Continuaremos aprisionados ao modo de fazer política especulativa e,  ultimamente, terrorista? O progresso brasileiro está indubitavelmente vinculado  a essas questões e não são os partidos que devem dar essas respostas. Na  verdade, essas são preocupações fundamentais dos eleitores  brasileiros.
Por Marlos Mello (*)
As eleições cumprem o papel fundamental de dar  dimensão pública às questões políticas. Numa democracia, como a brasileira, os  políticos sabem disso e, dependentes do voto e da avaliação popular, estão  sempre em busca de espaço nos diversos meios de exposição. Sabe-se que somente  os horários gratuitos de televisão e rádio não dão conta dessa almejada  popularidade. Por isso, como forma de atrair a atenção dos eleitores, os  candidatos não poupam discursos, nem mesmo atitudes que possam ampliar sua  visibilidade.
O Brasil é um  país de mais de 190 milhões de habitantes, dentre os quais estão os 135 milhões  de eleitores, que se apresentam mais concisos em suas escolhas eleitorais. Porém  esse número tão representativo não significa que há maior criticidade por parte  do eleitorado. Este breve texto pretende apresentar algumas considerações a  respeito das eleições brasileiras do ano de 2010. Não entraremos no mérito dos  partidos e candidatos vencedores. Nosso objetivo é apresentar alguns dos  desafios do novo cenário político brasileiro.
Para muitos  eleitores, a política é simplesmente o fenômeno social mais assombroso e  surpreendente que existe. há somente regras simbólicas de como os eleitores e  eleitos devem se comportar. Neste sentido, não é exagero dizer que os cidadãos  não percebem, ou talvez nem queiram perceber, a importância do contexto  eleitoral. Como também não é exagero dizer que os candidatos, depois de eleitos,  partem para novos desafios, ou seja, montar seu esquema de governo. 
Desse modo, os candidatos eleitos organizam a  estrutura de trabalho do novo governo baseados nos acordos fixados em suas  campanhas eleitorais. A impressão ainda prevalecente nos últimos anos de  democracia brasileira é a de que a consciência e o consenso social evaporam no  calor dos procedimentos de escolha dos ocupantes dos cargos majoritários.  Geralmente, os oportunismos e fisiologismos partidários acabam tomando conta das  principais pastas ministeriais. No nosso entendimento, o problema está na  cultura política brasileira que é, simplesmente, uma cultura de acúmulo de  cargos e funções distribuídas por autoconfiança do governante, mas esse é  assunto para um próximo artigo.
As supostas  autonomia e autossuficiência dos partidos políticos continuam a explorar a vasta  porta eleitoral brasileira, que parece não ter fim, pois uma campanha eleitoral  não termina nunca. Logo que uma eleição acaba, os partidos se organizam para uma  nova batalha. Assim é, de dois em dois anos. Os critérios, embora desconhecidos  por grande parte da população, parecem não deixar de fazer parte do cotidiano  brasileiro. A dependência política é tão grande que a cada ano eleitoral as  cidades ficam paradas em si mesmas, ou seja, projetos param, licitações deixam  de acontecer e o centro das atenções são os candidatos e os eleitores.  
Tal como se dá em outros setores da nossa vida, a  política atinge patamares de importância altíssima. Isto se traduz nas  características burocráticas da organização eleitoral, onde nem mesmo a Suprema  Corte consegue julgar e decidir convictamente os fatos. Seria injusto apontar  somente as deficiências das eleições brasileiras, porém atentando-se ao quadro  de responsabilidade dos candidatos, especialmente no 2º turno, torna-se  impossível não repugnar o comportamento de alguns que se propõem a dirigir os  rumos do nosso país.
É preciso  compreender que a democracia não deve ser praticada apenas quando convém a um ou  outro candidato, mas está acima de quaisquer interesses pessoais. Infelizmente,  hoje em dia acha-se largamente disseminada, nos grandes meios de comunicação, a  ideia de que a democracia está associada a corrupção e impunidade. Contudo, não  podemos deixar de nos manifestar a respeito do terrorismo eleitoral a que fomos submetidos. O oportunismo de alguns  partidos políticos nos envergonha enquanto cidadãos e afasta até mesmo a  possibilidade de respeito entre os candidatos.
Finalizando, as  perguntas a que devemos dar resposta são as seguintes: Que atitudes e decisões  significativas esperamos do novo governo? Continuaremos aprisionados ao modo de  fazer política especulativa e, ultimamente, terrorista? O progresso brasileiro  esta indubitavelmente vinculado a essas questões e não são os partidos que devem  dar essas respostas. Na verdade, essas são preocupações fundamentais dos  eleitores brasileiros.
  *Marlos Mello é psicólogo social (CRP-07/17591) e mora em Porto Alegre (RS). É colaborador do o blog "Quem tem medo do Lula?".



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