O discurso dos surdos
Por José Ribamar Bessa Freire (*)

Ao Jau, que ficou de fora e à Teca, que me colocou por dentro
Eles não sabem o que é a música da chuva no telhado, nunca adormeceram embalados por ela. Nunca ouviram, na hora da fome, o chiado do bife na frigideira. Desconhecem o latido do cachorro, o miado do gato, a buzina do carro, a voz das pessoas. É que eles não ouvem os sons cotidianos e triviais que os outros ouvem, nem mesmo aquilo que os outros falam. Por isso, muitas vezes, são discriminados e excluídos.
Na luta pela inclusão, eles conquistam, agora, o diploma de professor conferido pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em solenidade realizada nessa segunda-feira, 21 de fevereiro, em Manaus. É a primeira vez, na América Latina, que uma universidade oferece um curso prioritariamente a alunos surdos. A Licenciatura em Letras-Libras, organizada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é ministrada para 500 alunos em parceria com oito instituições públicas de ensino superior do Ceará, Bahia, Brasília, Santa Maria (RS), Goiás, São Paulo e Amazonas.