Celso Lungaretti (*)
É de um ridículo atroz a grita demotucana, tentando apresentar um episódio pequeno e patético como se fosse uma terrível ameaça à democracia.
Ameaças reais à democracia eram, isto sim, as brutais agressões da polícia do então governador José Serra aos professores e aos universitários de São Paulo.
Para quem já esqueceu esses episódios, eis como o professor doutor Pablo Ortellado, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, relatou um deles, a chamada batalha da USP, em junho/2009:
Para quem já esqueceu esses episódios, eis como o professor doutor Pablo Ortellado, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, relatou um deles, a chamada batalha da USP, em junho/2009:
"Quando [os docentes da USP] chegamos na altura do gramado, havia uma multidão de centenas de pessoas, a maioria estudantes correndo e a tropa de choque avançando e lançando bombas de concusão (falsamente chamadas de 'efeito moral' porque soltam estilhaços e machucam bastante) e de gás lacrimogêneo. A multidão subiu correndo até o prédio da História/ Geografia, onde a assembléia havia sido interrompida e começou a chover bombas no estacionamento e entrada do prédio (...).
"Sentimos um cheiro forte de gás lacrimogêneo e dezenas de nossos colegas começaram a passar mal devido aos efeitos do gás -- [nomeia cinco professores] todos com os olhos inchados e vermelhos e tontos pelo efeito do gás. A multidão de cerca de 400 ou 500 pessoas ficou acuada neste edifício cercada pela polícia e 4 helicópteros. O clima era de pânico.
"Durante cerca de uma hora, pelo menos, se ouviu a explosão de bombas e o cheiro de gás invadia o prédio.
"(...) Neste momento, recebi notícia que meu colega Thomás Haddad havia descido até a reitoria para pedir bom senso ao chefe da tropa e foi recebido com gás de pimenta e passava muito mal. Ele estava na sede da Adusp se recuperando.
"Durante a espera infinita no pátio da História, os relatos de agressões se multiplicavam. Escutei que a diretoria do Sintusp foi presa de maneira completamente arbitrária e vi vários estudantes que haviam sido espancados ou se machucado com as bombas de concusão (inclusive meu colega, professor Jorge Machado). Escutei relato de pelo menos três professores que tentaram mediar o conflito e foram agredidos.
"Na sede da Adusp, soube, por meio do relato de uma professora (...) que chegou cedo ao hospital que pelo menos dois estudantes e um funcionário haviam sido feridos".
EXAGEROS E MENTIRAS - Então, em meio a tanta tempestade em copo d'água e tanta manipulação desavergonhada sobre o rolinho de fita crepe assassino, é um alívio encontrar colegas que ainda se comportam com a dignidade de verdadeiros jornalistas, mesmo atuando na grande imprensa.
Pena que sejam só os veteraníssimos, que os veículos da mídia golpista suportam porque seria contraproducente tirar-lhes os espaços, expondo-se a uma enxurrada de críticas. Preferem aguardar que se aposentem, enquanto tratam de evitar que tenham sucessores.
Enfim, saudemos os Jânios de Freitas que ainda restam, capazes de dar a definitiva palavra sobre os factóides ridículos que o PIG tenta fabricar, como ele fez nestas considerações:
* Jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com"O PSDB e aliados investem no engrandecimento do choque entre o objeto na cabeça de José Serra e a reação de Lula. A rigor, a gravação com celular feita pelo repórter Italo Nogueira, da Folha, a meu ver não permite a afirmação categórica de que um segundo objeto, contundente, atingiu a cabeça de Serra.
"O tumulto forçou imagens tremidas, que precisam de perícia, e talvez não uma só, para a interpretação segura.
"A própria Folha, em cuja Redação no Rio a gravação foi examinada inúmeras vezes, tratou-a com cautela. A Globo decidiu bancá-la como imagem de um objeto atingindo Serra. Se houve esse objeto além da bolinha de papel, é certo que não teve mais de um palmo e não 'era duro e pesava mais ou menos meio quilo', como descrito por Serra.
"Sabe-se que ele é cabeça-dura, mas não a ponto de nela receber um objeto com tais características e, nem se diga ferimento, mas sequer ficar marca na pele..."
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog não está subordinado a nenhum partido. Lula, como todo ser humano, não é infalível. Quem gosta dele (assim como de qualquer pessoa), tem o dever de elogiá-lo sem nunca deixar de criticá-lo. ---------------------------------------------------------------------------------------------------- Todas as opiniões expressas aqui, em conteúdo assinado por mim ou pelos colaboradores, são de inteira responsabilidade de cada um. ----------------------------------------------------------------
Comentários são extremamente bem-vindos, inclusive e principalmente, as críticas construtivas (devidamente assinadas): as de quem sabe que é possível e bem mais eficaz criticar sem baixo calão. ----------------------------------------------------------------------------------------------
Na parte "comentar como", se você não é registrado no google nem em outro sistema, clique na opção "Nome/URL" e digite seu nome (em URL, você pode digitar seu site, se o tiver, para que clicando em seu nome as pessoas sejam direcionadas para lá, mas não é obrigatório, você pode deixar a parte URL em branco e apenas digitar seu nome).-----------------------------------------
PROCURO NÃO CENSURAR NADA, MAS, POR FAVOR, PROCUREM NÃO DEIXAR COMENTÁRIOS ANÔNIMOS. NÃO PODEMOS NOS RESPONSABILIZAR PELO QUE É DITO NESSES COMENTÁRIOS.
Att,
Ana Helena Tavares - editora-chefe