Sobre Gérson Camata - o "sócio" de Aécio - os presídios no Espírito Santo
O senador Gérson Camata, PMDB, é um desses prodígios da política brasileira. Um boneco inflado a partir do momento que a política virou um exercício de venda (vender sabão em pó, tira manchas, manchas, pasta de dente, creme embelezador e rejuvenescedor, etc). Em que alínea classificar o senador não sei. Entre aquelas que se dobram sem quebrar, pois está sempre a se dobrar diante do poder.
Nem falo de poder constituído, mas de outro poder. O das verdinhas, ou da cor que o leitor preferir.
Nessa alínea, com certeza, não pode ser aquele desinfetante mais inteligente que a dona de casa, pois limpa o vaso sem nenhum esforço e ainda continua limpando por vários dias, vaso ou ambiente. O senador não tem cérebro, mas caixa registradora em seu lugar.
Sair em defesa de Paulo Hartung é mais ou menos como defender o criminoso disposto a pagar qualquer preço a quem quer se disponha a defendê-lo. E Gérson é barato. Aécio que o diga. Um acordinho sem maiores dificuldades, tipo consciência lavada, está pronta para outra, assim desse tipo. Duas aspirinas e pronto.
Quando Leonel Brizola era governador do Rio de Janeiro, eleito em 1982, buscando formas de inculpá-lo de todos os males que aconteciam no Rio, no País e no mundo, a grande mídia, GLOBO à frente, fez o que pode e não pode para transformar Brizola num monstro sem entranhas, assim tipo Paulo Hartung, José Collor Arruda Serra, FHC, Yeda Crusius, José Roberto Arruda, Kátia Abreu, vai por aí.
Uma das acusações que se fazia a Brizola era a de ter feito um acordo com o crime organizado e permitido a ação de traficantes e banqueiros de jogo do bicho.
O que sobrou do Rio depois de Brizola? Moreira Franco, Marcelo Alencar, o casal Garotinho, Sérgio Cabral e seus muros, Benedita da Silva? Putz! Pós Brizola não aconteceu nada no Rio exceto um processo acelerado de desintegração da cidade maravilhosa.
Brizola contrariou interesses dos grandes em todos os sentidos e naquilo que a GLOBO e outros chamaram de “acordo com o tráfico e banqueiros de jogo do bicho”, o governador apenas cumpriu a lei. Determinou que estavam proibidas ações ilegais da Polícia Militar ou da Polícia Civil em favelas.
Tipo BOPE, que encanta a classe média, chegar, meter o pé na porta do barraco, arrombar, entrar e espancar todo mundo para obter a “verdade”. Ou simplesmente matar.
Que tal uma comparada da relação entre a violência nos dois governos de Brizola e a de hoje?
Quem se revoltou com Brizola foram os policiais corruptos, muitos deles em altos escalões, os boçais, acostumados à tortura nossa de cada dia. Não houve um flagrante de tráfico de drogas, ou mandado de prisão contra traficante, como determina a lei que não tivesse sido cumprido. Ninguém, no entanto, foi preso, ou acorrentado a corredores, como no antigo Espírito Santo (o que era estado hoje é propriedade de empresas tipo ARACRUZ, VALE, CST, SAMARCO). Nenhum barraco de trabalhador foi invadido de forma bestial por uma polícia doentia, resquício da ditadura militar, aliás, de bem antes, dos tempos em que caçavam escravos fugidos.
A turma da propina ficou a ver navios, a “renda” caiu, a GLOBO, lógico, ficou do lado deles.
Essa mania de acusar os que respeitam e cumprem a lei, como o fez o senador Camata em relação ao ex-governador Vítor Buaiz, é velha.
Lei, direitos humanos, qualquer tipo de direito, na cabeça (vazia) de gente como Camata, só existe se vier acompanhado de mala, de uma pasta, com os “documentos” indispensáveis ao “cumprimento do dever”, ou então um bom acordo para evitar constrangimentos como no caso do feito com Aécio.
Que tal uma olhada nos que contribuíram para a campanha do senador?
A ciência tem descoberto alguns seres que sobreviveram a todas as catástrofes acontecidas ao Planeta em milhões de anos. Muitos deles são vermes que resistiram a pressões aparentemente insuportáveis.
Com certeza Camata é um deles. É só pedir o DNA.
As denúncias que levaram a ONU a questionar a atuação do governo Paulo Hartung na segurança pública dizem respeito às más condições carcerárias no todo. Partiram de vários setores da sociedade inclusive da Polícia Civil (policiais íntegros), estendiam-se e estendem-se ao Judiciário (meio tribunal de justiça foi preso pela Polícia Federal e outra metade não dorme com medo de ser pega).
Os tais investimentos que Camata fala, na construção de presídios renderam propinas polpudas das empreiteiras construtoras e rendem. Como? Nos contratos terceirizados para fornecimento de alimentação a presos. Quem olhar o valor pago, os termos de cada contrato, vai imaginar que cada detento ou condenado no antigo Espírito Santo tem um banquete no café da manhã, outro no almoço e idem ao jantar. Banquete tem sim, mas no Palácio do Governo, para Gerson Camata. Os presos comem arroz, feijão e salsicha.
Do mesmo jeito que Arruda Serra (“vote num careca e leve dois) investe em estradas e depois em pedágio (a mina das campanhas do tucano), Hartung investe onde possa tirar lucros a curto prazo e garantir os aliados políticos.
O discurso do senador, obviamente encomendado, deve ter treinado uma semana para falar corretamente aquilo que os seus patrões mandaram, foi só uma fuga do tema, velho recurso. “Eu não discuto o assunto, boto rótulo nos que denunciam e fica tudo do mesmo tamanho, o caixa dois continua funcionando sem problemas”.
A mídia, a paladina da moral pública, clamando por liberdade de expressão, essa está no bolso, liberdade de expressão para essa gente é a verba que entra por mês, os contratos publicitários com o governo, fornecedores do governo, etc.
Por coincidência (existe isso, coincidência?) é a REDE GAZETA, quadrilha afiliada da REDE GLOBO.
Vamos imaginar que Ermírio Moraes, um dos donos do antigo estado, chegue à redação da REDE GAZETA. Em seguida imagine a turma se ajoelhando e gritando aleluia. É por aí. Seja Ermírio, seja Paulo Hartung (Camata não, Camata faz parte da turma que se ajoelha), sejam os grandes chefes do crime organizado. Os regabofes são comandados por Paulo Hartung.
Aí, a culpa é do outro. É a falsa indignação, a hipocrisia do sou mas quem não é? É assim que pensam. Acham que todos fazem parceria com o governador Aécio Neves.
A propósito, Aecinho, terça-feira, conseguiu um prodígio em meio às viagens que vai fazendo por Minas, em sua campanha para o Senado. Lançou pedra fundamental de promessa como disse um jornalista. Pedra fundamental de promessa. Inaugurou promessas. Sem falar que quando perguntado sobre candidato a presidente, diz com todas as letras. “Eu sou Serra por obrigação partidária, vocês façam o que achar melhor”. Sinal verde para Dilma em Minas. É o que essa declaração significa em mineirês.
É um artista. São uns artistas, com perdão dos artistas.
Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no "Estado de Minas" e no "Diário Mercantil". É colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".
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