Avião militar estadunidense tentou entrar com carregamento não declarado
Por Horacio Verbitsky*
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O governo da Argentina impediu a entrada de uma "carga sensível" secreta que chegou ao aeroporto internacional de Buenos Aires, em um voo da Força Aérea dos Estados Unidos e sobre cujo emprego não foram oferecidas explicações satisfatórias. A expressão "carga sensível" foi utilizada na segunda-feira passada pela Conselheira de Assuntos Administrativos Dorothy Sarro ao solicitar autorização para que um caminhão com reboque pudesse ingressar na plataforma de operações. O enorme C17, um cargueiro Boeing Globmaster III, maior do que os conhecidos Hércules, chegou na tarde de quinta-feira com um arsenal de armas poderosas para um curso sobre manejo de crise e tomada de reféns oferecido pelo governo dos Estados Unidos ao Grupo Especial de Operações da Polícia Federal (GEOF), que deveria acontecer durante fevereiro e março.
O governo estima que o custo total do transporte e do curso giram em torno de dois milhões de dólares. O curso estava autorizado pelo governo argentino, mas quando a equipe verificou o conteúdo da carga com a lista entregue de antemão, apareceram canhões de metralhadoras, uma carabina e uma estranha mala que não haviam sido incluídas nas declarações. Embora o curso seja destinado às forças policiais argentinas, a carga chegou em um transporte militar e, no aeroporto, foi recebida por funcionários militares e de defesa, os coroneis estadunidenses Edwin Passmore e Mark Alcott. Todas as caixas tinham o selo da 7ª Brigada de Paraquedistas do Exército com sede na Carolina do Norte. Tentaram passar de forma clandestina mil pés cúbicos, equivalentes a um terço da carga que chegou no avião, depois de fazer escalas no Panamá e em Lima.