Da Folha de São Paulo*
Por Frei Beto
Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária aos princípios do Evangelho e da fé cristã
Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência. Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de "marxista ateia".
Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.
Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade. Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo.
Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica. Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que "a árvore se conhece pelos frutos", como acentua o Evangelho.
É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.
Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto...
Passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.
Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.
Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.
A resposta de Jesus surpreendeu: "Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes..." (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz. Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.
FREI BETTO, frade dominicano, é assessor de movimentos sociais e escritor, autor de "Um homem chamado Jesus" (Rocco), entre outros livros. Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004, governo Lula).
2 comentários:
Frei Beto, é uma pessoa indiscutivel, sem duvidas, suas colocações e a sua bondade, está acima de tudo, porém com todo respeito que o sr. merece, desta vez, o carissimo Frei, só falou pelo coração, e na realidade a Dilma não foi melhor escolha do LULA o sr. sabe bem disso. O sr. conhece muito bem a p ostura da Dilma e nao é nada do que os sr. está expressano há algum equívoco. Portanto a materia mostra a defesa uma pessoa que na realidade não merece o seu apoio, e o sr.sabe muito bem disso,lembre-se de 1968.
Assim sendo fica evidenciado que o sr. esta se postando como uma figura de "inocente util" ao partido.
- Turma: Largo São Francisco (SP), - "Mais pão menos canhão..."!
Em primeiro lugar, Frei Beto, gostaria de dizer-lhe que sou católica praticante. Infelizmente tenho que concordar com o comentário assinado pela turma do Largo São Francisco acima. O senhor, acredito que ingenuamente (tendo em vista a sua boa fé já demonstrada em ocasiões anteriores) está fazendo a figura do "inocente útil". Esta senhora não tem uma história que se possa ver publicada nos jornais, se quer no que tange sua vida pessoal e ou atuação política. Caso fosse uma pessoa de fé como quer fazer crer o senhor, seria da mais perfeita incoerência e dissonância com as verdades evangélicas de valorização da vida, respeito pela liberdade individual e espírito de serviço. Não há a menor demonstração destre traços em suas atitudes claramente autoritárias e sectárias e totalmente anticatólicas ainda que em campanha eleitoral vá hipocritamente a Aparecida do Norte, num claro utilitarismo da fé com razões político-eleitoreiras.
Sílvia Costa
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