O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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domingo, 18 de julho de 2010

O ouro de Washington

O ouro de Washington

Por Mario Augusto Jakobskind (*)

Sob total silêncio dos meios de comunicação conservadores brasileiros, foi divulgada a informação oficial segundo a qual veículos de imprensa e jornalistas venezuelanos receberam mais de quatro milhões de dólares nos últimos dois anos. Objetivo: desestabilizar o governo da República Bolivariana da Venezuela. A Lei de Acesso à Informação permitiu a divulgação de documentos do Departamento de Estado norte-americano. A grana foi distribuída através de três entidades públicas estadunidenses, a Fundação Panamericana para o Desenvolvimento, a Freedom House e a Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (Usaid).

Mas a documentação não foi totalmente liberada, pois o Departamento de Estado censurou a maioria dos nomes das organizações e jornalistas contemplados com o ouro de Washington. É isso aí, não tem mais ouro de Moscou, de Pequim ou de qualquer outra capital de país socialista, como “informavam” os jornalões na época da Guerra Fria. Mas o ouro de Washington continua a ser distribuído em vários quadrantes do planeta com o objetivo de desestabilizar governos que contestem a dominação da potência hegemônica.

Nesta etapa, a distribuição das benesses ficou a critério de organizações venezuelanas Espaço Público e Instituto de Imprensa, segundo ainda os documentos do Departamento de Estado norte-americano. Ou seja, não há dúvidas de que as campanhas antichavistas renderam bons frutos($) para grupos que há anos tentam de todas as formas impedir o aprofundamento da revolução bolivariana.

Tendo em vista tais fatos, não será surpresa alguma se amanhã novos documentos do Departamento de Estado mostrarem que em outros países, inclusive nas plagas abençoadas por Deus e bonitas por natureza, o ouro de Washington segue rolando com toda a intensidade. Quem acompanha os noticiários de televisão e os colunistas de sempre desconfia que o ouro de Washington recheie os bolsos dos referidos. Mas qualquer problema, a Sociedade Interamericana de Imprensa está aí para isso mesmo, ou seja, defender incondicionalmente as organizações midiáticas e jornalistas que venham eventualmente a ser denunciados por recebimento de polpudas verbas.

Já que estamos falando em meios de comunicação conservadores, mais uma vez O Globo se superou. Com o maior destaque, o jornal da família Marinho dizia, na primeira página do caderno de economia, em referência ao desastre provocado pela British Petróleo (BP) no Golfo do México, que o Brasil remava contra a maré mundial ao continuar prospectando petróleo em alto mar. O Globo quer porque quer que as reservas do pré-sal continuem intactas, pois em outras partes do mundo, inclusive nos Estados Unidos, as prospecções foram suspensas.

O jornal que historicamente sempre defendeu poderosos interesses internacionais, seja da área petrolífera ou financeira, preferiu ignorar as denúncias segundo as quais o desastre ecológico no Golfo do México se deveu basicamente ao fato de a BP ter tentado economizar na procura do petróleo em alto mar. Por aqui, quer queira ou não O Globo, a questão é outra, a tecnologia desenvolvida no setor é de alta qualidade. Não se poupa nas pesquisas, que no caso do pré-sal começaram há anos.

A propósito de manipulação de informação, não é de hoje que o MST vem sendo criminalizado por publicações conservadoras vinculadas ao agronegócio. Há oito meses, por exemplo, foi feito o maior escarcéu (por pressão da bancada ruralista), sobre supostas irregularidades relacionadas com verbas públicas e o MST. Pois bem, uma CPMI (Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara e Senado) conclui seu relatório com a informação segundo a qual não há nenhuma irregularidade na conta do movimento que luta pela reforma agrária. Essa foi a terceira CPI do gênero sobre o MST.

Mas se os leitores imaginam que a manipulação midiática terminou, não devem se iludir. Daqui mais algumas semanas, a mesma bancada ruralista vai pressionar no sentido de que seja criada mais uma CPI, pois a de agora “terminou em pizza”. E os setores conservadores, aglutinados em torno do candidato de FHC, José Serra, vão aproveitar a campanha presidencial para atacar.

Em suma: verbas do Departamento de Estado norte-americano, criminalização do MST e muitos outros fatos fazem parte do mesmo jogo que tem como pano de fundo a necessidade de manter o Brasil e a América Latina como um mero quintal ou pátio traseiro dos Estados Unidos. Veja, O Globo, TV Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S.Paulo estão aí para isso mesmo.


*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, mora no Rio de Janeiro e é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de S. Paulo e editor de Internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato. É autor, dentre outros livros, de “América que não está na mídia” e “Dossiê Tim Lopes – Fantástico / Ibope”. É colunista do site “Direto da Redação” e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.

Charges: Carlos Latuff.

Lula em quadrinhos - Cap. 23 (final) - Músicas de campanha e considerações finais



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Estas imagens são parte integrante do gibi "Lula: a história de um vencedor", lançado em 2002. A liberação dos direitos autorais é uma cortesia de seu autor, o cartunista Bira Dantas, para o blog "Quem tem medo do Lula?".

Sobre sapos e escorpiões


Sobre sapos e escorpiões

Por Laerte Braga (*)


OAno passado, na abertura da Conferência Nacional do Partido Comunista Brasileiro, Rio de Janeiro, auditório da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), o secretário geral do Partido, Ivan Pinheiro, disse mais ou menos o seguinte.



“O PCB tem história e noção de suas responsabilidades”. “Não será o responsável pelo retrocesso político no País, mas não será conivente com alianças espúrias e caminhos meramente eleitoreiros”.



O líder nacional do MST, João Pedro Stédile, costuma dizer que eleições são um instrumento, até aí nada demais, muitos percebem e sabem disso, dizem isso, mas acrescenta que o desafio é a organização e avanço dos movimentos populares.



A propósito, a CPI do MST concluiu que não houve um centavo sequer de desvio de verbas públicas destinadas a projetos executados pelo MST. Que tal uma CPI do agronegócio?



Qualquer um que tenha o mínimo de informações sobre a realidade política, econômica e social do Brasil sabe que José Arruda Serra é um retrocesso sem tamanho.



É só voltar os olhos aos oito anos de governo de FHC e compreender instantaneamente essa realidade.



Não significa que seja, por isso, digerível o ex-presidente Collor de Mello fazer campanha em Alagoas trombeteando o apoio de Lula e Dilma. Collor é candidato a governador.



Determinado tipo de aliança pode até levar à vitória, mas significa que um preço alto será pago por isso. Ganhar sem levar, por exemplo.



São sapos e lagartos que um dos principais erros do governo Lula vai acabar impondo aos brasileiros por conta da necessidade de evitar um retrocesso estúpido. O de não ter buscado ampliar os canais de participação popular e mergulhado no jogo institucional. Foi o que levou um deputado desqualificado como Roberto Jéferson a denunciar um processo de corrupção e ali arrastar figuras como o ex-ministro José Dirceu.



Não se tratava de preocupação com desmandos e desvios, mas com a necessidade de afastar Dirceu do centro das decisões.



De apequenar o governo e torná-lo refém desse jogo do clube de amigos e inimigos cordiais que circula pelos três poderes em Brasília.



Transformar o PT e agregados em partidos que se assentam à mesa com figuras como Collor.



Dilma Roussef é uma candidata séria. Íntegra. Com passado e presente de coragem, determinação e indiscutível capacidade para presidir o Brasil.



Não há como você fazer acordo com o escorpião para atravessar o rio. Vai mordê-lo mesmo que isso possa arrastá-lo à morte. Questão de caráter. E nesse caso nem tanto arrastá-lo à morte, pelo contrário.



Os escorpiões como Sarney, Collor e outros mais são dissidências por razões pessoais ou de “negócios” do esquema podre e corrupto dos tucanos. Não diferem em nada do que representam José Arruda Serra, Fernando Henrique Cardoso.



É uma espécie de opção que Lula fez. Juntou os êxitos indiscutíveis de seu governo (dentro do que se propôs), chamou a si a responsabilidade pelo jogo e aposta na perspectiva futura de avanços que possam permitir desvencilhar-se (ou não, difícil afirmar em cima do subjetivo) de figuras assim.



FHC deixou uma bomba armada e prestes a explodir nas mãos de Lula. Um País quebrado, falido, que Lula foi capaz de desarmar e evitar que explodisse. Lula deixa a Dilma uma outra forma de bomba.



Alianças espúrias e incompreensíveis.



O que o secretário geral do PCB quis dizer com “o PCB não será responsável pelo retrocesso” passa por todos esses ingredientes.



O próprio Ivan é candidato a presidente da República. Tem a convicção que é necessário dizer ao Brasil e aos brasileiros, na medida do possível, dada a correlação de forças desigual, que o processo de mudanças não passa por gente como Sarney e Collor.



Que as tarefas e desafios são bem maiores, transcendem aos limites de lideranças pessoais, coronéis políticos e por isso não podem ficar presas ou confinadas a um outro limite, o de um institucional podre.



E ao mesmo tempo que, no momento correto, o seu partido e seus camaradas não serão responsáveis por uma eventual eleição de José Arruda Serra.



Sem que isso signifique concordância com o que o próprio Ivan Pinheiro de maneira correta e precisa chama de “capitalismo a brasileira”.



É como se fosse um mar aparentemente tranqüilo e que numa curva se transformasse numa tempestade que engole o que se supõe conquistado.



Há uma força maior que devora esse tipo de luta e esse tipo de luta não se cinge a uma liderança, mas a avanços efetivos pela organização do movimento popular como um todo.



Esse é risco que se corre. Se consciente ou não é outra história. Duvido que seja inconsciente. Mas é também uma irresponsabilidade diante do processo maior, o da História.


*Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no “Estado de Minas” e no “Diário Mercantil”. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”

Serra quer instalar República Midiática














Eleger José Serra para assegurar a instalação de uma República Midiática, onde os três poderes seriam editados ao sabor dos ditames do mercado e do espetáculo: esse é o programa de governo que ainda não foi apresentado pela candidatura demotucana e pelo baronato midiático.

Por Gilson Caroni Filho (*)

O processo eleitoral deste ano constitui um momento privilegiado no movimento político global da política brasileira. Uma significativa vitória das forças governistas, com a eleição de executivos e parlamentares do campo democrático-popular, pode ampliar espaços político-administrativos que continuem realizando o aprofundamento de formas participativas de gestão pública. É contra isso, em oposição virulenta a mecanismos institucionais que aperfeiçoem a democratização da vida nacional, que se voltam as principais corporações midiáticas e seus denodados funcionários.

Sem nenhuma atualização dos métodos utilizados em 1954 contra Getúlio Vargas e, dez anos depois, no golpe de Estado que depôs Jango, a grande imprensa aponta sua artilharia para os atores que procuram romper a tradição brasileira de definir e encaminhar as questões políticas de forma elitista e autoritária. Jornalistas, radialistas e apresentadores de programas televisivos, sem qualquer pudor, tentam arregimentar as classes médias para um golpe branco contra a candidatura de Dilma Rousseff. Para tal objetivo, além do recorrente terrorismo semântico, as oficinas de consenso contam com alguns ministros do TSE e uma vice-procuradora pautada sob medida.

A campanha de oposição ao governo utiliza uma linguagem radical e alarmista, que mistura denúncias contra falsos dossiês, corrupção governamental, uso da máquina pública no processo eleitoral, supostas teses que fragilizariam a propriedade privada em benefício de invasões, além do ”controle social da mídia em prejuízo da liberdade de imprensa”. Temos a reedição da retórica do medo que já rendeu dividendos às classes dominantes. Em escala nacional, os índices disponíveis de percepção do eleitorado assinalam que dificilmente os recursos empregados conseguirão legitimar uma investida golpista. Mas não convém baixar a guarda.

Se tudo isso é um sinal de incapacidade do bloco oposicionista para resolver seus mais imediatos e elementares problemas de sobrevivência política, a inquietação das verdadeiras classes dominantes (grande capital, latifúndio e proprietários de corporações midiáticas) estimula pescadores de águas turvas, vitalizando sugestões que comprometam a normalidade do processo eleitoral. Todas as forças democráticas e populares devem recusar clara e firmemente qualquer tentativa perturbadora. Sugestões desestabilizadoras, venham de onde vierem, têm um objetivo inequívoco: impedir o avanço rumo a uma democracia ampliada.

É nesse contexto que devem ser vistos os movimentos do campo jornalístico. Apesar do recuo do governo na terceira edição do Programa Nacional dos Direitos Humanos, a simples realização da Confecom foi um golpe duro para os projetos da grande mídia. A democratização dos meios de comunicação de massa está inserida na agenda de praticamente todos os movimentos sociais.

A concentração das iniciativas culturais e informativas em mãos da classe dominante, que decide unilateralmente o que vai e o que não vai ser divulgado no país, está ameaçada não apenas por novas tecnologias, mas por uma consciência cidadã que conheceu consideráveis avanços nos dois mandatos do presidente Lula. Tem dias contados a sujeição cultural da população em seu conjunto, transformada em público espectador e consumidor. Como podemos ver, não faltam razões para o desespero das famílias Civita, Marinho, Mesquita e Frias.

Ao levantarem a cortina de fumaça da “República Sindicalista", em um claro exercício do "duplipensar" orwelliano, os funcionários do baronato ameaçado reescrevem notícias antigas para que elas não contradigam as diretivas de hoje. Um olhar no Brasil atual mostrará que o “duplipensamento" tem uma função clara até outubro: eleger José Serra para assegurar a instalação de uma República Midiática, onde os três poderes seriam editados ao sabor dos ditames do mercado e do espetáculo. Esse é o programa de governo que Serra ainda não apresentou. Há divergências na produção artística.

*Gilson Caroni Filho é sociólogo e mestre em ciências políticas. Nascido e residente no Rio de Janeiro, onde é professor titular de sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha). É colunista da Carta Maior, colaborador do Jornal do Brasil e do blog "Quem tem medo do Lula?".

As charges são uma cortesia do cartunista Carlos Latuff, também colaborador do Blog "Que tem medo do Lula?".

O HORÓSCOPO NAS ELEIÇÕES

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Horóscopos, em geral, pintam o mundo cor-de-rosa. Apontam apenas as qualidades das pessoas, mas ocultam suas aberrações. Quem nos diz isso é o famoso astrólogo peruano, Pepe Carlin, um especialista no horóscopo de defeitos, que fotografa a alma das pessoas, refletindo seus aspectos sombrios. Ele explica que os astrólogos sabem que todo mundo traz no seu mapa astral planetas retrógrados, mas não se atrevem a anunciar suas influências maléficas. Com ele não tem disso não.

Em tempos de eleição, o horóscopo de Carlin pode ser útil. Verifique você mesmo, leitor(a), sua justeza, confrontando-o com os signos de alguns políticos brasileiros de expressão nacional e de outras celebridades municipais e estaduais. Ele acertou com Bruno das Dores, goleiro do Flamengo, que é capricorniano, com o ariano Anthony Garotinho e com o leonino Collor de Mello. Veja Dilma Roussef, José Serra, Michel Temer, Gilmar Mendes e outros.


ARIES (21 março - 20 abril): Você não consegue influenciar ninguém, embora fique o tempo todo exibindo um pretenso poder. Procura espiritualidade, mas nem sempre pelas melhores vias. Demagogo, suas mentiras são rapidamente detectadas. É muito guloso, toma muito refrigerante e tenta colocar o mar inteiro dentro de sua pança. Tem tendência para engordar. Arianos são bons para exercer funções de juiz, sogra, lutador de sumô, radialista e pastor. Não servem para mais nada.

TOURO (21 Abril - 20 Maio): Você é hipócrita, tem duas caras. Sua falta de constância nas coisas e sua maldita hipocrisia o convertem em um manipulador. Você está se lixando para o que os outros sentem ou pensam, engana sempre seus aliados. Diz que é amigo dos amigos, arruma emprego pra eles, mas depois de obter o que quer, manda-os lamber sabão. Taurinos são bons triatletas, vendedores de enciclopédias de porta em porta, decoradores, cabos e quando puxam saco, ministros.

GÊMEOS (21 Maio - 20 Junho): O signo governa as glândulas, o cérebro e os pulmões, com tendência à diabete e a problemas respiratórios. Os geminianos apresentam irritabilidade descontrolada, decorrente da inveja. O instinto vingativo é muito forte e a sensualidade pode fugir ao controle, com o predomínio dos instintos. Têm êxito na política, no circo, nas novelas das 8 e pulando a cerca para fugir dos credores. Se dá bem como corretor de imóveis, moto-boy, bicheiro e aspone.

CÂNCER (21 junho - 22 julho): Você se acha o cara mais solidário do mundo, o que sofre pelos outros, compreensivo com os problemas alheios, mas não passa de um rejeitado, um frustrado. Compaixão, sensibilidade e emotividade fazem do homem de câncer um tremendo galinha em potencial, com exceção dos nascidos hoje, dia 18, que são fiéis e monogâmicos. As mulheres dão boas conselheiras matrimoniais, fofoqueiras, melhores amigas ou freiras. Os cancerianos se desempenham bem como professores, barbeiros, policiais e romancistas, o que é o mesmo que nada.

LEÃO (23 julho a 22 agosto): O leonino se considera líder natural, mas todo mundo sabe que é um babacão. Vaidoso, arrogante, dominador, grunhe de vez em quando, crê que é a última Coca-Cola do deserto e costuma responder as críticas que lhe fazem com pontapés e socos. Aquilo que você chama de caráter é intolerância com os outros. Quer sempre impor suas ideias, embora todo mundo saiba que é fanfarrão, não entende bulhufas daquilo que fala. Os leoninos servem para ser bons guardas de trânsito, cafetão, ditadores e rebeldes sem causa.

VIRGEM (23 agosto – 22 setembro) – Você acha que é do tipo lógico, sistemático, trabalhador e muito analítico e tenta usar essas qualidades para ganhar dinheiro fácil e por vias nada católicas. Você é frio, não tem emoções, crê que todo mundo é leso e você é o único capaz, está se lixando para o que os demais pensam de sua pessoa. Faz sempre o que quer, é uma pessoa traiçoeira, egoísta e orgulhosa. Os virginianos se desempenham bem como cobradores de ônibus, caixa de banco e almoxarife.

LIBRA (23 setembro – 22 outubro) - O libriano quer que pensem que ele é refinado, do tipo artístico, idealista, com classe e bom gosto. Diz proteger os demais, mas quer sempre ganhar algo em troca. Embora não admita, é um maldito interesseiro. Utiliza cada oportunidade que tem para desqualificar os demais diante de todo mundo pra se dar bem. O homem desse signo é bobalhão, gosta de fazer pose; a mulher é imatura e leviana. Os librianos são bons advogados, coveiros, enfermeiros e gerentes de creches e asilos.

ESCORPIÃO (23 outubro – 21 novembro) – O pior de todos: desconfiado, vingativo, obsessivo, rancoroso, frio, orgulhoso, malicioso, cínico, calculador, se mete em todo tipo de falcatrua, não pode ver dinheiro público que quer logo privatizar. São capazes de passar a perna, por exemplo, num pedreiro que ganhou na loteria. É preciso ter cuidado com os homens de escorpião, porque podem ferrar com o rabo. Tem vocação para terrorista, nazista, fiscal de imposto de renda, delegado e juiz de futebol.


SAGITÁRIO (22 novembro – 21 dezembro) - Você usa e abusa do poder econômico, se acha otimista, aventureiro, mas é um bosta – excetuando os nascidos no dia 30 – que faz tudo de maneira medíocre. Sua falta de constância faz que não termine nada do que começa, ninguém leva você a sério, vive numa bolha estúpida de sonhos infantis. Reúne todas as condições para ser imaturo, indisciplinado, irresponsável, sem concentração e limitado. Isso explica porque os sagitarianos nunca conseguem nada. Servem pra aeromoça, guia de turismo, regatão, astronauta e bombeiro.

CAPRICÓRNIO (22 dezembro – 21 janeiro) Você é conservador, frio, calculista e inflexível como o aço inoxidável. Sua fidelidade e paciência não são argumentos suficientes para esconder seu materialismo e seu lado ambicioso, capaz de roubar pão da boca de criança, de esconder dinheiro na meia ou na cueca e até de assassinar. Você é capaz de vender a própria mãe e pedir o troco. Os capricornianos tem êxito como banqueiros algemados, juízes que desalgemam, prestamistas ou goleiros.


AQUÁRIO (22 de janeiro – 18 de fevereiro) – Os aquarianos tem mente criativa, em nome do progresso e do lucro são capazes de fazer as maiores barbaridades, de forma imbecil e teimosa. Adoram telenovelas, mas não admitem isso publicamente. Gostam se de reunir em grupo pra falar mal da vida alheia. São ótimos sindicalistas, manicures e estilistas, às vezes, as três coisas ao mesmo tempo.


PEIXES (19 de fevereiro – 20 de março) – Você é do tipo sonhador, místico e sensível, quando isso é de seu interesse. Se for homem, suas possibilidades de ser um babaca são muito altas. Vive distribuindo conselhos inúteis e supérfluos. Aproveitador, dá uma baixa na paciência e na conta bancária dos incautos com quem convive. Se for mulher, pode ser boa apresentadora de programas infantis ou atriz de filme pornô.

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José Ribamar Bessa Freire é professor universitário (Uerj), reside no Rio há mais de 20 anos, assina coluna no Diário do Amazonas, de Manaus, sua terra natal, e mantém o blog Taqui Pra Ti

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Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

PressAA

Agência Assaz Atroz

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Cuidado, Dilma! Obcecado é assim com "c" - Tem Aldo Rebelo na pista




Cuidado, Dilma! Obcecado é assim com "c" - Tem Aldo Rebelo na pista

Por Laerte Braga (*)


O que transformou Emerson Fittipaldi num dos maiores pilotos de automóveis em todos os tempos foi a capacidade de entender seu tempo e superá-lo sem pretensões de ensinar b + a igual a ba, isso quando Jackie Stewart dirigia e era concorrente direto.



Uma das grandes falácias do nosso tempo é a China. Falo em termos de comunismo. Acho graça quando leio no THE GLOBE que o governo do PC chinês soube conciliar mercado com socialismo. Falam assim mesmo.



Camiseta a um real e trabalho escravo de montão.



Devem ter lido Delfim Neto sobre aquele negócio de “primeiro fazer o bolo, deixar crescer e depois dividir”. Com certeza. Cada vez um número maior de milionários e quase um bilhão na linha da miséria.



Intelectual tem mania de discorrer sobre a importância do “c” e do “s”, uma espécie de Hortelino Trocaletras ao contrário, tudo porque a origem é cego, a doença é cegueira misturada a vaidade.



Lê e se o “c” não estiver no lugar certo, ou a curva não atender aos parâmetros sei lá de que padrão está fora de esquadro.



Poucos entendem de povo. Tropeçam na presunção do saber absoluto. Falam para um público de kombi lotada. Entendem tudo de quase nada e nada de quase tudo.



Tempos de modernidade.



A sorte de Dilma Roussef é que Lula não entende absolutamente nada de “c” ou de “s”, do contrário estaria liquidada.



Têm mania de reinventar e tentar colocar palavras precisas recheadas de presunções imprecisas como se oráculos fossem. É comum encontrar esse tipo no topo de montanhas olhando o mundo abaixo e imaginando que é um contra senso abóbora nascer rasteira e jabuticaba numa árvore de tamanho razoável.



Fundamentalistas, carregam essa bíblia da verdade absoluta debaixo dos “cc” e dos “ss” e chamam tudo de tolos e chatos.



Vivem sós porque insuportáveis. Não sei o tamanho da língua desse tipo a que me refiro, evidente que não é regra geral.



Obama é uma espécie de deus cultuado como novo. Achavam o mesmo de John Kennedy. Gostam de vitrines espetaculares paramentadas de penduricalhos chineses que não duram uma semana e nem peça de reposição têm.



Olham de viseira, não entendem o todo, o que seja significado, ou significante. Freud iria ao deleite.



Mas deitam falação. Giram metralhadoras que disparam “c” e disparam “s”. Godart adora janelas fechadas. Dá um tom noir, ou sombrio ao povo da kombi, agora lotada e transbordando de pragmatismo.



E nem é tão estranho assim. Delfim Neto em plena ditadura, ministro da Fazenda, proclamou ao mundo que “sou socialista fabiano”.



Nada a ver com bolsa de Pequim, ou que quim seja. Falta Mao Tse nessa história toda. Onde já se viu exportação de lanterna que não acende?



Mas gostam de lanternar o mundo. Como gostam.



Não é necessariamente caso de tarja preta. É que desceu mal e bateu um desconforto dos diabos. Quando volta, volta azedo.



Qualquer tropinal da vida resolve. Um banho de água quente e curtir o mundo debaixo das cobertas chinesas encontradas em lojas de um e noventa e nove, mas a quarenta e nove e noventa e nove.



Pobre Dilma. Imagine se fosse contar com Aldo Rebelo e sua vocação de sim senhor, é tudo uma questão de conta de ajustar.



Não avalio a indigestão que Lula teria padecido com tantos “ss” engolidos. Nem tem jeito.



O negócio é reinventar. Desconstruir, pós qualquer coisa.



E nem sei se Schumaker – acho que é assim, é possível que esteja faltando alguma letra, ou sobrando – teria condições de navegar no céu de brigadeiro, quer dizer, mar de almirante, nos tempos que prudência e modéstia faziam parte da competição.



E nem competição é. Só vagido de sabedoria sobre obcecado e coisas que tais.



Ou quem sabe as pernas de Sarah Palin? Aquele óculos bisonho recomendando aquele produto inteligente, mais inteligente que qualquer um e que agüenta cem descargas.



Deviam condená-la a assistir Oscarito e Grande Otelo pelo menos cinco vezes por dia, aí talvez entendesse José Legoyw. Não tenho certeza se o ipsilone está a mais ou a menos.



Mas dá para entender.



É mais ou menos assim. Tem Aldo Rebelo na pista. Aí, aquele grito amazônico e pantaneiro – MADEIRA!



Kátia Abreu agradece penhorada o pragmatismo.


*Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no “Estado de Minas” e no “Diário Mercantil”. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”

Caso Battisti: Até quando vai durar a prisão? O Show Deve Parar!


Caso Battisti: O Show Deve Parar

Por Carlos Alberto Lungarzo (*)

Hoje percebi, através de uma matéria de Celso Lungaretti, que o escritor italiano Cesare Battisti está desde há 41 meses na prisão. O fato de ter um preso político num país democrático é uma grave anormalidade, muito mais ainda quando é alguém que o único “delito” que cometeu no Brasil foi o de usar um passaporte irregular, algo que quase todo refugiado faz. Não se precisa ter doutorado em Direito Internacional, para entender que se alguém está sendo procurado para cumprir pena de prisão ou, ainda pior, para ser morto, seu governo não lhe vai oferecer graciosamente um passaporte legítimo. Aliás, a Convenção de Genebra e documentos adicionais confirmam essa argumentação.

Como muito bem foi observado pelo ex ministro da justiça Tarso Genro, numa entrevista concedida ontem ao site Sul 21, o caso Battisti foi “uma questão que foi ideologizada de má fé pela grande mídia. Então é natural que as pessoas fiquem confusas sobre o assunto.”

Se realmente a posse de um passaporte irregular é um crime, eu me pergunto por que eu e outros milhares de pessoas que chegamos ao Brasil como refugiados, usando passaportes vencidos ou irregulares, nunca fomos punidos, na época da ditadura? Reconheço, sem dúvida, a cumplicidade do establishment no sequestro de vários refugiados do Cone Sul por gangues da Operação Condor, mas o governo federal (ou seja, a ditadura) não deu nenhum passo para punir formalmente os que carecíamos de documentos. (Eu estive desde 1976 até 1979 sem poder obter um passaporte válido, e só nessa época consegui um salvo-conduto dado pela ONU, apesar do qual pude trabalhar na Universidade de Campinas durante esses 3 anos).

No caso de Cesare Battisti, porém, houve um ódio desaforado, regado pela “generosidade” da máfia italiana, junto com a falta de decisão de um setor do poder público. Mesmo, assim em novembro de 2009, o Supremo Tribunal Federal aprovou por 5 a 4 o direito do presidente de decidir sobre a extradição ou, falando mais propriamente, ratificou um direito que já existia e que a cúpula do Tribunal se empenhou em esquecer. Ora, desde essa data transcorreram já mais de 8 meses, e há três meses que o acórdão foi publicado no Diário Oficial da União. Por que, então, Battisti continua presso?

De vez em quando, em função de acontecimentos colaterais, o presidente do Brasil se manifesta sobre o caso, como o fez no final de junho durante a visita do premier italiano Sílvio Berlusconi. Nessa oportunidade, o chefe de estado disse que: (a) se pronunciaria apenas com base nos autos e com o parecer da AGU, como já tinha prometido em Novembro de 2009, na Bahia; e (b) sua decisão não tinha nada a ver com o processo eleitoral.

(Por sinal, segundo alguns italianos exilados na Europa que mantêm contato com deputados da Rifondazione Comunista, Berlusconi não parece especialmente interessado na extradição de Cesare.)

É compreensível que o presidente queira ter base judicial para se pronunciar, para evitar o ataque dos advogados da porta de cadeia, inquisidores resuscitados e a imprensa marrom (que é quase toda). Não podemos esperar nenhuma mínima sensibilidade humana dos que duvidam se devem aprovar ou não as pesquisas biológicas de alta relevância médica, ou impedem a uma mulher em risco de morte salvar-se através de um aborto.

A partir de outros discursos do presidente e até de declarações explícitas, se deduz que ele é consciente de que o judiciário tem um poder desconhecido num país ocidental moderno. Eles estão protegidos pela Bula do Papa Urbano IV (não muito nova; é de 1262), onde diz que “governadores e chefes de estado devem estar totalmente submetidos ao poder do Santo Ofício”.

Todavia, o poder do presidente de decidir em assuntos de extradição é garantido pela Constituição, pelas leis e pelo direito internacional em Ocidente. O que a Constituição Brasileira e a de outros países encomenda às Cortes Supremas é processar e julgar a extradição, e não executá-la. A diferença entre poder executivo e judiciário parece que não é bem entendida neste caso, apesar de ser matéria da 7ª serie do ensino básico.

O que poderia ser a única exceção nos países democráticos são os chamados juízes de imigração dos Estados Unidos, mas suas decisões não podem obrigar o Immigration Board (que é um órgão executivo) a extraditar ninguém, embora este acate, rotineiramente, os pareceres destes magistrados.

Mesmo que isto fosse uma exceção, pensemos que em mais de 40 países de Europa e das Américas, a decisão de recusar a extradição é um direito do poder executivo, embora ele não tenha direito a extraditar, se for proibido pela justiça.

Ora, admitindo que o presidente precise do parecer a Advocacia Geral da União para sentir-se mais amparado, eu me perguntaria: Por que demora tanto esse parecer? Será que encontrar um motivo para negar a extradição no Tratado Brasil-Itália toma mais de 8 meses, sendo que esse documento oferece pelo menos quatro motivos que seriam óbvios para um bom vestibulando de uma faculdade de direito.

Eu falei várias vezes deste problema com vários senadores e deputados progressistas, cujo esforço no caso de Cesare é extremamente louvável, e em cuja sinceridade tenho a fé mais absoluta. Alguns deles disseram que confiavam no presidente e que seria necessário esperar o “momento certo”, mas acredito que eles pareciam tão perplexos como eu sobre qual seria o momento certo para o Presidente Lula. Por outro lado, pessoas mais ligadas ao executivo, inclusive de máximo contato com o chefe de estado, reiteram essa preocupação do presidente por encontrar a oportunidade adequada.

Entretanto, é necessário ter em conta que o Brasil violou gravemente os convênios internacionais ao manter preso alguém que era legitimamente refugiado. Embora as manobras obscuras dos “caporegimes” do STF, anularam o refúgio de Battisti de maneira ilegítima, deve reconhecer-se que formalmente ele perdeu sua condição de asilado no dia 9 de setembro. Então, até essa data, sua prisão foi flagrantemente ilegal de acordo com todos os parâmetros, e só foi possível pela subserviência da justiça ao estado italiano.

Eu faço um apelo aos colegas do círculo de apoio de Cesare Battisti (especialmente aos que, por sua condição de representantes do povo possuem mais fé publica que os que somos simples cidadãos) que consideremos novos meios de ação. Se realmente acreditamos na democracia, não podemos nos abster apenas por medo a retaliações.


*Carlos Alberto Lungarzo é graduado em matemática e doutor em filosofia. É professor aposentado e escritor, autor do livro “Os Cenários Invisíveis do Caso Battisti”. Para fazer o download de um resumo do livro clique aqui. Ex-exilado político, residente atualmente em São Paulo, é membro da Anistia Internacional (registro: 2152711) e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.

“Por toda a vida esperamos pelo julgamento dos repressores”, diz ativista social argentino

“Não esquecemos, não perdoamos, não nos reconciliamos. Justiça e castigo aos genocidas e seus cúmplices.” Essa mensagem circulou em folhetos e cartazes pela Argentina durante anos e, finalmente, a sociedade vivencia o julgamento dos responsáveis pelos crimes cometidos durante o regime militar, entre 1976 e 1983.

Desde 2 de julho, o Tribunal Oral y Federal Nº 1 de Córdoba, segunda maior cidade argentina, está julgando o primeiro presidente da ditadura militar do país, Jorge Rafael Videla (1976-1981), além de militares de patente mais baixa, como o general Luciano Benjamín Menéndez, que comandou ações do exército em 10 províncias argentinas entre 1975 e 1979. Os dois já foram condenados a prisão perpétua por crimes contra a humanidade e respondem agora pelo fuzilamento em 1976 de 31 detidos em uma prisão de Córdoba.

Em entrevista ao Opera Mundi, o porta-voz de causas judiciais da organização H.I.J.O.S. (Filhos pela Identidade e Justiça, contra o esquecimento e o silêncio, na sigla em português), Martín Notarfrancesco, fala sobre o significado deste acontecimento para a Argentina e avalia a trajetória do grupo na busca por justiça. Criados em 1995, os H.I.J.O.S. ganharam destaque ao organizar os “escraches”, ações que consistiam na localização e desmoralização de um repressor, com o uso de cartazes no bairro com fotos e dizeres “Nesse bairro vive um torturador”. Videla foi alvo de uma das manifestações:

Como funciona a organização H.I.J.O.S.?
Além de filhos de desaparecidos e assassinados, somo jovens que nos assumimos como filhos desta geração que foi perseguida e massacrada pelo estado. Investigamos os casos de bebês apropriados, que hoje são jovens que não conhecem sua verdadeira identidade, pensamos em políticas de memória para os ex-centros de detenção e acompanhamos e divulgamos os julgamentos. Queremos que todos saibam do paradeiro dos genocidas.

Qual é a importância do início dos julgamentos, depois de tanto tempo?
É um momento muito esperado. Jorge Rafael Videla já tinha sido condenado em 1985, quando foram julgados apenas os nove comandantes da Junta Militar. Mas o código penal da época era diferente e só foram julgadas as patentes mais altas. No governo de Raúl Alfonsín (1983-1989), foram instituídas leis de impunidade, que impediram o cumprimento da justiça.

Retratos de desaparecidos durante a ditadura
são expostos na cidade de Tucumán, Argentina
Foto: Atilio Orellana/Efe (08/07/2010)
Segundo a lei de Obediência Devida, de 1987, os militares não podiam ser punidos pelos crimes, porque teriam somente obedecido a ordens de seus superiores. A de Ponto Final, promulgada em 1986, paralisou os processos judiciais e limitou o tempo para a realização dos julgamentos em 60 dias. Mas muita gente demorou anos para dar depoimentos, por medo, tanto que até hoje recebemos denúncias diariamente.

Em 1998, o Congresso derrogou as leis, sem anulá-las. Foi um avanço, mas insuficiente, porque não era possível dar continuidade ao que já estava em processo. Só com a anulação, em 2003, essas causas puderam ser reabertas. As leis foram uma trava importante para o cumprimento da justiça e Videla ficou muito tempo livre.

O que difere esse julgamento dos anteriores?
Ele reúne elementos muito paradigmáticos. Primeiro, a presença de Videla, ao lado de 30 acusados de patentes mais baixas. Nenhuma província teve tantos julgados. Outra particularidade é a cumplicidade entre a força militar e a civil, a Igreja Católica e juízes, que agora se explicita. Muitos juízes autorizavam o que se chamava de “traslados”, em que os detidos eram tirados da prisão e fuzilados em via pública, principalmente em 1976, ano do pico da repressão.

Agora também serão julgadas as causas dos bebês. Muitas grávidas foram sequestradas e seus bebês, nascidos em cativeiro, entregues a outras famílias. Estima-se que 500 deles tenham sido apropriados, dos quais 101 foram identificados.

Quais foram as suas impressões sobre o depoimento de Videla?
Era o momento mais esperado, porque ele nunca tinha falado, nem no julgamento da Junta Militar, iniciado em 1985 e concluído esse ano. Ele mostra desconhecer a Justiça Federal ao dizer que somente a justiça militar pode julgá-lo. Vejo nele uma postura diferente dos outros: está orgulhoso, não nega nada e assume toda a responsabilidade. Ele age como se não tivesse cometido crimes, mas sim participado de uma guerra. Ele se coloca em posição de chefe, mandando uma clara mensagem aos seus subordinados para que se sintam patriotas.

Leia mais:
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Qual é a avaliação dos H.I.J.O.S. dos primeiros dias de julgamento?
Muito positiva. Finalmente teremos um acesso à verdade histórica de uma maneira mais ampla que temos hoje. Por toda a vida esperamos por este momento. Os julgamentos são a instância mais importante da nossa luta. É senso comum que um julgamento com esta envergadura é um momento histórico. Independente da posição política, toda a sociedade sabe da importância deste acontecimento.

Como o público se comportou no tribunal?Com muito respeito. Temos vontade de insultá-los e vaiá-los, mas sabemos da importância deste momento e mantemos o silêncio para que o julgamento não seja interrompido.

Como foi a evolução dos organismos de Direitos Humanos na Argentina?
Com o retorno da democracia, o movimento de Direitos Humanos se consolidou. Chegar aos julgamentos foi um fator político de peso para a sociedade. Principalmente nestes longos anos de impunidade, em que se tentou impedir a revisão do passado, nossa luta se enraizou. Uma forma de pedir justiça eram os “escraches”. Averiguávamos onde os militares moravam, o que faziam, e divulgávamos esta informação para todos os vizinhos, convidando para uma passeata na frente da casa dele. Nossa intenção é que fosse demitido do trabalho, que o vizinho deixasse de cumprimentá-lo e que o padeiro se recusasse a vender-lhe pão. Se ele se mudasse, descobríamos para onde e iniciávamos este trabalho com seus novos vizinhos.

Martín, de óculos: “O julgamento de repressores
é a instância mais importante da nossa luta”

Foto: Arquivo pessoal

Outra conquista foram os Julgamentos pela Verdade, realizados entre 1998 e 2003. A Corte Interamericana de Direitos Humanos chegou à Argentina por petição de uma mãe que queria saber o paradeiro de seu filho. Como as causas não podiam ser reabertas, foram realizados julgamentos sem condenações. Os repressores eram obrigados a comparecer como testemunhas, não como acusados. Seus rostos começaram a ser conhecidos pela sociedade e pudemos coletar muitas provas que nos prepararam para os julgamentos de agora.

Os escraches continuarão?
Com menos intensidade. Dizemos que quando não tem justiça, fazemos escrache, mas agora há justiça, então eles ficarão em segundo plano. O escrache traz esta discussão para a sociedade, mostra que a pessoa com quem você convive, que o seu vizinho era um torturador. Manifesta algo que não foi falado e coloca os repressores em evidência. Muitos ainda têm que ser julgados, então continuaremos o trabalho.

Alega-se que parte da sociedade não sabia o que acontecia no país...
A esta altura quem diz isso, não diz com sinceridade. As detenções aconteciam a todo o momento e a ditadura durou muitos anos. Pode-se afirmar que poucos argentinos imaginavam a intensidade do regime, mas quem diz que não via nada não queria ver.


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