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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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sábado, 13 de novembro de 2010

SERRA DERROTADO: COM AS MÃOS SUJAS E O CORAÇÃO PESADO (O retorno das trevas à política brasileira)

Gustavo Arja Castañon

ENTERRO DOS OSSOS ELEITORAIS 2

Meu segundo artigo para exorcizar esta campanha é sobre o rumo do derrotado. O discurso de derrota do candidato José Serra, no dia 31 de outubro, foi um dos episódios mais mesquinhos e delirantes da história política brasileira. Falou em forças terríveis, cavar trincheiras, construir fortalezas, começo de luta, enquanto a presidente eleita falava em conciliação. A guerra que ele começou nesta eleição, para ele, está apenas começando.

Mas ele tem 68 anos, está sem mandato e inviável politicamente. Isso poderia ser simplesmente motivo de piada, mas há algumas coisas naquele discurso sombrio e medíocre que não permitem a um espectador atento o luxo do riso. É sobre o perigo que estes sinais representam que se trata este artigo.

Serra costumava a encerrar seus horários gratuitos e debates com uma ladainha marqueteira que repetia, com variações: “Eu vou com as mãos limpas, cabeça erguida e coração leve para o dia da vitória”. No dia da derrota, lá estava ele, com as mãos imundas, o coração pesado com o chumbo do rancor, mas indubitavelmente de cabeça erguida. Ele não sente culpa.

Outras expressões repetidas exaustivamente por Serra durante a campanha foram “Vamos juntos”, “verde e amarelo no peito”, “fé em Deus”, “nossos valores” e, é claro, “Serra é do Bem” seu slogan. Hoje, na política eleitoral dominada por marqueteiros, a senha é: se um candidato repete uma expressão à exaustão é porque ele precisa fixar ou mudar uma imagem. Que imagens Serra precisava mudar ou fixar?


GLOSSÁRIO SERRA
“Serra é do Bem”: a imagem de homem mau, que mataria a mãe se preciso, chefe do programa de privatizações, candidato dos demos. Mais ainda, voltar com o maniqueísmo bem versus mal na política, com os comunistas comedores de criancinha, é claro, do outro lado.

“Com as mãos limpas”: os dezessete processos criminais, a campanha caluniosa anônima e escândalos recentes do Metrô, Rodoanel e Paulo Preto.

“Coração leve”: a imagem de homem rancoroso, que joga baixo e é capaz de tudo no jogo político, que carrega muita culpa e deixa muitos cadáveres pelo caminho.

“Cabeça erguida”: a vergonha que os eleitores de Serra sentiam de declarar voto e defender o governo FHC, as privatizações, a corrupção tucana e principalmente a campanha fascista e hipócrita, blasfema mesmo, de seu candidato.

“Rumo à vitória”: a impressão generalizada de que já estava derrotado.

“Vamos juntos”: a falta de militância e o descompromisso envergonhado de seus eleitores.

“Verde e amarelo no peito”: usou essa porque não podia usar “Brasil, ame-o ou deixe-o”, queria contrastar o patriotismo de sua chapa com o comunismo vermelho anti-brasileiro da outra. Pura nostalgia da ditadura, deve ter sido sugestão dos demos.

“Fé em Deus”: o que nunca demonstrou e precisava usar para se tornar o candidato do obscurantismo religioso.

“Nossos valores”: evocar os valores obscurantistas religiosos e conservadores políticos da sociedade brasileira.

DISCURSO DE DERROTA: UM OBSCURO ACENO ÀS TREVAS DO BRASIL
Sem mais nenhum voto a ganhar ou perder, vimos o verdadeiro Serra de novo em seu discurso de derrota. Era o Serra sem marketing, sem as incômodas, ridículas e inverossímeis (em sua boca) expressões de sua campanha. Não podemos dizer que estávamos com saudade.

Todos sabemos hoje que Serra seguiu nesta campanha os conselhos do guru indiano que moveu a campanha maligna contra Obama em 2008, espalhado boatos como o de que ele era muçulmano, indonésio, comunista e anti-americanista. Mas, diriam alguns, pouco importa. Perdeu lá, perdeu aqui, a mentira acaba sempre derrotada. Certo? Errado.

Olhem para os Estados Unidos. O que acontece lá agora? Obama perdeu a maioria no congresso, está acossado, sua imagem pública desgastada. Camisas com seu rosto como o Coringa ou outros vilões do cinema são vendidas nas ruas. O Partido Republicano não parou. A campanha de 2008, a subterrânea, nunca acabou. A destruição que eles causaram a economia já é colocada na conta de Obama. Essas mentiras repetidas sem parar não causam um dano mental, mas sim emocional. Se fixam impressões à imagem de alguém. A adesão das pessoas se torna irracional. Exatamente como vimos a velha direita aderir a Serra.

Em seu discurso Serra indicou que irá fazer isso a partir deste momento. “E para os que nos imaginam derrotados, eu quero dizer: nós apenas estamos começando uma luta de verdade. Estamos no começo do começo dessa luta.” disse ele. Usando imagens de resistência violenta, quis manter seus eleitores mais exaltados em estado de guerra contra o mal: “Nestes meses duríssimos, quando enfrentamos forças terríveis, vocês alcançaram uma vitória estratégica no Brasil. Cavaram uma grande trincheira, construíram uma fortaleza, consolidaram um campo político de defesa da liberdade e da democracia no Brasil”.

Paralelamente, na parte patética de seu discurso, deu indicações claras que não aceita renunciar ao sonho da presidência: “quis o povo que não fosse agora”, ou “Minha mensagem de despedida neste momento não é um adeus, mas é um até logo”. Fez isso de forma evidentemente deselegante com Alckmin a seu lado, companheiro leal na campanha e postulante à candidatura, e também com Aécio, não tão leal a ele assim... mas que também já conheceu as mãos limpas e o coração leve de Serra.

Encerrou seu discurso com uma exagerada conclamação à luta com o trecho do hino nacional: “Mas se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta, nem teme quem te adora a própria morte”. Como se alguém estivesse em luta de morte em nossa pátria. Está?

O FASCISMO BRASILEIRO PERDEU A VERGONHA, E VOLTOU
As indicações no discurso de Serra são claras. Ele quer continuar candidato. O que leva ele a delirar assim? Pessoas que deliram com ele, das quais se tornou porta voz: a direita fascista brasileira, os órfãos da ditadura. O PSDB já chutou Serra. Mesmo FHC se escandalizou com algumas decisões de campanha dele. Todos sabem que a fila no partido tem que andar para que esse não se esfacele. Os políticos com futuro e com mandato não querem uma guerra que inviabilize também seus governos e projetos pessoais.

Serra, no entanto, não tem nada a perder. Ele ocupou o espaço vazio do udenismo na política brasileira. Se não sair do surto nos próximos meses, vai tentar liderar essa imensa orfandade política, com o mesmo tipo de oportunismo que César Maia demonstrou no Rio. A diferença é que Serra é mais inteligente e mais perverso.

Bem amigos, resumidamente: o discurso de Serra indica que a campanha difamatória vai continuar, que veremos desde o início do mandato de Dilma um denuncismo sem limites, que a parte mais delinqüente do PIG, como a Veja, não vai esperar por nada relevante para começar a atacar. Não há mais pela frente o super-teflon de Lula.

Olhemos para Obama dois anos depois e não subestimemos o poder da calúnia e do denuncismo. Eles causam aderência emocional. Quem odeia só quer uma desculpa pra justificar seu ódio. Como dizia um velho inimigo meu: “Calúnia e auto-elogio faça sempre, porque das duas coisas sempre algo fica”.

As trevas brasileiras foram despertas. A campanha de Serra abriu as portas do inferno. Veremos de que tamanho elas ainda são nos próximos anos.

Ah, já ia me esquecendo. Serra em seu novo discurso também se livrou da presença incômoda de Deus.

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