Celso Lungaretti (*)
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O espírito que faltou no 1º turno |
Isto é o que a imprensa teria de noticiar, caso não houvesse a perspectiva de liquidação da fatura já neste domingo.
Por conta do clima de já ganhou!, a vitória acabou tendo sabor de derrota. E vai ser assim que os adversários a apresentarão.
No entanto, a vantagem de Dilma sobre José Serra superou 14 milhões de votos. Em termos eleitorais, um colosso. Nada indica que será revertida.
Já Serra, coitado, nasceu sem os dons da simpatia e da fala agradável. Parece sempre um mestre-escola ensinando uma matéria tediosa.
Por mais que disfarce, percebe-se que considera os ouvintes um bando de retardados, aos quais crê ser necessário explicar tudo tintim por tintim. Comunicação pior, impossível.
Mostrou toda sua impotência no final da campanha: incapaz de evitar a vitória imediata de Dilma, limitou-se a rezar para que Marina Silva fizesse o que ele jamais conseguiria fazer.
A candidata do PV, aliás, estava certíssima ao afirmar que ela era a única capaz de enfrentar Dilma de igual para igual no 2º turno.
Mas, em política como no futebol, convém nunca subestimar-se um azarão. Ainda mais quando a imprensa faz o papel de juiz ladrão, fabricando factóide em cima de factóide para prejudicar a candidata oficial.
Então, Lula, Dilma e o PT deveriam dar uma boa olhada nos resultados do domingo. Principalmente nas abstenções, nulos e brancos: foram nada menos que 34 milhões de votos jogados no ralo!
Ou seja, maior do que o universo de eleitores de Serra foi o conjunto dos que não deram importância ao pleito.
Então, além de irem à caça dos votos dados a Marina (o que certamente farão), os petistas deveriam oferecer alguma motivação a esse imenso contingente entregue à negatividade.
Por exemplo, o compromisso de seguir estas diretrizes:
"É preciso que o Estado se torne a expressão da sociedade, o que só será possível quando se criarem condições de livre intervenção dos trabalhadores nas decisões dos seus rumos.
"Por isso, o PT pretende chegar ao governo e à direção do Estado para realizar uma política democrática, do ponto de vista dos trabalhadores, tanto no plano econômico quanto no plano social.
"O PT buscará conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não haja explorados nem exploradores".
Isto, claro, se ainda conseguirem localizar o manifesto de fundação do PT, que deve estar acumulando pó em algum canto do arquivo morto.
* Jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com
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