No horário eleitoral gratuito, os programas dos grandes partidos são produzidos por alguns dos publicitários mais influentes do país, os mesmos que ajudam a vender as grandes marcas do mercado nacional. São usados recursos técnicos dignos de elogios de diretores de arte e fotografia. O mais desatento pode até confundir as peças com o trailler de algum novo filme.
Não é preciso ser especialista político ou, caso exista, um improvável fã de tal tipo de conteúdo televisivo, para constatar que grande parte das cenas gira em torno de: educação, violência, programas sociais, crescimento econômico e saúde. Nesse ínterim, aparecem artistas e apresentadores, os quais “conversam” com o eleitor sobre o candidato, suas qualidades, trajetórias exemplares de vida e suas lutas corajosas em prol de um país (e quiçá de um mundo) melhor.
Na emissora que ostenta o maior conglomerado midiático em território nacional, o horário político vem um pouco antes da novela. Podemos depreender daí, nos valendo de um raciocínio lógico, as mais diversas interpretações do que essa proximidade pode significar - interfere na audiência, confunde a realidade com o fictício, etc. Não é exagero afirmar que há uma proximidade não só de horário, mas também de linguagem. Vejamos.
Assim como as campanhas se centram nos macrotemas já citados, as novelas, invariavelmente, apresentam um par romântico central, alguém que interfere nesse relacionamento, personagens humorísticos de bom coração, ricos bonzinhos e maus, pobres idem...
A habilidade dos dramaturgos está em, mesmo trabalhando com pontos sempre recorrentes, tornar cada história, cada trama, interessante, atrativa e emocionante a ponto de fazer o telespectador acompanhá-la durante oito, nove meses. A missão dos marqueteiros políticos é bem semelhante a esta: tornar o seu candidato único, carismático e conquistar a simpatia por ele, mantendo-a até o dia da urna.
Mesmo com as novas tecnologias que contribuem para a simplificação do pensamento - televisões com imagens em 3D, twittadas mil a 140 calibradas cada, e qualquer outra ferramenta que potencialize a enxurrada de informações desconexas que se vê hoje - ainda é o milenar boca a boca, a conversa de compadres e comadres, o melhor termômetro para se saber quando algo é verdadeiramente popular, quando agrada ou desagrada o grande público. A sacada ainda é virar assunto de uma conversa de bar. Quem consegue, emplaca!
Em 2002, Duda Mendonça foi extremamente eficiente ao “vender” uma nova imagem de Lula, bem diferente do sindicalista barbudo, radical e irritadiço. O nosso presidente é o caso do personagem mal compreendido, mas que com o passar da trama conquista a admiração de todos: desde aqueles que nem sabem o que é TV aos louros de olhos azuis. Na eleição de 2002, a definição “Lula paz e amor” resumiu todo um enredo político e foi tão eficiente na forma como divulgou o “neo Lula” que pulverizou os sinais de medo, melancolicamente demonstrados em horário nobre por quem já foi “rainha da sucata” .
Dentre os que defendem que a imprensa não deve ser um “armazém de secos e molhados”, mas só o fazem quando a seca pro seu lado é grande, a esquerda é a eterna Geni. Parcela considerável da mídia produz desinformação com a mesma rapidez com que atira pedras em inocentes. O absurdo é ver a facilidade com que, em horário eleitoral e fora dele, artistas, jornalistas e políticos malham aqueles cuja história desconhecem só para garantir... “o leite das crianças”. Será que essas crianças um dia vão ter motivos para votar neles?
Não é preciso ser especialista político ou, caso exista, um improvável fã de tal tipo de conteúdo televisivo, para constatar que grande parte das cenas gira em torno de: educação, violência, programas sociais, crescimento econômico e saúde. Nesse ínterim, aparecem artistas e apresentadores, os quais “conversam” com o eleitor sobre o candidato, suas qualidades, trajetórias exemplares de vida e suas lutas corajosas em prol de um país (e quiçá de um mundo) melhor.
Na emissora que ostenta o maior conglomerado midiático em território nacional, o horário político vem um pouco antes da novela. Podemos depreender daí, nos valendo de um raciocínio lógico, as mais diversas interpretações do que essa proximidade pode significar - interfere na audiência, confunde a realidade com o fictício, etc. Não é exagero afirmar que há uma proximidade não só de horário, mas também de linguagem. Vejamos.
Assim como as campanhas se centram nos macrotemas já citados, as novelas, invariavelmente, apresentam um par romântico central, alguém que interfere nesse relacionamento, personagens humorísticos de bom coração, ricos bonzinhos e maus, pobres idem...
A habilidade dos dramaturgos está em, mesmo trabalhando com pontos sempre recorrentes, tornar cada história, cada trama, interessante, atrativa e emocionante a ponto de fazer o telespectador acompanhá-la durante oito, nove meses. A missão dos marqueteiros políticos é bem semelhante a esta: tornar o seu candidato único, carismático e conquistar a simpatia por ele, mantendo-a até o dia da urna.
Mesmo com as novas tecnologias que contribuem para a simplificação do pensamento - televisões com imagens em 3D, twittadas mil a 140 calibradas cada, e qualquer outra ferramenta que potencialize a enxurrada de informações desconexas que se vê hoje - ainda é o milenar boca a boca, a conversa de compadres e comadres, o melhor termômetro para se saber quando algo é verdadeiramente popular, quando agrada ou desagrada o grande público. A sacada ainda é virar assunto de uma conversa de bar. Quem consegue, emplaca!
Em 2002, Duda Mendonça foi extremamente eficiente ao “vender” uma nova imagem de Lula, bem diferente do sindicalista barbudo, radical e irritadiço. O nosso presidente é o caso do personagem mal compreendido, mas que com o passar da trama conquista a admiração de todos: desde aqueles que nem sabem o que é TV aos louros de olhos azuis. Na eleição de 2002, a definição “Lula paz e amor” resumiu todo um enredo político e foi tão eficiente na forma como divulgou o “neo Lula” que pulverizou os sinais de medo, melancolicamente demonstrados em horário nobre por quem já foi “rainha da sucata” .
Dentre os que defendem que a imprensa não deve ser um “armazém de secos e molhados”, mas só o fazem quando a seca pro seu lado é grande, a esquerda é a eterna Geni. Parcela considerável da mídia produz desinformação com a mesma rapidez com que atira pedras em inocentes. O absurdo é ver a facilidade com que, em horário eleitoral e fora dele, artistas, jornalistas e políticos malham aqueles cuja história desconhecem só para garantir... “o leite das crianças”. Será que essas crianças um dia vão ter motivos para votar neles?
*Ana Helena e Paulo Pastor são estudantes de jornalismo. Ela carioca, ele paulista, têm em comum o idealismo aprendido com seus mestres: Gilson Caroni Filho e José Arbex Jr., respectivamente.
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