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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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sábado, 19 de fevereiro de 2011

A Herança Maldita de Lula segundo "O Globo"


Analisando uma Matéria Econômica tendenciosa do Jornal “O Globo”


Por Gustavo A. Medeiros (*)

É impressionante como o jornal “O Globo” tenta criar uma suposta herança maldita advinda do governo Lula. Só Freud explica o motivo de os oposicionistas viscerais (e isto inclui a velha grande mídia) tentarem colocar todos os defeitos da era FHC no governo do Presidente Lula, isto quando não conseguem atribuir as conquistas do ex-presidente operário a uma mera continuação da política econômico-social de FHC.

Em uma análise rápida da matéria acima, dá para perceber que sua finalidade é mais uma vez desacreditar o último governo petista. Os gráficos negativos são colocados logo na parte de cima da matéria com curvas vermelhas, que chamam mais atenção, com o título bem sugestivo mais acima: “A Conta que sobrou para Dilma”. A parte escrita também fica em cima e lateralmente à esquerda. Uma aula de manipulação e negativação da notícia. Os gráficos positivos ficam em baixo e em azul, dando menos destaque à parte positiva. Além disso, são colocados 7 gráficos desfavoráveis ao governo anterior contra apenas 4 favoráveis (se quisessem, eles poderiam colocar mais gráficos positivos como a diminuição da desigualdade, o aumento das reservas internacionais etc.). Fora a pequena tabela com 3 linhas desfavoráveis.

A matéria da imagem acima (link abaixo) foi publicada no dia 13 de fevereiro.


Olhando em detalhes os gráficos negativos, reparamos que eles espertamente mostram a evolução da curva dentro do governo Lula e praticamente ignoram o governo Tucano. Esta esperteza é para comparar o governo Lula com ele mesmo. O certo seria compará-lo com o governo anterior de Fernando Henrique para saber se o governo do ex-sindicalista avançou ou não e se está ou não deixando uma economia pior ou melhor para sua sucessora (Dilma).

Evolução de Pessoal e Encargos Sociais


O primeiro gráfico “Evolução de Pessoal e Encargos Sociais” já foi rebatido no seu site Luis Nassif Online, e eu não vou reinventar a roda, repetindo o que já foi muito bem explanado no link e repassar o gráfico com a análise de Guilherme Santos Mello e repassado por Ricardo Carneiro neste mesmo site (Nassif online):



Resumidamente, o gráfico mostra que houve uma queda substancial da despesa com pessoal e encargos sociais que se manteve até 2008.

Inflação medida pela IPCA


Vamos ao gráfico da “Inflação medida pela IPCA”, o jornal omitiu o governo FHC. Assim vou colocar o IPCA a partir do governo FHC e vamos comparar com o do governo Lula.

FHC

1995
22,41%
1996
9,56%
1997
5,22%
1998
1,66%
1999
8,94%
2000
5,97%
2001
7,67%
2002
12,53%

Lula

2003
9,30%
2004
7,60%
2005
5,69%
2006
3,14%
2007
4,45%
2008
5,90%
2009
4,31%
2010
5,90%


Fonte:


Usando a matemática financeira chegamos à inflação do governo FHC e Lula.

Surpresa!

Inflação do Governo FHC = 100,66%
Inflação do Governo Lula =  56,65%

A inflação do governo Lula foi quase a metade da do governo FHC. E “O Globo” teve a coragem de dar a entender que foi uma herança maldita do governo Lula.

Reparem em alguns detalhes, o presidente tucano só conseguiu obter inflação abaixo de 5% uma só vez. Outro detalhe, o governo FHC deixou, no final do seu governo, como herança uma inflação de 12,53% que é considerada bastante alta e indicava uma perda do controle. Com muito custo, o governo Lula conseguiu desacelerar a inflação novamente à base de uma política econômica que impediu um crescimento forte da economia no primeiro mandato.

Gráfico da “Evolução da Carga Tributária”:

1990    29,60%
1991    24,43%
1992    24,96%
1993    25,30%
1994    27,90%

FHC

1995    28,44%
1996    28,63%
1997    28,58%
1998    29,33%
1999    31,07%
2000    30,36%
2001    31,87%
2002    32,35%

Lula

2003    31,90%
2004    32,82%
2005    33,83%
2006    34,12%
2007    34,71%
2008    34,86%

Os dados acima foram obtidos do IPEA.
Para achar estas informações é preciso ir para o seguinte link:

Ir para a base de dados de Macroeconomia e buscar “Carga Tributária”


Veja que houve um crescimento da carga tributária de maneira consistente no governo Fernando Henrique. Interessante notar que o governo Lula chegou a baixar a carga tributária em relação ao governo anterior ao dele. O aumento da carga tributária não necessariamente é fruto de aumento de impostos. Normalmente, durante os períodos de crescimento econômico (considero crescimento aceitável acima de 2%, devido ao desconto que damos ao crescimento demográfico), a carga tributária tende a aumentar, porque os impostos são cobrados sobre os excedentes, e durante períodos recessivos tende a diminuir.


Fonte:

No caso do governo FHC, houve aumento da carga tributária durante os anos 1998 e 1999, mesmo tendo havido uma estagnação na economia, o que pode significar aumento de impostos para compensar a perda de arrecadação.

No caso do governo Lula, há mais coerência com a possibilidade de não ter havido aumento de impostos. No primeiro ano do governo Lula, houve um crescimento pífio e a carga tributária diminuiu, isto também ocorreu, quando o Brasil teve queda no PIB recentemente devido à crise econômica mundial (http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/09/com-crise-em-2009-carga-tributaria-tem-primeira-queda-em-seis-anos.html). Durante os anos de crescimento considerável, houve aumento da carga tributária.

Obs. Há diferenças entre os números nos gráficos do Jornal, do IPEA e do gráfico. Estas diferenças se devem principalmente à contínua revisão do PIB. A carga tributária é proporcional ao PIB, se este é revisto e alterado, a carga tributária também tende a ser revista e alterada. A variação do PIB também é sempre revisada, entretanto, mesmo com estimativas com certo grau de variação dá para se ter uma ideia boa se houve ou não crescimento no período de tempo analisado. Os números também dependem das metodologias usadas e dos institutos de pesquisas que fazem as estimativas.


Superávit Primário


Quanto ao gráfico do “Superávit Primário”, o superávit primário de forma alguma foi menor que o do governo anterior:



Fonte:

A diminuição do superávit em 2009 se deve a medidas anticíclicas e necessárias naquele momento.

Mas o que é importante mesmo é o déficit nominal que, aliás, é menor do que quando Lula o encontrou.



Fonte:


Juros Básicos


Quanto ao gráfico dos “Juros Básicos”. Vejam que os juros já chegaram a desesperadores 45% a.a. no ano de 1999 no governo FHC:

Histórico das taxas de juros fixadas pelo Copom


Período de Vigência     
Taxa Selic


10/05/1999 - 12/05/1999
29,5%
29/04/1999 - 07/05/1999
32,0%
15/04/1999 - 28/04/1999
34,0%
06/04/1999 - 14/04/1999
39,5%
25/03/1999 - 05/04/1999
42,0%
05/03/1999 - 24/03/1999
45,0%



Veja pelo gráfico que a Selic diminui de maneira consistente durante o governo Lula em relação ao FHC.




Dívida Líquida do Setor Público


O gráfico de “O Globo” mostra que aparentemente a “Dívida Líquida do Setor Público” piorou. No gráfico de “O Globo” a dívida teria aumentado: de 892 bilhões em 2002 para 1,120 trilhões em 2006 e para 1,476 trilhões em 2010. Veja que o próprio gráfico fornecido pelo jornal denuncia que houve uma indução ao erro ao mostrar que o peso relativo da dívida em verdade diminuiu:



Gráfico acima fornecido pelo “O Globo”.

De 60,28% em 2002 (aliás, ainda no governo FHC) para 47,27% em 2006 para 40,35% em 2010. Alguém talvez por alguma dor de consciência colocou relação Dívida/PIB em parênteses.

O gráfico abaixo mostra claramente que o peso da dívida aumentou durante todo o governo FHC e chegou ao auge em 2002 (final do governo tucano) e só começou a descer no governo Lula. Até este mérito de diminuir o peso relativo da dívida pública, o Globo fez questão de tirar do Lula e transformar um excelente indicador em um mau indicador .




Outra coisa, o que importa na dívida pública é o peso relativo dela em relação ao produto interno bruto (Grosso modo, a relação entre a dívida e a capacidade de pagamento da mesma e não o valor nominal em si). No caso da dívida, deve-se levar em conta a inflação e o crescimento econômico para se saber se, em termos reais, a dívida aumentou ou não. Aliás, durante o governo Lula, apesar dos juros altos, o peso do pagamento dos juros diminuiu.



Fonte:


Pelo exposto, dizer que os indicadores da dívida pública pioraram no governo Lula, ou foi uma demonstração de ignorância de fundamentos de economia ou foi má fé mesmo.


Comércio Exterior

De todas, esta foi a herança maldita mais “engraçada”:



O governo FHC obteve a proeza de ter déficit na balança comercial durante seis dos oito anos de mandato. Apesar de os tucanos se dizerem mais internacionalistas e a favor da abertura do mercado brasileiro, o comércio exterior durante o governo FHC esteve praticamente estagnado. No final do governo tucano, a variação positiva da balança comercial se deveu mais à queda da importação do que a uma reação forte do setor exportador.

Apesar de tudo isto, o jornal “O Globo” ainda fez a proeza de dizer que o saldo da balança comercial estava entre os indicadores ruins do governo Lula. Nos 8 anos de mandato do presidente Lula, nunca houve uma balança comercial negativa (medido ao final de um ano), inclusive durante a crise que afetou os países ricos retraindo a demanda de nossos produtos dos mesmos e  sobrevalorizando nossa moeda.

A oposição conseguiu transformar a derrota na última eleição em vitória, ao que tudo indica, a oposição e a grande mídia também conseguem fazer o inverso: transformar vitórias do governo Lula em derrotas.

*Gustavo A. Medeiros é engenheiro e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".

Um comentário:

Silvio disse...

Não há como se concordar com a crítica sobre o saldo comercial de Lula vs FHC. A realidade econômica da década de 1990, quando FHC governou, foi em tudo diferente dos anos 2000, quando houve um verdadeiro "boom" do comércio global e a emergência de vários países, entre os quais a China, para onde passamos a exportar em grandes quantidades nossas commodities (em particular minério de ferro. A China "não existia" nos anos 1990; já, nos anos 2000 passou a ser a 2ª economia mundial. Por conta do boom, o mundo passou a crescer em média a 4% - os chamados "emergentes" a muito mais que isso e, por conta de tudo isso, nossas exportações cresceram em volume e em preço. Tudo isso caiu no "colo" de Lula sem que ele tivesse precisado mexer um único grampo para isso. Lula fruiu um verdadeiro "mamão com açúcar" de 2003 a 2008; FHC comeu o pão que o diabo amassou, enfrentando a crise do México, o default da Argentina, a crise da Turquia, da Russia, da Ásia, os problemas corporativos nos EUA e mais o terrorismo de 2001 (quando os mercados desabaram). Já, em 2002, teve, na "saideira", de enfrentar um dólar a R$4,00 (equivalente a mais de R$8,00 hoje) por conta do apavoramento do mercado com a iminência da eleição daquele que prometia "mudar tudo isso que está aí".

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