Por Rui Martins*
A conjugação das novas tecnologias desde o celular, laptop aos satélites permitiu mostrar na Tunísia, e está mostrando no Egito, uma revolução ao vivo, como se num amplo espaço fechado se tivesse reunido um povo para viver diante do mundo um imenso espetáculo Big Brother da revolta com seus mortos e feridos de verdade. Haverá relação da revolução ao vivo com a psicologia dos participantes dos reality shows, desejosos de ter na tela seus quinze minutos de exibição ? Não se pode deixar de pensar no filme The Truman Show.
Alguma coisa mudou. Se de um lado, a revolução egípcia contra Mubarak pode ser comparada com o levante da comuna de Paris de 1871, dela participam componentes tecnológicos inexistentes naquela época.
Parodiando-se o canadense Marshall McLuhan, a revolução vem pelos novos meios de transmissão da mensagem. A ruptura com o Egito arcáico não foi possível com as rezas dos fundamentalistas da Irmandade Muçulmana, nem com a ideologia dos esquerdistas egípcios, mas pela mobilização permitida pelo twitter nos celulares e pelos grupos sociais do Facebook.
E, elemento importante, o fato de um terço da população ser constituída de jovens. Não se pode negar – essa revolução foi deflagrada por jovens estimulados pelo conhecimento da existência da democracia, jovens da classe média na maioria universitários, utilizadores dos novos meios de comunicação.