paulo Francis.






*Os dois artigos foram escritos hoje, 10/02/2010, e são de Celso Lungaretti, jornalista, escritor e ex-preso político. Mantém o blog "Náufrago da Utopia", é autor de livro homônimo sobre sua experiência durante a ditadura militar e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"

10 de Fevereiro no Brasil e no mundo

Dicionário da Sônia*




10 de fevereiro

1947 Assinatura em Paris de tratado de paz entre as potências aliadas com a

Itália, Romênia, Bulgária, Hungria, Finlândia, Estônia, Letônia e Lituânia,

incorporadas à URSS.

1951 Lei define o polígono das secas, com área de 936 mil km2.

1965 Governo cancela a concessão da empresa aérea Panair do Brasil.

1971 O procurador Hélio Bicudo faz novas denúncias contra o Esquadrão da

Morte, grupo paramilitar que assassinava civis nas grandes cidades

brasileiras na década de 70.

1976 Zuzu Angel presta depoimento ao historiador Hélio Silva na qualidade

de diretor do Centro de Memória Social Brasileira da Faculdade Cândido

Mendes, sobre a sua peregrinação junto a autoridades militares para ter

notícia de seu filho.

1985 Nelson Mandela, líder do movimento negro sul-africano preso desde

1962, renuncia a liberdade que o governo branco lhe oferece caso abandone a

luta contra o apatheid.

1986 Itália inicia grande processo contra a máfia na Sicília, com 474

acusados.

1995 Mark Nobius, guru dos "mercados emergentes", aos investidores dos EUA:

"No Brasil, eu recomendo a Varig, a Eletrobrás e a Telebrás". Pergunta que

não quer calar: o que aconteceu com a Varig no governo FHC, se nesta época

(2º mês do seu governo), a empresa ia tão bem, a ponto de ser indicada para

investimentos externos?

2006 Tribunal Regional do Trabalho do Pará condena senador João Ribeiro

(PL-TO) pelas condições a que estavam sujeitos os trabalhadores em sua

fazenda, mas baixa a indenização a ser paga de R$ 760 mil para R$ 76 mil.

2007 Relatório da ONU - Organização das Nações Unidas, afirma que a

globalização não gerou crescimento econômico e desenvolvimento dos países,

não reduziu as desigualdades e a pobreza nas últimas décadas, como

prometido.

2008 Itamar Franco: "Acabou-se cometendo até um desatino perante a Justiça

Eleitoral, pois mesmo depois de deixar o cargo de ministro da Fazenda, o

Fernando Henrique era quem assinava as primeiras cédulas de Real. E o mais

grave é que eu fingi que não vi".

2009 Yeda Crusius, governadora do RS (PSDB), fecha as escolas itinerantes

do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), prejudicando cerca de

400 crianças que ficaram sem acesso ao ensino.

2009 Stephen Kanitz, jornalista e escritor, afirma em uma entrevista à

Globo News: "a crise acabou". Não faltou comentarista para contraditá-lo,

mas na época, o Ibovespa estava em 36.000, e quem acreditou ganhou 55% na

Bolsa em apenas 3 meses.

2009 FHC se reúne em São Paulo com parlamentares, para falar da

necessidade de o PSDB lançar o quanto antes o nome do candidato da sigla que

disputará a sucessão presidencial em 2010.

"Os deputados saíram da casa de FHC também com a recomendação de exercerem

mais fortemente a oposição no Congresso em relação a medidas do governo

Lula, incluindo aquelas voltadas para impedir o avanço da crise

internacional". afirma a jornalista Carmen Munari, em reportagem da Reuters.

*Sônia Montenegro mantém o blog "Farmácia de Pensamentos" e é colaboradora do blog "Quem tem medo do Lula?"
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