O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

Clique na imagem abaixo e conheça o "Quem tem medo da democracia?" - sucessor deste blog

Clique na imagem abaixo e conheça o "Quem tem medo da democracia?" - sucessor deste blog
Peço que, quem queira continuar acompanhando o meu trabalho, siga o novo blog.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Escravas sexuais no Iraque e no Afeganistão: o novo escândalo norte-americano


Matéria reproduzida do Instituto Humanitas Unisinus

Uma menina iraquiana de 12 anos é obrigada a se prostituir nos subsolos de Bagdá, enquanto os guardas privados norte-americanos fazem uma coleta de poucos dólares e fazem fila. As moças são recrutadas no Leste Europeu com a promessa de um trabalho como doméstica em Dubai e depois dali são desviadas e segregadas ao coração do Iraque. As garçonetes dos restaurantes chineses de Kabul, por trás das luzes vermelhas, escondem o segredo que todos conhecem.

A reportagem é de Angelo Aquaro, publicada no jornal La Repubblica, 19-07-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O último horror das "guerras gêmeas" que Barack Obama herdou de George W. Bush tem o rosto das mulheres exploradas em nome daquele outro ídolo que divide o altar com o dinheiro: o sexo. Mas oito anos depois do início da guerra contra o terror, o balanço dessa batalha é ainda mais magro: zero a zero. As ordens do presidente eram retumbantes como as proclamações da vitória que não chegava.

É severamente proibido que os contratantes ou funcionários do governo se tornem responsáveis pelo tráfico sexual nas zonas de guerra. Qualquer um que se torne responsável pelo tráfico sexual será suspenso do cargo. Quem for surpreendido em tráfico sexual será denunciado às autoridades. Os resultados? "Não há nenhum processo aberto", diz a ex-detetive do Human Rights Watch, Martina Venderberg. "Enfim, não há vontade de fazer com que se respeite a lei".

A vergonha foi descoberta por uma investigação do Center for Public Integrity, publicada neste domingo pelo Washington Post. E os contratantes da ex-Blackwater acabaram sob acusação: o grupo privado já tristemente famoso pelos massacres de civis no Iraque. A empresa goza de uma fama tão ruim que, para voltar a trabalhar hoje, mudou de marca e se chama Xe Service.

Um ex-guarda conta que não quer revelar o nome por medo de represálias: "Eu mesmo vi guardas mais velhos recolherem dinheiro, enquanto moças iraquianas, dentre as quais meninas de 12 e 13 anos, se prostituíam". O guarda diz também que denunciou tudo ao seu superior, mas que "nenhum procedimento foi tomado: me entristece só de falar nisso".

De fato, quem não se entristece é a porta-voz da ex-Blackwater, Stacy De Luke, que, no Washington Post, nega "com força essas acusações anônimas e sem provas: a política da empresa proíbe o tráfico humano". Claro.

O caso das trabalhadores do leste que pensam em voar para Dubai e acabam no Iraque foi descoberto por uma jornalista freelancer. Aqui, a organização era muito mais acurada. Um verdadeiro tráfico organizado por subcontratantes que trabalham para o Exército e para o Exchange Service da Aeronáutica: nome que deveria indicar o escritório que se ocupa de organizar o serviço de restaurantes, mas que evidentemente também se ocupa de outras coisas. Assim que aterrizam, as pobrezinhas são privadas do passaporte. Há também um preço para o resgate: 1.100 dólares. Uma quantia enorme, visto que se prostituem por poucos dólares.

A fábrica do sexo é ainda mais sólida no Afeganistão. Lá, há quatro anos, uma centena de chinesas foram libertadas em uma série de blitzes que, ao invés do Talibã, atingiram os bordéis. Mas o tráfico continuou. Com a "aquisição" de uma mulher por 20 mil dólares, um empresário do ArmorGroup, a empresa que, até pouco tempo atrás, se ocupava da segurança da embaixada norte-americana em Kabul, se orgulhava de poder organizar um tráfico rentável. A investigação que iniciou rapidamente chegou ao altos níveis do FBI. Mas parou por aqui.

Os federais defendem que não tiveram meios suficientes. Nas zonas de guerra, enfileiraram-se cerca de 40 agentes, mas eles já têm muito a fazer ao se ocupar de fraudes e corrupção. Mas os ativistas dos direitos humanos têm uma outra explicação: a verdade é que as autoridades preferem fechar um olho. Diz Christopher H. Smith, deputado e autor de uma lei antitráfico, para a crônica republicana: como é possível tolerar que essa gente possa explorar as mulheres com o dinheiro que nós pagamos? Eis uma outra herança da qual Obama deverá se ocupar.

Charge: Carlos Latuff

=> Recebi a sugestão de matéria do nosso colaborador Laerte Braga.

O estaleiro e a insânia - Crime sócio/ambiental em Santa Catarina

Melancolicamente, ao final do governo que mais fez pela preservação da qualidade de vida do povo brasileiro, se está ameaçando com a perpetração do que será o maior crime sócio/ambiental da história do Brasil, depois da invasão amazônica dos anos 70, durante a ditadura militar.

E o mais lamentável é que se o faz com o apoio e o aval de importantes nomes e cargos deste governo que muito fez por merecer um desfecho mais memorável e sem a mancha de ser aquele onde se iniciou a degradação humana e paisagística de um dos mais belos e internacionalmente valorizados pontos turísticos do país, composto por uma de suas sociedades de mais singulares características.

Um crime estúpido e desnecessário, por meras exigências de máxima lucratividade com o mínimo investimento do homem mais rico do país. Crime cometido através do ludibrio de uma população tímida e ingênua e da compra de abjetos políticos prostitutos sem o mínimo pudor de se reafirmarem como tal na lembrança de todos, brasileiros e estrangeiros, que um dia tenham conhecido e admirado a bela Ilha de Santa Catarina e suas cercanias.

Raul Longo.


O ESTALEIRO E A INSÂNIA

Por Edison Jardim

O empresário Eike Batista, que a imprensa noticia ser a pessoa mais rica do Brasil, e a revista norte-americana Forbes colocou, em seu ranking mundial de fortunas de 2.010, como ocupando a oitava posição, com um patrimônio estimado em US$ 27 bilhões, almeja construir, por intermédio da empresa OSX- o braço naval do seu conglomerado-, um mega estaleiro no município de Biguaçu, na grande Florianópolis, ao custo previsto de R$ 2,5 bilhões. Luiz Henrique da Silveira, que, como governador do Estado, revelou-se um “intelectual” sem nenhuma percepção e sensibilidade para a questão ambiental, prometeu-lhe vida fácil. Afinal, já havia reduzido a Fatma, o órgão encarregado dos licenciamentos ambientais do governo do Estado, a um mero escritório “carimbador” dos interesses dos empresários poderosos. Isso ficou muito claro desde a denominada: “Operação Moeda Verde”, deflagrada pela Polícia Federal no dia 03/05/07, com a prisão de influentes empresários, políticos e agentes públicos, inclusive da Fatma e da Floram, este o órgão ambiental de Florianópolis.

A Fatma se arvorava no direito de “cuidar” sozinha do processo de licenciamento ambiental do estaleiro. O estaleiro seria o galinheiro... O Ministério Público Federal em Santa Catarina, conhecendo a história da Fatma na defesa do meio ambiente catarinense, e respaldado na legislação vigente, ameaçou interpor as competentes medidas judiciais para garantir a participação dos órgãos ambientais federais no licenciamento do estaleiro, afinal, a navegação dos navios seria realizada num corredor de reservas federais. Sem moral para bater o pé, a Fatma perdeu a parada, embora continuando no circuito.

Recentemente, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade- ICMBio, órgão federal criado pela Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2..007, tendo procedido à análise do Estudo de Impacto Ambiental- EIA, apresentado pela OSX, tornou público alentado parecer redigido por cinco dos seus técnicos, cuja conclusão está vazada nestes termos peremptórios: “Considerando a incidência de impactos permanentes, negativos, de alto risco e irreversíveis para os ecossistemas costeiros e a biota da ESEC Carijós, APA do Anhatomirim e REBIO Arvoredo, incluindo a população de golfinhos-cinza, assim como para as atividades de maricultura, pesca e extrativismo no caso da APA do Anhatomirim e RESEX Pirajubaé, a equipe técnica integrante conclui pela inviabilidade ambiental do empreendimento para a alternativa locacional proposta. Portanto, recomendamos que o ICMBio não conceda a autorização requerida.” As abreviaturas acima têm os seguintes significados: ESEC é Estação Ecológica; APA é Área de Proteção Ambiental; REBIO é Reserva Biológica; e RESEX é Reserva Extrativista.

O risco ao meio ambiente é tão grande que o professor Paulo César Simões Lopes, reputado cientista de zoologia aquática, contratado pela OSX para elaborar os documentos legais de impacto ambiental, concluiu o seu parecer da seguinte forma: “Sugere-se, fortemente, a recolocação do empreendimento para outra área, onde já existam complexos portuários fora de baías ou enseadas, de maneira que os efeitos nocivos não sejam potencializados como ocorre nas áreas internas”; recomendando, por fim, àquela empresa que “não aceite” bancar “o risco do passivo ambiental”.

O parecer técnico do ICMBio não é contra o empreendimento em si, mas defende com veemência, como visto, que ele seja realocado em uma outra área de Santa Catarina, dentre as três apontadas pelo próprio EIA apresentado pela OSX. Esta empresa recorreu para o Ministério do Meio Ambiente, em Brasília, ameaçando com a possibilidade de construir o estaleiro no Estado do Rio de Janeiro.

Seguiu-se uma mobilização maior ainda dos aliados de sempre: a classe política- o empresário Eike Batista já deve estar providenciando as devidas contribuições financeiras para as campanhas eleitorais- e as entidades associativas do empresariado, dentre as quais a Fiesc, Acif e Sinduscon- cada uma pensando somente nos rentáveis negócios futuros das empresas que representam.

Quando não devemos calar

Guardei esse texto do nosso grande arquiteto Oscar Niemeyer, e nesses
tempos de baixaria de campanha, qdo o candidato a vice da chapa tucana faz
uma acusação absurda, que já havia acontecido na campanha de 2002 e
requentada em 2005, pretendendo ligar o PT ao narcotráfico, lembrei-me dele
que aproveito para enviar agora.



Vale lembrar que por causa dessa denúncia, Serra teve que ceder ao Lula
direito de resposta em seu horário de propaganda eleitoral gratuita.



Sonia Montenegro.











Quando não devemos calar

OSCAR NIEMEYER Na Folha de São Paulo 16/3/08, o arquiteto mais jovem do
Brasil.




--------------------------------------------------------------------------------

No momento em que toda a América Latina se une contra as ameaças do
imperialismo dos EUA, a Colômbia resolve invadir território do Equador


--------------------------------------------------------------------------------

QUANDO OCORREU a invasão do Equador pela Colômbia, no dia 1º do mês
corrente, que resultou na morte de 20 combatentes e de um dos principais
líderes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Raúl Reyes,
escrevi um texto, revoltado com o que havia acontecido.

Infelizmente, o texto que redigi não chegou aos jornais antes da solução
adotada graças à pronta e corajosa intervenção dos governos
latino-americanos, que deram ao mundo uma demonstração de unidade e força em
defesa de sua soberania nacional.

Como eu não me limitava a comentar as notícias sobre as Farc que surgiam nos
jornais, mas mencionava fatos ou contatos que tive com aquele grupo, tomei a
decisão de divulgar o artigo que havia elaborado e agora transcrevo:

"É bom, quando nos vemos diante da necessidade de escrever sobre qualquer
assunto, verificarmos que a seu respeito já nos tínhamos manifestado
anteriormente, que a nossa reação não surge de um fato novo ocorrido, mas de
qualquer coisa que já nos tinha ocupado e sobre ela havíamos assumido uma
posição definida.

Refiro-me ao que vem se passando com as Farc, um grupo de revolucionários
que, instalados no território da Colômbia, vem-se opondo há décadas ao
governo reacionário ainda existente naquele país.

É importante aqui registrar, aos que insistem em falar da violência dos
revoltosos das Farc, a opinião do historiador britânico Eric Hobsbawm
("Globalização, democracia e terrorismo", Companhia das Letras): o combate
ao terrorismo, ao longo dos últimos anos, por parte das autoridades
colombianas, tem superado, em muito, a violência política desses
guerrilheiros.
Lembro-me do emissário desse grupo que, muitos anos atrás, me procurou em
meu escritório de Copacabana, pedindo-me que desenhasse um cartaz contra o
Plano Colômbia, que, organizado pelo governo norte-americano, visava
intervir nas Farc, ferindo a soberania do país.

Recordo a maneira emocionada como aquele emissário me falava do assunto, da
revolta que exibia ao comentar a violência com que o governo colombiano
tentava destruí-los. Em poucos dias, desenhei o cartaz que ele havia me
pedido - um protesto contra aquele plano odioso.

Uma colaboração política que muito me agradou, ao saber ter sido aquele
cartaz utilizado até na Europa.
O tempo correu e, sem possuir a força para eliminar o movimento político já
instalado no país, o governo reacionário de Bogotá passou a acusar a direção
das Farc de ser conivente com o narcotráfico em crescente expansão na
Colômbia.


Agora, no momento em que toda a América Latina se une contra as ameaças do
imperialismo norte-americano, é que, numa atitude de violência e desrespeito
inexplicável, o governo da Colômbia resolve invadir o território do Equador,
comprometendo a unidade com que a América Latina tão bem vem se organizando
contra todas essas pressões vindas dos Estados Unidos.


Com sensatez e firmeza, o governo brasileiro, por meio de seu ministro das
Relações Exteriores, Celso Amorim, reclamou uma palavra de desculpa por
parte do presidente colombiano, Álvaro Uribe. E de Hugo Chávez, presidente
da Venezuela, veio a resposta direta e corajosa que a esquerda
latino-americana esperava.


Sabemos muito bem que os Estados Unidos têm a ambição de se apossar das
riquezas existentes na Amazônia e que o governo da Colômbia se presta a
servir de ponta-de-lança para essa finalidade.
"Mas agrada-nos, principalmente, constatar a maneira altiva e vigorosa com
que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem atuando frente aos problemas
desta América Latina tão vulnerável e ofendida".


--------------------------------------------------------------------------------

OSCAR NIEMEYER , 100, arquiteto, é um dos criadores de Brasília (DF). Tem
obras edificadas na Alemanha, na Argélia, nos EUA, na França, em Israel, na
Itália e em Portugal, entre outros países.

SERRA ADOTA DISCURSO DA DIREITA MAIS RETRÓGRADA E GOLPISTA

Professor Olavo de Carvalho tem um novo discípulo...

Os dois jornalões paulistas, inimigos históricos hoje irmanados nas cruzadas reacionárias, manchetearam, eufóricos, a reação do presidenciável José Serra às críticas que cidadãos equilibrados de vários partidos fizeram às declarações destrambelhadas e abestalhadas do seu vice Índio da Costa contra Dilma Rousseff e o PT.

O Estado de S.Paulo
: 'Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc', diz Serra

Folha de S.Paulo: "Serra sai em apoio ao vice e aponta ligação de PT e Farc

Eias o que declarou Serra em Belo Horizonte:
"A ligação do PT é com as Farc. Isso todo mundo sabe, tem muitas reportagens, tem muita coisa. Apenas isso. Agora, as Farc são uma força ligada ao narcotráfico, isso não significa que o PT faça o narcotráfico".
O próprio Índio da Costa, devidamente adestrado pelos caras pálidas, também recuou da acusação que nenhum demotucano pode provar, refugiando-se no abrigo seguro das insinuações:
"PT não faz narcotráfico. As Farc, sim".
Interessante o Serra repetir o todo mundo sabe da frase indefensável do seu vice que deflagrou esta polêmica ("Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ao narcotráfico, ao que há de pior").

Todo mundo sabe, p. ex., que ele é um ex-presidente da UNE e teve de fugir do Brasil para não ser encarcerado pela ditadura militar.

Todo mundo sabe, também, que ele deveu sua liberdade e talvez sua vida às gestões solidárias de companheiros de vários países, quando prisioneiro de Pinochet.

E daí? Hoje o Serra coloca a tropa de choque da PM no campus da USP e nega solidariedade a Cesare Battisti.

Então, a insistência do antigo Zorro e do certamente Tonto num tema tão ao gosto do alarmista/fantasista Olavo de Carvalho e dos sites neointegralistas faz temer o pior.

Esta campanha presidencial começa a assumir os contornos de uma briga de foice no escuro, com tentativas desesperadas das aves de mau agouro e dos sempre demoníacos, no sentido de gerarem, artificialmente, um clima similar ao de 1964.

Com a única diferença de que as fileiras obscurantistas foram quantitativamente reforçadas pela adesão de José Serra.

Mas, para quem dá mais valor à qualidade e à integridade, não houve prejuízo nenhum.





Por Celso Lungaretti, jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com

"A Encol foi sequestrada"

O empresário Pedro Paulo de Souza rompe 11 anos de silêncio e lança um livro com sua versão da falência da maior construtora do Brasil

Por Guilherme Queiroz, na Isto é Dinheiro - 19/07/2010

O engenheiro capixaba Pedro Paulo de Souza costuma contar que ergueu o maior império da construção civil brasileira do século 20 a partir de meio Fusca. Item único nas posses da Encol em 1961, o carro popular daria origem a um patrimônio de US$ 1,2 bilhão no apogeu da empresa, em valores de 1994. Considerada um exemplo de companhia moderna e arrojada, a Encol vendia apartamentos como água.

Para fechar negócio, seus corretores aceitavam até produtos e bens diversos como parte dos pagamentos. As receitas dos lançamentos bancavam as construções vendidas anteriormente, até que um dia as fontes financeiras secaram e a Encol protagonizou a quebra mais dramática vivida por uma grande empresa brasileira até então.

Ao ter a falência decretada, em 1999, a companhia goiana deixou como legado 710 esqueletos de concreto espalhados pelo Brasil, 23 mil funcionários desempregados e 42 mil clientes sem dinheiro e sem os imóveis que haviam comprado. Entrou para a história como uma empresa mal administrada, adepta de práticas fraudulentas de gestão e de relações promíscuas com o poder público. Recluso nos últimos 11 anos, Souza agora emerge para narrar a sua versão dos fatos.

No livro Encol O sequestro: tudo o que você não sabia (Bremen, 351 páginas), o empresário reescreve os capítulos finais da companhia e atribui sua falência a uma intrincada trama urdida por diretores do Banco do Brasil na ocasião e avalizada pelo então secretário-geral da Presidência da República do governo Fernando Henrique Cardoso, Eduardo Jorge Caldas Pereira. Agora tenho como provar o que aconteceu.

Quero que vejam as provas. A empresa faliu e eu não sabia por quê, disse Souza à DINHEIRO no lançamento do livro, na quinta-feira 14, em Goiânia. Durante oito anos, ele juntou relatos e documentos que revelariam uma artimanha para sequestrar a companhia. Segundo ele, o arquiteto do plano foi o então diretor de crédito do BB, Edson Soares Ferreira, que é apresentado no livro como homem de confiança de Caldas Pereira.

O dono da Encol sustenta que procurou o secretário-geral da Presidência, no início de 1994, para interceder a favor de um empréstimo no BB, no que teria sido o início do longo processo de sangria nas finanças da Encol.

Na versão do construtor, durante os dois anos que antecederam a intervenção na empresa, a diretoria do BB o manipulou, sabotou financiamentos do BNDES e do Itaú e orquestrou a saída do Banco Pactual do processo de reestruturação do grupo. "A diretoria do banco queria ficar com a empresa", diz ele.

Um empréstimo de R$ 600 milhões junto a um pool de bancos, coordenado pelo BB, teria sido inviabilizado pelos diretores da instituição quando eles elevaram para R$ 1,8 bilhão o valor estimado como necessário para salvar a empresa. As últimas 80 páginas do livro reproduzem os documentos que comprovariam essa versão.

Uma carta sigilosa do então presidente do conselho fiscal, Ely Kaufman, ao presidente do banco, Andrea Calabi, em março de 1999, revela o sumiço de um cofre do conselho fiscal do BB. Nele, haveria documentos sigilosos que, segundo Souza, provariam que a Encol tinha capacidade financeira em 1995 e não teria quebrado se não fosse a ação do banco.

Ouvidos pela DINHEIRO, os ex-executivos do BB contestam a versão do sequestro da Encol. Calabi e Ferreira não confirmam o sumiço do cofre. Não tenho lembrança disso agora. Era um episódio cheio de acusações recíprocas. Coisas desse tipo seriam encaminhadas para a área jurídica, diz Calabi, que assumiu o banco em 1999. Edson Soares Ferreira refuta as acusações.

A Encol não submergiu em função de nenhum plano maquiavélico. Ela sofreu da incapacidade de sobreviver em uma economia estabilizada, afirma. Caldas Pereira, ex-secretário de FHC, também desmente a versão do complô. Ele já fez essas acusações ao Ministério Público, que investigou e nunca achou evidência alguma de que isso era verdadeiro. A Encol era uma bicicleta e parou de funcionar, afirmou à DINHEIRO.

O empresário falido escolheu a data de seu 74º aniversário para lançar o livro num luxuoso hotel de Goiânia. Ele diz que tira seu sustento de serviços de consultoria para meia dúzia de empresas de construção sediadas em cidades como Cuiabá, Ribeirão Preto e Goiânia.

Com todo o patrimônio perdido na falência da Encol, Souza mora num apartamento de classe média no bairro Setor Oeste da capital goiana, que aluga por R$ 650 de uma velha senhora. E diz que voltou a frequentar bons restaurantes. Vaidoso, ainda pinta o cabelo de acaju, como nos tempos gloriosos da Encol.


A diretoria do banco queria ficar com a Encol

Qual seria a motivação dos diretores de um banco para sequestrar uma empresa? Pedro Paulo de Souza, ex-dono da Encol, acusa ex-executivos do Banco do Brasil de elaborar um plano para ficar com a maior construtora de imóveis do Brasil. Ele falou à DINHEIRO:

Por que decidiu escrever o livro?
Logo depois de ser preso (em 1999, durante 59 dias), estive no Congresso e ouvi uma declaração do Jair Bilachi (ex-presidente da Previ) dizendo que o Banco do Brasil havia retirado o Banco Pactual da recuperação da Encol. Aí percebi o que estava acontecendo.

O sr. não poderia simplesmente ter encerrado a negociação com o Banco do Brasil?
Poderia, mas só depois da falência é que eu soube o que tinha acontecido. Se tivesse procurado um banco privado, a Encol não teria falido. Os que procurei foram corretos comigo. Fiquei imobilizado pela direção do Banco do Brasil.

Por que o sr. diz que a empresa foi sequestrada?
Foi pelo fato de o Banco do Brasil me retirar da presidência da empresa. Primeiro solicitaram que eu caucionasse minhas ações por cinco anos, com a justificativa de resolver o problema. A diretoria do banco queria ficar com a Encol.

O sr. pretende apresentar os documentos à Justiça?
Vamos preparar uma ação contra o Banco do Brasil e os diretores que prejudicaram a Encol.

Fonte: http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/19/a-encol-foi-sequestrada

Serra diz que Índio está certo, que o PT tem ligação com narcotraficantes, porém, na boca do pessoal do PSDB, o PT não vende droga das Farc

.



Leia edição completa do Brasília Confidencial na nossa Redação

____________

Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

.

PressAA

.
Creative Commons License
Cite a fonte. Todo o nosso conteúdo próprio está sob a Licença Creative Commons.

Arquivo do blog

Contato

Sugestões podem ser enviadas para: quemtemmedodolula@hotmail.com
diHITT - Notícias Paperblog :Os melhores artigos dos blogs