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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Estão chegando os do norte

  Estão chegando os do norte

Por Laerte Braga (*)

Esse negócio de rastejar diante de interesses dos Estados Unidos e do capital internacional que tem marcado a campanha de José Arruda Serra nesses primeiros momentos, ainda que possa trazer algum prejuízo nessa fase de largada da disputa presidencial, faz parte do esquema de arrecadação de fundos.



O deputado Ciro Gomes, que incentivou a campanha de Aécio Neves, é pessoa grada a determinados grupos norte-americanos e andou em alguns seminários naquele conglomerado terrorista arrastando o ex-governador Aécio Neves e vendendo com êxito o peixe da subserviência. A hipótese de Aécio vir a ser o candidato tucano, isso àquela época, não mudaria nada em termos de comportamento em relação a Serra. Só o estilo, Lord Byron já dizia que “o estilo é o homem”, mesmo que quisesse dizer outra coisa.



O chanceler de um eventual governo Aécio, qualquer que fosse, continuaria a tirar os sapatos para ser revistado no aeroporto de New York e ao final pediria desculpas pelo trabalho dado aos agentes do FBI e da imigração.



É possível até que esse assunto fosse negociado para não pegar tão mal assim como no caso do chanceler de FHC, Celso Láfer, que ficou apenas de cavanhaque enquanto era submetido a tal revista para definir se terrorista ou não.



Aécio é pelo menos dez vezes mais esperto que Arruda Serra e os grupos que participaram dos seminários onde o mineiro estava perceberam isso.



Mas como antiguidade é posto nesse esquema, Arruda Serra esbravejou, cobrou anos de lealdade a empresas e governo dos EUA, afastou Aécio da disputa com um dossiê em que comparava o adversário com Collor de Mello, insinuava que Aécio era usuário de drogas pesadas e valeu-se do jornalista Juca Kfoufy, uma espécie de valete de chambre do paulista, para mandar um pequeno recado a Aécio dando conta da tempestade que viria caso permanecesse a disputa dentro da quadrilha tucana.



Aécio que de bobo não tem nada, claro, montou também seu dossiê Arruda Serra onde mostrava que o ex-governador paulista, longe de ser refinado, é um cruel e despótico pilantra.



No final, como a coisa estivesse ficando ruim para ambos a GLOBO e VEJA entraram em cena, arranjaram um delegado federal aposentado para ganhar uns caraminguás extras e tudo ficou na conta de Dilma Roussef.



O interessante é que nenhum dos veículos de comunicação que se atirou enfurecido contra a candidata de Lula falou ou mostrou o conteúdo do tal dossiê. Nem de um e nem de outro. A corrupção grossa que permeia Arruda Serra e seu entorno desde que viu uma vaca pela primeira vez em 2002..



Numa de suas intervenções junto a jornalistas o candidato tucano criticou o governo da Bolívia, afirmando-o complacente com o tráfico de drogas. Um relatório do Departamento anti-drogas do governo dos EUA mostra que é espantoso o crescimento da produção de cocaína na selva peruana e na Colômbia, países controlados por Washington. Ao contrário do que acontece na Bolívia.



Nessa altura do campeonato Arruda Serra já estava falando para setores do empresariado brasileiro, levando em conta o caráter de grande produtora de gás natural e detentora de imensas reservas desse mesmo gás da Bolívia. Estava relembrando os acordos firmados no governo FHC com governos corruptos da Bolívia onde o preço do gás era mais baixo que a propina paga a governantes bolivianos e as vantagens decorrentes disso para políticos tucanos e do DEM, na contrapartida dos empresários brasileiros diretamente beneficiados pelo “negócio”.



No duro mesmo Arruda Serra estava buscando dinheiro para a campanha, tentando vender um pirulito a empresários e sinalizando a Washington que num eventual governo dele os caminhos para derrubar Morales (eleito e reeleito pelos bolivianos) ficariam abertos.



É essa a importância do Brasil no contexto latino-americano. É esse o objetivo dos EUA em eleger Arruda Serra. Uma grande base militar para manter a América Latina ou fazê-la retroceder à condição de AMÉRICA LATRINA. Iríamos todos virar um grande México, espécie de depósito de lixo colado aos EUA.



Alan Garcia, presidente do Peru e Álvaro Uribe, da Colômbia, são notórios presidente dos traficantes de droga, ligados ao latifúndio de seus países – os grandes produtores de droga – (hoje já se fala em droga transgênica com participação da MONSANTO). Dados relacionando esses dois presidentes ao tráfico circulam por jornais dos EUA com a maior tranqüilidade, sem problema algum.



O que acontece, no duro mesmo, é que a droga não é o grande problema a afligir os norte-americanos. Grandes traficantes nos EUA surgiram dentro das forças armadas nas guerras levadas a efeito em várias partes do mundo e nas bases militares montadas em países como Colômbia e Peru.



A produção de ópio no Afeganistão cresceu de forma impressionante depois da invasão decidida por George Bush.



Há uma espécie de teto nesse “negócio”. Não pode é interferir nas políticas colonialistas da grande potência do Norte, atrapalhar o controle que exercem sobre países detentores de grandes reservas de petróleo, de água, de minerais estratégicos e foi isso que José Arruda Serra quis dizer em curtas e grossas palavras ao referir-se ao governo da Bolívia.



Ou seja, Arruda Serra deixou claro que governo e empresas dos EUA podem confiar e jogar dinheiro em sua campanha, sinalizar a braços que atuam no Brasil e em outros países, como a GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, etc, que vai ficar tudo direitinho como querem os donos do mundo.



Se for preciso, além dos sapatos tiram as calças também. Se é que já não tiraram.



E se houver uma exigência Celso Láfer raspa o cavanhaque e mostra que não esconde ali nenhuma bomba capaz de destruir torres gêmeas.



É da genética dessa gente. Chicote contra o trabalhador, de quatro com os poderosos.



Nelson Rodrigues diria que os tucanos existem desde tempos antes de Cristo. E estiveram representados na história, entre outros, por Pôncio Pilatos naquela pantomima de lavar as mãos e dar as costas à barbárie.



O importante é que, no fim de mês, na hora de tirar o extrato bancário, isso em paraísos fiscais, lá estejam os valores relativos às propinas. A remuneração pelo constante e permanente cair de quatro.



O extraordinário poder militar dos EUA se estende para além das armas químicas e biológicas com que acabam matando seus próprios soldados (mas vendendo o produto é lógico).



O número fabuloso de satélites de todas as espécies e para todos os fins que circundam a Terra permitem aos EUA saber direitinho onde está o petróleo, onde está a água, onde estão os minerais chaves ao seu poder.



O governo FHC não hesitou um instante sequer para entregar o controle da segurança nacional a empresas norte-americanas. Setores estratégicos foram postos em mãos de Washington.



Tivesse a EMBRAER, por exemplo, se mantido empresa estatal, estaríamos hoje entre os grandes da construção aeronáutica. Dez vezes mais que a empresa alardeia, pela simples razão que a EMBRAER passou a ser um instrumento dos grandes grupos da aviação civil e militar dos EUA.



Um militar brasileiro que tenha estudado a Amazônia de cabo a rabo não sabe dez por cento do que sabem setores militares dos EUA sobre a Região. O pré-sal era do conhecimento dos donos desde muito tempo. Daí a luta para privatizar a PETROBRAS no governo FHC. Quebraram o monopólio do petróleo, venderam a maioria das ações preferenciais, mas não puderam consumar o crime in totum diante da reação popular.



Se Arruda Serra ganha vai falar em novo mundo, nova ordem econômica e assinar o contrato de transferência da empresa para uma British Petroleum do mundo. O que vale dizer, breve, as praias brasileiras cheias de óleo patriótico do tucanato.



Eles chamam esse negócio de cair de quatro e se refestelar no festim entreguista que os caracteriza de modernidade.



Reforma agrária nem pensar. Toda a terra vai ser necessária para o transgênico venenoso de cada dia, regado ao agrotóxico de todos os dias e rebanhos e rebanhos de gado na predação irreversível de regiões inteiras do Brasil. D. Kátia Abreu, senadora corrupta e presidente da CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA vai cortar a fita simbólica com as cores da bandeira dos EUA.



E inaugurar o grande rodeio com invocação do espírito de John Wayne num cavalo cheio de escalpos de índios e camponeses brasileiros.



Exagero, não é bem assim? Tudo bem, vá confiando nessa conversa cretina e sem vergonha de Arruda Serra e seus tucanos e DEMocratas, vá achando que Roberto Freire não mete a mão no seu bolso, no dinheirinho público.



Quando acordar e perceber que está duro e o País é só uma grande colônia desses interesses, a luta para reconquista de um Brasil soberano será muito mais sofrida, muito mais dura que a de hoje. E pior, terá que ser travada por nossos filhos, nossos netos em imensos desertos de “progresso”. O deles. E ainda vamos pagar pedágio.



Os caras se abrigam em casamatas tecnológicas de onde controlam a turba através da mídia espetáculo.



Tem o cala a boca Galvão? Falta o cala a boca Bonner. O cala a boca tucano. O cala a boca VEJA.



Censura? Não, vergonha na cara e compromisso com o Brasil e os brasileiros. Nada além disso.



Os do Norte estão chegando de volta, como em 1964 no golpe sob comando de Washington e agora vestidos de democratas. Mas se preciso for baixam a borduna.



Na cabeça de Arruda Serra e seus sicários, o eleitor brasileiro, o cidadão brasileiro, é só um tonto que tem que ser iludido em períodos eleitorais para que se possa manter intocado o castelo dos bandidos, o deles.



Sabe aquele jogador da Coréia do Norte que desatou no choro ao ouvir o hino de seu país antes do jogo com o Brasil:



Numa declaração à imprensa esportiva de todo o mundo disse mais ou menos o seguinte – “conheço a miséria proporcionada pelo capitalismo, vivi no Japão e ao lado de muitos brasileiros e em condições miseráveis de escravo. Meus pais vivem na Coréia do Sul, optei por viver na Coréia do Norte para ser tratado com dignidade, como ser humano”.



É só uma questão de propaganda, de edição do filme.

*Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no “Estado de Minas” e no “Diário Mercantil”. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”. 
 
Charge: Carlos Latuff

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