O EFEITO SPUTINIK
Laerte Braga
Federico Fellini tinha uma fascinação absurda pelos seios da atriz sueca Anita Ekberg. Em um dos episódios de BOCACCIO 70 transformou a atriz num fantástico “demônio” a atormentar a vida do Doutor Antônio, moralista de virgindade comprovada e pruridos histéricos de saraus tucanos/DEM em petit comitê, onde a burguesia se refestelava virando os olhos ao som de trinados agudos sonhando sonhos bem definidos por Freud.
Beba mais leite, era um outdoor imenso num descampado à frente do prédio onde morava o Doutor Antônio. Anita estendida em decote ousado (as feministas não gostariam hoje da imagem) e sugerindo leite.
Ao final, o moralista, defensor da fé, dos valores da civilização cristã e ocidental acaba abraçado ao outdoor, murmurando “Anita meu amor”, enquanto é guinchado por um guindaste e conduzido a uma ambulância piedosa, mesmo tendo percorrido os corredores do Vaticano contra a ofensa de seios voluptuosos oferecidos a escoteiros puros e cujos olhos não haviam sido ainda conspurcados por imagens deletérias de “podridão moral”.
Chamem o padre Patrick Payton, se é que ainda é vivo. Vai puxar a versão 2010 da Marcha da Família com Deus e pela Liberdade. Em seguida as prisões ficarão lotadas daqueles que ousaram abrir os olhos e lá por um cantinho de olhada, de esguelha, enxergar Anita.
Flávio Cavalcanti vai completar o quadro numa edição extra de NOITE DE GALA, mostrando que o lançamento do SPUTNIK foi apenas propaganda soviética contra a família e a democracia.
“Malamadas” no definir perfeito de Antônio Maria, quando o machismo ainda era regra (mas Maria morreu de paixão), lotando o auditório e conduzidas com maestria pelo apresentador se mostrariam precursoras do aleluia, aleluia.
Incorporavam a democracia.
Só se José Arruda Serra ressuscitar esses fantasmas. Tem tentado. Quem sabe a vaca de VEJA que usando determinado produto em sua alimentação dá leite com sabor baunilha. Direto das tetas para as embalagens fechadas a vácuo cujo consumo equivalem a um bifinho suprindo todas as crianças de suas necessidades diárias de cálcio e vitaminas.
Pobre Laika. Segundo Flávio Cavalcanti e em sua cruzada pela liberdade, a decisão de lançar a cadelinha ao espaço violou a declaração de direito dos animais.
Lotar prisões com adversários da ditadura que se instalou a seguir, tornar a tortura, o estupro práticas “democráticas” e libertárias, desovar corpos pelos caminhões da FOLHA DE SÃO PAULO, nas rotas da “liberdade”, isso é mais ou menos a teoria de Madeleine Albright, ex-secretária de Estado do governo Clinton, quando lhe perguntaram sobre as mortes de crianças no Iraque por conta do bloqueio. Perto de 200 mil crianças.
“É um preço que a democracia tem que pagar”.
Putz! Pensar que tudo isso é culpa do Sputinik.
José Arruda Serra é um desses políticos que fazem da mentira sua principal arma e gira em torno dos donos. Amarra seus sapatos, carrega suas pastinhas e se auto imola na condição de vítima do que quer que seja. Pilantra. Em 2009 já falava da venda de sigilos fiscais e sabia que não só ele, como todos os políticos eram alvos dessa prática por conta de chantagens costumeiras no meio. Banqueiros, grandes empresas, latifundiários, no afã de descolar um crédito, uma obra, um pedaço de terra gigantesco na ordem natural do progresso capitalista recheado de borduna e que tais.
Bem fez Oscarito que mandou os norte-americanos pastarem e quase chega às vias de fato com Norma Benguel esplêndida e aperfeiçoada Brigite Bardot. Abençoada também.
Felllini tinha horror do idioma inglês. Mas não reclamou em uma de suas obras quando alguns desses atores apareceram por conta do produtor. Segundo ele não precisava entender as asneiras que eram ditas pelos ditos atores. É que ingleses, na sua versão, não falam nada além de asneiras, ou falavam.
O diabo foi a vela. Roberto Benigno subindo um celeiro pelo lado de fora e com uma vela às mãos. Na hora de montar, editar, Fellini quis sombra. Os técnicos não, diziam que era impossível naquela situação.
Fellini pôs sombra, impôs sombra e durante uma semana filósofos discutiram o significado da sombra. Segundo ele tudo era só um filme, cinema, mas para os técnicos o diretor explicou melhor – “entendem agora porque eu sou o gênio e vocês os técnicos? Os que mexem essas máquinas malucas?”.
Joga esse troço na fogueira de São Genaro.
Cara, onde já se viu imaginar que Charlotte Rampling é mais bonita que Anita Ekberg? Uma “tabua inglesa” versus uma “escultura nórdica”?
Ah! Montanhas e montanhas de gelo. Icebergs.
E lá se foi o Doutor Antônio, amigo dos bispos da CNBB, removido pela ambulância da saúde pública italiana.
O que diria de Berlusconi?
Em todo caso no episódio final Sophia Loren era oferecida em rifa, idéia de Vitório de Sicca. E de quebra, no banco de reservas, tinha Gina Lolobrigida em “PÃO, AMOR E FANTASIA”.
Onde já viu general entender desses “negócios” palpáveis e que cheiram a gente?
Quando você entra no complexo FIESP/DASLU você não percebe à primeira vista que está chegando ao inferno real do mundo tucano.
Só quando depois de percorrer todos os escaninhos do contrabando vislumbra numa porta especial o candidato José Arruda Serra proclamando ao mundo e a quem queira ouvi-lo que é vítima de uma “trama”.
A trama é ele meu!
Nem que façam a exumação do corpo de Vernon Walthers comandante das forças armadas brasileiras em 1964, ou que Patrick Payton clame aos céus pelas hordas de “anjos” da OPUS DEI.
Edir, o Macedo, chegou primeiro, carregando sua pastinha de dízimos no milagre da multiplicação dos pães, quer dizer, dos dízimos, em sacos e sacos de montanhas de casas vendidas no céu.
É o efeito Sputinik. Pior que aquela máquina maluca de Woody Allen, a que enxerga o futuro e lhe ensejou uma bicicleta voadora.
Termina na horizontal, com teses e antíteses.
O deserto de idéias dos tucanos.
E olha que a GLOBO faz força. Desde os tempos dos Sputinik.
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