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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

“Devolvemos o debate político à juventude”, diz Lula no Rio

"Aqui no Brasil o Golpe de 64 tirou de algumas gerações o direito ao debate político. Hoje, devolvemos isso”, disse Lula.
"Aqui no Brasil o Golpe de 64 tirou de algumas gerações o direito ao debate político. Hoje, devolvemos isso”, disse Lula. Foto: Ana Helena Tavares.
Por Ana Helena Tavares (*)

Chico Buarque foi profético. Talvez nunca imaginasse que o seu grito “Apesar de você” serviria para embalar o evento de lançamento da pedra fundamental do novo prédio da UNE e da UBES, que será reerguido no mesmo local daquele que foi incendiado pela ditadura. O amanhã chegou à Praia do Flamengo – 132 nesta segunda-feira.

Aos gritos de “Lula: guerreiro do povo brasileiro!” e “Olê, olá, Lulá”, subiu ao palco o presidente da república que termina dois mandatos com o mais alto nível de popularidade já registrado. Com ele, compondo as diversas cadeiras distribuídas pelo tablado que foi montado para a ocasião, estavam: o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o governador do estado, Sérgio Cabral, além de diversos ministros, senadores, deputados e líderes de movimentos sociais.

Niemeyer ao chegar ao evento. Foto: Ana Helena Tavares
Oscar Niemeyer, com sua centenária jovialidade, também ocupou uma das cadeiras. Niemeyer doou aos estudantes o seu talento com o lápis. Desenhou as retas e curvas do novo prédio, fazendo questão de não cobrar nada por isso. Sabe bem que a ditadura já havia cobrado um preço alto demais.

Preço que muitos dos presentes ali pagaram. E os ausentes, então, muitos destes pagaram com a vida. Logo no início da solenidade, foi passado um filme contando a história das duas entidades estudantis, onde apareceram diversas fotos de estudantes mortos ou desaparecidos durante a ditadura. A cada foto, uma calorosa salva de palmas. Com ênfase para Honestino Guimarães, ex-presidente da UNE, chamado pelo atual presidente, Augusto Chagas, de “desaparecido-símbolo”:

A UNE é Honestino e Honestino é a UNE, resumiu.

Chagas frisou “o direito legítimo de a UNE voltar à sua casa”, lembrando que o valor de 44 milhões de reais, trinta deles já depositados na conta da entidade, oferecido pelo governo brasileiro para a reconstrução do prédio foi aprovado por unanimidade pelos parlamentares. Agradeceu a Lula pelo “empenho na causa estudantil”, mas pediu-lhe licença para citar Itamar Franco, que, segundo ele, também se empenhou bastante nesta causa.

Irun Santana, fundador da UNE em 1937, estava na platéia, o que fez Chagas chamá-lo a levantar-se, comentando: “o nacionalismo, nossa marca, vem de nossa fundação”.

Dentre os ex-líderes estudantis presentes no palco, Chagas destacou Lindberg Farias, prefeito de Nova Iguaçu, e Orlando Silva, ministro dos esportes. Ambos beirando os 40 anos de idade, eles são representantes da geração da década de 90 que, segundo Chagas, ”simboliza a resistência ao neoliberalismo”. Aldo Rebelo, ministro-chefe da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais, não estava presente, mas também foi lembrado:

Ele era um de nós quando o antigo prédio foi derrubado, disse.

Augusto Chagas terminou seu discurso decretando: “A UNE é a entidade estudantil mais importante do planeta”.

Como o evento estava atrasado e Lula ainda teria dois compromissos em seguida – a entrega do prêmio “Brasil Olímpico”, no MAM (Museu de Arte Moderna), em que seria um dos premiados por sua contribuição aos esportes; e uma cerimônia no sambódromo, em que  receberia o diploma Cristo Redentor e o título de Benemérito do Rio de Janeiro – Cabral e Paes abriram mão de discursar. E Lula disse que seria breve – e foi.

Bem humorado, começou dizendo que “a UNE tem que tomar cuidado com a UBES, pois todo dirigente da UBES é um potencial dirigente da UNE, mas o contrário é mais difícil”.

Já sério, disse que, durante seu governo:

As entidades não tiveram um papel de complacência nem de subserviência. Não perderam sua identidade para apoiar o governo. O que acontece é que tivemos, enquanto governo, uma postura de provocar uma revolução na educação brasileira. Que está longe de terminar, mas que já começou.

Quando da criação do PROUNE, houve a acusação de que o governo estava capitulando diante da iniciativa privada, negociando a redução de impostos, quando, na verdade, estes impostos foram transformados em 750 mil vagas universitárias para jovens da periferia, oriundos de escolas públicas, 40% deles negros, detalhou.

E frisou que nunca tomou nenhuma decisão sem antes dialogar com “todo o movimento social, incluindo os estudantes, os trabalhadores, os sem-teto e as Margaridas” (em referência à Marcha homônima que, em 2007, parou Brasília, reunindo cerca de 50 mil trabalhadoras rurais vindas de todo o País).

Prosseguiu dizendo que uma das críticas que tinha à UNE era a de os estudantes reivindicarem ensino público gritando na porta de universidades públicas:

Era cômodo. Agora, pela primeira vez na história do Brasil, a UNE conquistou – não foi dádiva do governo – o direito de fazer discurso na rede privada de educação, garantiu o presidente.

Sobre o REUNE afirmou:

Muita gente não queria, porque nossa intenção era aumentar de 12 para 18 alunos em média por sala de aula. Disseram que a gente ia inchar as salas. Na verdade, era meia-dúzia de pequenos burgueses que não queriam que mais estudantes entrassem para a universidade.

E vocês podem registrar que, este cara aqui, que só fez até o 4º ano primário, é hoje o presidente que mais construiu universidades, disse.

Quanto às escolas técnicas, Lula lembrou que fez 214 e que quem chegou mais perto dele, tendo feito 27, foi Itamar Franco (citado pela 2ª vez no evento):

Os outros acharam que não era necessário, completou.

Lembrando que Dilma foi estudante “pouco tempo atrás”, disse estar querendo conversar com ela para decidir se ele deposita o restante do valor a ser dado à UNE, 14 milhões de reais, ainda este ano, através de medida provisória, ou “se ela quer ter o prazer de fazer isto ano que vem”. Para ele, o que estava acontecendo ali era “mais que a retomada de um espaço, mas sim a consolidação da democracia, com debate político e proporcionando a formação da nossa juventude”.

Comparou a morte de cerca de 20 milhões de jovens russos durante a 2ª guerra mundial às perdas causadas pela ditadura militar brasileira, dizendo que “a Rússia perdeu praticamente uma geração, já aqui no Brasil o Golpe de 64 tirou de algumas gerações o direito ao debate político. Hoje, devolvemos isso”.
Lula ao lado dos presidentes da UNE e da UBES: vitória. Foto: Ana Helena Tavares
E terminou com um alerta às duas entidades estudantis:

Não criem pautas impossíveis. Estas são boas para o discurso eminentemente ideológico. Se vocês quiserem continuar crescendo, façam sempre uma pauta de reivindicações que vocês acreditem que, num determinado tempo, vocês possam conquistar, porque é isto o que atrairá aqueles alunos mais incrédulos, que não se sentem representados por vocês, que acham que a UNE só sabe cobrar carteirinha.

É preciso que a gente ganhe a maioria e hoje há credibilidade para isto. Quando vocês sentarem com um ministro, devem pensar o seguinte: ‘Ou eu levo uma coisa que eu saia de lá com uma vitória, ou levo uma coisa que eu saia com o discurso’. Neste caso, o tempo é mais curto. Já se sair com vitória, o tempo é mais prolongado, pois uma vitória traz a outra, concluiu Lula.

Antes dele, também haviam discursado: Yann Evanovich, presidente da UBES (segundo Lula, seu nome “parece mais de jogador do Real Madrid”) e Aldo Arantes, representante dos ex-presidentes da UNE (ou, como definiu Lula, representante da “3ª idade da UNE”). Este lembrou que João Goulart havia sido o primeiro e, até hoje, o único presidente da república a pisar naquele espaço (em 1962). Assim como Lula fez, Jango também foi lá acompanhado de grande parte de seu ministério, incluindo os ministros militares.

Quarenta e oito anos depois, era outro dia. E isto pôde ser confirmado através de um dos gritos de guerra, certamente o mais emblemático e marcante: “Tarda, mas não falha; aqui está presente a juventude do Araguaia”.

Assistam, abaixo, a vídeos com a filmagem que fiz dos discurso de Lula:


Dois vídeos com o discurso na UNE:



E assistam ainda ao discurso de Lula no MAM:



*Ana Helena Tavares é jornalista, escritora e poeta eternamente aprendiz. Editora-chefe do blog "Quem tem medo do Lula?" e repórter do jornal "Correio do Brasil".

O legado do cara

Foto: Ana Helena Tavares

“Não faço o que faço porque quero. Faço o que a sociedade me diz que tem de ser feito”.
Com esta frase o nordestino e operário emigrante, semianalfabeto, mostrou que a estrutura e a cultura do Poder estão mudando no Brasil, para que o país alcance uma situação inimaginável ainda ao final do século XX. 

Por Raul Longo (*)

"O PSB deveria se afastar do toma-lá-dá-cá"

Autor(es): Fernando Taquari | De São Paulo
Valor Econômico - 21/12/2010

Deputada federal mais votada do PSB em São Paulo e única da bancada estadual a ter votações crescentes, Luiza Erundina preocupa-se com os rumos de seu partido na composição do ministério da presidente eleita, Dilma Rousseff. Teme que o aumento da disputa interna no partido jogue por terra a anunciada disposição do presidente do partido, o governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos, de negociar a participação do partido no governo por meio de propostas.

Afirma estar otimista com o governo Dilma, mas diz que a presidente eleita só poderá se desvencilhar da barganha parlamentar se estreitar suas relações com movimentos sociais orgânicos - sem cooptação como aconteceu com o movimento sindical nem pela relação avulsa que Lula estabeleceu por meio dos programas de transferência de renda, diz.

Aos 76 anos, às vésperas de iniciar seu quinto mandato como deputada federal, Erundina diz que a chegada de uma mulher à Presidência não traduz um crescimento orgânico da presença feminina nas estruturas do poder no país. Cita a Argentina, que tem 40% de seu Parlamento composto por mulheres enquanto o Brasil tem apenas 9%. A seguir, trechos da entrevista concedida ao Valor na semana passada.

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