O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Presidente, carta para o senhor - Utilidade Pública


Presidente, carta para o senhor


Do blog do Planalto, em 06/01/2010

Morador do Recife, um adolescente aflito conta que a mãe irá jogar álcool no corpo e atear fogo. O relato chega em forma de correspondência às mãos de Cláudio Soares Rocha, da Diretoria de Documentação Histórica da Presidência da República. A data estava marcada para aquela tarde. Sem muito tempo, Cláudio pega o telefone e dispara algumas ligações para autoridades na capital pernambucana. A mãe é localizada nas imediações de uma agência bancária. Com a casa da família levada a leilão, a drástica decisão foi abortada. Semanas depois, o filho escreve novamente agradecendo pela ação.


Esse é um dos muitos exemplos guardados por Cláudio Soares, que analisa todas as correspondências enviadas ao presidente Lula, que trazem casos dramáticos como o do adolescente de Recife e muitos outros. Ele lembra, por exemplo, de um menino que necessitava de transplante de coração no interior de Minas Gerais. A família havia conseguido todo o aparato médico e hospitalar, além do doador, mas precisava ser removido para Belo Horizonte. O final da história narrado em carta foi a sucesso da cirurgia. O remetente da carta conseguiu de Cláudio que um helicóptero fizesse o transporte até a capital mineira, onde a cirurgia aconteceu.


SERVIÇO:


As correspondências podem ser encaminhadas para o endereço:


Palácio do Planalto
Praça dos Três Poderes
Brasília -- DF
CEP 70.150-900


Ou, se preferir, no www.presidencia.gov.br
Acesse o ícone Fale com o Presidente


Outro caso que chamou atenção foi o de uma idosa que recorreu à equipe para solucionar um problema burocrático. Hoje, é amiga íntima de Cláudio. Mas nem tudo são flores. Ele lembra que um morador de Brasília, diante da negativa de ser atendido, se deslocou à repartição. Houve discussão e, por intervenção dos seguranças, o cidadão foi retirado do local. Um belo dia próximo ao Palácio da Justiça, na Esplanada dos Ministérios, os caminhos dos dois se cruzaram. Cláudio foi reconhecido e saiu em retirada diante do enfurecido missiva que partiu para uma agressão física. “Saí com o carro cantando os pneus”, revela.


Todos os dias o setor recebe 250 cartas e 250 e-mails que são todos encaminhados ao Presidente da República. A maioria das correspondências refere-se a pedidos. De dinheiro a emprego, passando por máquinas para confecções. O volume amplia-se quando o presidente visita uma cidade. “Às vezes, os auxiliares retornam com 300 correspondências”, diz Cláudio.


Em conversa com o Blog do Planalto, Cláudio contou que 98% das correspondências são respondidas. Aquelas que não retornam aos autores se enquadram na falta de endereço do remetente ou até mesmo porque não merecem ser respondidas. No final do ano, por sugestão dele, o presidente encaminhou cartões de Natal a cidadãos. Cláudio revela que Lula se emocionou em São Paulo quando foi surpreendido por um catador de material reciclável que lhe agradeceu a correspondência.








Segundo Cláudio, um fato que pode ser constatado na correspondência recebida é que a população hoje reconhece a projeção do Brasil no exterior. As cartas e e-mails traduzem o sentimento dos cidadãos ao verem que o País ocupa um local de destaque no cenário internacional. “Isso se dá principalmente depois da decisão do COI [Comitê Olímpico Internacional] de escolher o Rio como sede dos Jogos Olímpicos de 2016″, explica.


O trabalho não está restrito às correspondências. A equipe cuida também dos presentes que são entregues a Lula nas viagens nacionais e internacionais. O material ficará num acervo que contará parte significativa da história dos oito anos do governo.


Leia também uma interessante reportagem publicada em 2003 pela Revista Istoé sobre o mesmo assunto.

O Sentido Político do Caso Battisti


O Sentido Político do Caso Battisti


Por Carlos Alberto Lungarzo

Entre os que apóiam a liberdade de Battisti e os que promovem seu linchamento, há um grande grupo que duvida. A diferença entre linchadores e indecisos aparece quando se fala no modo de punição. Pessoas desorientadas, porém sensíveis, sentem horror de que alguém possa estar preso a vida toda num sistema que o levará à loucura ou a suicídio.


Entretanto, os que não têm oportunidade nem tempo para acompanhar os detalhes, acham difícil acreditar que um país europeu lance uma acusação sem fundamento. Alguns, nem conseguem admitir que a Suprema Corte de nosso país possa estar complicada num assunto ilegítimo.


Em alguns setores, a indignação italiana tem produzido o efeito oposto. Muitos se assustaram quando ouviram as ameaças de crises diplomáticas, retaliações econômicas e desportivas e até de guerra (como as proferidas pelo exaltado Franco Maccari, secretário geral do sindicato de policiais COISP). Tudo isso por um crime comum? Não são poucos os que perceberam que ninguém faria um escândalo tão ridículo, cheio de pieguice e xingamentos chulos, se tivesse argumentos bons.


Quero enfatizar, para os que duvidam sobre a inocência de Battisti, o caráter POLÍTICO do seu julgamento. Não descarto a existência adicional de outro tipo de interesses, como rancores e vaidades coletivas, catástrofes de psicologia social como sede de sangue, sentimento imperialista frustrado e patologias sociais das mais variadas, mas o aspecto político é fundamental.


Há um indício que mostra claramente o objetivo político desta farsa: nunca nenhum setor da direita se preocupou em tentar refutar ou desmentir as afirmações de que não existem provas contra Battisti.


Isto é muito importante, e se vocês revisam os comentários dos jornais, revistas e TV deste último ano, poderão ver que quase nenhum “linchador” se dá ao trabalho de polemizar contra os que afirmamos a falta total de provas e testemunhos. Eles se limitam a ironizar, acusar de cumplicidade, e montar um circo romano contra os que ofendem as instituições italianas. Nem mesmo mencionam duas ou três “provas” (reais ou não) para, pelo menos, simular que acreditam que Battisti é culpado. Vejamos alguns casos desta ostentação de desinteresse.


(1) No relatório do STF, seu autor descreve os quatro assessinatos na forma grotesca de um filme policial de péssima qualidade. Aí, Battisti é descrito como um insano sanguinário, que se disfarça com barba, peruca, jaqueta de camurça, sapatos de salto e mata pelas costas enquanto namora. Mas o relator não se importa em convencer, pois nem toma o cuidado básico de eliminar contradições óbvias: armas, número de tiros, cor de cabelos, e até os atores dos crimes, aparecem de maneira incompatível em diversos trechos do relatório.


(2) No Senado, Eduardo Suplicy analisou com enorme paciência e energia, não uma, mas pelo menos cinco vezes, todas as matérias que Fred Vargas e eu publicamos (em separado) sobre a falta de base das acusações contra Cesare. Seus colegas do PSDB e, sobretudo, do DEM ou ignoravam, ou riam, ou liam, mas nunca refutavam nada. Os que com mais sanha acusam a Battisti de “assassino”, nunca se levantaram e disseram: “Não é assim como você fala. Têm testemunhas, sim, que são Luigi, Pietro, Gianni, etc... ”. Eles poderiam, pelo menos, fingir que acreditam na culpa do refugiado, decorando alguns nomes que aparecem nos documentos jurídicos italianos.


(3) Itália negou à defesa a entrega dos autos onde haveria pretensas “perícias”. A negativa é natural, pois essas perícias devem ser pura fantasia. Quando os amigos de Battisti exigiram do STF que pedissem essas provas a Itália, porque não poderia negá-las a um poder público, Peluso disse que o Tribunal não as precisava.


(4) Quando Fred Vargas leu suas 13 perguntas, e pediu ao relator que conseguisse os documentos e dados que ele tinha sonegado ou distorcido em seu relatório, este respondeu que não era assunto do Brasil o julgamento italiano.


(5) Os jornalistas mais famosos nunca tocam no assunto. Quando, raramente, respondem uma pergunta de um leitor questionador, ficam furiosos: “é um assassino, foi dito pelos italianos, os franceses e agora pelo STF, e ainda você duvida!”. Também, advogados da polícia e dos militares, e defensores de porta de cadeia oferecem as mesmas razões.


(6) Em novembro, um blog da Veja reagiu às reiteradas denúncias de Suplicy, declarando que existiam testemunhas sim, e uma era o filho de Torregiani. O blogueiro nem sabia que Alberto Torregiani, depois de mudar durante décadas, segundo as pressões da Promotoria, “estacionou” numa opinião coerente há mais de cinco anos: Battisti não estava no cenário de morte de seu pai, embora continue dizendo que ele é o assassino.


(7) Tampouco os juízes se interessam pela autoria dos crimes. Entre os inimigos fanáticos de Battisti há um ex-desembargador muito experiente em máfia italiana e colombiana. Seria a pessoa ideal para oferecer provas, ou, então, refutar nossas afirmações de que não há provas. Mas ele se limita a xingamentos políticos: repete dúzias de vezes que os revolucionários da época eram apenas bandidos, e que esquerdistas decentes são os que pedem a cabeça de Battisti.


(8) Quando o ministro Marco Aurélio mostrou que os únicos argumentos contra Cesare vinham de delatores e que os delitos eram qualificados como políticos pela própria Itália, alguns magistrados ignoraram. Na sessão seguinte, alguém disse que “não estamos julgando o mérito”. Ou seja, se Battisti matou ou não, tanto faz.


Bom, devemos fazer esta pergunta: “Se um cara foi condenado a 4 prisões perpétuas por 4 homicídios, por que não têm importância se ele foi ou não o assassino?”.


A resposta é simples: porque o objetivo da extradição brasileira e da condenação italiana é político (além dos componentes psicológicos, como “vendetta”).


Battisti, como milhões de jovens (talvez com métodos errados) ergueu-se contra a opressão das elites. Ele não é diferente de um resistente brasileiro, argentino, uruguaio ou chileno, mesmo que a Itália fosse uma democracia, nem de um “Sem Terra” ou um bolivariano.


Então, tanto a Itália como a cúpula do STF e a direita brasileira querem fazer de Battisti um exemplo para espalhar o terror de estado. “Este é um esquerdista: não importa se matou ou não. Mas, ele servirá de exemplo para que aprendam os outros”. Aliás, se Cesare é inocente dos assassinatos, será ainda melhor para os julgadores. Porque, nesse caso, eles deixam perceber ao público de que o estão punindo por sua ideologia. Punir a ideologia é a forma mais atroz do terror de estado, pois significa que nem o pensamento foge à barbárie daqueles algozes. Sem afirmá-lo de maneira direta, o que daria muito escândalo, o STF deixa uma dica muito clara: “Se você ou matou ou não matou, não estamos nem aí. Você vai a apanhar a vida inteira porque pensa e fala contra nós”.


No Brasil e na Itália as motivações são políticas, mas há algumas diferenças regionais. No Brasil, punir Battisti significa um enorme grito de atenção para todos os “subversivos”. Os que admiram presidente índios na Bolívia e no Equador, que apóiam o freio à mídia golpista na Venezuela, lutam pela terra, denunciam o trabalho escravo e os genocídios dos ruralistas, põem em evidência o aparelhamento militar do estado, todos esses são os Battistis do futuro.


Carlos Alberto Lungarzo é escritor, autor do livro "Os Cenários Invisíveis do Caso Battisti". Para fazer o download de um resumo do livro, disponibilizado pelo próprio autor, clique aqui. É membro da Anistia Internacional e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"

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