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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”
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domingo, 20 de junho de 2010
Futebol e esquizofrenia


Em determinado momento o repórter foi ouvir um indiano torcendo pela Argentina e dizendo que tinha ”ódio do Brasil”, pois “se ama a Argentina tinha que ter ódio do Brasil”. Mas o pior da história foi que o indiano não apareceu falando, sendo apenas “traduzido” pelo repórter.
Ficou claro que os “patriotas” da TV Globo aproveitaram o embalo para envenenar, ou seja, colocar o tema não como uma rivalidade normal de disputa futebolística, mas jogar um país contra o outro, como fazem ao longo dos anos. Na prática essa gente joga contra a integração latino-americana, que tem como ponto relevante a aproximação brasileiro-argentina.
A mídia conservadora preferiu ignorar que a seleção argentina ao se despedir dos torcedores numa apresentação em Buenos Aires ergueu uma faixa informando que os jogadores apoiavam a indicação das Avós da Praça de Maio para o Prêmio Nobel da Paz. Ou seja, a seleção comandada por Maradona deu toda força a um grupo de senhoras mobilizadas desde 1977 para cobrar o desaparecimento político de netos e filhos durante a ditadura. Já imaginaram uma seleção brasileira defendendo direitos humanos erguendo uma faixa o que faria a mídia conservadora?
O aprofundamento do tema futebol e tentativas de manipulação da opinião pública são necessários sobretudo agora que em 2014 o Brasil sediará a próxima Copa do Mundo. Ou seja, muita grana vai rolar e corre-se o risco de as obras necessárias para a realização da Copa e dois anos depois as Olimpíadas não serem revertidas posteriormente para o benefício da população, aliás, como aconteceu com os Jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro, onde, por sinal, t

Na verdade, daqui para frente, mesmo depois da Copa do Mundo, os brasileiros vão respirar futebol e o esquema conservador de sempre vai reforçar a manipulação da informação. É só acompanhar o que acontece com uma visão minimamente crítica.
Na área da sucessão presidencial, vale o registro de dois fatos. O primeiro envolvendo o tucano Fernando Henrique Cardoso, que de tão queimado que está nem apareceu presencialmente na convenção do PSDB que oficializou a candidatura José Serra, mas só numa tela com uma mensagem ao estilo senso comum que caracteriza o ex-presidente que fez tudo para sucatear o Brasil inteiro, não apenas as estatais. O segundo, a candidata Marina Silva.
Cardoso investiu furiosamente, em uma entrevista no jornal espanhol El País contra a política externa do governo Lula, sobretudo em relação à aproximação com Cuba e a tentativa brasileira e turca para uma distensão nas relações do Irã com o Ocidente, o que foi impedido pelo governo estadunidense de Barack Obama, na voz de Hillary Clinton, a secretária de Estado vinculada ao complexo industrial militar, que não esconde, agora via governo Benyamin Netanyanhu de Israel, o desejo de bombear o Irã. Cardoso está também furioso com o fato de o governo Lula não se alinhar automaticamente com os Estados Unidos, como aconteceu nos oito anos que esteve a frente do Executivo nacional.
Marina Silva, uma verde meio desbotada, porque quer todos os setores políticos de mãos juntas administrando o Brasil, não separando o joio do trigo, deu uma grande escorregada no Roda Viva, programa de entrevistas da TV Cultura e com transmissão nacional pela TV Brasil. Em certa altura, Marina disse que “graças a Constituição de 1988 o Estado brasileiro é laico”.
Como a senadora é formada em História, a escorregada é ainda pior, pois o Estado e a Igreja são separados no Brasil desde a primeira Constituição da República, em 24 de fevereiro 1891. O mais estranho é que nenhum dos entrevistadores deu uma palavra sobre o fato. Imaginem se em algum momento o Presidente Lula falasse algo dessa natureza o que aconteceria em matéria de contestação dos colunistas amestrados?
*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, mora no Rio de Janeiro e é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de S. Paulo e editor de Internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato. É autor, dentre outros livros, de “América que não está na mídia” e “Dossiê Tim Lopes – Fantástico / Ibope”. É colunista do site “Direto da Redação” e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”
Aposentadoria é coisa de vagabundo


Que beleza de argumento, até eu, sem maiores informações, poderia ser convencido. Há mesmo muitos trabalhadores franceses batendo palmas e dizendo - « é isso mesmo, é lógico, vivemos mais, temos de trabalhar mais ».
Mas calma, devagar com o andor, e toda aquela história, livros, artigos, conversa na tevê, na mídia, de que no futuro todos iam trabalhar menos com o desenvolvimento do lazer, viagens, coçação de saco, passeios, turismo ? Zebrou ? Onde é que eu perdi o fio dessa história ? pois eu achava que a redução das horas de trabalho na França para 35 semanais era justamente o começo dessa nova vida para os trabalhadores.
Ainda há alguns anos, quando a esperança de vida de um francês era de 65 anos, um metalúrgico, por exemplo, só teria 5 anos para gozar a vida, embora muitos já tivessem reumatismo, diabete, distúrbios vasculares e nem pudessem dar uma passada na Geni por impotência. Como o salário

A ilusão era a de que os filhos, esses sim, iriam aproveitar – menos horas de trabalho e mais lazer. E agora, antes de morrer, a desilusão – os filhos vão ter de ficar mais cinco anos na fábrica, no comércio, no trabalho.
E tem mais, a história de que o lazer para todos seria nosso futuro se baseava também no advento das novas tecnologias, na robotização de muitos trabalhos pesados e rotineiros. A máquina a serviço do homem, era o que se dizia. E quem acreditou se ralou. A robotização nas fábricas deu demissões e a máquina ficou a serviço do capital e contra o homem. Terceirização, robotização, globalização, a massa operária não irá mais ao paraíso porém ao inferno do desemprego e dos salários vis.
Essa história de aumento da idade para a aposentadoria tem outro ângulo geralmente esquecido – na teoria, diz-se que vivendo-se mais é normal se trabalhar mais, porém, quem ultrapassa os cinquenta anos, se perder o emprego já não acha outro. Ou seja, para as empresas quem tem 50 anos já não presta para o trabalho porque ficou velho; para os governos e fundos de pensões quem vive oitenta ou mais tem saúde e condições para trabalhar até os 65, 65 e 70 anos.
E é aí que os governos e fundos de pensões podem economizar e bastante – o empregado perde o emprêgo aos 55 ou 60 anos, passa a viver dois ou três anos com seguro desemprego, fica na miséria, deixa de contribuir para a caixa de pensões e não tem patrão também contribuindo. Quando chegar aos 67 ou 70 (como queria um ministro suíço e onde muitos países vão tentar chegar), sua média salarial já foi reduzida ao mínimo e terá uma aposentadoria de miséria.

Esta realidade de que idoso não acha emprego é simplesmente escamoteada pelas argumentações em favor do aumento da idade da aposentadoria. Resultado – criou-se nos anos 70 e 80, a esperança de um mundo robotizado, com 35 horas semanais, trabalho a domicílio, férias mais longas e, de repente, a especulação financeira, o grande capital assume o comando e decreta – sociedade do lazer ? O que é isso ? Vamos todos trabalhar e quem não conseguir segurar seu emprego depois dos 60 que monte uma barraquinha.
O capital financeiro perdeu os tubos, os países estão endividados, um socialista é que dirige o FMI, não tem mais moleza não minha gente, acabou o sonho. Robô, que não precisa de descanso semanal, nem férias e se contenta com uma corrente elétrica e um pouco de óleo, vai ter melhor tratamento que operário humano.
*Rui Martins é jornalista. Foi correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. É autor do livro “O Dinheiro Sujo da Corrupção”, criador dos "Brasileirinhos Apátridas" e da proposta de um Estado dos Emigrantes. É colunista do site "Direto da Redação" e vive em Berna, na Suíça, de onde colabora com os jornais portugueses Público e Expresso, e com o blog "Quem tem medo do Lula?"
Sem saída, José?


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