Urariano Mota
Hoje faz 100 anos do nascimento de Lula Cardoso Ayres, artista múltiplo, recifense. Pintor grande em uma terra de grandes pintores como Cícero Dias e Vicente do Rego Monteiro, para somente falar de clássicos da moderna pintura brasileira, Lula achou pouco ser desenhista e pintor, e entrou pela fotografia, design, ilustração, pesquisador das gentes.
Em sua fase madura, aprendeu o povo sem apreendê-lo ou prendê-lo. Marcou para sempre as coisas da gente de Pernambuco, como se fosse um filtro humano, colorindo a a geometria. Ver, por exemplo, o que chamo "Cortadores de cana", http://www.bolsadearte.com/maio2000/maio2000lote39%20.jpg
Designer pioneiro no Brasil, desenhou marcas-símbolos-síntese para produtos que dão água na boca só em lembrá-los: lata da biscoitos Pilar, lata do azeite (que era óleo) Bem-te-vi.
Lula Cardoso Ayres se beneficiou do movimento dos comunistas, das esquerdas em geral, que puseram o povo como fonte e realização. (Ele pensava que havia captado isso com Gilberto Freyre, mas Freyre, na época, era reflexo desse movimento grande da esquerda no Brasil.) Daí que há registros, registros, não, eternizações da cor e da cara da gente de Pernambuco. Tanto em pintura quanto em fotografia. Ver http://www.olhave.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/06/Lula-Cardoso-Ayres-1.jpg Ele era um quase tarado pelas coisa de Pernambuco. Às vezes lírico, de um lirismo de arrepiar, como nessa aparição de mulher em um sobrado antigo, da série Assombrações do Recife, aqui http://www.bolsadearte.com/maio2001/imagem/086.jpg e aqui http://www.caiaffa.com/IMG/creditos/Opera/lulacardosoayres%28www.caiaffa.com%29.jpg
No parágrafo anterior, escrevi que Lula Cardoso Ayres era tarado pelas coisas de Pernambuco. Melhor dizendo, corrijo: pela amor e paixão pela terra, ele era antes um terrado. Universal por tara de sua terra.
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