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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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sábado, 28 de agosto de 2010

Insanidade de um linha dura

 Insanidade de um linha dura

Os falcões estadunidenses, aliados de Israel, sonham há tempos com um ataque de Israel ao Irã, que, se acontecer, terá reflexos em todo o mundo e poderá desencadear um conflito nuclear, como já advertiu nesse sentido o ex-Presidente de Cuba, Fidel Castro. Espera-se que a insanidade dos falcões não prevaleça, mas todo cuidado é pouco.

Por Mario Augusto Jakobskind (*)

 

Insanidade. É o mínimo que se pode considerar de uma sugestão apresentada pelo linha dura John Bolton (foto), ex-representante dos Estados Unidos na ONU, para que Israel ataque a central nuclear iraniana de Bushehr. Bolton ainda deu um prazo de oito dias, a contar de 17 último, alegando que se isso não for feito o Irã terá uma usina atômica ativa.

Os falcões estadunidenses, aliados de Israel, sonham há tempos com um ataque de Israel ao Irã, que, se acontecer, terá reflexos em todo o mundo e poderá desencadear um conflito nuclear, como já advertiu nesse sentido o ex-Presidente de Cuba, Fidel Castro. Espera-se que a insanidade dos falcões não prevaleça, mas todo cuidado é pouco.

De Israel vem a notícia que confirma estarem hoje as mulheres na linha de frente em várias partes do mundo. As israelenses, segundo a BBC, conduziram várias palestinas para que pela primeira vez conhecessem o mar em Tel Aviv. Foi um ato de grandeza de desobediência civil, pois a legislação pune com prisão de até dois anos quem desobedece a chamada Lei de Entrada em Israel.

Por estas e muitas outras Israel se torna um estado delinquente e cada vez mais se isola da comunidade internacional. Não é à toa inclusive que os dirigentes israelenses são exortados pela linha-dura estadunidense a bombardear o Irã.

Por aqui. As Organizações Globo dão o ar de sua graça lembrando os velhos tempos em que o grupo conseguiu grandes vantagens no período em que o Brasil vivia sob uma ditadura. A revista Época, das Organizações Globo, estampou na capa a foto de Dilma Roussef extraída dos arquivos daquele período e elaborou um texto baseado exatamente nas informações processadas pelos que detinham o poder de fato. Ou seja, fica claro porque até hoje as Organizações Globo nunca fizeram autocrítica por terem apoiado a ditadura e volta e meia se apresentam como democratas desde criancinha.

Não é à toa também que o grupo em questão impede que os jornalistas lá empregados evitem a todo custo que a questão midiática entre na pauta das discussões dos candidatos à Presidência da República. Não é à toa também que combatem com unhas de dentes qualquer tipo de questionamento do setor, cujas regras do jogo estão completamente defasadas e precisam ser revistas. Qualquer movimento nesse sentido os barões midiáticos apelam e elaboram editoriais advertindo que a liberdade de imprensa corre perigo. Recebem o apoio da Sociedade Interamericana de Imprensa acionando, como já foi visto no Direto da Redação, o presidente Alejandre Aguirre que imediatamente adverte que no Brasil a liberdade de imprensa corre perigo ou que Lula não é democrático.

A propósito da questão midiática. No XXXIV Congresso de Jornalistas da Federação Nacional de Jornalistas, encerrado no último sábado (21) foi aprovada, por unanimidade, tese em defesa da Voz do Brasil, o programa radiofônico mais antigo do rádio e que possibilita a milhões de brasileiros terem acesso à informações sobre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e questões de cidadania. A Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado aprovou a flexibilização do horário do programa por sugestão do Senador Antonio Carlos Magalhães Júnior, do Dem, uma figura notoriamente vinculada aos grandes proprietários dos veículos de comunicação. O projeto aprovado ainda terá de passar pelo plenário do Senado e posteriormente irá para a Câmara dos Deputados.

Flexibilização do horário da Voz do Brasil, que há mais de 70 anos ocorre das 19 às 20 horas,significa na prática o início do fim do programa mencionado. Uma pergunta que os senadores que aprovaram a flexibilização não fizeram: quem fiscalizaria se a Voz do Brasil estaria sendo veiculada ou não?

Na verdade, não é de hoje que o patronato do setor de rádio tenta acabar com a Voz do Brasil. Até Caetano Veloso em uma ocasião foi convocado para falar contra o programa com alegações que não resistem a menor análise, uma delas a de que a emissão da Voz do Brasil representa intromissão do Estado em veículos de comunicação.

Caetano e os que defendem o fim da Voz do Brasil esqueceram-se de informar aos interessados que o espectro eletromagnético pertence ao Estado brasileiro e não é propriedade privada. Por que então impedir a difusão de um espaço informativo histórico e que é ouvido por milhões de brasileiros?

Por estas e muitas outras é fundamental levar em conta e repetir sempre que o papel do Poder Público é garantir também que os brasileiros tenham acesso irrestrito à informação, um direito humano da maior relevância .


*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, mora no Rio de Janeiro e é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de S. Paulo e editor de Internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato. É autor, dentre outros livros, de “América que não está na mídia” e “Dossiê Tim Lopes – Fantástico / Ibope”. É colunista do site “Direto da Redação” e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.

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