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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Haiti existe?


Quem abraçará o exemplo da dra. Zilda Arns, de ensinar o povo a ser sujeito multiplicador e emancipador de sua própria história?


Por Frei Betto*, no site "América Latina em Movimento"

Interessados em exibir na Europa uma coleção de animais exóticos, no início do século XIX, dois franceses, os irmãos Edouard e Jules Verreaux, viajaram à África do Sul. A fotografia ainda não havia sido inventada, e a única maneira de saciar a curiosidade do público era, além do desenho e da pintura, a taxidermia, empalhar animais mortos, ou levá-los vivos aos zoológicos.


No museu da família Verreaux os visitantes apreciavam girafas, elefantes, macacos e rinocerontes. Para ela, não poderia faltar um negro. Os irmãos aplicaram a taxidermia ao cadáver de um e o expuseram, de pé, numa vitrine de Paris; tinha uma lança numa das mãos e um escudo na outra.


Ao falir o museu, os Verreaux venderam a coleção. Francesc Darder, veterinário catalão, primeiro diretor do zoológico de Barcelona, arrematou parte do acervo, incluído o africano. Em 1916, abriu seu próprio museu em Banyoles, na Espanha.


Em 1991, o médico haitiano Alphonse Arcelin visitou o Museu Darder. O negro reconheceu o negro. Pela primeira vez, aquele morto mereceu compaixão. Indignado, Arcelin pôs a boca no mundo, às vésperas da abertura dos Jogos Olímpicos de Barcelona. Conclamou os países africanos a sabotarem o evento. O próprio Comitê Olímpico interveio para que o cadáver fosse retirado do museu.


Terminadas as Olimpíadas, a população de Banyoles voltou ao tema. Muitos insistiam que a cidade não deveria abrir mão de uma tradicional peça de seu patrimônio cultural. Arcelin mobilizou governos de países africanos, a Organização para a Unidade Africana, e até Kofi Annam, então secretário-geral da ONU. Vendo-se em palpos de aranha, o governo Aznar decidiu devolver o morto à sua terra de origem. O negro foi descatalogado como peça de museu e, enfim, reconhecido em sua condição humana. Mereceu enterro condigno em Botswana.


Em meus tempos de revista "Realidade", nos anos 60, escandalizou o Brasil a reportagem de capa que trazia, como título, "O Piauí existe." Foi uma forma de chamar a atenção dos brasileiros para o mais pobre estado do Brasil, ignorado pelo poder e pela opinião públicos.


O terremoto que arruinou o Haiti nos induz à pergunta: o Haiti existe? Hoje, sim. Mas, e antes de ser arruinado pelo terremoto? Quem se importava com a miséria daquele país? Quem se perguntava por que o Brasil enviou para lá tropas a pedido da ONU? E agora, será que a catástrofe - a mais terrível que presencio ao longo da vida - é mera culpa dos desarranjos da natureza? Ou de Deus, que se mantém silencioso frente ao drama de milhares de mortos, feridos e desamparados?


Colonizado por espanhóis e franceses, o Haiti conquistou sua independência em 1804, o que lhe custou um duro castigo: os escravagistas europeus e estadunidenses o mantiveram sob bloqueio comercial durante 60 anos.


Na segunda metade do século XIX e início do XX, o Haiti teve 20 governantes, dos quais 16 foram depostos ou assassinados.


De 1915 a 1934 os EUA ocuparam o Haiti. Em 1957, o médico François Duvalier, conhecido como Papa Doc, elegeu-se presidente, instalou uma cruel ditadura apoiada pelos tonton macoutes (bichos-papões) e pelos EUA. A partir de 1964, tornou-se presidente vitalício... Ao morrer em 1971, foi sucedido por seu filho Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, que governou até 1986, quando se refugiou na França.


O Haiti foi invadido pela França em 1869; pela Espanha em 1871; pela Inglaterra em 1877; pelos EUA em 1914 e em 1915, permanecendo até 1934; pelos EUA, de novo, em 1969.


As primeiras eleições democráticas ocorreram em 1990; elegeu-se o padre Jean-Bertrand Aristide, cujo governo foi decepcionante. Deposto em 1991 pelos militares, refugiou-se nos EUA. Retornou ao poder em 1994 e, em 2004, acusado de corrupção e conivência com Washington, exilou-se na África do Sul. Embora presidido hoje por René Préval, o Haiti é mantido sob intervenção da ONU e agora ocupado, de fato, por tropas usamericanas.


Para o Ocidente "civilizado e cristão", o Haiti sempre foi um negro inerte na vitrine, empalhado em sua própria miséria. Por isso, a mídia do branco exibe, pela primeira vez, os corpos destroçados pelo terremoto. Ninguém viu, por TV ou fotos, algo semelhante na Nova Orleans destruída pelo furacão ou no Iraque atingido pelas bombas. Nem mesmo após a passagem do tsunami na Indonésia.


Agora, o Haiti pesa em nossa consciência, fere nossa sensibilidade, arranca-nos lágrimas de compaixão, desafia a nossa impotência. Porque sabemos que se arruinou, não apenas por causa do terremoto, mas sobretudo pelo descaso de nossa dessolidariedade.


Outros países sofrem abalos sísmicos e nem por isso destroços e vítimas são tantos. Ao Haiti enviamos "missões de paz", tropas de intervenção, ajudas humanitárias; jamais projetos de desenvolvimento sustentável.


Findas as ações emergenciais, quem haverá de reconhecer o Haiti como nação soberana, independente, com direito à sua autodeterminação? Quem abraçará o exemplo da dra. Zilda Arns, de ensinar o povo a ser sujeito multiplicador e emancipador de sua própria história?


*Frei Betto é escritor, autor de “Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco), entre outros livros.

No dia 1º de Fevereiro de 1942 morria Olga Benário

Dicionário da Sônia*


1º de Fevereiro


1942 Morte: Olga Benário Prestes, em campo de concentração, a revolucionária alemã mulher de Luis Carlos Prestes.


1960 Norte-americanos queimam 11.500 toneladas de cana de açúcar na província de Matanzas, em Cuba.


1968 Guerra EUA x Vietnã: divulgação de foto do assassinato de um norte-vietnamita à sangue frio, por um soldado, choca o mundo e expõe a aventura dos EUA na Ásia.






1969  Edição do AI-6 modifica a estrutura do Supremo Tribunal Federal e transfere para a Justiça Militar os crimes contra a segurança nacional.


1995  Com o apoio de FHC, o deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) é eleito presidente da Câmara e figura fundamental da ampla base parlamentar do governo. A emenda constitucional 001/95 é a da reeleição.


1995  Congresso deixa para FHC o incômodo de vetar o aumento do salário mínimo e conceder anistia ao Senador Humberto Lucena, acusado de uso particular dos serviços da gráfica do Senado, absolvido por seus pares. FHC vetou apenas o salário mínimo. Lucena foi perdoado.


1995  Gustavo Franco, presidente do Banco Central, afirma que o câmbio, principal tema econômico do momento (paridade do Real com o Dólar), não muda com ele.


1995  Luis Eduardo Magalhães (PFL-BA), filho de ACM, assume a presidência da Câmara com 80% de apoio do plenário.


1995  Nepotismo no governo FHC: D. Ruth Cardoso preside o conselho do programa Comunidade Solidária, a filha Luciana a secretaria particular, o genro David Zylberstein é diretor-geral da ANP e a filha Beatriz é lotada na área de educação.


2003  José Sarney assume a presidência do Senado, e recebe ofício por escrito, parabenizando pela recondução ao cargo do então diretor-geral Agaciel Maia. Entre eles, os senadores Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM) e o primo de Agaciel, José Agripino Maia (DEM-RN), exatamente os que lideraram o movimento de defenestrá-lo em 2009.


2003  Explosão do ônibus espacial Columbia, matando os sete tripulantes norte-americanos.


2006  Agencia Reuters obtém junto a PF uma cópia do documento contendo informações de suposto esquema de caixa 2 para 156 políticos da base aliada do então presidente FHC, comandado a partir da estatal Furnas Centrais Elétricas. Foram repassados R$ 7 milhões a José Serra, candidato à presidência, R$ 9,3 milhões a Geraldo Alckmin, candidato ao governo de SP e R$ 5,5 milhões a Aécio Neves, candidato ao governo de MG.


2006  EUA financiaram 41 organizações terroristas contra Cuba.


2007  Estudantes da UNE (União Nacional dos Estudantes), tomam posse solene do terreno da sede da entidade no Flamengo (RJ), tomada no tempo da ditadura, onde construirão nova sede, com projeto doado por Oscar Niemeyer.


2007  Hugo Chávez, presidente da Venezuela, anuncia sua decisão de estatizar os campos petrolíferos na Bacia do Oricoco, a partir de 1º de maio.


2008  STJ - Superior Tribunal de Justiça nega pedido da empresária Eliana Tranchesi, sócia da butique Daslu, de exclusão de seu nome pelo crime de formação de quadrilha no processo que responde na Justiça Federal de SP, deflagrado pela Operação Narciso da PF.


2008  Cecília Mello, desembargadora da 3ª Região do TRF-SP, concede a Daniel Dantas liminar contra a acusação de espionagem no chamado “caso Kroll”.


*Sônia Montenegro mantém o blog "Farmácia de pensamentos" e é colaboradora do blog "Quem tem medo do Lula?".

Israel admite uso do fósforo branco contra civis


Ataque à agência da ONU com arma química é caso de punição disciplinar?


Por Celso Lungaretti


Deu na BBC Brasil: Israel pune oficiais por uso de fósforo branco durante ofensiva em Gaza.






Como tardia e insuficiente satisfação à opinião pública internacional, o Exército de Israel comunicou à Organização das Nações Unidas haver aplicado punição disciplinar a um general de brigada e um comandente de divisão por terem "arriscado vidas humanas" ao autorizarem a utilização de armamentos com fósforo branco no bombardeio do bairro de Tel El Hawa.


O episódio se deu em 15/01/2009, durante os massacres israelenses na Faixa de Gaza -- aquela campanha singular na história militar, que terminou com 1.434 palestinos mortos e apenas 13 baixas do lado dos agressores....

Eis os trechos mais significativos do despacho da agência noticiosa britânica:






"É a primeira vez que Israel admite a utilização de fósforo branco, armamento proibido pelas leis internacionais, contra civis na Faixa de Gaza.

"É a primeira vez que o Exército israelense anuncia a punição de comandantes militares por atos cometidos durante a ofensiva.

"Antes do envio do documento à ONU, a versão do Exército israelense era de que o fósforo branco teria sido utilizado apenas para fins de 'dificultar a visibilidade das tropas pelo inimigo' e não diretamente contra civis.

"O armamento, que cria uma especie de 'cortina de fumaça', é altamente perigoso quando atinge pessoas pois gera queimaduras profundas.

"No caso mencionado no relatório do Exército israelense, projéteis com fósforo branco atingiram a sede da Agencia de Refugiados da ONU (UNRWA) na cidade de Gaza, deixando vários civis feridos e provocando um incêndio no local".


Salta aos olhos que punições disciplinares são simplesmente risíveis face à gravidade do crime cometido pelos militares israelenses, além de deixarem a impressão (para não dizermos certeza) de que tudo não passa da velha artimanha de tapar o sol com a peneira, produzindo dois bodes expiatórios para levarem a culpa de decisões que envolveram toda a cadeia de comando.


Alguma resposta Israel tinha de dar à acusação frontal do Relatório Goldstone. Deu essa. E seus porta-vozes militares correram a trombetear que "o documento enviado à ONU demonstra que o Exército israelense não tem o que esconder".

Para os leitores entenderem ainda melhor o tema em pauta, eis alguns trechos do artigo que escrevi no final de setembro, quando a lebre foi levantada: Investigadores da ONU concluem: Israel massacrou civis em Gaza:


"Os genocídios e atrocidades perpetrados por Israel durante sua campanha de intimidação dos palestinos em dezembro/2008 e janeiro/2009 foram veementemente condenados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, em relatório [recém] divulgado.

"Segundo o documento, a ofensiva de Israel foi direcionada contra 'o povo de Gaza em conjunto', configurando 'uma política de castigo'.

"Mais: 'Israel não adotou as precauções requeridas pelo direito internacional para limitar o número de civis mortos ou feridos nem os danos materiais'.

"Portanto, o estado judeu 'cometeu crimes de guerra e, possivelmente, contra a humanidade'.

"A missão recomendou à Assembleia Geral da ONU que promova uma discussão urgente sobre o emprego do fósforo branco, que foi usado indiscriminadamente pelos israelenses contra a população civil de Gaza. A utilização militar do fósforo branco é proibida tanto pela Convenção de Genebra quanto pela Convenção de Armas Químicas".


Aliás, seria educativo indagarmos ao Exército israelense se o general de brigada e o comandante de divisão, únicos culpados, fabricaram pessoalmente os armamentos com fósforo branco, que jamais deveriam estar disponíveis no arsenal de uma nação civilizada.


Celso Lungaretti é jornalista, escritor e ex-preso político. Mantém o blog "Náufrago da Utopia", é autor de livro homônimo sobre sua experiência durante a ditadura militar e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"

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