

Em determinado momento o repórter foi ouvir um indiano torcendo pela Argentina e dizendo que tinha ”ódio do Brasil”, pois “se ama a Argentina tinha que ter ódio do Brasil”. Mas o pior da história foi que o indiano não apareceu falando, sendo apenas “traduzido” pelo repórter.
Ficou claro que os “patriotas” da TV Globo aproveitaram o embalo para envenenar, ou seja, colocar o tema não como uma rivalidade normal de disputa futebolística, mas jogar um país contra o outro, como fazem ao longo dos anos. Na prática essa gente joga contra a integração latino-americana, que tem como ponto relevante a aproximação brasileiro-argentina.
A mídia conservadora preferiu ignorar que a seleção argentina ao se despedir dos torcedores numa apresentação em Buenos Aires ergueu uma faixa informando que os jogadores apoiavam a indicação das Avós da Praça de Maio para o Prêmio Nobel da Paz. Ou seja, a seleção comandada por Maradona deu toda força a um grupo de senhoras mobilizadas desde 1977 para cobrar o desaparecimento político de netos e filhos durante a ditadura. Já imaginaram uma seleção brasileira defendendo direitos humanos erguendo uma faixa o que faria a mídia conservadora?
O aprofundamento do tema futebol e tentativas de manipulação da opinião pública são necessários sobretudo agora que em 2014 o Brasil sediará a próxima Copa do Mundo. Ou seja, muita grana vai rolar e corre-se o risco de as obras necessárias para a realização da Copa e dois anos depois as Olimpíadas não serem revertidas posteriormente para o benefício da população, aliás, como aconteceu com os Jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro, onde, por sinal, t

Na verdade, daqui para frente, mesmo depois da Copa do Mundo, os brasileiros vão respirar futebol e o esquema conservador de sempre vai reforçar a manipulação da informação. É só acompanhar o que acontece com uma visão minimamente crítica.
Na área da sucessão presidencial, vale o registro de dois fatos. O primeiro envolvendo o tucano Fernando Henrique Cardoso, que de tão queimado que está nem apareceu presencialmente na convenção do PSDB que oficializou a candidatura José Serra, mas só numa tela com uma mensagem ao estilo senso comum que caracteriza o ex-presidente que fez tudo para sucatear o Brasil inteiro, não apenas as estatais. O segundo, a candidata Marina Silva.
Cardoso investiu furiosamente, em uma entrevista no jornal espanhol El País contra a política externa do governo Lula, sobretudo em relação à aproximação com Cuba e a tentativa brasileira e turca para uma distensão nas relações do Irã com o Ocidente, o que foi impedido pelo governo estadunidense de Barack Obama, na voz de Hillary Clinton, a secretária de Estado vinculada ao complexo industrial militar, que não esconde, agora via governo Benyamin Netanyanhu de Israel, o desejo de bombear o Irã. Cardoso está também furioso com o fato de o governo Lula não se alinhar automaticamente com os Estados Unidos, como aconteceu nos oito anos que esteve a frente do Executivo nacional.
Marina Silva, uma verde meio desbotada, porque quer todos os setores políticos de mãos juntas administrando o Brasil, não separando o joio do trigo, deu uma grande escorregada no Roda Viva, programa de entrevistas da TV Cultura e com transmissão nacional pela TV Brasil. Em certa altura, Marina disse que “graças a Constituição de 1988 o Estado brasileiro é laico”.
Como a senadora é formada em História, a escorregada é ainda pior, pois o Estado e a Igreja são separados no Brasil desde a primeira Constituição da República, em 24 de fevereiro 1891. O mais estranho é que nenhum dos entrevistadores deu uma palavra sobre o fato. Imaginem se em algum momento o Presidente Lula falasse algo dessa natureza o que aconteceria em matéria de contestação dos colunistas amestrados?
*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, mora no Rio de Janeiro e é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de S. Paulo e editor de Internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato. É autor, dentre outros livros, de “América que não está na mídia” e “Dossiê Tim Lopes – Fantástico / Ibope”. É colunista do site “Direto da Redação” e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”
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