Por Laerte Braga (*)
Há um ano militares hondurenhos derrubaram o presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya. Seguiam a risca uma decisão arbitrária da Suprema Corte do país, com respaldo do Congresso e comando militar e político de dentro da base norte-americana em Tegucigalpa. O golpe fora decidido em Washington um mês antes e articulado pelo senador republicano John McCain, adversário de Obama nas eleições presidenciais.
Zelaya contrariava os interesses dos donos e zelava pelos interesses do povo hondurenho.
A receita de sempre, nada diferente do golpe militar de 1964 no Brasil. “Patriotas” comandados pelo general Vernon Walthers e pelo embaixador Lincoln Gordon “salvaram” o Brasil das garras do comunismo. Encheram as prisões de opositores, torturaram, estupraram, assassinaram e contaram com os caminhões da FOLHA DE SÃO PAULO para a desova dos cadáveres. Tudo com financiamento FIESP/DASLU.
No dia internacional contra a tortura, milhares de torturados, desaparecidos e mortos na América Latina ao longo de anos e anos a fio, torturadores continuam impunes e agindo nos porões da “democracia cristã e ocidental”, em nome do “patriotismo canalha”.
A menina Alyssa Thomas, de seis anos, moradora no estado de Ohio, EUA, está na lista de passageiros suspeitos de terrorismo e impedidos de voar. Foi o que revelaram as tevês CNN e FOX. Os pais de Alyssa descobriram que a filha era considerada “terrorista” numa lista secreta do Departamento de Segurança Interna do governo norte-americano quando pretendiam embarcar num vôo de Cleveland para Mineapolis.
Alyssa acabou embarcando, mas o Departamento de Estado não quis explicar as razões que incluíram a menina na lista e tampouco dar explicações sobre o assunto e a tal lista.
O físico José Goldenberg disse em entrevista que o Brasil não abriu mão de construir uma bomba atômica e tampouco desenvolver outras armas nucleares a despeito de ser um dos signatários do tratado de não proliferação de armas nucleares. Goldenberg foi ministro de FHC, o presidente brasileiro que assinou o tratado. É um dos principais agentes de Israel no Brasil.
Um general norte-americano que não dorme mais que duas horas por noite, vive de forma espartana e tem como companheira de vida a guerra, resolveu desafiar o presidente do seu país alegando que era preciso enviar mais tropas ao Afeganistão e permitir o uso de determinado tipo de arma para sufocar a guerrilha talibã. A média de soldados norte-americanos mortos naquela guerra é de oito por dia e a opinião pública dos EUA começa a se perguntar se o país não está atolando num novo Vietnã.
Especialistas dizem que sim. O general foi forçado a retratar-se e demitido.Na cabeça dele armas químicas, biológicas e nucleares de pequeno porte seriam suficientes para ganhar a guerra. A concepção de Madeleine Albright, secretária de Estado de Bil Clinton, sobre a morte de 200 mil crianças iraquianas vítimas de subnutrição por conta do bloqueio econômico e de sanções diversas. “É um preço que a democracia tem que pagar”.
O golpe em Honduras teve todos os ingredientes das farsas democráticas montadas em Washington para manter a América Latina sob controle. Presença do cardeal hondurenho levando as bênçãos suásticas/pedófilas de Bento XVI aos golpistas, chegada ao palácio presidencial com um enorme crucifixo e missa pelo restabelecimento da “democracia”, um sem número de prisões, assassinatos de opositores, tortura e um arremedo de eleição que levou ao governo Pepe Lobo.
As prisões, a tortura e os assassinatos de líderes e resistentes ao golpe continuam no governo de Lobo. Os interesses das empresas norte-americanas foram mantidos intactos e a base militar dos EUA no país funciona como espécie de palácio de governo de fato.
Com toda a certeza outro general que não dorme mais que duas horas, vive de maneira espartana, controla com mão de ferro o governo Lobo.
Grupos empresariais de várias partes do mundo admitiram que gastam perto de 50 milhões de dólares por ano para “ajudar” os partidos de oposição na Venezuela a derrubar o presidente Hugo Chávez. Dentre esses “contribuintes para a democracia” traficantes de droga, de armas, de mulheres, banqueiros, grandes multinacionais com ênfase para laboratórios farmacêuticos (Chávez adotou o modelo cubano de saúde) e empresas petrolíferas.
No Brasil o candidato indicado por Washington para tentar suceder o presidente Lula, o tucano José Arruda Serra acusa o presidente Evo Morales da Bolívia de fazer corpo mole com o tráfico de drogas e detona o MERCOSUL.
Quer submissão total a Washington. Privatizar a PETROBRAS. Transformar o país numa imensa base de operações militares do conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A, assegurando o controle dessa parte do mundo.
Todo o roteiro de campanha de Arruda Serra chega pronto de Washington, elaborado por Schecther y Associados – CLSA –, sob a batuta do marqueteiro Peter Schecther, perito em golpes de estado e em repetir mentiras a exaustão até que se tornem “verdades” (deve ter sido o inspirador do JORNAL NACIONAL).
A agência trabalha para o Departamento de Estado, assiste “aliados” na América Latina e no caso de Honduras recebeu um “contrato” de 200 mil dólares do governo golpista de Micheletti para “vender” a imagem de sabão que lava mais branco e tira manchas dos torturadores e assassinos que tomaram conta do país.
Ajudou nas campanhas presidenciais de FHC no Brasil, nos “trabalhos” de compra de deputados e senadores para aprovar a reeleição, está de corpo e alma na campanha de Arruda Serra.
O governo brasileiro não reconhece o governo ilegítimo de Honduras e foi parte decisiva na reação ao golpe.
Uma das leituras que não pode ser deixada de lado no caso do golpe de Honduras é o seu caráter de aviso. Norte-americanos não estão dispostos a perder o controle dessa parte do mundo, a manter a exploração de países como o Brasil e é sabido que detêm o controle das forças armadas ditas brasileiras em sua maioria. Nas escolas militares do Brasil se ensina que a censura a imprensa, por exemplo, foi necessária para preservar a liberdade.
Aqui, os torturadores e assassinos continuam impunes. Hélio Costa, senador do PMDB e intérprete de um dos principais organizadores da Operação Condor, Dan Mitrione, é candidato ao governo de Minas com apoio do PT nas estranhas alianças que vão se formando e que mais à frente podem se transformar em grandes armadilhas.
A resistência em Honduras permanece. Movimentos sociais, sindicatos e cidadãos resistem à barbárie do governo Pepe Lobo controlado pelo comandante militar da base norte-americana e por empresários e latifundiários dos EUA. Militares hondurenhos não diferem de militares do resto da América Latina em sua maioria. Ao menor grito de Washington caem de quatro e assumem o papel de polícia e guardiões dos interesses daquele país.
A resistência em Honduras é mais que um símbolo, ou uma luta isolada. É de todos os latino-americanos debaixo da ameaça da selvageria do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.
O que coloca na lista de suspeitos uma criança de seis anos de idade.
Vão acabar culpando o Irã por isso. E continuar a despejar bombas por todas as partes do mundo, onde entenderem que seus interesses estão ameaçados.
Em nome da liberdade, da democracia e dos direitos humanos.
O modelo é Guantánamo a base do terror que mantêm em território ocupado em Cuba..
E essa violência crescerá tanto mais quanto se percebe que a Europa está falida e naufragando e o grande império tem milhões de desabrigados na crise que varreu o sistema bancário e imobiliário, mas garantiu o futuro dos executivos da indústria automobilística e uma polpuda reforma a um general maluco que deve achar que o comunismo vem pela água.
Honduras é um símbolo para toda a América Latina.
*Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no “Estado de Minas” e no “Diário Mercantil”. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.
Charges: Carlos Latuff
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