O autor folheando seu livro. Foto: Ana Helena Tavares |
Por Ana Helena Tavares para o "Opera Mundi "
Depois de quase 50 anos de embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, a ilha de Cuba caminha agora para reformas que buscam tornar mais fácil resistir à política de sufocamento norte-americana. No entanto, além da economia, o regime cubano enfrenta cada vez mais um bloqueio midiático, por parte da grande imprensa, que filtra a maioria das informações e publica apenas notícias negativas sobre o país.
Depois de quase 50 anos de embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, a ilha de Cuba caminha agora para reformas que buscam tornar mais fácil resistir à política de sufocamento norte-americana. No entanto, além da economia, o regime cubano enfrenta cada vez mais um bloqueio midiático, por parte da grande imprensa, que filtra a maioria das informações e publica apenas notícias negativas sobre o país.
Esta é a tese defendida pelo jornalista Mario Augusto Jakobskind, que ele expõe em seu livro Cuba: apesar do bloqueio, lançado nesta terça-feira (14/12) na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro. A obra é uma atualização de outro livro que o autor já tinha escrito em 1984, quando esteve em Cuba. O jornalista, que foi editor de Internacional do jornal Tribuna da Imprensa por 15 anos e hoje colabora com a mídia alternativa, escreveu o livro como uma tentativa furar esse embargo de informações.
Jacobskind, que é representante da ABI no conselho curador da Empresa Brasil de Comunicações (EBC), afirmou nesta entrevista ao Opera Mundi(*) que, atualmente, "o Brasil se faz presente em Cuba", que o mito da "ditadura" cubana não se sustenta e que a cobertura da mídia "não reflete essa realidade".
Como você definiria esse livro?
Eu o entendo como uma extensa reportagem sobre um país pouco conhecido pelo mundo. Traz uma visão vasta que não se encontra em nenhum grande jornal ou revista – na mídia tradicional, na mídia de mercado. É um desdobramento de um livro que escrevi quando estive lá pela primeira vez, em 1984, e a revolução cubana completava 25 anos. Naquele livro, havia prefácios do Henfil e do João Saldanha (ambos já falecidos). Era outro momento. Ano passado, algumas pessoas insistiram para que eu reeditasse. Claro que teria que haver uma atualização. Este que lanço hoje é praticamente um novo livro, pois a revolução cubana já tem 51 anos. A idéia é furar o esquema de bloqueio midiático através de uma ampla reportagem sobre fatos que eu presenciei, tendo morado lá por um ano.
Cuba mudou muito de 1984 para cá?
A questão é que o mundo mudou completamente, mas Cuba continua bloqueada... Uma situação sem precedentes na história contemporânea. Agora, há uma diferença considerável na relação diplomática e comercial do Brasil com Cuba. Isto avançou muito durante os oito anos de governo Lula. Em 1984, era bem mais difícil para os brasileiros que queriam visitar a ilha, enquanto hoje o Brasil se faz presente em Cuba. Desde a reconstrução do Porto de Mariel até as atividades do centro artístico Gaia (em Havana).
Você falou em “bloqueio midiático”. Que paralelo faria deste com o bloqueio econômico imposto pelos EUA?
Ambos são implacáveis. O bloqueio econômico influi no país internamente, impondo muitas restrições e prejudicando o padrão de vida dos cubanos. O midiático é a desinformação externa, que cria no mundo um senso comum que demoniza Cuba. A imprensa mundial não se cansa de dizer que lá é “uma ditadura”, chegam ao absurdo de chamar de “ditadura dos irmãos Castro” (diz, balançando a cabeça negativamente). Isso não reflete a realidade.
Como você definiria Cuba?
Uma ilha, vizinha dos Estados Unidos, que fez sua opção pelo socialismo, onde o comércio conseguiu sobreviver ao fim da União Soviética, com extrema dificuldade. Fadada ao fracasso – quantos no mundo já decretaram sua ruína – a ilha não acabou, continua aí. Apesar do bloqueio.
Deriva daí o nome do livro?
Sem dúvida. E digo que esse seria o título de uma matéria de fôlego longo que eu gostaria de ver em nossa grande imprensa, mas não teria espaço...
*(Por Ana Helena Tavares)
3 comentários:
Vc que fez a entrevista,não teria o email de contato? Queria adquirir o livro,mais queria mais detalhes...
http://convencao2009.blogspot.com/2010/12/novo-livro-reportagem-sobre-cuba.html
Parabéns ao grande Mario Augusto Jakobskind pelo livro e pela oportunidade que ele oferece de conhecermos a experiência socialista dos cubanos. Há muito tempo venho procurando saber o que acontece por lá e não há outra forma de se obter informação a não ser através de jornalistas de verdade como o Mario, muitos dos quais listados aqui como colaboradores do "Quem tem medo do Lula". Quanto a "mídia de mercado" esta não me informa o que eu quero saber e eu não leio ou vejo o que ela quer me mostrar. Pena que a maioria do nosso povo ainda não pode fazer o mesmo se assim o quiser.
Oi, Sturt! Tenho o e-mail do Mario, sim, claro. Manda um email pra mim para anahelenart@hotmail.com que vou ver com ele se posso te passar o dele. Ou entra em contato comigo através do Facebook ou Orkut. Mas, seja como for, ele tem um telefone (que é de domínio público, digamos assim) e por onde acho que você consegue falar com ele pra adquirir o livro: (21) 2257-1278
Além disso, deixo aqui detalhes sobre o livro: Cuba, Apesar do bloqueio
Editora Booklink, 2010. 172 p. Em formatos impresso (R$ 28) ou digital (R$ 15). O telefone da editora é (21) 2265-0748
Postar um comentário
Este blog não está subordinado a nenhum partido. Lula, como todo ser humano, não é infalível. Quem gosta dele (assim como de qualquer pessoa), tem o dever de elogiá-lo sem nunca deixar de criticá-lo. ---------------------------------------------------------------------------------------------------- Todas as opiniões expressas aqui, em conteúdo assinado por mim ou pelos colaboradores, são de inteira responsabilidade de cada um. ----------------------------------------------------------------
Comentários são extremamente bem-vindos, inclusive e principalmente, as críticas construtivas (devidamente assinadas): as de quem sabe que é possível e bem mais eficaz criticar sem baixo calão. ----------------------------------------------------------------------------------------------
Na parte "comentar como", se você não é registrado no google nem em outro sistema, clique na opção "Nome/URL" e digite seu nome (em URL, você pode digitar seu site, se o tiver, para que clicando em seu nome as pessoas sejam direcionadas para lá, mas não é obrigatório, você pode deixar a parte URL em branco e apenas digitar seu nome).-----------------------------------------
PROCURO NÃO CENSURAR NADA, MAS, POR FAVOR, PROCUREM NÃO DEIXAR COMENTÁRIOS ANÔNIMOS. NÃO PODEMOS NOS RESPONSABILIZAR PELO QUE É DITO NESSES COMENTÁRIOS.
Att,
Ana Helena Tavares - editora-chefe