Open House do capitalismo - Big Stick
Por Laerte Braga
O presidente “eleito” de Honduras, Porfírio Lobo, toma posse dia 27 e “reinaugura” a “democracia cristã e ocidental” em seu país. Vai ter as bênçãos de Washington, do cardeal primaz, de banqueiros, latifundiários, grandes empresários, tudo num open house do capitalismo, sob a batuta dos militares.
Esses se dividirão em dois grupos. Os poderosos chefões vão para o palácio. Os esbirros de menor patente para as ruas. A tarefa é simples. Prender e arrebentar quem se opuser ao “processo democrático”. Vale dizer a maioria do povo hondurenho que continua a luta contra o golpe que depôs Manuel Zelaya.
Janet Napolitano, secretária de Segurança Interna do governo de Barack Obama disse na Espanha que os terremotos que sacudiram e destruíram o Haiti não podem ser “encarados como oportunidade de emigrar para os Estados Unidos”. O termo oportunidade é complicado. Pura presunção de quem parece ser também ou imigrante, ou descendente.
A UNICEF denunciou publicamente o desaparecimento de quinze crianças desacompanhadas e internadas num hospital haitiano. Segundo porta-voz da UNICEF é provável que tenham sido “seqüestradas por traficantes de crianças”.
Na cabeça de Janet Napolitano a decisão do governo dos EUA, tomada antes dos terremotos, de legalizar a presença de haitianos clandestinos no seu país, vai permitir “que eles arranjem empregos e façam remessas de dinheiro para suas famílias”. É outra face da “ajuda” norte-americana.
Num país, os EUA, onde a crise foi apenas atenuada e maquiada por dados oficiais, haitianos clandestinos e agora legalizados, vão entrar para o clube dos desempregados, ou dos subempregados. Vão se juntar a milhões de cidadãos nativos que permanecem nos porões/abrigos, que segundo Barbra Bush, mulher do ex-presidente George pai Bush, têm vida melhor, pois “aqui fazem três refeições por dia”.
Fugir para os EUA não significa que a vida de haitianos vá se transformar. Que estejam querendo sair do inferno e correr para o paraíso. Essa atração dos luminosos de Manhattan acontece em qualquer lugar do mundo. Levas de homens, mulheres e crianças buscando encontrar uma luz no fim do túnel nos países do chamado primeiro mundo, ou o próprio processo migratório em cada país, onde as pessoas do campo fogem para as cidades grandes acreditando piamente que viver em favelas é melhor que a realidade de cada um.
No Brasil, por exemplo, já se observa sinais de um movimento inverso. Boa parte dos 57% de paulistanos que declarou ter o desejo de sair da capital de São Paulo, com toda a certeza, não é nativa.
É óbvio. O CGE – Centro de Gerenciamento de Emergências – do governo de São Paulo (O prefeito é do DEM) não mostra, em seus relatórios diários sobre os efeitos das fortes chuvas que estão caindo, todos os pontos alagados. Para diminuir o impacto de um problema que atinge a cidade, monitora menos de 5% da área do município.
A explicação é simples. O levantamento é feito por “marronzinhos”, definição do CGE, que notificam onde a chuva encheu ou não e apenas no centro da capital e imediações. A periferia dane-se.
Os caras sabem, lógico. Quando acontecem cheias como as que têm sido exibidas pelos noticiários da tevê, conseqüências como corte de luz, falhas no sistema de telefonia são relatadas de imediato às empresas responsáveis, riscos de desabamentos são notificados à Defesa Civil, o problema é maquiar e dizer que o governo trabalha diuturnamente para resolver todas as mazelas provocadas pelas chuvas.
No Haiti existe, segundo a ONU, um conflito entre várias das ONGs que acorreram ao país na missão de ajudar, salvar e reconstruir. Para os funcionários da ONU muitas ONGs disputam a primazia do noticiário internacional e em seus países de origem em puro exercício de exibicionismo. O número de assessores de imprensa costuma ser maior que o de “ajudadores”.
O fato tem causado transtornos e atrapalhado a eficiência dos trabalhos de resgate, distribuição de alimentos, água, socorro médico, etc. Essas ONGs, na prática, estão de olho nos repasses de verbas e contribuições para que possam “funcionar” a pleno vapor, quando não disfarçam ações de potências estrangeiras, ou empresas interessadas em controle do país, no caso o Haiti e dos ”negócios”.
Tem um monte de tantas assim na Amazônia.
O arcebispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo, D. José Benedito Simão, acha normal a Comissão Regional de Defesa da Vida do Regional Sul-1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), chamar o presidente da República de “novo Herodes”.
É que o Plano Nacional de Direitos Humanos trata de questões sensíveis à cúpula católica. Aborto, homossexuais e lésbicas, adoção de crianças por casais homo. Lula ou o Secretário de Direitos Humanos, um ou outro se esqueceu de incluir a pedofilia, os “direitos dos pedófilos” e os milhões de dólares gastos pelo Vaticano para manter por baixo dos panos os escândalos envolvendo desde padres a alguns altos dignatários da igreja.
E depois não entendem onde um charlatão como Edir, o Macedo, encontra terreno fértil para os sacos de dinheiro que se amontoam e terminam em Miami. Acham que é só copiar os rituais e trocar de nome, algo como renovação carismática.
Uma coisa é a fé, a convicção religiosa, direito líquido e certo, questão de foro íntimo, outra coisa é a fachada para ações assim que nem a da turma de D. José Benedito Simão. Parece o arcebispo de Mariana que mandou retirar de circulação um jornal que criticou o governo de Aécio Neves.
A mídia nacional deu destaque às vaias aplicadas ao prefeito da cidade mineira de Juiz de Fora e ao secretário estadual de Saúde do governo Aécio Neves, respectivamente Custódio Matos e Marcus Pestana, o que levou o governo de Minas a reagir e prestar solidariedade a seus “correligionários”, digamos assim.
Custódio Matos, o que ajudou Azeredo a captar recursos junto a Marcus Valério, realiza um dos governos mais corruptos dentre todos de todos os municípios brasileiros e Marcus Pestana transformou a Secretaria de Saúde do Estado num grande negócio privado, onde é sócio em tudo através de laranjas. Naquela hora faltaram os marqueteiros, uma espécie de bússola das mentiras tucanas. Aí, desandou, pois os caras estão acostumados a open house fechados, por contra senso que possa parecer. Restrito aos que pagam (propinas), caso Queiroz Galvão e um ou outro lambe botas.
Impávido, tranqüilo na Cervejaria Casa Branca, o presidente Barack Obama, primeiro mutante eleito para o cargo (tem a pele negra e a ideologia branca) manda que se passe por cima de tudo e todos na “ajuda” ao Haiti e no novo governo de Honduras.
Para tanto, nesse open house do capitalismo, atropela a ONU (não foi convidada, fica olhando na entrada da festa), tenta calar reações de governos como o brasileiro e o francês, mantém em alerta os militares que cuidam da “democracia” hondurenha na base de Tegucigalpa (escola de golpes) e ganha um aliado.
O presidente eleito do Chile, Piñera, já insinuou que o governo da Venezuela não é democrático. É que Chávez expropriou uma rede de supermercados que vivia (como vivem todos) de extorsão contra o consumidor. Pinochet, de quem Piñera foi amigo, esse sim, é democrata.
Na opinião de experts da alta costura na Europa, o problema da moda brasileira é o acabamento. Peca no acabamento, no arremate.
O técnico do Corinthians afirma que vai promover um rodízio de gols para evitar que apenas um atacante, no caso Ronaldo, chamado de “o gordo”, tenha destaque. Lembra o técnico Duque instruindo os jogadores do Fluminense sobre como empatar um jogo com o América e virar o resultado. Assentado e ouvindo atentamente a explanação do treinador, Gerson, um dos maiores jogadores de todos os tempos no futebol brasileiro e mundial, perguntou a Duque se ele já havia combinado aquilo com o técnico e o time adversário.
Não existem motivos para preocupações maiores. Porfírio Lobo vai assumir o governo de Honduras no dia 27, a borracha vai cantar em quem for contra, a democracia vai estar salva, como garantidas as instituições cristãs e ocidentais e um grande baile vai marcar a data. O open house será para banqueiros, latifundiários, empresários norte-americanos, generais, elites podres do país e o resto lambe com a testa.
Ou como poeira nessa farsa de exploração que é o capitalismo. O diabo é que a poeira vem em seguida à borduna baixada pelos militares.
O que é o de menos para eles, em todos os lugares existem CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências). Seja para prender e arrebentar quem não se conforme com a democracia cristã e ocidental, ou quem esteja debaixo de água. Ou pior, soterrado em escombros no Haiti.
Em boa parte do mundo. E com as bênçãos de cardeal, convidado de honra de Porfírio Lobo para sua posse.
No final sai um relatório com os dados “reais”. Não bate com a realidade, mas isso é detalhe. Qualquer dúvida existem versões do JORNAL NACIONAL em todos os lados e BB – Big Brother – para o gáudio da turma.
Laerte Braga é jornalista e colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?"
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog não está subordinado a nenhum partido. Lula, como todo ser humano, não é infalível. Quem gosta dele (assim como de qualquer pessoa), tem o dever de elogiá-lo sem nunca deixar de criticá-lo. ---------------------------------------------------------------------------------------------------- Todas as opiniões expressas aqui, em conteúdo assinado por mim ou pelos colaboradores, são de inteira responsabilidade de cada um. ----------------------------------------------------------------
Comentários são extremamente bem-vindos, inclusive e principalmente, as críticas construtivas (devidamente assinadas): as de quem sabe que é possível e bem mais eficaz criticar sem baixo calão. ----------------------------------------------------------------------------------------------
Na parte "comentar como", se você não é registrado no google nem em outro sistema, clique na opção "Nome/URL" e digite seu nome (em URL, você pode digitar seu site, se o tiver, para que clicando em seu nome as pessoas sejam direcionadas para lá, mas não é obrigatório, você pode deixar a parte URL em branco e apenas digitar seu nome).-----------------------------------------
PROCURO NÃO CENSURAR NADA, MAS, POR FAVOR, PROCUREM NÃO DEIXAR COMENTÁRIOS ANÔNIMOS. NÃO PODEMOS NOS RESPONSABILIZAR PELO QUE É DITO NESSES COMENTÁRIOS.
Att,
Ana Helena Tavares - editora-chefe