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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Rota continua louvando o arbítrio ditatorial. E o Serra não liga.



José Serra: nada mais nos UNE



Por Celso Lungaretti

Faço minhas as palavras dos universitários que ocuparam a reitoria da Universidade de São Paulo em meados de 2008 para protestarem contra quatro decretos autoritários do governador José Serra, o qual acabou alterando-os sob vara da comunidade acadêmica e da opinião pública.


Se já então o movimento estudantil estava certo em repudiar o ex-presidente da União Nacional dos Estudantes, seus motivos para justa indignação aumentariam em muito quando Serra cometeu o sacrilegio de ordenar o aquartelamento das tropas mais truculentas da Polícia Militar na Cidade Universitária, em junho/2009, daí resultando a Batalha da USP.


Soltar os gorilas e os brutamontes no campus era o que a ditadura fazia e era o que jamais esperaríamos de quem um dia lutou pela liberdade e justiça social.


E, se nada mais me une a Serra enquanto veteranos que somos do movimento estudantil, também nada mais restou do comum repúdio à ditadura militar que o levou ao exílio e me levou aos cárceres.


Pois hoje ele quer mais é que todos esqueçamos os valores que professou no passado, tanto que continua ignorando olimpicamente as sucessivas advertências que venho lançando sobre o alinhamento com a retórica falaciosa da ditadura militar que uma unidade do seu aparato policial mantém impune e impudicamente no ar.


Foi em outubro/2008 que, alertado pelo incansável Ismar C. de Souza, enderecei a Serra uma carta aberta, protestando contra os elogios que a Rota (ex-Rondas Extensivas Tobias de Aguiar) fazia, em sua página virtual, à atuação por si desenvolvida durante o regime de exceção, contribuindo com o arbítrio.


Historiei a atuação dessa unidade da Polícia Militar, criada para enfrentar a guerrilha urbana e que, depois de massacrados os combatentes da resistência à ditadura, passou a aplicar os mesmos métodos de torturas e assassinatos contra criminosos comuns.


Lembrei que o excelente livro Rota 66, do colega jornalista Caco Barcellos, documentara "4.200 casos de assassinatos cometidos pela Rota nas décadas de 1970 e 1980, tendo como vítimas, quase sempre, jovens pobres, pardos e negros (muitas vezes sem antecedentes criminais)".


E cheguei ao fulcro da questão: a Rota continuava destacando, com indisfarçável orgulho, os atentados que cometeu contra a democracia (ver, aqui, os itens História do Batalhão e Os Boinas Pretas).


Reproduzi vários trechos da página virtual, como este:



"Mais uma vez dentro da história, o Primeiro Batalhão Policial Militar 'Tobias de Aguiar', sob o comando do Ten Cel Salvador D’Aquino, é chamado a dar seqüência no seu passado heróico, desta vez no combate à Guerrilha Urbana que atormentava o povo paulista".

Aliás, tal batalhão, antes mesmo de dar origem à Rota, já cumprira papel deplorável na quartelada de 1964, atuando como força auxiliar dos golpistas das Forças Armadas. E isto também era objeto de louvação virtual:



"Marcando, desde a sua criação, a história desta nação, este Batalhão teve seu efetivo presente em inúmeras operações militares, sempre com participação decisiva e influente, demonstrando a galhardia e lealdade de seus homens, podendo ser citadas, dentre outras, as seguintes campanhas de Guerra: (...) - Revolução de 1964, quando participou da derrubada do então Presidente da República João Goulart, dando início à ditadura militar com o Presidente Castelo Branco".

[Este último trecho atualmente tem um acréscimo, o de que a Rota foi coadjuvante do golpe contra Goulart "apoiando a sociedade e as Forças Armadas"! Ou seja, ainda fazem revisões para tentarem justificar o injustificável...]


Era, comentei, "a voz do passado que continua ecoando no presente, à custa dos impostos pagos pelos contribuintes paulistas".


E conclui assim a carta ao Serra:



"...em nome do seu passado de exilado e em consideração ao passado de todos nós que permanecemos aqui e fomos barbarizados, peço-lhe que, pelo menos, determine que as peças de comunicação do seu Governo passem a ser as aceitáveis numa democracia. Isto se não lhe apetecer tomar a atitude mais pertinente, que já está atrasada em um quarto de século: desativar a Rota!".

Comprovando que, na contramão do exemplo inesquecível do companheiro-presidente Salvador Allende, Serra agora trata os ex-companheiros com empáfia de governador, ele nem sequer se dignou a responder!


Recebi uma enxurrada de mensagens de defensores da Rota, incluindo ameaças ostensivas ou veladas, enviadas tanto ao meu e-mail quanto aos meus dois blogues.


Minha resposta a essa campanha articulada foi o artigo Não desviarei da Rota, de dezembro/2008. Reafirmei tudo que anteriormente dissera e acrescentei:



"...aconselho a Rota a apagar do seu site as loas a operações por ela desenvolvidas durante a ditadura, as quais, em todo o mundo civilizado, hoje têm uma imagem tão negativa quanto as chacinas da Gestapo".

Em janeiro/2009, o portal Brasil de Fato fez uma reportagem na esteira de minhas denúncias, ouvindo o oficial de Planejamento e Operações da Rota, 1º Tenente Gerson Pelegatti, que qualificou as exaltações à ditadura militar como "um grande equívoco" e prometeu tirar a página do ar para que seja feita "uma limpeza geral".


Disse que a identificação com a ditadura não correspondia mais ao pensamento dos policiais. E garantiu que as correções seriam feitas com a máxima rapidez possível.


Pois bem, um ano depois continua tudo na mesma, com a página da Rota carecendo ainda de "uma limpeza geral" para removerem-se as imundícies denunciadas por mim e pelo Brasil de Fato.


O tenente Pelegatti faltou com a palavra, não cumprindo sua promessa de corrigir o "grande equívoco". Aonde foi parar a honra militar?


Quanto a José Serra, não se mostrou à altura nem da sua posição atual de governador numa democracia, nem do seu passado de presidente da UNE e de perseguido político. Quer mesmo é se mostrar confiável ao grande empresariado.


Uma Presidência da República compensará a completa descaracterização de Serra (que parece seguir sofregamente os passos de Carlos Lacerda, com grande chance de também nunca alcançar a prenda almejada...)?


Prefiro ficar com o Evangelho:



"Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?" (Mateus, 16:26)

Celso Lungaretti, é jornalista, escritor e ex-preso político. Mantém o blog "Náufrago da Utopia", é autor de livro homônimo sobre sua experiência durante a ditadura militar e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"

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