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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Cesare Battisti na Trilha de Bob Dylan



Cesare Battisti na Trilha de Bob Dylan


Por Carlos Alberto Lungarzo (*)


Por Carlos LungarzoA música é a forma mais instintiva e espontânea de expressão em muitos seres vivos, desde os pássaros até os humanos. Quando (por causa daquilo que alguns cientistas chamaram “erro evolutivo”) a humanidade começou a instrumentar a violência e a crueldade, apareceram também, junto com as canções que louvavam o amor e a vida mansa, as marchas militares e os hinos que, atribuindo-se caráter sagrado, louvavam tiranos e guerreiros. Esse processo fez parte do aspecto negativo da existência humana, e aconteceu em todas as ordens da vida. Ao mesmo tempo em que a descoberta do ferro permitiu fabricar arados, os artesãos militares começaram a construir novas espadas, mais poderosas que as de bronze.


Mas, o papel da música ao serviço do amor e a solidariedade acabou brilhando e, apesar de ser combatido com sanha, também ganhou grandes espaços.


É verdade que grande parte da música da Idade Média esteve ao serviço do ódio. Os troubadours e trouvères na França cantaram as glórias dos cavalheiros e os massacres de cátaros. Mas, também eles louvaram algo que entendiam como amor (o “amor” platônico).  Na Alemanha, que ainda conservava traços fortes de seu passado pagão, os Minnesänge eram também canções de amor platônico, cujos autores já não cultuavam o belicismo.


A música progressista e revolucionária é mais velha do que parece. Ela começa a tornar-se conhecida quando as classes não dominantes ganham um pequeno espaço na vida ocidental, depois da Revolução Francesa. Mas, já o mesmo Mozart foi um “alternativo” em algum sentido, ao compor músicas alegres e misteriosas, que contrastavam com o misticismo  estático e desumanizado da polifonia renascentista e do próprio Bach.


Com Beethoven já a música entra plenamente em sua fase humana, tanto em sua veneração da felicidade (e, portanto, em sua oposição à morte) como em sua exaltação das figuras altruístas e generosas. O opus 84 de 1809, a maravilhosa abertura dedicada ao Conde Egmont, é realmente a homenagem a um rebelde antiimperialista que se torna prisioneiro dos espanhóis e paga com a sua vida a luta pela liberdade do povo flamengo.


Nos séculos 19 e 20, os escravos, os mais brutalmente oprimidos da sociedade, aliviam suas dores e cantam seus pesares através de gêneros africanos. É verdade que alguns desses estilos são conformistas, como os negro spirituals, mas servem também para a comunicação universal entre as diversas tribos arrancadas da África. A amálgama de tudo isso vai criando os blues, o jazz e influi de maneira indireta na bossa nova. Aliás, a alegria também e revolucionária.


O século 20 é rico em música progressista. Desde os ritmos guerrilheiros dos bolchevistas, passando pelas canções revolucionárias mexicanas e espanholas e pela incitação à luta dos camponeses colombianos, chegamos ao louvor da revolta dos mineiros do Chile, e aos versos cheios de paixão e indignação de Violeta Parra, que marcaram de maneira indelével várias gerações.


Não podemos olvidar, já que falamos de nosso preso político italiano, o comovente Bella Ciao dos combatentes antifascistas, cujo triunfo, lamentavelmente, no foi completo, e as canções dos Partidos Comunistas que viviam tempos melhores que os da Guerra Fria. Por sinal, para lembrar que Itália produziu seres bem diferentes de d’Alema, de Fassino e de Napolitano, escutemos uma versão desta deliciosa composição:


www.chambre-claire.com/PAROLES/Bella-Ciao.htm


Una mattina mi son svegliata
O bella ciao, o bella ciao, o bella ciao ciao ciao
Una mattina mi son svegliata
Eo ho trovato l'invasor


O partigiano porta mi via
O bella ciao, o bella ciao, o bella ciao ciao ciao
O partigiano porta mi via
Che mi sento di morir


E se io muoio da partigiano
O bella ciao, o bella ciao, o bella ciao ciao ciao
E se io muoio da partigiano
Tu mi devi seppellir


Mi seppellirai lassu in montagna
O bella ciao, o bella ciao, o bella ciao ciao ciao
Mi seppellirai lassu in montagna
Sotto l'ombra di un bel fior


Cosi le genti che passeranno
O bella ciao, o bella ciao, o bella ciao ciao ciao
Cosi le genti che passeranno
Mi diranno che bel fior


E questo é il fiore del partigiano
O bella ciao, o bella ciao, o bella ciao ciao ciao
E questo é il fiore del partigiano
Morto per la libertà


Do lado desenvolvido do planeta, ninguém poderá esquecer Let it Be e, sobre tudo, Imagine, a mais emocionante epopéia humanista contra a credulidade e o militarismo: “nada pelo qual morrer ou matar”.


A Guerra de Vietnam nos aproxima aos dias de hoje, com Joan Baez e Bob Dylan. Foi justamente Dylan que compôs uma ode a Joe Hill, o revolucionário sueco que mais se parece a Cesare Battisti, mais que os outros casos com os quais é comparado (Olga Benário, Sacco, Vanzetti, Dreyfus).


Agora, é a vez de uma música em homenagem às vítimas da persecução internacional e da extradição. Antonello Parisi, um exilado italiano do qual conheço apenas algumas linhas de e-mail e duas músicas, é amigo de Cesare Battisti, e juntos compuseram algumas baladas:


Escute as duas que Antonello colocou no Facebook.


www.facebook.com/pages/LExtraditando/123944414285359


*Carlos Alberto Lungarzo é professor e escritor, autor do livro "Os Cenários Invisíveis do Caso Battisti". Para fazer o download de um resumo do livro clique aqui. Ex-exilado político, residente atualmente em São Paulo, é membro da Anistia Internacional (registro: 2152711) e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".

2 comentários:

Salvador Vilanova disse...

Lendo porcarias como essa percebo que, apesar de não passarem de opiniões sem qualquer embasamento histórico e técnico e cheias de ranço ideológico esquerdista, estão completamente de acordo com a estética genocida que o autor apóia. Esse senhor, exilado político profissional, deve gostar mesmo é do ultrajante REALISMO SOVIÉTICO. Que Bach, que nada! O negócio é Kurt Weill.

Lidia Moulin Salgueiro disse...

Li só o primeiro parágrafo. Bastou. Depois vi o "(cu)rrículo" do colunista. Aí entendi tudo.

O que esse senhorito entende de história da música é o que o Lula entende de economia. Uma coisa impressionante!

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