O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Carnaval do contraditório


Luís Henrique da Silveira (1º da foto) deixou para Bornhausen (último) um presente e para os cientistas e ecologistas catarinenses uma bomba já armada por contratos internacionais milionários e de efeito devastador conforme minuciosa e publicamente exposto por eminentes oceanógrafos, geólogos, biólogos, químicos e especialistas das mais diversas áreas científicas das quatro grandes universidades do estado


Por Raul Longo (*)

Em razão da vitória do DEM para o governo de Santa Catarina, mais uma vez tive de ouvir o velho e malhado reacionarismo dos eternos pseudo progressistas que julgam os povos não pela perspectiva da realidade, mas por seus preconceitos individuais.



Direita ou esquerda, esses sempre caem nas facilidades do rotular o povo transformado em punhado de gente de uma mesma história, de uma mesma formação, de uma mesma compreensão, como se as fronteiras de uma cidade, estado ou país fosse o cercado de um galinheiro.



Quem alguma vez já tenha criado galinhas, haverá de ter percebido que mesmo entre esses animais se desenvolve distintas personalidades e, talvez, apenas se homogeneízem as de granja, como gostariam que acontecesse com seus povos as elites de todas as partes do mundo.



De Mussolini à Stálin, foi o que tentaram, através do terror, os ditadores totalitários. Na pseudo democracia do mundo capitalista, as elites privadas é que se incumbem dos esforços para tanto, pois os governos a elas pertencem, mas contam com a colaboração de uma pretensa esquerda que, considerando-se vanguarda, está sempre presta a julgar o popular como passiva massa de manobra utilizada pela direita através de sistemas de condicionamento.



E assim encontram uma maneira fácil para explicar a própria incapacidade de identificação com o povo, o popular.



Essa conversa é antiga e a escuto desde os tempos da ditadura militar quando os intelectualóides da classe média se anunciavam como a vanguarda politizada do proletariado, acusando o brasileiro de alienado, inconsciente e reacionário incorrigível, pelo qual se teria de pensar e agir, posto que incapaz de reconhecer os caminhos da liberdade e justiça social.



Acusavam mais ao povo pela audiência das novelas da Globo, do que a Globo pela manipulação do conteúdo das novelas com o objetivo de condicionar o povo. Havia até os que acusavam ao povo por gostar de futebol e tudo o que decidissem como alienante.



No entanto, raramente se perguntavam qual outra alternativa de lazer ou oportunidade de reflexão dispunha o trabalhador sem tempo e dinheiro para os revolucionários barzinhos daqueles anos 60 e 70, para a leitura do Marcuse em voga, ou o palco do Brecht, a tela do Godard.



Cerceava-se o periférico dispondo-lhe unicamente o cocho das rações das novelas da Globo e os bebedouros de cachaça, mas em que se diferia a titica do pretenso vanguarda com toda a amplitude do terreiro para ciscar? Em que mais ou melhor contribuiu para a queda do regime militar?



Na vaidade de se identificar com os Marx, Sartre ou Foucault, esses frangotes nunca se deram conta de que não foi observando-os que os grandes ideólogos chegaram as conclusões a que chegaram. Nunca estiveram preocupados com as auto consideradas “vanguardas” originadas no seio da pequena burguesia.



O que se desenvolveu foi estudando e analisando a multidão da qual muitos dos que se pretendem lideres e orientadores revolucionários, sequer sabem onde encontrar e hoje ainda se repetem e continuam se dizendo solapados pelo poder das Globos ou traídos pela alienação e reacionarismo do povo.



Temos no Brasil um exemplo que desmente exemplarmente essa farsa que as esquerdas constroem para desculpar-se da própria inépcia e falta de identificação com a realidade popular. Aqui se processou, de dentro do meio de trabalhadores e em meio ao mais opressivo regime político vivido no país, o mais bem sucedido movimento de conquista popular do poder, de que se tem notícia na história.



E não foi liderado por nenhum intelectual, acadêmico ou iluminado vanguardeiro, interprete de eruditas proposições filosóficas ou sociológicas.



Inclusive é bastante perceptível na aversão que alguns desses dedicam ao Lula, um certo desdenhar de raposa de fábula. Por falta de habilidade, excesso de empáfia ou muito comodismo não conseguem aproveitar do que leem para um embasamento mais sólido de seus discursos nem percebem que de quanto mais neologismos se armam, mais aumentam o oco do conteúdo e jamais chegarão a silogismo algum.



Desses que acabam não chegando a nada, além de desprezarem as uvas, acabam também querendo comer as galinhas. Têm se visto muito disso pelo histórico da esquerda brasileira, desde os tempos da ditadura Vargas. Carlos Lacerda, por exemplo, foi comunista. César Maia, também. Isso para não voltar outra vez ao já tão surrado FHC, respeitado estudioso de Karl Marx, hoje copiosa viúva de Lacerda.



Portanto não sei se pior um general nazista pela frente ou um vanguarda da esquerda arrependida pelas costas, mas mesmo sem se ater aos extremos fiquemos pelos que ainda se consideram defensores das causas populares, mesmo os que se limitam a distantes palpites para se passarem por apurados conhecedores do que não se animam a chegar perto. Se ao menos se aproximassem à realidade daqueles de que se pretendem defensores, talvez se envergonhassem da empáfia de acusá-los de reacionários como acusaram ao paulistano pela eleição do Kassab à administração do município e, agora, do Alckmin ao governo do estado; tal como igualmente ao povo catarinense pela eleição do candidato DEM, como se o duvidoso comportamento de seus próprios candidatos não devesse ter qualquer influência nos resultados das urnas.



O que ninguém quer é tomar consciência de que enquanto PT e PCdoB de Santa Catarina continuarem com comportamentos típicos de direita, seus discursos à esquerda terão pouca ou nenhuma validade junto ao eleitorado que acaba diluindo votos entre abstenção, apostas nos ‘menos piores’, nos que pelo menos não fazem ao contrário do que pregam, ou num e outro indicado como o mais pródigo em distribuição de favores.



Dessa forma PT e PCdoB de Santa Catarina têm se aliado para perder as eleições à cada pleito, ajudando a eleger os candidatos de Bornhausen, sejam locados no DEM, no PSDB ou no PMDB.



Mas quando a coisa ameaça, quando há qualquer risco de que uma melhor propositura venha a abalar os resultados de uma eleição para a direita, aí PT e PCdoB catarinenses se dividem. Foi o que ocorreu, por exemplo, em 2008, quando cada qual lançou candidato próprio para concorrer com o tradicional Amim e o postulante à reeleição do PMDB de Bornhausen. Deu no previsível: dos dois candidatos de Bornhausen, um foi ao segundo turno e venceu Amin apesar deste recebido o apoio da candidata dita comunista que antes o acusava, juntamente aos demais, de farinha do mesmo saco.



Ensacada, a moça, enfim, conseguiu se eleger em outubro último como deputada, com a retribuição de apoio do reconhecido Amin do PP e do PT por motivos outros então aliado ao trio PSDB/DEM/PMDB de Bornhausen, mas em função de outro personagem, mais pra empresário do que para político e, como tal, apenas financista de pretensões a voos de mais longo curso nos turbulentos céus eleitorais.



Mas tirante tais experiências em relações empresariais, qual a propositura dos políticos da esquerda catarinense? Os problemas dos municípios e de todo o estado são gritantes! Verbas federais em atendimento às tragédias de 2008 provocadas pelas chuvas na região de Blumenau, uma das mais populosas de Santa Catarina, foram recolhidas por falta de apresentação de projetos para aplicação do repasse e mais de um ano após os eventos ainda havia desabrigados albergados em alojamentos improvisados.



Por falar em hecatombes ambientais, Luís Henrique da Silveira deixou para Bornhausen um presente e para os cientistas e ecologista catarinenses uma bomba já armada por contratos internacionais milionários e de efeito devastador conforme minuciosa e publicamente exposto por eminentes oceanógrafos, geólogos, biólogos, químicos e especialistas das mais diversas áreas científicas das quatro grandes universidades do estado



Santa Catarina é o único estado do Brasil que, contrariando determinações da Constituição Brasileira, não possui sequer Defensoria Pública.



Na capital, a população conta o passar do tempo por envolvimentos aos movimentos populares contra os desmandos dos poderes públicos. É comum alguém perguntar a outro: “Quando nos conhecemos: na manifestação contra o lançamento do esgoto no mangue ou foi contra a ampliação das cotas de edificações à beira mar?” E o outro pode responder: “Conhecer te conheço desde a briga da falta d’água do ano retrasado, na do ano passado desisti, mas voltamos a nos encontrar na luta contra a invasão da Lagoa, ainda que só começamos a conversar mesmo foi agora, na mais recente, na luta contra o estaleiro”.



Alguns podem achar um diálogo hipotético, mas ninguém que seja de Santa Catarina duvida que essa conversa tenha realmente ocorrido. Desde a Operação Moeda Verde da Polícia Federal que provocou a queda de Secretários Municipais e Estaduais e a cassação do então presidente da Câmara Municipal, é nas constantes interferências dos Ministérios Públicos, Estadual ou Federal que a se encontra a única salvaguarda de uma população refém de uma direita inescrupulosa e uma esquerda absolutamente apática, quando não conivente e aliada, como ocorreu e se acorreu na tentativa de atendimento ao descalabro dos caprichos do homem mais rico do país!



Aqui corrupção não é escândalo, apenas assunto de temporada. A mais recente foi a da compra de votos para a presidência da câmara, segundo alguns para evitar a cassação do prefeito. Por sinal, cassação por razões outras que não o faturamento triplicado da árvore de natal do ano retrasado, no mesmo em que o Ministério Público também suspendeu o show de Andrea Bocelli, igualmente superfaturado mas cujo cachê, com ou sem apresentação, o catarinense teve de arcar ao estipulado no contrato com o italiano que sequer se deu ao trabalho de sair da dulce Itália, para lamúrias filha do então governador, fã inconteste do tenor. Então governador e hoje senador.



“Eleito?!!!! Como elegem um político com esse histórico?” – perguntam o Brasil nos acusando de reacionários, mas não nos apresentam candidatos mais confiáveis ou nem tão desconfiáveis. Seja à direita ou à esquerda.



“Mas então o catarinense é tão inconsciente quanto o paulista que reelege o mesmo governador que possibilitou que o estado mais rico do país e uma das maiores cidades do mundo fosse sequestrada duas vezes por uma mesma facção criminosa comandada de um mesmo presídio de segurança máxima.” – insistem num despejar de um fôlego só e sem pausa ou vírgulas.



Acontece que se o sequestro de São Paulo pelo PCC é coisa de história de quadrinhos, a permanência no governo daquele estado do partido que pior governou o Brasil, é explicável. E não por preconceitos ao eleitor do estado que elegeu Lula como o deputado federal até então mais votado e que teve importante peso em votos nas eleições posteriores do líder surgido do movimento operário do ABC paulista.



Culpar o povo, o eleitor paulista, identificando-o pelo raciocínio retrógrada de sua classe média tão retrógrada quanto a do Rio de Janeiro, da Bahia, do Pará e de qualquer lugar do mundo; pode servir como disfarce, mas não muda as evidências do que se vem apontando há muito tempo, como se o fez quando Marta Suplicy perdeu para Gilberto Kassab, mesmo saindo na frente com grande diferença nas pesquisas de intenções de voto.



Como se explica? Na arrancada de Marta o paulistano não era reacionário, mas no decorrer daqueles meses de campanha foi ficando?



Quando o catarinense, por indicação de Lula, em 2002 elegeu Luís Henrique da Silveira contra Espiridião Amin, não era reacionário; mas quando o reelegeu em 2006, após o Luís Henrique revelar-se aliado de FHC, tornou-se reacionário?



Não faltará a esquerda de São Paulo (e, diga-se de passagem, do mundo) melhor averiguar e melhor avaliar suas possibilidades? Inclusive sua própria realidade? E até seus objetivos? Eleitores ficam atônitos! Se o objetivo dos partidos de esquerda é um só, porque brigam mais com os métodos de seus companheiros, do que contra os que realmente ameaçam esse objetivo único?



Abrem fissuras por firulas metodológicas e a partir daí criam abismos que até podem aproximá-los da direita, como aconteceu com Heloísa Helena, mas, como também aconteceu à mesma HH, irremediavelmente os afastam do eleitor, daquele trabalhador pelo qual batiam no peito reivindicando como objetivo máximo.



HH enfiou o objetivo no saco pra sentar no colo do Arthur Virgílio e hoje, certamente, é uma das que acusa o povo de Alagoas de reacionário, a exemplo do Demétrio Magnoli acusando um professor negro de fascista por ter reclamado da composição de um mesa de debate promovido pelo geógrafo para discutir as cotas universitárias. Cerca de uma dezena de debatedores unanimemente contrários as cotas e nem um era negro. Mas fascista, para o lamentável Demétrio, é o professor negro.



Assim é fácil! Difícil é ser esquerda de fato e ter, de fato, comprometimento com os objetivos ideológicos, como a direita se compromete com seus interesses e por eles superam mágoas e pudores, criando alianças e desavenças de acordo com o sabor dos ventos desses interesses. Tal como Bornhausen e Amin já foram inimigos, recompuseram a amizade anterior e agora são novamente adversários mas, sem dúvida, tornarão a se reunir caso algum dia a esquerda catarinense conseguir colocar os objetivos que propalam acima de ridículos ressentimentos que não têm nada a ver com objetivo algum, muito menos com o que todos anunciam como único.



Um único objetivo e milhares de votos desperdiçados, jogados fora. E aí querem se desculpar culpando o eleitor de reacionarismo.



O eleitor é que reacionário ou o PT catarinense é que ainda não se apercebeu do que o golpe do mensalão deixou evidente para todo o Brasil? Ou se trabalha junto às bases eleitorais no decorrer de todos os meses e todos os anos, ou jamais se construirá qualquer esquerda nesse estado e nesse país. São necessários todos os meses de todos os anos não apenas para esclarecimento e desmonte de espetáculos armados por golpistas, mas inclusive para colher conhecimentos sobre as tantas carências da população e apresentar proposituras em seguintes eleições.



Claro que jamais será que fará isso, mas a esquerda que não o faz, não tem sentido de existência. E em Santa Catarina o PT não faz. Ninguém faz! Por isso não existe propositura apesar de tão latentes e graves problemas vividos pela população do estado, da capital e de todos os municípios.



Mas essa ausência não preocupa exclusivamente no que se refere à Santa Catarina. Preocupa, e sempre, em âmbito nacional. Inclusive porque não temos mais o carisma e a liderança de Lula junto a população. Não há como Dilma imitar Lula e ameaçar golpistas de ir às ruas. E o que acontecerá quando outros golpes vierem?



Evidente que virão! Afinal, à direita só resta se aproveitar da inépcia das esquerdas, explorando as suscetibilidade de seus egos permanentemente fracionáveis e de tão difícil reconstituição.



Que farão as esquerdas? Novamente se unirão à direita como donzelas do peito caído, tal qual a ex HH? Tornarão a acreditar que têm mais chances de inflarem com o sopro da direita, ou dessa vez testarão a possibilidade de se unir por objetivos comuns para discutir diferenças de métodos depois? Se tentassem, talvez negociassem avanços, mas o ego sempre foi o maior inimigo das esquerdas em todo o mundo e mais fácil se entenderem com George Bush do que entre eles mesmo!



Afinal isso que temos é realmente uma esquerda, ou um balão?



Todos querem voar, mas nenhum... nem um até agora apresentou qualquer propositura que vá ao encontro dos anseios do povo catarinense. Não há! Nem de PT, nem de PSOL, nem de PCdoB, PSTU ou qualquer outro vanguarda das classes populares que apresente alguma proposta capaz de mobilizar a multidão em prol de si mesma e em torno de um candidato, como se uniu em torno de Lula a ponto de eleger Luís Henrique da Silveira no rescaldo de um segundo turno ao qual chegou por um triz, quase derrotado pelo peso do político até então com o maior eleitorado da capital e do estado.



A única propositura eleitoral a enfrentar uma real necessidade popular da capital de Santa Catarina, formulada durante a concorrência à administração em 2008, não foi compreendida e assimilada pela população. Talvez também devido a ausência da ação de uma militância mobilizada, mas principalmente por apresentar uma solução ainda inédita no país, embora de grande sucesso em diversas partes do mundo.



Quem sabe se o partido daquele candidato, o PT, investisse na obtenção de imagens de teleféricos em atividade nas mais diversas cidades da Europa, América do Norte, Oriente Médio e Ásia, demonstrando a eficiência e viabilidade econômica da proposta, os resultados daquele pleito não fossem tão desfavoráveis?



Mas além de extemporâneas, hoje tais cogitações não são producentes. No entanto, importante recordar que então os problemas de mobilidade afetavam quase que exclusivamente aos usuários de transporte público e motoristas com necessidade de trafegar em determinados horários, e o então candidato alertava para a evolução do problema prevendo a instauração de caos só para 2015.



Pois o caos no transito de Florianópolis já chegou. Esteve aqui ao longo desse 2010 e piorou muito com o turismo de temporada.



Terá o PT ou outro partido de esquerda a percepção da importância de manter a mesma proposta para a próxima campanha à prefeitura municipal? Enfrentarão os interesses escusos que inexplicavelmente impedem que aqui se implante o transporte aquático, como das barcas que unem distâncias muito maiores como entre Rio e Niterói e por mares muito mais agitados como o da Baía de Todos Santos na barca que liga Salvador à Itaparica?



Serão capazes de formular propostas para outros problemas que crescem em ritmo alarmante na capital e em todas as cidades do estado, como a difusão do tráfico de drogas e a progressão da violência concomitante à degradação do sistema de segurança pública? Serão capazes de apontar os abusos do poderes conferidos aos representantes do grupo de Bornhausen na administração municipal e no governo do estado?



E o mais importante, sem o que a direita unificada no PSDB, DEM e PMDB já venceu todas as próximas eleições das 3 futuras décadas de Santa Catarina: serão as esquerdas capazes de se unir para o desenvolvimento de uma proposta conjunta em torno de um único candidato confiável, tal como aqueles se unem por seus interesses em torno de candidatos únicos mesmo que tão desconfiáveis e pouco recomendáveis à qualquer disputa eleitoral?



Ou mais uma vez cogitarão a possibilidade de serem eleitos através de verbas empresariais e para isso novamente se aliarão ao grupo daquele que está, literalmente, acabando com a raça da esquerda em Santa Catarina?



Se os erros até aqui cometidos pela esquerda catarinense se repetirem, antes de nos resultados próximo pleito mais uma vez acusar o povo de reacionário, proponho aos vanguardeiros de nossa esquerda que leiam as informações desta manifestação popular, reportadas aí no breve texto de Leonel Camasão


*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta. Mora em Florianópolis (SC), onde mantém a pousada “Pouso da Poesia“. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.


Carnaval do contraditório

Leonel Camasão**



É uma escolha difícil – e corajosa – defender Cuba em um samba-enredo no Carnaval de Florianópolis. Esta foi a opção da escola União Ilha da Magia, que terá como tema o samba “Cuba sim, em nome da verdade!”. Ao contrário do afirmado pelo geógrafo Davi de Souza Schweitzer neste espaço, na edição de 28 de janeiro, a escolha não “mancha” o Carnaval de Florianópolis. Torna-o espaço do contraditório. Contraditório porque, quando se trata de Cuba, nunca ou quase nunca se dá espaço ao outro lado e ao exercício do divergir, do diferente, o que é fundamental para a imprensa.

Cuba é um país que sofre há 50 anos com um embargo econômico fulminante dos Estados Unidos. Em 2010, a Organização das Nações Unidas (ONU) condenou os EUA pela 19ª vez consecutiva pelo bloqueio. O bloqueio econômico é uma medida considerada crime contra a humanidade, pois quase impossibilita a reprodução da existência no país.

Mesmo assim, Cuba é um dos países com melhor qualidade de vida no mundo. A “miséria” de que fala o Sr. Davi é puramente material, e em grande parte, resultado do bloqueio, não do regime. Não há carrões e artigos de luxo para uma minoria abastada, mas naquele país, ninguém passa fome, todos podem fazer até o doutorado de graça e o sistema de saúde não deixa nenhum cubano morrer nas filas dos hospitais por falta de atendimento.

Obviamente, o regime tem problemas. A imprensa é unicamente estatal, e assim será até que finde o bloqueio. A eleição do presidente se dá de maneira indireta – assim como nos Estados Unidos – com a vantagem que Cuba possui um representante popular por quadra. Ah, e por lá, parlamentares não ganham salário nenhum. Seu povo é muito mais protagonista do que o nosso, chamados às urnas a cada dois anos apenas para escolher o menos pior.

Ao mostrar as diferenças de um país tão próximo, a União Ilha da Magia ousa, com seu samba-enredo, fazer esse debate tão importante sobre qual o mundo que queremos.



**Leonel Camasão é jornalista.

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