Todos os postes do Rio de Janeiro sabem que as bocas de fumo onde se comercializam as drogas só funcionam a pleno vapor porque policiais recebem propinas.
Passados alguns dias depois da ocupação do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro pelas forcas da ordem (?), muitas dúvidas continuam a pairar no horizonte. Claro, para os colunistas de sempre e as autoridades responsáveis pelas operações militares está tudo ótimo. Agora, o Exército que deu apoio logístico à investida policial poderá permanecer na área por pelo menos sete meses, segundo Sergio Cabral. Não é essa a missão das Forças Armadas, mas vale tudo neste momento para manter a ”pacificação”, inclusive agradar o Departamento de Estado norte-americano e o Pentágono que há décadas exortam os governos latino-americanos a transformarem os efetivos militares em forças policiais.
A maioria da população apoiou a operação. Não podia ser diferente, até mesmo pela verdadeira lavagem cerebral a que foram submetidos os telespectadores com as imagens em alta definição proporcionadas pelos canais. Uma pergunta deve ser feita: e o crime organizado propriamente dito, por onde anda? Os bandos que fugiam da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão podiam ser tudo, menos criminosos organizados.
A resposta à indagação sobre onde anda o crime organizado pode ser dadas pelas milícias, integradas por policiais militares, pessoal do Corpo de Bombeiros e outros do gênero, que já dominam várias áreas do Rio e, segundo as últimas informações, estão se dedicando também ao lucrativo trafico de droga.
Mas o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame parece que não está nem aí nesse sentido. Para ele, segundo declarou em uma entrevista a uma radio carioca, o grande perigo é o Comando Vermelho. E disse mais o Rambo do Governador Sergio Cabral, que o Comando é radical e perigoso, mas a outra facção, a Amigos dos Amigos (ADA), é mais pragmática e seus efetivos estão voltados para os negócios. Realmente, é no mínimo estranha essa declaração.
Todos os postes do Rio de Janeiro sabem que as bocas de fumo onde se comercializam as drogas só funcionam a pleno vapor porque policiais recebem propinas para fazer vista grossa. Maiores esclarecimentos podem ser dados pelo antropólogo Luis Eduardo Soares, ex-secretário de Segurança do Estado do Rio, que já denunciou várias vezes a existência da chamada banda podre da polícia e esse conluio.
Mas aí acontece outro fato grave protagonizado pelo Governador Sergio Cabral ao se colocar frontalmente contrário a um projeto, PL 300, dispondo sobre aumentos de salários dos policiais e servidores do Corpo de Bombeiros. Um PM do Estado do Rio ganha em redor de mil reais ou menos. Um soldado do Corpo de Bombeiros por aí. Torna-se um prato feito para receber propinas e mesmo participar de esquemas criminosos como o das milícias, que auferem enormes lucros com seus “serviços”. Mas Cabral, um demagogo de primeira, nem pensa em pagar salários minimamente dignos aos servidores da área de segurança do Estado. Mas ele prefere ocupar os espaços midiáticos para usar a linguagem de agrado da classe média contra o “crime organizado”.
No Complexo do Alemão e Vila Cruzeiro, informaram as autoridades do Estado, os esquemas de vendas de drogas tiveram um baque de pelo menos 100 milhões de reais. Quem vai querer deixar uma boca rica dessas? E o movimento de armas e munições? As armas podem vir de fora, mas as munições são made in Brasil. Por que tanta facilidade de movimento? Que aí tem truta, ninguém mais duvida.
Enquanto isso, os brasileiros continuam chocados com as revelações do site WikiLeaks, sobretudo na parte referente ao procedimento do Ministro da Defesa, Nelson Jobim com o então embaixador estadunidense Clifford Sobel. Com as revelações, entre as quais fazendo carga contra o então Secretário geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, e o próprio Ministério do Exterior do governo Lula, Jobim não está mais em condições de continuar no cargo no governo Dilma Rousseff, como bem já assinalou o Mair Pena Neto. Por mais que desminta o relatório do diplomata ficará no ar a suspeita de que Jobim presta fidelidade mais ao Departamento de Estado do que ao Brasil. E isso é fator de instabilidade para qualquer governo.
Tem um lado interessante: o episódio poderá servir de alerta para que em outros momentos a turma do primeiro escalão tenha mais cuidado ao lidar com diplomatas estadunidenses, sobretudo os do gênero Sobel, que se comportam mais como agentes de inteligência do que diplomatas.
E os Estados Unidos, que se consideram donos do mundo, criticaram o reconhecimento pelo Brasil de um Estado Palestino com as fronteiras de antes de 1967. O governo Lula mais uma vez está no caminho certo e já é hora de a comunidade internacional demonstrar que é mais do que justo a criação de um Estado Palestino livre e soberano. A direita israelense, que tem como representante o atual premier Benjamin Netanyahu e até um Ministro do Exterior, Avigdor Liberman, racista, há tempos evita a criação de um Estado Palestino. E ainda protesta quando países como o Brasil tomam a iniciativa do reconhecimento dos palestinos. Se depender de negociações com um governo como o de Netanyahu e outros do gênero nunca haverá Estado Palestino. Lula e Amorim perceberam isso.
Ah, sim: turma de cadetes ter como patrono o ex-ditador Mécidi é uma prova mais do que concreta de como é necessária a reformulação do ensino nas academias militares, que ao que tudo indica ainda continuam se guiando por parâmetros de uma época já superada no Brasil.
A maioria da população apoiou a operação. Não podia ser diferente, até mesmo pela verdadeira lavagem cerebral a que foram submetidos os telespectadores com as imagens em alta definição proporcionadas pelos canais. Uma pergunta deve ser feita: e o crime organizado propriamente dito, por onde anda? Os bandos que fugiam da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão podiam ser tudo, menos criminosos organizados.
A resposta à indagação sobre onde anda o crime organizado pode ser dadas pelas milícias, integradas por policiais militares, pessoal do Corpo de Bombeiros e outros do gênero, que já dominam várias áreas do Rio e, segundo as últimas informações, estão se dedicando também ao lucrativo trafico de droga.
Mas o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame parece que não está nem aí nesse sentido. Para ele, segundo declarou em uma entrevista a uma radio carioca, o grande perigo é o Comando Vermelho. E disse mais o Rambo do Governador Sergio Cabral, que o Comando é radical e perigoso, mas a outra facção, a Amigos dos Amigos (ADA), é mais pragmática e seus efetivos estão voltados para os negócios. Realmente, é no mínimo estranha essa declaração.
Todos os postes do Rio de Janeiro sabem que as bocas de fumo onde se comercializam as drogas só funcionam a pleno vapor porque policiais recebem propinas para fazer vista grossa. Maiores esclarecimentos podem ser dados pelo antropólogo Luis Eduardo Soares, ex-secretário de Segurança do Estado do Rio, que já denunciou várias vezes a existência da chamada banda podre da polícia e esse conluio.
Mas aí acontece outro fato grave protagonizado pelo Governador Sergio Cabral ao se colocar frontalmente contrário a um projeto, PL 300, dispondo sobre aumentos de salários dos policiais e servidores do Corpo de Bombeiros. Um PM do Estado do Rio ganha em redor de mil reais ou menos. Um soldado do Corpo de Bombeiros por aí. Torna-se um prato feito para receber propinas e mesmo participar de esquemas criminosos como o das milícias, que auferem enormes lucros com seus “serviços”. Mas Cabral, um demagogo de primeira, nem pensa em pagar salários minimamente dignos aos servidores da área de segurança do Estado. Mas ele prefere ocupar os espaços midiáticos para usar a linguagem de agrado da classe média contra o “crime organizado”.
No Complexo do Alemão e Vila Cruzeiro, informaram as autoridades do Estado, os esquemas de vendas de drogas tiveram um baque de pelo menos 100 milhões de reais. Quem vai querer deixar uma boca rica dessas? E o movimento de armas e munições? As armas podem vir de fora, mas as munições são made in Brasil. Por que tanta facilidade de movimento? Que aí tem truta, ninguém mais duvida.
Enquanto isso, os brasileiros continuam chocados com as revelações do site WikiLeaks, sobretudo na parte referente ao procedimento do Ministro da Defesa, Nelson Jobim com o então embaixador estadunidense Clifford Sobel. Com as revelações, entre as quais fazendo carga contra o então Secretário geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, e o próprio Ministério do Exterior do governo Lula, Jobim não está mais em condições de continuar no cargo no governo Dilma Rousseff, como bem já assinalou o Mair Pena Neto. Por mais que desminta o relatório do diplomata ficará no ar a suspeita de que Jobim presta fidelidade mais ao Departamento de Estado do que ao Brasil. E isso é fator de instabilidade para qualquer governo.
Tem um lado interessante: o episódio poderá servir de alerta para que em outros momentos a turma do primeiro escalão tenha mais cuidado ao lidar com diplomatas estadunidenses, sobretudo os do gênero Sobel, que se comportam mais como agentes de inteligência do que diplomatas.
E os Estados Unidos, que se consideram donos do mundo, criticaram o reconhecimento pelo Brasil de um Estado Palestino com as fronteiras de antes de 1967. O governo Lula mais uma vez está no caminho certo e já é hora de a comunidade internacional demonstrar que é mais do que justo a criação de um Estado Palestino livre e soberano. A direita israelense, que tem como representante o atual premier Benjamin Netanyahu e até um Ministro do Exterior, Avigdor Liberman, racista, há tempos evita a criação de um Estado Palestino. E ainda protesta quando países como o Brasil tomam a iniciativa do reconhecimento dos palestinos. Se depender de negociações com um governo como o de Netanyahu e outros do gênero nunca haverá Estado Palestino. Lula e Amorim perceberam isso.
Ah, sim: turma de cadetes ter como patrono o ex-ditador Mécidi é uma prova mais do que concreta de como é necessária a reformulação do ensino nas academias militares, que ao que tudo indica ainda continuam se guiando por parâmetros de uma época já superada no Brasil.
*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, mora no Rio de Janeiro e é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de S. Paulo e editor de Internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato. É autor, dentre outros livros, de “América que não está na mídia” e “Dossiê Tim Lopes – Fantástico / Ibope”. É colunista do site “Direto da Redação” e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.
=> Artigo publicado originalmente no site "Direto da Redação".
=> Artigo publicado originalmente no site "Direto da Redação".
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