O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Serra já faz mais sucesso que o casseta Marcelo Madureira


Ao acusar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter transformado o Brasil em uma “república sindicalista”, José Serra optou por agregar a seu modelito eleitoral, definitivamente, o discurso udenista de origem, de forma literal, da maneira como foi concebido pelas elites brasileiras antes do golpe militar de 1964.

Por Leandro Fortes, no blog Brasília, eu Vi


Não deixa de ser curioso ouvir essa expressão, “república sindicalista”, vinda da boca de quem, naquele mesmo ano do golpe, colocava-se ao lado do presidente João Goulart contra os golpistas que se aninhavam nos quartéis com o mesmíssimo pretexto, levantado agora pelo candidato do PSDB, para amedrontar a classe média. Jango, dizia a UDN, macaqueavam os generais, havia feito do Brasil uma “república sindicalista”.

Ao se encarcerar nesse conceito político arcaico, preconceituoso e, sobretudo, falacioso, Serra completou o longo arco de aproximação com a extrema-direita brasileira, iniciado ao lado de Fernando Henrique Cardoso, nos anos 1990. Um casamento celebrado sob as cinzas de seu passado e de sua história, um funeral político que começou a ser conduzido sob a nebulosa aliança de interesses privatistas e conveniências fisiológicas pelo PFL de Antonio Carlos Magalhães, hoje, DEM, de figuras menores, minúsculas, como o vice que lhe enfiaram goela abaixo, o deputado Índio “multa-esmolé” da Costa.

Pior que o conceito, só a audiência especialmente convidada, talvez os amigos que lhe restaram, artistas e intelectuais arrebanhados às pressas para ouvir de Serra seus planos para a cultura brasileira: Carlos Vereza, Rosa Maria Murtinho, Maitê Proença, Zelito Viana, Ferreira Gullar e Marcelo Madureira – este último, raro exemplar de humorista de direita, palestrante eventual do Instituto Millennium, a sociedade acadêmica da neo UDN.

Faltou Regina Duarte, a apavoradinha do Brasil, ausente, talvez, por se sentir bem representada. Diante de tão seleta plateia, talvez porque lhe faltem ideias para o setor, Serra destilou fel puro contra as ações culturais do governo Lula, sobretudo aquelas levadas a cabo pela Petrobras, a mesma empresa que os tucanos um dia pretenderam privatizar com o nome de Petrobrax.

Animado com o discurso de Serra, o humorista Madureira saiu-se com essa: “Quero que o Estado não se meta na cultura e no meu trabalho, como está acontecendo”. Madureira trabalha na TV Globo, no Casseta & Planeta Urgente. Como o Estado está se metendo no trabalho dele, ainda é um mistério para todos nós. Mas, a julgar pela falta de graça absoluta do programa em questão, eu imagino que deva ser uma ação do Ministério da Defesa.

O que José Serra não confessou a seus amigos artistas é que a “república sindicalista” saiu-lhe da boca por despeito e vingança, depois que as maiores centrais sindicais do país (CUT, CGT, CTB, CGTB, Força Sindical e Nova Central) divulgaram um manifesto conjunto no qual acusam o candidato tucano de mentiroso por tentar se apropriar da criação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e por “tirar do papel”, seja lá o que isso signifique, o Seguro-Desemprego.

“Serra não fez nenhuma coisa, nem outra”, esclareceram as centrais. O manifesto também lembra que, na Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988), o então deputado federal José Serra boicotou inúmeros avanços para os trabalhadores e o sindicalismo. Serra votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, a garantia de aumento real do salário mínimo, a estabilidade do dirigente sindical, o direito à greve, entre outras medidas.

Desmascarado, Serra partiu para a tese da “república sindicalista” e, apoiado em apenas uma central que lhe deu acolhida, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), chamou todas as outras de “pelegas” e as acusou de receber dinheiro do governo federal para fazer campanha para a candidata Dilma Rousseff, do PT.

Baseado nesse marketing primário, ditado unicamente pelo desespero, Serra mal tem conseguido manter firmes seus badalados nervos de aço, que logo viram frangalhos quando defrontados por repórteres dispostos a fazer perguntas que lhe são politicamente inconvenientes, sejam os pedágios de São Paulo, seja sua falta de popularidade no Nordeste.

Sem amigos e, ao que parece, sem assessores, Serra continua recorrendo ao tolo expediente de bater boca com os jornalistas. Continua, incrivelmente, a fugir das perguntas com outras perguntas, a construir na internet, nos blogs, no You Tube e nas redes sociais virtuais uma imagem permanente de candidato à deriva, protagonista de vídeos muitíssimo mais divertidos que, por exemplo, as piadas insossas que seu companheiro de artes cômicas, Marcelo Madureira, insiste em contar na televisão.

Vejam antes que o vídeo seja banido do youtube: soldado norte-americano abre o jogo sobre a guerra no Iraque



Ainda há esperança entre os que seguram uma arma numa guerra sem "porquês". Contundentes e verdadeiras as palavras do soldado americano que pensa e sente como ser humano que é.
Ou melhor: pensava e sentia, como ser humano que era. O soldado apareceu morto 2 dias depois do discurso. A autópsia revelou ter sido um ataque cardíaco. Depois de um discurso destes, é difícil acreditar, hein... A menos que o "ataque" tenha sido provocado!

=> Agradeço a nossa colaboradora Sônia Montenegro pelo envio deste importante vídeo-depoimento.

O MEDO DO GOLEIRO DIANTE DA TURBA

Se os Nardoni fossem inocentes, que chance teriam de ser absolvidos após a satanização midiática?

Quando eu estava começando a formar minhas convicções, aos 15 anos, assisti a uma peça de teatro amador sobre Galileu Galilei que trazia, destacada nos cartazes e no programa, uma fala que me marcou para sempre:
“Há um mínimo de dignidade que não se pode negociar. Nem mesmo em troca da liberdade. Nem mesmo em troca do sol”.
Referia-se ao recuo tático do grande físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano, que renegou sua convicção de que o Sol (e não a Terra) era o centro de nosso Universo, para obter a clemência da Inquisição.

Doente e quase cego, o septuagenário Galileu fez esta concessão ao obscurantismo religioso para que sua pena de exílio fosse convertida no que hoje chamamos de prisão domiciliar.

Os homens têm enfrentado, ao longo dos séculos, o dilema moral de escolherem entre o que é certo e o que é conveniente. Às vezes, em situações ainda mais dramáticas, como a que os relatos lendários sobre a Guerra de Tróia atribuem ao rei Agamenon, quando a partida de sua monumental frota estava sendo impedida pela calmaria e um vidente lhe revelou que a deusa Ártemis exigia a vida de sua filha Ifigênia como contrapartida de ventos favoráveis.


Mas, dificilmente as opções negativas são feitas por motivos tão extremos. E, nas situações prosaicas do cotidiano, o ensinamento de Jesus Cristo continua apontando o único caminho verdadeiramente ético: “Que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?” (Mateus, 16:26).


Neste melancólico século 21, pouquíssimos hesitam em trocar a alma por dinheiro, status e poder. O capitalismo, erigindo a privilégio e a ganância em valores supremos da vida social, transforma os homens em fiéis devotos do bezerro de ouro.


A amoralidade virou norma. E existem até os que a justificam com argumentação sofisticada, como os advogados: ao representarem os piores canalhas, eles alegam que assim procedem em nome da democracia, de forma a assegurar o direito a defesa que até os nitidamente culpados têm.


Por coincidência, os piores canalhas tendem a ser os clientes que melhor remuneram os serviços advocatícios. E nunca é lembrado que todo advogado tem o direito de recusar uma causa que repugne à sua consciência, posto que outro advogado a acabará defendendo; em último caso, o juiz designará um defensor de ofício, que atuará por obrigação e não por mercenarismo.


Estas divagações me ocorreram ao ler a rebuscada historinha que os defensores de Bruno Fernandes pretendem apresentar ao tribunal: a de uma armação de Sérgio Rosa Sales para se vingar do goleiro.


Culpado ou não do
presumível assassinato de Eliza Samudio, salta aos olhos que Bruno é um péssimo ser humano.

Mas, se mesmo assim optaram por defendê-lo, por que não o fazem com as alegações corretas?


O certo é que, inexistindo cadáver, a morte de Eliza continuará sendo só uma hipótese.


E é também certo que uma investigação conduzida como um espetáculo circense, com violação sistemática do segredo de justiça, não pode colocar ninguém na prisão.


A impugnação de inquérito franqueado à bisbilhotice pública já deveria ter sido tentada em outros casos, como o recente do Casal Nardoni.


Até quando os advogados coonestarão esses linchamentos legalizados, em vez de arguirem o ponto fundamental de que não se faz justiça passando como um rolo compressor sobre os direitos dos acusados,
POR PIORES QUE ESTES SEJAM?

Se o preço para condenarmos monstros é avalizarmos práticas monstruosas, não vale a pena.


Pois a cumplicidade de policiais e promotores obcecados por holofotes com jornalistas ambiciosos praticamente destruiu a vida dos proprietários da Escola-Base. E os mesmíssimos erros e abusos não deixaram de se repetir a cada episódio rumoroso desde então.


Continuo acreditando que evitar a condenação de inocentes tem precedência sobre evitar a impunidade de culpados.
Por Celso Lungaretti, jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com

PSDB: Quem não tem Hillary, caça com çato

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Confissões de repórter de campanha presidencial

Michael Hastings [1]

Na noite da véspera de começar minha carreira como repórter [da revista Newsweek, EUA] de campanha eleitoral presidencial, em setembro de 2007, acabei de ler The Making of the President de Theodore White, relato clássico da campanha eleitoral de 1960, que inaugurou nova era na reportagem política. O livro começa por um agradecimento: “Em primeiro lugar, aos políticos dos EUA – homens nos quais, ao longo dos anos, descobri os mais inteligentes, os mais gentis e, de modo geral, os mais honrosos companheiros (…). Em segundo, devo agradecer aos meus camaradas da imprensa – cujo trabalho, em todos os planos da política dos EUA, purifica, protege e renova nosso sistema, ano após ano.”

Ok, certo. Mas já lá se vão 48 anos, Sr. White. (...)

Antes da Super Terça-Feira [5/2/2008], fui mandado cobrir a campanha de Hillary, que disputava a indicação pelo Partido Democrata. Àquela altura, apesar das vitórias de Obama na Carolina do Sul e em Iowa, os coordenadores da campanha insistiam em que Hillary ainda teria chances. Então, Hillary ficaria por minha conta. (...)

Eu bem deveria ter previsto que acabaria ali: de pé, num vestiário público com mais de vinte outros jornalistas, assistindo a Eva Longoria, estrela do seriado Desperate Housewives, em circuito interno de TV, ela como apresentadora de um evento de campanha em Austin, Texas. Era dia 3 de março, véspera das primárias no Texas e em Ohio, e a equipe avançada de Hillary meteu a imprensa num banheiro masculino. Três mictórios e uma pia azul. Os repórteres acotovelam-se para abrir espaço para os laptops nas longas mesas de dobradiças, e havia um clima de surpresa, ainda divertida, entre toda “a imprensa”. Um sujeito do Chicago Tribune digitava de frente para um dos mictórios; um cameraman da CNN baixava vídeos. Às tantas, circulou uma “nota para a imprensa”: “Essas acomodações não devem, de modo algum, ser interpretadas como comentário sobre a qualidade da cobertura de mídia que estamos tendo.” (...)

A campanha de Hillary estava me matando. Sentia minha alma morrer mais um pouco a cada pausa para fumar, a cada refeição requentada que metia goela abaixo. E não conseguia parar de comer: por onde Hillary aparecesse, sempre havia comida à vista. Num dia de rotina, fazíamos de três a cinco viagens de avião, e cada vôo, mesmo que durasse apenas alguns minutos, incluía refeição a bordo. As campanhas carregam repórteres sempre (cada repórter é contabilizado ao custo de 1.000 a 3.000 dólares por dia), e o preço inclui alimentação. Então, há comida em todos os aviões e eventos – pizza, sanduíches, cenouras, brócolis, potes de molho, cestas de batatas fritas e salgadinhos e salgadinhos. Eu me sentia meio obrigado a comer todas as porcarias que punham à minha frente, porque, afinal, custavam muito dinheiro. Mas as viagens também davam a sensação de você viver num Gulag sobre rodas. Repórteres que viajam em campanhas eleitorais dependem completamente das campanhas para transporte, comida e cama – porque essa dependência é condição para que você esteja sempre à mão, para o caso de alguém querer lançar uma migalha de entrevista ou algum remotamente intrigante fragmento de informação.

A reportagem política baseia-se num conjunto altamente disfuncional de relações. Você precisa deles e eles precisam de você, mas, de algum modo, eles odeiam você e não confiam em você (e de outro algum modo, você também odeia todos e não confia em ninguém). Na minha experiência, boa parte disso pode ser sublimada, em forma de comida. Coma, encha-se, empanturre-se, porque você não sabe se, amanhã, haverá alguma coisa para você.

Apesar da atitude de sua equipe, Hillary, ela mesma, parecia ok. Era sempre mais gentil e engraçada e humana do que jamais esperei que fosse. Uma vez, sentei-me ao seu lado no avião, ela mastigando cenoura, uns pedacinhos grudados na boca. Tomou um cálice de vinho tinto e brincou: adoraria comer uma boa comida mexicana no Texas, mas teria de ser fresca, autêntica: “Não se pode comer comida mexicana embalada ‘para viagem’”, disse ela. Era como estar em casa de um amigo do ginásio, conversando com a mãe dele, uma mãe meio formal. E, verdade seja dita, jamais havia percebido que é bem alta. Durante anos via-a apanhar em público, às vezes, bater, e agora, lá estava ela, e esperava-se que fosse a próxima presidente. É confuso esse negócio de ser testemunha da história, a história ali, acontecendo à sua volta.

Mas toda a minha boa vontade desapareceu em Youngstown, Ohio. Estávamos num ginásio de esportes de uma escola, e Hillary estava sendo apresentada por Tom Buenbarger, presidente do Sindicato Internacional de Técnicos e Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais. Membros do sindicato, trazidos de ônibus, gritavam e cantavam. Buffenbarger começou com um comentário sobre os apoiadores brancos de Obama. “Estou sabendo dos bebês chorões, que mamam leite, com seus Toyota Prius e sandalinhas Birkenstock para arrecadar dinheiro, reunidos para ouvi-lo falar!” Pensei, huh, acho que é comigo.

Buffenbarger continuou uma conversa em que comparava Obama e Muhammad Ali, o mais conhecido negro norte-americano convertido ao islamismo por influência de Malcolm X. “Mas, irmãos e irmãs”, disse ele. “Não acreditem. Eu vi Ali lutar. Fez gato e sapato de Foreman naquele ring. Teria sido páreo duro para Liston, em qualquer ring. Norton quebrou-lhe o maxilar, e ele continuou na luta. Não se iludam. Barack Obama não é nenhum Muhammad Ali.” Havia denso racismo no comentário. Meu coração acelerou, meus ouvidos começaram a zumbir. Pela primeira vez naquela campanha, senti-me diretamente ultrajado. Será que estou exagerando, que estou interpretando mal? Estou vendo coisas? Não. Quem estivesse naquela sala e visse veria o que ali havia e não havia qualquer coisa diferente, ali, do que o que eu estava vendo.



Depois, as coisas pioraram. O trabalho para mostrar Obama como muçulmano prosseguiu. Apareceu uma foto de Obama vestido como somaliano; foi vazada para o Drudge Report; pouco depois, um assessor de Clinton foi mandado à televisão, para dizer que Obama deveria envergonhar-se de aparecer “em trajes de sua tribo”. Por fim, alguém inventou uma capa de revista, com foto adulterada, em que Clinton discursava, dizendo que todos os honestos trabalhadores brancos dos EUA deveriam votar nela. A campanha degenerou numa série de telefonemas furiosos, entre marketeiros de Obama e Hillary. Eu só pensava em sair daquilo tudo. Queria que Obama elegesse logo os delegados necessários, e acabasse aquela história. Mas Hillary não se via como derrotada, e por mais que a matemática mostrasse que já não havia saída, ela co ntinuava em campanha. Então, continuei a trocar e-mails e telefonemas com sua equipe, tentando cercar um ou outro, para ver se entendia o que estava acontecendo, o que andaria na cabeça de Hillary. Mas já não me interessava entrevistá-la. Não queria que ela pensasse que eu ainda acreditava que ela pudesse vencer. Não queria fingir que estaria entusiasmadíssimo por ser “parte da história”.

Nessas semanas finais, contudo, tive duas conversas que vale a pena contar. Estava conversando com alguém da campanha sobre Bill Clinton e o impacto que tivera na campanha. “Você acha que deveríamos tê-lo mandado à Africa?”, ele perguntou. “Em fevereiro. Você acha que deveríamos tê-lo mandado à África? Discutimos muito sobre isso.”

“Ele teria concordado?” perguntei.

“Nunca. Não iria, de jeito nenhum. Ninguém nem teve coragem de consultá-lo. Mas discutimos muito...”

Soube também que o jogo de cartas preferido de Bill Clinton já não é Hearts. Agora, só joga Oh Hell [aproximadamente “Que se dane...”], jogo de cartas em que todos os jogadores só cuidam dos próprios interesses, embora, como diz a regra “vez ou outra pode acontecer de o jogador perceber que terá mais a ganhar se ajudar outro jogador”. Clinton jogava a dinheiro. O cacife, quase sempre, de 50 dólares. O vencedor podia ganhar 400 dólares. Todos, na campanha, garantiam que teria memória fotográfica, e incrível capacidade para calcular probabilidades, “de cabeça”. Mas, quando se sentia encurralado, diziam, sem saída, sempre tentava algum acordo. “Clinton detesta ser ferrado”, contou-me um de seus parceiros de jogo. “Sempre tenta alguma barganha . Detesta ser ferrado.”

Que se dane.

A história do jogo resume a frustração que Bill e Hillary sentiram e que, de um momento em diante, tornou-se palpável. Por que a mídia nos odeia? Por que, diabos, Obama está crescendo? Por que, diabos, perdemos em Iowa? Por que, diabos, não estamos vencendo?

Quanto a mim, a pergunta era “por que, diabos, estou cobrindo isso?”

Só na noite da primária de Indiana, dia 6 de maio, a campanha afinal convenceu-se de que estava acabado. Sim, venceram em Indiana, mas por pequena diferença. Estávamos no avião, de volta a Washington, e passou por mim um porta-voz de Hillary, Jay Carson. Não conhecia Jay, mas tinha ouvido dizer que Leonardo DiCaprio o encarnaria, como personagem, em filme sobre a campanha de Howard Dean em 2004 – o que é praticamente um elogio, naquele mundo.

Na decolagem, Jay surfou pelo corredor do avião, de pé sobre uma bandeja. Todos foram-se embriagando e melhorando de humor. Comi um Butterfinger Nestlé. Jay começou a falar com jornalistas e, de repente, alguém, da rede ABC, disse “Russert acaba de dizer que o candidato é Obama.”

Não ouvi a resposta de Jay, mas seu rosto, por um instante, mostrou surpresa.

Quando afinal pousamos em Washington, todos os repórteres davam sinais de imenso alívio. Todos tínhamos de pensar sobre a próxima cobertura, mas, pelo menos por algumas horas, estávamos livres. Só faltava saber quando Hillary faria o discurso final, em que reconheceria Obama como candidato. E então, a mais obcecada, a mais incapaz de reconhecer uma evidência dentre todas as mulheres do mundo político marcou um evento de campanha em West Virginia, na manhã seguinte. Significava estar no aeroporto, às 6h da manhã, para embarcar. Eram 3h da manhã. “Mas que porra de ideia é essa?” os repórteres se perguntavam. “Será que ela ainda não sabe que perdeu?” “Ninguém contou a ela?” Peguei minha sacola e fui para casa.

Poucos dias depois, perguntaram-me se me interessava cobrir a campanha de McCain. Talvez devesse ter ido. Seriam só uns poucos meses. E eu estaria praticamente no colo da história. Andaria ao lado de Sarah Palin, teria assistido à absoluta loucura que foi a convenção em St. Paul; ganharia poltrona na fila do gargarejo, para assistir à ridicularização total da imprensa. E acabaria por realmente odiar jornalistas de campanha e suas crenças arrogantes, baseado, eu, desgraçadamente, em acurada leitura do passado e convencido de que eles mentem na nossa cara, e nós engolimos.

Lembro-me de um parágrafo da autobiografia de Bob Novak, The Prince of Darkness: “Aparentemente em pouco tempo, logo chegaria meu 30º aniversário, para obrigar-me a ver, sombriamente, que não passo de um foca.” Bom, pense-se o que se pensar dele, acabou por tornar-se um dos mais influentes jornalistas políticos de seu tempo. Quanto a mim? Como escaparei do destino de foca? Poderia continuar a recolher o material que me mandam recolher, e posso tentar escrever sobre o que vi, de modo a me sentir honesto, já sabendo que tudo será diluído ou cortado. No frigir dos ovos, jamais será a história que eu quereria contar. Trabalhei na campanha de Hillary por quase um ano e, acho, o melhor que tenho a oferecer são algumas histórias sobre Bill Clinton. Mas acho que aprendi tudo o que é preciso saber sobre cobertura de campanhas eleitorais.

Para voltar a Teddy White, devo dizer que a história da qual fui parte jamais teve coisa alguma a ver com purificar, proteger e renovar. Assim sendo, caí fora.

_________________________

O artigo original, em inglês, pode ser lido em: Hack: Confessions of a Presidential Campaign Reporter

Nota de tradução:

[1] Michael Hastings é autor do artigo “The Runaway General”, publicado em Rolling Stone 22/6/2010 (em inglês) e considerado causa de o general McChystal ter sido demitido do comando geral das forças dos EUA e Otan, no Afeganistão. Sobre Hastings, ver “Sobre Michael Hastings e o jornalismo nos EUA” - 30/6/2010, em português/Brasil.

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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA

Agência Assaz Atroz

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Para Pochman (presidente do Ipea), geração de 1,5 milhão de empregos formais sinaliza que o Brasil saiu forte da crise financeira internacional

Foto: Elza Fiúza/Agência BrasilPaís caminha para índice inédito de emprego formal

Por Ana Cláudia Barros, Terra Magazine

O Brasil criou cerca de 1,5 milhão de empregos formais nos primeiros seis meses de 2010. A estimativa é do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que divulga, nesta quinta-feira (15), em Brasília, os números relativos a junho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Na análise do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, o desempenho do primeiro semestre, considerado histórico, sinaliza, em primeiro lugar, que o País conseguiu sair mais forte da crise financeira internacional, que atingiu o mundo entre 2008 e 2009.

- Em segundo lugar, significa que os empregos estão não apenas sendo impulsionados pela capacidade instalada, que havia sido reduzida em função da crise. Mais do que isso: vêm sendo puxados pelos novos investimentos.

Sobre as projeções do ministro Lupi, que espera fechar 2010 com com 2,5 milhões de contratações com carteira assinada, Pochmann considera a estimativa factível.

- Nós trabalhamos na passagem do ano passado para este, com o número de 2 milhões, mas a expectativa de crescimento da economia nacional não era como está agora. Portanto, dada a evolução até o momento, esse novo ritmo, é bastante provável que nós tenhamos um universo de empregos gerados acima de 2 milhões, aproximando-se dos 2,5 milhões.

Mais do que expressivo, segundo o economista, o número é inédito na história do Brasil. Na prática, significa dizer que, a cada dez postos de trabalhos gerados, nove já são formais, conforme explica o presidente do Ipea.

- Desde a introdução da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que não havia se registrado experiência como essa. Isso acontece depois de toda a avalanche de argumentos, nos anos 90, de que o Brasil não geraria empregos com carteira assinada porque a CLT estava ultrapassada e impossibilitava isso.

CPMI está encerrada, mas ruralistas tentam apelar

Da Agência Senado

Estão encerrados os trabalhos da comissão parlamentar mista de inquérito criada para investigar denúncias de irregularidades em convênios e contratos firmados entre a União e entidades ligadas à reforma agrária. Essa é a avaliação do relator da CPMI, deputado Jilmar Tatto (PT-SP). Porém, no entendimento do vice-presidente da CPMI, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), se até a meia-noite desta quarta-feira (14) não forem retiradas assinaturas de requerimento lido na sessão do Senado, prorrogando os trabalhos da comissão, ela estará automaticamente prorrogada.

No início da sessão do Senado desta quarta, o senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA) solicitou a leitura do requerimento assinado por 176 deputados e 37 senadores pedindo a prorrogação dos trabalhos da CPMI do MST por mais 180 dias. Presidindo a sessão, o senador Mão Santa (PMDB-PI) leu e deferiu a proposta. Em nome da liderança do PT, o senador Eduardo Suplicy (SP) recorreu da decisão à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

Enquanto no Plenário do Senado Mão Santa e Eduardo Suplicy apresentavam seus argumentos pela legalidade ou não da prorrogação automática dos trabalhos da CPMI, na sala 2 da Ala Nilo Coelho o senador Almeida Lima (PMDB-SE), presidente da CPMI do MST, aguardava completar o quórum necessário para o início da reunião marcada para discutir e posteriormente deliberar sobre o relatório final da comissão apresentado na sessão anterior pelo relator Jilmar Tatto.

- Aguardei os 30 minutos regulamentares e depois dei uma tolerância de mais 15 minutos. Como não houve o número legal, nem abri a sessão. O encerramento dos trabalhos da CPMI está previsto para o dia 17. Do ponto de vista regimental é possível convocar uma reunião até lá, mas dificilmente haveria quórum - afirmou Almeida Lima após desistir de aguardar o quórum mínimo para o início da reunião.

O senador por Sergipe disse que não foi comunicado oficialmente do requerimento propondo a prorrogação da CPMI, mas foi informado do assunto por Onyx Lorenzoni. Almeida Lima não quis posicionar-se sobre a necessidade de os trabalhos da comissão serem ou não prorrogados. Porém, ele avaliou que, se isso não ocorrer, será necessário analisar o que poderá ser feito para a comissão não encerrar suas atividades sem ter um relatório final aprovado.

Por sua vez, Jilmar Tatto responsabilizou a oposição pelo fato de a CPMI estar encerrando seus trabalhos sem ter o relatório aprovado. Ele argumentou que os parlamentares da oposição se esforçaram para criar a comissão, mas, depois que ela foi instalada, boicotaram suas atividades. No seu entendimento, a CPMI foi apenas uma manobra política para tentar atingir o governo federal.

Onyx Lorenzonni responsabilizou o governo Luiz Inácio Lula da Silva por ter "manietado e abafado" os trabalhos da CPMI do MST. Se for confirmada a prorrogação dos trabalhos até o dia 13 de janeiro, ele acredita que a comissão terá condições de provar que o governo utilizou dinheiro público para financiar ações do MST. Para o vice-presidente da comissão, as investigações não foram feitas porque o governo impediu a quebra de sigilos fiscais, bancários e telefônicos dos supostamente envolvidos em irregularidades.

Violência e criminalização
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