O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

Clique na imagem abaixo e conheça o "Quem tem medo da democracia?" - sucessor deste blog

Clique na imagem abaixo e conheça o "Quem tem medo da democracia?" - sucessor deste blog
Peço que, quem queira continuar acompanhando o meu trabalho, siga o novo blog.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Todo mundo em pânico

(O neo-febeapá demotucano pós-pesquisa do Ibope)

Por Márcia Denser*

- Em 16/8, segunda-feira: IBOPE: DILMA 41% x SERRA 32%. Com apenas dez dias de intervalo entre os dois levantamentos do Ibope, Dilma dobra a vantagem sobre Serra, ampliando a diferença de 5 para 11 pontos. A pesquisa, que entrevistou 2.506 pessoas entre 12 e 16/8, apurando somente os votos válidos, deu Dilma 51% x Serra 38%. Ou seja, se as eleições fossem hoje Dilma ganharia no 1º. Turno.

- Nesse mesmo dia, em Porto Alegre, sob o efeito atordoante do Ibope, Serra elogia (pela ordem) Yeda Crusius (grande governadora!), Leonel Brizola e João Goulart! Perguntinha no editorial da Carta Maior: o tucano ainda é candidato a presidente ou aspirante a compositor de samba enredo? Porque parece que vai adotar, como jingle de campanha, uma espécie de Samba do Crioulo Doido Volume 2

- Fala 2 de Zé Pedágio em Porto Alegre: ”Não sou daqueles que dizem que o Congresso Nacional tem 300 vigaristas ou picaretas. Teve alguém que disse isso. Hoje, estão todos com a outra candidata”. Serra referia-se “sem se referir” a uma declaração de Lula em 1993, porque mal do Lula ele não pode falar, aliás, segundo um analista do Estadão, cada vez que Serra fala perde mais votos, logo ...

- Ele prefere botar o Lula logo na primeira estrofe do seu jingle de campanha, o que aponta para uma séria crise de identidade, segundo Jorge Furtado em seu blog, um jingle que é: 1) uma tentativa de fraude, pois investe na ignorância ou desatenção do eleitor, numa aposta que se tornou padrão; 2)uma confissão de derrota porque nunca na história deste país (ou de qualquer outro) se soube dum candidato que incluísse no jingle, logo no primeiro verso, o nome do opositor.

Como se o hino do Corinthians desse vivas ao São Paulo FC;

- Então, voltamos ao Samba do Crioulo Doido. Zé Pedágio já testou todos os discursos e combinações possíveis: de continuador de Lula, passando por pós-Lula, até sucessor de Álvaro Uribe (minha nossa!) na liderança da direita no Cone Sul;

- E absolutamente não ajuda nada Maitê Proença, na coluna da Sonia Racy, apelar “aos machos ferozes” para que exerçam seu “direito” de discriminar ferozmente o sexo oposto evitando assim a vitória de Dilma;

- O inevitável efeito “vai perder” nos blogs sinistros, sobressaindo o Noblat. Aliás, o site AmigosdoSerra está fora do ar há semanas.

- Apesar de pesquisas de opinião informarem que Bolívia, Venezuela, Cuba, FARCs, ergo comunismo-guerrilha-anos 60, são bobagens que, ou não chegam, ou não mobilizam a população, não obstante, lá está a Dilma Terrorista como matéria-piloto da revista Época desta semana.

Em tempo: Pós-divulgação da pesquisa do Ibope e devido ao bombardeio de internautas lembrando os laços espúrios das Organizações Marinho com a ditadura, com a qual lucrou durante 20 anos, o site de Época retirou a opção de enviar e ler comentários. E pano rápido.

- Mas sempre sobrarão muitíssimos demo-tucanóides com idéias “jeniais”:

1) Senadora tucana do Mato Grosso do Sul, Marisa Serrano propõe seguro-desemprego para artistas, músicos e técnicos de espetáculos devido à “instabilidade do mercado” (Ué! Mas o mercado não é uma maravilha? Não foi o neoliberalismo que impôs o darwinismo trabalhista acima de tudo? Sem absolutamente nenhuma contrapartida?);

2)Não esqueçamos nosso precioso Paulo Renato que felizmente retirou a proposta - descaradamente eleitoreira, senão fosse totalmente imbecil - de dar R$ 50,00 para cada aluno que fizesse recuperação (e para o professor,queridinho, não vai nada?);

3) Deu na coluna da Eliane Cantanhêde: última esperança do Serra é a Dilma perder votos entre as classes desfavorecidas, sobretudo no Nordeste, por causa da exigência de dois documentos pelo TSE, a colunista cinicamente achando “super-válido e super-positivo se o lance der vitória ao Serra” (se depender aqui do Congresso em Foco, sem chance:como já fazemos há tipo 6 anos, vamos divulgar o máximo possível todos os procedimentos necessários no sentido de orientar o eleitor).

- Em que pese já estar sendo inexorável desde algum tempo a ascensão de Dilma nas expectativas de voto, simultânea à queda vertical da candidatura Serra, a campanha tucano-pefelista prosseguiu acumulando erros, furos n’água, estratégias entre anacrônicas, estúpidas e equivocadas a tal ponto de se perceber o quanto ela desconhece os corações e mentes da população que pretende manipular via PIG, representado pela rede Globo, Folha, Estadão, revistas Veja, Época, Isto É & blogueiros nefandos;

- Segundo Emir Sader, a própria revista conservadora britânica The Economist considera que o povo brasileiro gosta do Estado porque lhe garante direitos. Como esta problemática – a dos direitos – não está incluída na ótica neoliberal, a direita brasileira é vitima dos seus próprios preconceitos e fica na contramão da opinião dos brasileiros;

-Comprovadamente, outro tema que já não mobiliza a opinião pública é o “mensalão” do PT (mensalão who????). Que o diga William Bonner nas “entrevistas” com os candidatos no Jornal Nacional, cujo favoritismo explícito pró-Serra e questões tolamente capciosas anti-PT, resultaram numa verdadeira aula magna de jornalismo canalha e estúpido, uma vez que subestimou o tempo todo o espectador. Ao fim e ao cabo, disse muito, disse tudo e falou alto mas por tudo o que não foi dito, por tudo o que foi calado, truncado. Interdito.

Donde as perguntas que não querem calar (das quais Zé Pedágio se esquivou tão lindamente, como se nem fosse com ele): será que, como presidente, ele
a) vai estender o pedagiômetro por todas as estradas federais?
b) privatizar a Petrobrax, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal?
E – medida sem precedentes: c) pagar a todos os alunos para irem à escola?
d) e, nesse caso,quanto pagaria ao professor?
e) hem?

- E no retorno às aulas, botar um cartaz na entrada de todas as escolas: Welcome to School! Como eu vi ontem, terça, 17/8, à entrada do Colégio Madre Cabrini, no bairro paulistano de Vila Mariana. Pois é. E eu me queixando da falta de leitores. Lembrando aqui que ISSO é um fenômeno que ainda acontece em Sampa onde, a despeito da sucessiva e incessante hecatombe tucana que assola os governos estaduais – a propósito, parece que o estado de São Paulo nem existe mais, se mudou para Miami! – Alckmin (PSDB), o picolé de xuxu diet, novamente dispara à frente de Fernando Mercadante (PT);

- Alguns leitores e internautas definem os governos tucanos em Sampa pela sigla PPPP: Privatização, Pedágios, Presídios & Porradas (a serem distribuídas aos “subversivos da vez”,tais como policiais & professores grevistas).

O fato é que a direita não tem projeto, apenas recicla a barbárie. Só lhe resta o terrorismo ideológico alimentado pela onipresente e difusa mentira hipócrita e puritana, ora dirigida ao narcotráfico, ora aos fumantes, ora pela satanização dos movimentos sociais. Desconsiderar o que vai nos corações e mentes da população faz parte do perfil da direita cujo projeto implica fundamentalmente em promover a despolitização, privatizar absolutamente tudo o que é público, esvaziar os direitos do trabalhador e cidadão, deixar todas as questões sociais sob a tutela dum estado repressor e policialesco.

E o arremate final é do Zé Simão, no UOL, consolando Serra: “Sempre haverá um pedágio no fim do túnel”.

ET: Fechando a coluna, saiu o Vox Populi: Dilma 45% x Serra 29%, assinalando 16 pontos de diferença. Pulando mais 5 em relação ao Ibope, que marcava 11 pontos.

Nesse pé, Serra também vai se mudar para Miami.




*A escritora paulistana Márcia Denser publicou, entre outros, Tango Fantasma (1977), O Animal dos Motéis (1981), Exercícios para o pecado (1984), Diana caçadora (1986), A Ponte das Estrelas (1990), Toda Prosa (2002 - Esgotado), Diana Caçadora/Tango Fantasma (2003,Ateliê Editorial, reedição), Caim (Record, 2006), Toda Prosa II - Obra Escolhida (Record, 2008). É traduzida na Holanda, Bulgária, Hungria, Estados Unidos, Alemanha, Suiça, Argentina e Espanha (catalão e galaico-português). Dois de seus contos - O Vampiro da Alameda Casabranca e Hell's Angel - foram incluídos nos 100 Melhores Contos Brasileiros do Século, sendo que Hell's Angel está também entre os 100 Melhores Contos Eróticos Universais. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUCSP, é pesquisadora de literatura, jornalista e curadora de Literatura da Biblioteca Sérgio Milliet em São Paulo.

FONTE: http://congressoemfoco.uol.com.br/coluna.asp?cod_publicacao=34089&cod_canal=14

Nascer a dente de cachorro

.


Valter Alves de Oliveira Filho (*)

Estávamos todos lá, tomando assento no velho tapete de retalhos multicolorido, confeccionado a mão, cheio de detalhes que cobria alguns cortes no velho sofá marrom da sala de estar. Ao derredor os primos e primas que chegavam atrasados nos dias de sexta-feira, sempre às sete e meia da noite. Estes não se importavam em sentar-se nos tamboretes de madeira bruta. O importante eram as histórias que nos enchiam os olhos. As histórias da Vó Be eram as que mais prendiam a nossa atenção, quer fossem verídicas ou fictícias. Todos a conheciam pelo apelido, pois seu nome de batismo era pouco pronunciado até pelas próprias filhas e netos, e praticamente desconhecido mesmo dos vizinhos.

Vó Be era pernambucana, seu verdadeiro nome era Maria Ramalho Silva, uma anciã que mantinha uma “torda” de alimentos na feira livre de Santana do Ipanema (AL), desde os anos de 1960 até 82. Dona Be ficou conhecida de muitos ilustres e do povo em geral pela venda de tapiocas de coco ralado, acrescido de outros sabores. Como pernambucana, fazia questão de relembrar e divulgar um pouco dos seus saberes e da cultura do seu povo, os índios Fulni-ô. Dona Be nasceu na cidade de Águas Belas (PE) e migrou para o estado alagoano lá pelos idos de 1950.

Pelo convívio mais aproximado, eu, garoto traquino e cheio de curiosidades, buscava arrancar-lhe algumas palavras e expressões da sua língua nativa, o yaathê, do grupo lingüístico macro-jê, e que, com ressalvas, ela nos dizia que o orgulho dos Fulni-ôs, estava na preservação dos costumes e principalmente da língua como armas de defesa das futuras gerações. Confesso, naquela época não compreendia o porquê de tanto mistério envolvendo os dialetos e só recentemente viria descobrir as razões.

O yaathê é falado originalmente pela tribo Fulni-ô, tal qual fora a sua aquisição lingüística dos nossos antepassados. Hoje desperta a atenção de antropólogos e cientistas sociais, além de estudantes de diversas áreas das ciências humanas.

Uma expressão muito utilizada por indígenas e caboclos sempre me deixava inquieto, e foi numa dessas sextas-feiras de contos da Vó Be que a indaguei sobre o que significa “nascer a dente de cachorro?” (ou ser carregado a dente de cachorro?). Naquele momento, todos ficaram curiosos, atentos à resposta. Vó Be nos sorriu, tomou um gole do seu café, que ela própria havia torrado e pisado em um pilão de tronco de baraúna, e, após observar a tamanha curiosidade que tomara conta da sala, iniciou a história.

Conta-se que, em algumas tribos de costumes parecidos com os de língua de influencia macro-jê, como também os fulni-ôs, mantém seus rituais de purificação. As mulheres, ao engravidar, contam antes do parto com a assistência das anciãs indígenas e/ou do cacique da tribo; no entanto, era de costume as indígenas se retirarem para as reservas (mato) acompanhadas por um cachorro treinado, um animal tratado praticamente como um dos humanos. Quando a índia então paria, muitas das vezes o cão de caça transportava pela boca o curumim recém-nascido até a aldeia, para os devidos cuidados dos seus familiares. O curumim, mais novo membro da tribo, era saudado por todos como promessa de homem forte e valente, haja vista que já nascera enfrentando os obstáculos impostos pela mãe natureza. Vó Be dizia que essa seria uma das versões românticas que se dava àquela expressão, “a dente de cachorro”, usada muitas vezes como metáfora que possa expressar outras dificuldades e lutas do dia-a-dia.

Como era de praxe, ela sempre encerrava seus contos e causos encantadores com a frase: “Contei a minha história. Comecei no pé do pinto terminei no pé de pato, seu rei mandou dizer que contasse a quatro”. Todos nos dávamos por satisfeitos e sempre queríamos mais as histórias fantásticas da Vó Be.

Fragmentos: Tributo a Vó Be

(*)Valter Alves de Oliveira Filho: Professor, descendente do grupo indígena Fulni-ô, que ainda hoje habita as margens do médio rio Ipanema, junto aos limites do município de Águas Belas (PE). Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz.




Santana Oxente!








_____________________________


Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

.

PressAA

Agência Assaz Atroz

.

Creative Commons License
Cite a fonte. Todo o nosso conteúdo próprio está sob a Licença Creative Commons.

Arquivo do blog

Contato

Sugestões podem ser enviadas para: quemtemmedodolula@hotmail.com
diHITT - Notícias Paperblog :Os melhores artigos dos blogs