Quando este artigo estava sendo elaborado veio a informação do Cairo sobre a proibição do canal da Al Jazeera de atuar no Egito. Coisas de uma ditadura. Resta saber se as entidades internacionais que se consideram defensoras da liberdade de imprensa vão protestar. E o que dirão os governos ocidentais?
Por Mario Augusto Jakobskind (*)
Enquanto sobe o tom da voz rouca nas ruas da Tunísia, do Egito, do Iêmen, da Argélia, do Marrocos e da Jordânia, em Israel, o país considerado pelo senso comum com uma democracia, nestes dias ocorreu a criação de uma comissão especial para investigar as atividades de cidadãos e grupos de esquerda.
No mais puro macarthismo, a extrema direita israelense, estimulada pelo Ministro do Exterior Avigdor Lieberman, uma figura nefasta e fascista, está vomitando ódio não apenas contra os palestinos, mas também contra israelenses de esquerda que, envergonhados, denunciam uma série de violações dos direitos humanos cometidas contra os palestinos. Os extremistas guiados por Lieberman acusam de “financiados por terroristas” os grupos progressistas israelenses que denunciam a ação do Exército nos territórios palestinos.
A mesma extrema direita israelense mais uma vez utilizou-se do Holocausto, lembrado no Dia 27 de janeiro, para aparecer como vítima. De fato são seis milhões de judeus assassinados pelo nazismo na II Guerra, juntamente com outros segmentos como ciganos, eslavos, comunistas, socialistas, homossexuais, seres humanos com problemas mentais etc.
Realmente, o Holocausto ser lembrado por extremistas como Lieberman, Benyamin Netanyahu e outros do gênero, é não apenas uma hipocrisia, como até mesmo ofensivo às próprias vítimas da bestialidade nazifascista do século passado. Exatamente porque, segundo denúncias dos próprios israelenses, estão vestindo a camisa do opressor de ontem, os nazistas.
Quem imaginava que isso pertencia ao passado, engana-se. Lieberman e Netanyahu são exemplos concretos de que o ideário extremista continua vivo. O Ministro do Exterior de Israel, egresso da extinta União Soviética, pregou em várias ocasiões uma solução final contra os palestinos e manifesta claramente ódio aos árabes. .
Quem veste a camisa do racismo não tem condições morais de falar em Holocausto, no caso de Lieberman & Netanyahu, aproveitando o sentimento de repulsa da humanidade pela barbárie da II Guerra Mundial para usá-la em proveito de uma ideologia que prega também o ódio e a exclusão do outro.
Imbuída pelo sentimento de repulsa pelo que o governo Netanyahu continua a fazer com os palestinos, inclusive os residentes no território israelense, considerados pelas autoridades sionistas na prática como cidadãos de segunda classe, a esquerda israelense não se cala, exatamente para mostrar ao mundo que há repúdio interno em relação às atrocidades contra os palestinos.
A resposta foi dada pelo Parlamento, onde a direita tem maioria e, como afirma o jornalista israelense Gideon Levy, do jornal Haaretz, “o que este governo está fazendo ruborizaria até (Joseph) McCarthy”, o senador estadunidense que promoveu uma caça às bruxas nos anos 50.
Como temas desta natureza dificilmente são apresentados nos jornalões e telejornalões, não só do Brasil como pelo mundo afora, é necessário que a opinião pública seja informada do que está acontecendo em Israel e nos territórios palestinos, isso para evitar que o atual governo extremista de Netanyahu &Lieberman e outros do gênero continue levando adiante na prática a eliminação do outro, ou seja, do povo palestino. O jornal Brasil de Fato foi o único por estas bandas a informar a vergonhosa caça às bruxas.
Por sinal, mais dois países da América Latina, o Paraguai e o Peru, acabaram de reconhecer o país Palestina com as fronteiras de 1967, somando-se ao Brasil, Argentina, Uruguai, Equador, Bolívia etc. Os respectivos governos, alguns não de esquerda, não se dobraram as pressões do lobby sionista.
Enquanto isso, depois dos tunisinos terem mandado para o lixo o ditador-ladrão Ben Ali, os egípcios estão dando o claro recado de que não suportam mais Hosny Mubarak e o seu regime corrupto e autoritário, que além de governar o país com mão de ferro há mais de 30 anos é o principal responsável pelo arrocho salarial, pobreza e desemprego, para não falar da subserviência aos Estados Unidos, que banca o governo com uma polpuda mesada de 1,3 bilhões de dólares anuais para se alinhar a Washington.
A voz rouca das ruas no Egito e Tunísia é clara: chega de ditaduras, de submissão ao Fundo Monetário Internacional, que em 2007, juntamente com o Fórum Econômico Mundial para a África, considerava o país do ex-ditador Ben Ali o mais competitivo do continente, mais inclusive do que a África do Sul. E tudo isso com a chancela dos sucessivos governos estadunidenses nos últimos 30 anos.
Embora os povos tenham perdido o medor da violenta repressão há também o perigo dos ditadores abandonarem o cargo, mas o regime continuar o mesmo, havendo apenas uma troca do seis pelo meia dúzia. Daí Mubarak nomear pela primeira vez em 32 anos um vice, o chefe da inteligência, Omar Suleiman. Pode ser até que esteja preparando o terreno para cair fora e deixar em seu lugar alguém que mantenha o mesmo esquema de dominação que levou os jovens a ir para as ruas protestar e pedir o fim do regime chancelado pelo Ocidente.
Quando este artigo estava sendo elaborado veio a informação do Cairo sobre a proibição do canal da Al Jazeera de atuar no Egito. Coisas de uma ditadura. Resta saber se as entidades internacionais que se consideram defensoras da liberdade de imprensa vão protestar. E o que dirão os governos ocidentais?
*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, mora no Rio de Janeiro e é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de S. Paulo e editor de Internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato. É autor, dentre outros livros, de “América que não está na mídia” e “Dossiê Tim Lopes – Fantástico / Ibope”. É colunista do site “Direto da Redação” e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.
=> Artigo publicado originalmente no site "Direto da Redação".
No mais puro macarthismo, a extrema direita israelense, estimulada pelo Ministro do Exterior Avigdor Lieberman, uma figura nefasta e fascista, está vomitando ódio não apenas contra os palestinos, mas também contra israelenses de esquerda que, envergonhados, denunciam uma série de violações dos direitos humanos cometidas contra os palestinos. Os extremistas guiados por Lieberman acusam de “financiados por terroristas” os grupos progressistas israelenses que denunciam a ação do Exército nos territórios palestinos.
A mesma extrema direita israelense mais uma vez utilizou-se do Holocausto, lembrado no Dia 27 de janeiro, para aparecer como vítima. De fato são seis milhões de judeus assassinados pelo nazismo na II Guerra, juntamente com outros segmentos como ciganos, eslavos, comunistas, socialistas, homossexuais, seres humanos com problemas mentais etc.
Realmente, o Holocausto ser lembrado por extremistas como Lieberman, Benyamin Netanyahu e outros do gênero, é não apenas uma hipocrisia, como até mesmo ofensivo às próprias vítimas da bestialidade nazifascista do século passado. Exatamente porque, segundo denúncias dos próprios israelenses, estão vestindo a camisa do opressor de ontem, os nazistas.
Quem imaginava que isso pertencia ao passado, engana-se. Lieberman e Netanyahu são exemplos concretos de que o ideário extremista continua vivo. O Ministro do Exterior de Israel, egresso da extinta União Soviética, pregou em várias ocasiões uma solução final contra os palestinos e manifesta claramente ódio aos árabes. .
Quem veste a camisa do racismo não tem condições morais de falar em Holocausto, no caso de Lieberman & Netanyahu, aproveitando o sentimento de repulsa da humanidade pela barbárie da II Guerra Mundial para usá-la em proveito de uma ideologia que prega também o ódio e a exclusão do outro.
Imbuída pelo sentimento de repulsa pelo que o governo Netanyahu continua a fazer com os palestinos, inclusive os residentes no território israelense, considerados pelas autoridades sionistas na prática como cidadãos de segunda classe, a esquerda israelense não se cala, exatamente para mostrar ao mundo que há repúdio interno em relação às atrocidades contra os palestinos.
A resposta foi dada pelo Parlamento, onde a direita tem maioria e, como afirma o jornalista israelense Gideon Levy, do jornal Haaretz, “o que este governo está fazendo ruborizaria até (Joseph) McCarthy”, o senador estadunidense que promoveu uma caça às bruxas nos anos 50.
Como temas desta natureza dificilmente são apresentados nos jornalões e telejornalões, não só do Brasil como pelo mundo afora, é necessário que a opinião pública seja informada do que está acontecendo em Israel e nos territórios palestinos, isso para evitar que o atual governo extremista de Netanyahu &Lieberman e outros do gênero continue levando adiante na prática a eliminação do outro, ou seja, do povo palestino. O jornal Brasil de Fato foi o único por estas bandas a informar a vergonhosa caça às bruxas.
Por sinal, mais dois países da América Latina, o Paraguai e o Peru, acabaram de reconhecer o país Palestina com as fronteiras de 1967, somando-se ao Brasil, Argentina, Uruguai, Equador, Bolívia etc. Os respectivos governos, alguns não de esquerda, não se dobraram as pressões do lobby sionista.
Enquanto isso, depois dos tunisinos terem mandado para o lixo o ditador-ladrão Ben Ali, os egípcios estão dando o claro recado de que não suportam mais Hosny Mubarak e o seu regime corrupto e autoritário, que além de governar o país com mão de ferro há mais de 30 anos é o principal responsável pelo arrocho salarial, pobreza e desemprego, para não falar da subserviência aos Estados Unidos, que banca o governo com uma polpuda mesada de 1,3 bilhões de dólares anuais para se alinhar a Washington.
A voz rouca das ruas no Egito e Tunísia é clara: chega de ditaduras, de submissão ao Fundo Monetário Internacional, que em 2007, juntamente com o Fórum Econômico Mundial para a África, considerava o país do ex-ditador Ben Ali o mais competitivo do continente, mais inclusive do que a África do Sul. E tudo isso com a chancela dos sucessivos governos estadunidenses nos últimos 30 anos.
Embora os povos tenham perdido o medor da violenta repressão há também o perigo dos ditadores abandonarem o cargo, mas o regime continuar o mesmo, havendo apenas uma troca do seis pelo meia dúzia. Daí Mubarak nomear pela primeira vez em 32 anos um vice, o chefe da inteligência, Omar Suleiman. Pode ser até que esteja preparando o terreno para cair fora e deixar em seu lugar alguém que mantenha o mesmo esquema de dominação que levou os jovens a ir para as ruas protestar e pedir o fim do regime chancelado pelo Ocidente.
Quando este artigo estava sendo elaborado veio a informação do Cairo sobre a proibição do canal da Al Jazeera de atuar no Egito. Coisas de uma ditadura. Resta saber se as entidades internacionais que se consideram defensoras da liberdade de imprensa vão protestar. E o que dirão os governos ocidentais?
*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, mora no Rio de Janeiro e é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de S. Paulo e editor de Internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato. É autor, dentre outros livros, de “América que não está na mídia” e “Dossiê Tim Lopes – Fantástico / Ibope”. É colunista do site “Direto da Redação” e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.
=> Artigo publicado originalmente no site "Direto da Redação".
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