O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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domingo, 21 de novembro de 2010

O papel de Lula no governo de Dilma

Por Ricardo Kotscho*
 
Num ponto, pelo menos, as personalidades de Lula e Dilma são muito semelhantes: os dois são teimosos, não gostam muito de ouvir palpites e conselhos, e apreciam exercer a autoridade, às vezes de forma brusca, deixando claro quem manda.

Por isso mesmo, não dou crédito a esta história de que o governo Dilma será apenas um terceiro mandato de Lula com outro nome. Quem diz isso não conhece a Dilma nem o Lula.

Claro que o futuro ex-presidente estará sempre à disposição da presidente eleita para colaborar, ajudar na articulação política e nos momentos de crise, mas só quando for chamado por ela, por iniciativa dela, jamais dando uma de oferecido. Não é do feitio dele.

O Globo e Folha “torturam” Dilma

Por Altamiro Borges*

Ainda lambendo as feridas da derrota do seu candidato, a mídia demotucana já afia as suas armas para “torturar” a presidenta Dilma Rousseff. No seu arsenal, ela não vacila em utilizar os arquivos da ditadura, dando voz aos torturadores e carrascos. Com base num processo movido pela Folha, o Superior Tribunal Militar liberou nesta semana alguns documentos deste sombrio período. O STM bem poderia liberar também os relatórios sobre a cumplicidade da mídia com os golpistas.

Jogo sujo e combinado

Na sexta-feira, 19, o jornal O Globo – pertencente à famíglia Marinho, que ergueu o seu império com o apoio dos golpistas – foi o primeiro a explorar o arquivo. Pareceu até jogo combinado. A ávida Folha conseguiu os papéis e O Globo deu a largada com o título “Documentos da ditadura dizem que Dilma 'assessorou' assaltos a bancos”. O jornal informa que os dezesseis volumes de anotações liberados pelo STM “descrevem a ex-militante como figura de expressão nos grupos em que atuou, que chefiou greves e ‘assessorou assaltos a bancos’, e nunca se arrependeu”.

Com base nas opiniões dos carrascos, O Globo diz que Dilma era chamada de “Joana D’Arc da subversão” e que seria “uma figura feminina de expressão tristemente notável”. Ele ainda destaca o relatório sobre os militantes da VAR-Palmares escrito pelo delegado Newton Fernandes. Em 12 linhas, ele traça o “perfil” de Dilma: “Uma das molas mestras e um dos cérebros dos esquemas revolucionários postos em prática pelas esquerdas radicais... É antiga militante de esquemas subversivo-terroristas... Trata-se de uma pessoa de dotação intelectual bastante apreciável”.

A cada um sua democracia: Folha de S. Paulo e o arquivo de Dilma

O Brasil da Folha de São Paulo (e de outros órgãos de imprensa muito bem identificados) insiste na tática da desinformação, da meia verdade ou da meia mentira, o que vem dar no mesmo, usando aquilo a que chamam de liberdade de imprensa, da sua liberdade de imprensa, bem entendido, como uma espécie de chantagem moral (aqui sim) sobre toda a sociedade brasileira. Uma chantagem que ainda conta com o beneplácito de muitos de seus incautos leitores ou do apoio daqueles que insistem em querer dividir o país através do preconceito, do ódio, da intolerância.

Por Izaías Almada*

Não é curioso, amigo leitor, que ao terminar a primeira década do século XXI, a velha imprensa brasileira (aqui no sentido de antiga mesmo e carcomida) insista em não querer aceitar a vitória da presidente Dilma Roussef? Ou melhor: insista em “investigar” o passado da candidata eleita, substituindo a polícia da ditadura civil/militar que infelicitou o país nos anos 60?

Porque não é outra a atitude do jornal Folha de São Paulo ao se regozijar com a abertura dos arquivos de posse do Superior Tribunal Militar, pomposamente recebida como uma “vitória da sociedade brasileira”, para bisbilhotar sobre o passado de uma ex-presa política.

A nova consciência democrática do povo

Por Emir Sader*

O enorme apoio do governo Lula vem, sobretudo, dos resultados das políticas sociais do governo. O apoio é tão generalizado (mais de 80% e apenas 3% de rejeição) que fica difícil distinguir diferenças por nível de renda ou de escolaridade, mas o resultado eleitoral permite ver como os setores de apoio mais firme - os que deram inequivocamente a vitória a Dilma - foram os de menor nível de renda. Visível também porque foram os apoios amplamente majoritários nas regiões com um peso predominante dos pobres – como o norte e o nordeste.

Uma das questões que se coloca é saber a que se deve a diferença entre o índice de apoio do governo e a votação da Dilma. Claro que o apoio ao governo tem matizes – do ótimo ao regular – e estes refletem disposição de transferência do voto a Dilma o apenas anuência diante das relações inegáveis do governo Lula.

Mas foi possível perceber que, colocados diante da comparação entre os governos Cardoso e Lula – ou diante da percepção do que viveram nos anos 90 e do que passaram a viver na primeira década deste século -, uma grande maioria de brasileiros opta pela continuidade e aprofundamento do governo Lula com Dilma. Foi diante dessa barreira que o candidato tucano buscou um atalho – buscar desviar o debate dessa comparação política para um tema como o aborto e seus desdobramentos religiosos, no circuito das igrejas.

Joaquim Nabuco (1849/1910): O mais republicano dos monarquistas

por Chico Alencar

Pontos na costura da vida de um pensador na política.

1. Marcas da infância: filho da elite, sensível à miséria do entorno. Passou a meninice cercado de mucamas e mimos (nunca lhe foi permitido andar a cavalo, e tinha nojo de toicinho e manteiga, por exemplo) no Engenho Massangana, em Cabo de Santo Agostinho (PE). “O traço de toda uma vida é para muitos um desenho de criança esquecido pelo homem, mas ao qual ele terá sempre que se cingir sem o saber” (‘Minha Formação’): o jovem negro – 18 anos presumíveis – que se lança sobre o menino na sacada da Casa Grande, suplicando que o comprasse, para amenizar os suplícios que sofria do senhor vizinho... “Foi este o traço inesperado que me descobriu a natureza da instituição com a qual eu vivera até então familiarmente, sem suspeitar a dor que ela ocultava”. De alguma maneira, Nabuco traiu suas origens de classe, com toda uma vida que poderia não ter sido e foi...

2. A causa vital: a emancipação dos escravos, a ‘dignidade humana’ – pela qual pautou todas as outras carreiras (advogado, historiador, ‘sociólogo’, jornalista, escritor, diplomata e deputado, contrariando parte de suas ‘bases’). Causa norteadora, balizadora, mas não exclusiva. Funda, com André Rebouças e José do Patrocínio, a Sociedade Abolicionista Brasileira – sempre na expectativa de que houvesse um Terceiro Reinado. Em carta, aos 34 anos, diz que prometera fazer de sua vida um protesto contra a escravidão, “nada querendo dela, esperando como os escravos o meu dia”. “A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil”. Perpassava todas as instituições e maneiras de ser – invadia todas as atividades, todas as classes, todas as mentes. Suas sequelas: “a alma infantil”, “o silêncio sem concentração” e “as alegrias sem causa”. Para Nabuco, o senhor, por ser senhor, também ficava diminuído como cidadão, lembrando, de alguma forma, a dialética da dependência entre senhor e escravo, de Hegel. Completando seu curso de Direito em Recife, escandalizou a sociedade ao ajudar, em juri, aos 20 anos, na defesa de um escravo (Thomaz, 27 anos) acusado de assassinar uma autoridade (que o mandara açoitar barbaramente, em praça pública), e um guarda da prisão, de onde escapara. “Na origem desse processo dois crimes havia: havia a escravidão, havia a pena de morte. A escravidão levara Thomaz – que era bom e fez-se uma fera – a praticar o primeiro crime, a pena de morte a perpetrar o segundo”. Vitória parcial do jovem causídico: Thomaz teve a pena de morte comutada em prisão perpétua.


Lungarzo: “A chegada de uma ex-torturada à presidência pode provocar reflexão na sociedade” – Especial pro QTML?


Carlos Alberto Lungarzo é ativista dos Direitos Humanos, sendo membro, desde 1982, da Anistia Internacional – que ajudou a fundar na Argentina, onde nasceu – e voluntário do Alto Comissionado das Nações Unidas para os refugiados. A estes deu sua contribuição no Brasil, América Central e México. Escreveu o livro "Vendetta!" sobre o julgamento do escritor italiano Cesare Battisti e colabora com duas ONGs da esquerda americana: a “Anwer.org” e a “Move On!”. Para honra minha, é atualmente co-editor do "Quem tem medo do Lula?", onde publica seus artigos diretamente.

Nesta entrevista, concedida numa agradável noite, em uma das varandas do Campus da UFRJ na Praia Vermelha – onde esteve para participar de um seminário sobre jornalismo – ele fala sobre a necessidade de que se esclareçam os crimes da ditadura militar brasileira.

Para ele, ao querer acesso aos documentos referentes à atuação de Dilma na ditadura, a mídia quer “criar agitação e confusão”, na tentativa de “suprimir a realidade, através de informações forjadas, que não são corretas – ou que, mesmo sendo corretas, são agitadas e colocadas fora de contexto, produzindo um impacto maior do que teriam naturalmente.” Por outro lado, ele considera que “se for contado o que de fato aconteceu com ela, é grande a possibilidade de aumentar o grau de consciência da sociedade.”

Conclui lamentando que o nosso sistema judiciário seja “uma ditadura, que não presta contas a ninguém, que se impõe por pressão e que usa uma linguagem ininteligível para o povo.” Sem que isto seja mudado, “nada de democracia”.

Por Ana Helena Tavares*, entrevista realizada em 17 de Novembro de 2010

Você nasceu na Argentina e se exilou no Brasil, depois do golpe lá. Como foi isso?

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