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domingo, 20 de junho de 2010

Aposentadoria é coisa de vagabundo

Aposentadoria é coisa de vagabundo

Por Rui Martins (*)

Berna (Suiça) - O economista puxa as estatísticas e pontifica: «vejam bem, a qualidade de vida melhorou e as pessoas estão vivendo mais, muito mais, isso vai levar à falência todos os fundos de pensões para aposentados. A única solução é aumentar a idade para se chegar ao benefício da aposentadoria. Onde é 60 anos a idade limite, como na França (país típico de Estado providência de economia arcáica), deve passar para 65 e onde já é 65, o jeito é ir aumentando para 67 até chegar aos 70 ».

Que beleza de argumento, até eu, sem maiores informações, poderia ser convencido. Há mesmo muitos trabalhadores franceses batendo palmas e dizendo - « é isso mesmo, é lógico, vivemos mais, temos de trabalhar mais ».

Mas calma, devagar com o andor, e toda aquela história, livros, artigos, conversa na tevê, na mídia, de que no futuro todos iam trabalhar menos com o desenvolvimento do lazer, viagens, coçação de saco, passeios, turismo ? Zebrou ? Onde é que eu perdi o fio dessa história ? pois eu achava que a redução das horas de trabalho na França para 35 semanais era justamente o começo dessa nova vida para os trabalhadores.

Ainda há alguns anos, quando a esperança de vida de um francês era de 65 anos, um metalúrgico, por exemplo, só teria 5 anos para gozar a vida, embora muitos já tivessem reumatismo, diabete, distúrbios vasculares e nem pudessem dar uma passada na Geni por impotência. Como o salário também da maioria não era dessas coisas, se tinham conseguido fazer uma poupança não dava nem para uma volta ao mundo, nem que fôsse de balão à moda de Jules Verne. O jeito era ficar sentado na frente da televisão ou ir jogar bocha ou cartas com os amigos e, em lugar de um Saint Emilion ou champagne, tomar mesmo uma birita daquelas de quatro reais a garrafa ou criar uma barriga com cerveja.

A ilusão era a de que os filhos, esses sim, iriam aproveitar – menos horas de trabalho e mais lazer. E agora, antes de morrer, a desilusão – os filhos vão ter de ficar mais cinco anos na fábrica, no comércio, no trabalho.

E tem mais, a história de que o lazer para todos seria nosso futuro se baseava também no advento das novas tecnologias, na robotização de muitos trabalhos pesados e rotineiros. A máquina a serviço do homem, era o que se dizia. E quem acreditou se ralou. A robotização nas fábricas deu demissões e a máquina ficou a serviço do capital e contra o homem. Terceirização, robotização, globalização, a massa operária não irá mais ao paraíso porém ao inferno do desemprego e dos salários vis.

Essa história de aumento da idade para a aposentadoria tem outro ângulo geralmente esquecido – na teoria, diz-se que vivendo-se mais é normal se trabalhar mais, porém, quem ultrapassa os cinquenta anos, se perder o emprego já não acha outro. Ou seja, para as empresas quem tem 50 anos já não presta para o trabalho porque ficou velho; para os governos e fundos de pensões quem vive oitenta ou mais tem saúde e condições para trabalhar até os 65, 65 e 70 anos.

E é aí que os governos e fundos de pensões podem economizar e bastante – o empregado perde o emprêgo aos 55 ou 60 anos, passa a viver dois ou três anos com seguro desemprego, fica na miséria, deixa de contribuir para a caixa de pensões e não tem patrão também contribuindo. Quando chegar aos 67 ou 70 (como queria um ministro suíço e onde muitos países vão tentar chegar), sua média salarial já foi reduzida ao mínimo e terá uma aposentadoria de miséria.

Esta realidade de que idoso não acha emprego é simplesmente escamoteada pelas argumentações em favor do aumento da idade da aposentadoria. Resultado – criou-se nos anos 70 e 80, a esperança de um mundo robotizado, com 35 horas semanais, trabalho a domicílio, férias mais longas e, de repente, a especulação financeira, o grande capital assume o comando e decreta – sociedade do lazer ? O que é isso ? Vamos todos trabalhar e quem não conseguir segurar seu emprego depois dos 60 que monte uma barraquinha.

O capital financeiro perdeu os tubos, os países estão endividados, um socialista é que dirige o FMI, não tem mais moleza não minha gente, acabou o sonho. Robô, que não precisa de descanso semanal, nem férias e se contenta com uma corrente elétrica e um pouco de óleo, vai ter melhor tratamento que operário humano.

*Rui Martins é jornalista. Foi correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. É autor do livro “O Dinheiro Sujo da Corrupção”, criador dos "Brasileirinhos Apátridas" e da proposta de um Estado dos Emigrantes. É colunista do site "Direto da Redação" e vive em Berna, na Suíça, de onde colabora com os jornais portugueses Público e Expresso, e com o blog "Quem tem medo do Lula?"

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