O BEATO JOSÉ FHC SERRA
Laerte Braga
O pastor Silas Malafaia, um dos entusiastas do beato José FHC Serra (usou o disfarce Marina da Silva), começa a dar uma guinada para não ir a lugar nenhum, mas ficar livre do ônus de carregar o peso da cruz tucana. Olhou melhor e percebeu que a tal cruz é nada mais, nada menos que uma suástica estilizada em baba peçonhenta que escorre do candidato.
Deve ter se orientado com o Padre Augusto, um dos porta-vozes do beato e percebido que o “rebanho” não é tão bobo assim. De qualquer forma a palavra final sobre como as forças dessa cruzada irão se movimentar vai depender do que acha o arcebispo da Paraíba, revoltado com as sanções aplicadas a Cássio Cunha Lima, seu pupilo na política daquele estado (apareceu no horário eleitoral do candidato dizendo que Deus mandou votar nele).
O que líderes religiosos sensatos e íntegros sabem é que o envolvimento descarado, partidário, de qualquer religião ou seita numa campanha política pode trazer em curto e médio prazo prejuízos que, em longo prazo, serão irrecuperáveis.
E ainda mais se o santo a ser vendido tiver os pés de barro. Caso do beato José FHC Serra, ateu de carteirinha.
Das tumbas emerge o faraó Fernando Henrique Cardoso e assombra o Brasil com um desafio ao presidente Lula para um debate. Deve ter olhado no espelho mágico (corrupto como ele) e perguntado se existe algum presidente melhor e mais inteligente que ele. Como ouviu não o senhor é o maior de todos, acredita piamente que assim o seja.
Já convocou o secretário Itamar Franco para ajudá-lo a carregar as pastas da verdade divina. No caso de FHC ele imagina que Deus seja ele.
A palavra do beato José FHC Serra é complicada, não vale nada. A assinatura? Menos ainda.
A PALAVRA DO BEATO
Um dos fundadores do PSBD, o ex-governador do Pará Almir Gabriel declarou apoio a candidata Dilma Roussef em seu estado. Segundo ele José FHC Serra é um ególatra. Ou seja um sujeito doente consigo mesmo e sua convicção que para além dele não existe nada. Mais ou menos isso.
Não chega a ser um Narciso, lhe falta poesia. E principalmente um dilema. O que sobra é hipocrisia.
Candidato a prefeito de São Paulo em 2004 começou a ser questionado se não estava usando a perspectiva de vir a ser prefeito para ter um trampolim com vistas às eleições presidenciais de 2006. Negou de pés juntos, jurou que iria cumprir o mandato até o final.
Esse juramento, essa promessa virou mote de campanha. Os marqueteiros do beato perceberam que o eleitorado da capital paulista temia um prefeito transitório, alguém que fosse apenas servir-se da Prefeitura da cidade para chegar a cargos mais elevados.
Em cada comício, em cada reunião, reiterava o compromisso de cumprir o mandato integralmente.
A ASSINATURA DO BEATO
Vai daí que numa entrevista concedida ao jornalista Boris Casoy surgiu o tema. Ser ou não ser prefeito por quatro anos caso fosse eleito. Em setembro de 2004, encontro patrocinado pelo jornal FOLHA DE SÃO PAULO, hoje um dos templos do beato.
Para que não pairassem dúvidas sobre a palavra do beato José FHC Serra, Casoy perguntou ao dito cujo se ele assinaria um termo se comprometendo a cumprir o mandato na sua totalidade.
Pego de surpresa, sem ter como sair. José FHC Serra disse que não via necessidade daquilo, que sua palavra era o bastante, mas que assinaria se isso ajudasse ao povo paulista a ter certeza que, eleito, seria prefeito por quatro anos.
Dito e feito. Assinou. É sé ir procurar na FOLHA. Está lá o documento com firma reconhecida.
Em 2006, derrotado dentro de seu partido na pretensão de vir a ser o candidato a presidente, renunciou ao cargo de prefeito para disputar o governo estadual. Ao ser questionado sobre a promessa e a assinatura disse que poderia fazer “muito mais por São Paulo sendo governador do que prefeito”.
Nem a palavra vale nada, nem a assinatura, aliás, muito menos.
Fala e assina qualquer documento, qualquer negócio, o que quer que seja, para alcançar seus objetivos.
Não tem escrúpulos nem em fazê-lo e nem em voltar as costas ao que falou e assinou.
Essa característica é da natureza tucana. O cinismo.
A CAMPANHA DE 2010
Num dado momento da disputa interna em seu partido, ele o beato José FHC Serra e o ex-governador de Minas Aécio Neves disputavam a indicação como candidato a presidente da República. Aécio começou a percorrer o País visitando diretórios e seus integrantes do partido. Foi ao exterior jurar submissão aos grandes empresários norte-americanos, enfim, começou a colocar em risco o projeto presidencial do beato.
José FHC Serra chamou um dos seus diáconos, o jornalista Juca Kfhoury e encomendou-lhe missa especial de réquiem para a pré-candidatura de Aécio. O jornalista em sua coluna noticiou que o governador de Minas, à época, em estado lamentável (drogado e bêbado), havia dado um tapa em sua namorada num evento num hotel no Rio de Janeiro e causado espécie entre os presentes. E alertou os brasileiros sobre os riscos de eleger políticos assim.
Aécio tirou o time de campo, mas lógico, muniu-se de documentos através de um jornalista e ficou pronto para o embate, caso o beato encomendasse outra missa, essa de sétimo dia.
Ao contrário, o beato tentou seduzir Aécio de todas as formas para que aceitasse vir a ser o vice presidente em sua chapa.
Aécio sumiu para a Europa, mas antes de viajar declarou que “o primeiro compromisso que eu tenho é com Minas e os mineiros”.
Instalou-se em Minas o DILMASIA, mistura de Dilma com Anastasia (candidato a governador de Aécio). E de quebra Aécio ainda pegou o mala Itamar Franco, próximo da auto comiseração absoluta e elegeu-o senador.
Reiteradas vezes o beato e seus seguidores reclamaram do tratamento dado à sua campanha em Minas Gerais. A um ponto tal que o presidente do PSDB mineiro irritou-se e mandou um recado. “Se querem melhor que venham fazer”.
Terminado o primeiro turno o ex-governador mineiro, naturalmente em viagem nos moldes denunciados por Juca Kfhoury correu a São Paulo e disse que “agora é Serra”. A reboque Itamar Franco (havia feito duras críticas a Serra ao longo dos últimos anos a propósito dos genéricos e do plano real).
O tal compromisso com Minas e os mineiros terminou no dia seguinte ao três de outubro, o negócio no dia quatro passou a ser “o que eu levo”.
Deve receber o chapéu cardinalício em Minas Gerais, só pode. Itamar vai ser cardeal in pectori, em segredo.
Enfiaram a viola no saco, não tinha e não têm compromisso com ninguém que não com seus interesses políticos e pessoais e integram a corte do beato José FHC Serra, na santa pregação de nos levar ao estágio de Terra de Vera Cruz, só que dessa vez a colonização será feita pelos norte-americanos.
Nem paulistas, nem mineiros, muito menos brasileiros merecem uma quadrilha nesse nível.
Sugiro que as últimas frases da coluna de Juca Kfhoury sobre Aécio, recomendando cautela ao eleitorado em escolher candidatos assim, seja lida, relida, para que se compreenda o que de fato está por trás do beato José FHC Serra e toda a corja – opa, toda a corte celestial – que o circunda.
O tesoureiro é o tal Paulo que com 300 mil reais emprestados pelo senador eleito Aloisio Nunes conseguiu comprar um apartamento de milhões de reais, chega de helicóptero e deixou claro ao beato que se for abandonado no meio do caminho abre o bico. Uma investigação atenta mostraria que o Padre Augusto deve ter abençoado e multiplicado os tais 300 mil reais.
Foi abençoado pelo beato. Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão.
Nem a palavra, nem a assinatura do beato valem coisa alguma.
Um detalhe, a assinatura do beato está com firma reconhecida.
Olhe, o Brasil é um país com dimensões continentais, peça decisiva no contexto latino-americano, de extrema importância em todo o mundo e principalmente, protagonista da história de nossos dias.
Não pode virar coadjuvante por conta de um beato falsificado, um político corrupto.
Há que se ter consciência do que é ser brasileiro.
O beato José FHC Serra é um embuste em tudo e por tudo. Em sua trajetória brigou até com Xuxa, chamando-a de pecadora por ser mãe solteira.
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