
Anistia Internacional (USA) – 2152711
Se eu não conhecesse bem o caso Battisti e, além disso, acreditasse na boa fé da grande mídia, pensaria que os inimigos do escritor italiano estão sendo muito generosos. Com efeito, será verdade que ele matou apenas quatro pessoas? Vocês pensarão por que me faço uma pergunta tão idiota. O motivo de minha curiosidade é o seguinte: Itália é um tradicional país cristão, onde até há pouco tempo as famílias tinham muitos filhos. Aliás, conservadores piedosos e crédulos aceitam todos os filhos que “Deus manda”. Durante as décadas de 20, 30 e parte de 40, o aumento de número das famílias foi estimulado com recomendações, prêmios, medalhas e elogios. O Duce Benito Mussolini distribuía pessoalmente honrarias entre as famílias mais férteis, e os parabenizava por produzir mais soldados para a glória do Fascio, já que a Pátria precisava matar muitos albaneses, ciganos, negros e outros monstruos.
Apesar de tudo isso, porém, será que apenas quatro pessoas (ou seja, os quatro mortos que a Itália pretende atribuir a Battisti) podem ter tantos familiares???
Com efeito, parece praticamente infinito o número de familiares das vítimas que aparecem em todos os contextos italianos da vendetta anti-Battisti: nos discursos de políticos, magistrados e policiais, na mídia, nas sociedades de vítimas, etc. Esses familiares de vítimas se consideram também eles vítimas e, de fato, alguns deles são. Alberto Torregiani, por exemplo, foi atingido por uma bala durante o tiroteio entre seu pai e membros dos PAC. Os outros podem considerar-se vítimas emocionais, pois perderam seus seres queridos.