O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

Clique na imagem abaixo e conheça o "Quem tem medo da democracia?" - sucessor deste blog

Clique na imagem abaixo e conheça o "Quem tem medo da democracia?" - sucessor deste blog
Peço que, quem queira continuar acompanhando o meu trabalho, siga o novo blog.

terça-feira, 16 de março de 2010

Mappin, fuja correndo, Mappin...


Mappin, fuja correndo, Mappin...


Por Celso LungarettiMenino, nos longínquos anos 50 eu ficava deslumbrado com a imponência do Mappin, a maior e mais vistosa loja de departamentos paulistana.


Erguidos face a face, o Mappin e o Teatro Municipal, tão enormes quanto majestosos, faziam da Praça Ramos de Azevedo o cartão postal de São Paulo.


Seu relógio era uma espécie de Big Ben para os que passavam e para os que esperavam ônibus.


Parecia destinado a durar para sempre. Eu ainda ignorava que tudo que é solido desmancha no ar.


Depois, lá pelos 15 anos, tentei carreira de vendedor. Ia oferecer os carrinhos de chá e mesas de jogo que meu avô fabricava.


Trajando meu primeiro terno, circulei muito, a pé e de ônibus, sem conseguir mais do que 2 ou 3 pedidos. O verdadeiro vendedor já atendia as lojas promissoras.


Inexperiente e sem desenvoltura, eu ainda tinha de tirar leite de pedra. Não conseguia.


Tentei de tudo. Percorri de ponta a ponta a av. Celso Garcia, que tinha forte comércio moveleiro. Em vão.


Fui até a São Bernardo do Campo, sem perceber que lá havia muitas lojas de móveis porque existiam muitas fábricas.


Compadecendo-se da minha falta de jeito, um velho me comprou um carrinho e uma mesa. Vovô detestou ir da Mooca ao ABC para entregar duas míseras peças.


Arrisquei também uma subida ao Olimpo, ou seja, ao Mappin.


Depois de um chá de cadeira de mais de uma hora, o encarregado das compras, do alto de sua magnificência, dignou-se a explicar os fatos da vida: só adquiria itens em grande quantidade, e por preços bem inferiores aos oferecidos a outros comerciantes.


Fabriquetas só recorriam ao Mappin em último caso, quando uma grande encomenda era cancelada e tinham de reduzir o prejuízo.


Aprendi uma boa lição sobre como agiam os tubarões do mercado, aqueles que gostavam de levar vantagem, certo? (parafraseando o bordão do jogador Gerson, nos repulsivos comerciais de TV da década seguinte).


Fundado em 1913, o gigante Mappin desabou em 1999, numa das mais escandalosas falências fraudulentas de que se tem notícia.


Leio agora que o juiz Beethoven Ferreira acaba de nomear um segundo síndico para a massa falida, incumbido de rastrear no exterior os ativos escondidos por Ricardo Mansur, o último proprietário do Mappin.


Os credores não veem a cor do dinheiro, mas Mansur gasta R$ 25 mil por mês só no aluguel da casa que possui no condomínio mais caro de Ribeirão Preto, interior paulista.


Ele e sua mulher são sócios dos dois clubes mais luxuosos da cidade -- cujo requinte desfrutam quando não estão espairecendo em Paris, Nova York ou Miami, hospedados sempre em hotéis cinco estrelas.


E, driblando a lei, o empresário formalmente falido e cheio de dívidas é o verdadeiro dono de negócios como uma usina, uma destilaria e uma faculdade, adquiridos em nome de terceiros mas por ele administrados.


"Como ele pode ter feito tudo isso, se o que ele tinha a gente tomou para pagar parte das dívidas trabalhistas? Isso não pode passar despercebido pelo poder público. É acintoso", diz o juiz Beethoven Ferreira.


Discordo. Trata-se apenas da versão brasileira do capitalismo, pois aqui se conseguiu tornar execrável o que, em si, já é péssimo.


O jingle dos tempos prósperos era "Mappin, venha correndo, Mappin, chegou a hora, Mappin, é a liquidação".


Liquidados mesmo foram os funcionários e os fornecedores que não fugiram correndo dessa arapuca.



Celso Lungaretti é jornalista, escritor e ex-preso político. É paulistano, nascido e residente na capital paulista. Mantém o blog "Náufrago da Utopia", é autor de livro homônimo sobre sua experiência durante a ditadura militar e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este blog não está subordinado a nenhum partido. Lula, como todo ser humano, não é infalível. Quem gosta dele (assim como de qualquer pessoa), tem o dever de elogiá-lo sem nunca deixar de criticá-lo. ---------------------------------------------------------------------------------------------------- Todas as opiniões expressas aqui, em conteúdo assinado por mim ou pelos colaboradores, são de inteira responsabilidade de cada um. ----------------------------------------------------------------
Comentários são extremamente bem-vindos, inclusive e principalmente, as críticas construtivas (devidamente assinadas): as de quem sabe que é possível e bem mais eficaz criticar sem baixo calão. ----------------------------------------------------------------------------------------------
Na parte "comentar como", se você não é registrado no google nem em outro sistema, clique na opção "Nome/URL" e digite seu nome (em URL, você pode digitar seu site, se o tiver, para que clicando em seu nome as pessoas sejam direcionadas para lá, mas não é obrigatório, você pode deixar a parte URL em branco e apenas digitar seu nome).-----------------------------------------
PROCURO NÃO CENSURAR NADA, MAS, POR FAVOR, PROCUREM NÃO DEIXAR COMENTÁRIOS ANÔNIMOS. NÃO PODEMOS NOS RESPONSABILIZAR PELO QUE É DITO NESSES COMENTÁRIOS.

Att,
Ana Helena Tavares - editora-chefe

Creative Commons License
Cite a fonte. Todo o nosso conteúdo próprio está sob a Licença Creative Commons.

Arquivo do blog

Contato

Sugestões podem ser enviadas para: quemtemmedodolula@hotmail.com
diHITT - Notícias Paperblog :Os melhores artigos dos blogs