Em seu balanço anual, o "think tank" britânico conclui que o presidente conseguiu "afirmar vigorosamente" o país na cena internacional. Mas alerta para riscos globais do crescente individualismo na política externa.
Graças ao presidente Lula, o Brasil tornou-se um protagonista na política global, por exemplo, em questões como as alterações climáticas e a política nuclear iraniana, observa o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS).
Em seu Balanço Anual das Relações Internacionais, publicado nesta terça-feira (07/09), o centro de estudos britânico dedica um capítulo ao "ano de Lula", que coincide com o final de seus dois mandatos. Segundo o IISS, Lula conseguiu "afirmar vigorosamente" o país na cena internacional, promovendo uma evolução contínua nos últimos anos.
"Parecia que estava por todo o lado", lê-se, com referência à atribuição da organização dos Jogos Olímpicos de 2016 ao Rio de Janeiro, à outorgação do título de dirigente do ano no Fórum Internacional de Davos e aos elogios da revista Time.
"Parecia que estava por todo o lado", lê-se, com referência à atribuição da organização dos Jogos Olímpicos de 2016 ao Rio de Janeiro, à outorgação do título de dirigente do ano no Fórum Internacional de Davos e aos elogios da revista Time.
"O Brasil usou a crescente força da sua economia para angariar reconhecimento como potência global emergente", afirma o balanço. Seu papel na afirmação dos países emergentes, cooperando com a Rússia, a Índia e a China, é reconhecida, da mesma forma como os resultados dos programas sociais brasileiros.
"Sob a sua liderança, o país posicionou-se como um árbitro à margem, capaz de mediar conflitos internacionais de forma justa e com bons princípios, embora com efeitos mistos", conclui o IISS. Porém, considera "controversa" tanto a intervenção do presidente na mudança de regime em Honduras quanto sua relutância em apoiar as sanções contra o Irã por causa de sua política nuclear.
O instituto também fez observações às eleições presidenciais de outubro, em que se espera que os principais candidatos mantenham a política externa de Lula, ou seja, o apoio à União de Nações Sul-Americanas e às relações com os outros países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
No entanto, enquanto os analistas do IISS esperam que Dilma Rousseff mantenha as alianças de Lula, preveem que José Serra seja mais crítico com a Venezuela e o Irã.
Crise levou a câmbio geopolítico
Em linhas gerais, o informe anual concluiu que a crise financeira de 2008 provocou uma mudança das potências políticas e econômicas, abrindo espaço para países fora do eixo "ocidental" que reforçaram sua confiança quanto ao lugar que devem ocupar na comunidade internacional.
"Enquanto muitos países ocidentais procuram lidar com a sensação de haver perdido poder econômico, outros do G20 e várias potências em diferentes regiões começaram a adotar posturas mais independentes com relação a sua política internacional", apontam os peritos. Eles lembram ainda que a potencialização do individualismo na política externa é consequência do aumento da autoconfiança e também de um "sentimento de independência financeira".
No entanto, o IISS adverte que as novas constelações geopolíticas não são fáceis de manejar através de instituições regionais ou globais. Segundo o think tank, diversos projetos estratégicos estão sendo afetados, depois que muitos países passaram a adotar suas próprias medidas para fazer frente aos desafios da segurança global e regional. Isso, concluem os peritos, aumenta os riscos de um "protecionismo estratégico".
FONTE: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5984432,00.html
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