O MEDO QUE A ELITE TEM DO POVO É MOSTRADO AQUI

A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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Peço que, quem queira continuar acompanhando o meu trabalho, siga o novo blog.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O comunista Monteiro Lobato pergunta: vão censurar o pirlimpimpim?

Na imagem (retirada do Pablog do Sítio), Pedrinho foge dos monstros graças ao pó de pirlimpimpim, um presente de Peter Pan à Turma do Sítio.

Nota do QTML?: É com muita honra que reproduzo aqui o texto abaixo, da Profª. Dra. Luci Ruas Pereira, publicado originalmente no site da UFRJ. Além de ter sido sua aluna na disciplina de Literatura Comparada, fui também sua orientanda em projeto de pesquisa sobre a obra de Eça de Queiroz. Gabarito ela tem de sobra e o texto está simplesmente magistral.
Ana Helena Tavares

Já vi Lobato ser acusado de tudo: de comunismo, de divulgar a droga, com o pó de pirlimpimpim.

Por Luci Ruas

Sempre li Monteiro Lobato desta forma: como escritor e homem combativo e visionário, polêmico e, muitas vezes, contraditório. Assim era e continua a ser, para mim, o seu Sítio do Pica-pau Amarelo: um lugar de aventura, de busca do conhecimento, de trocas e disputas, de discussão e de democráticas decisões (veja-se – ou melhor, leia-se nos livros quantas decisões foram tomadas a partir de plebiscitos). Essas características nunca me impediram de ler Monteiro Lobato, como nunca me impediram de ler nada. Fui compreendendo melhor o largo horizonte da obra de Lobato à medida que fui também amadurecendo e adquirindo novos conhecimentos. Não li Lobato pelas versões que a TV nos apresentou e agora mais uma vez nos apresenta. Por isso, é como leitora, e não como telespectadora, que posso me pronunciar.

Não estou de acordo com a decisão do Conselho Nacional de Educação – a meu ver equivocada – que acolhe por unanimidade o parecer da Conselheira Relatora Nilma Lino Gomes, ratificando a denúncia de Antonio Gomes da Costa Neto que entende Caçadas de Pedrinho como ‘manifestação de preconceito e intolerância de maneira mais específica a personagem feminina e negra Tia Anastácia e as referências aos personagens animais tais como urubu, macaco e feras africanas’; e aponta ‘menção revestida de estereotipia ao negro e ao universo africano, que se repete em vários trechos do livro analisado e exige da editora responsável pela publicação a inserção no texto de apresentação de uma nota explicativa e de esclarecimentos ao leitor sobre os estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos na literatura’. Espanta-me que desqualifique o professor na sua capacidade de refletir e de construir a leitura como objeto de reflexão e o leitor como sujeito crítico, capaz de refletir, subestimando, assim, o aluno, ao mesmo tempo em que o transforma em sujeito incapaz de se posicionar frente à realidade.

Sanctis é promovido a desembargador do TRF-3

Por Mariana Ghirello*

Em votação unânime, o juiz federal Fausto Martin de Sanctis foi aprovado pelo Plenário do Tribunal Regional Federal da 3ª Região para integrar o corpo de desembargadores do tribunal. De Sanctis estava na lista para assumir o cargo pelo critério de antiguidade. Além dele estavam na lista os juízes Nino Oliveira Toldo (10ª Vara Criminal Federal de São Paulo), Toru Yamamoto (10ª Vara Criminal Federal de São Paulo) e Marcelo Mesquita Saraiva (15ª Vara Cível Federal de São Paulo).

Os 36 desembargadores disseram não se opor a promoção de Sanctis para o TRF-3. Agora o nome dele será encaminhado ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a quem cabe a nomeação para ocupar o cargo. Ao final da votação De Sanctis sorridente foi cumprimentado por colegas e desembargadores que já lhe davam as boas vindas. O juiz disse que ficou feliz com o resultado. Ele ficou o tempo todo ao lado do juiz Yamamoto. No tribunal, De Sanctis, que atuava na movimentada 6ª Vara Criminal especializada em Crimes Fiancneiros, deverá atuar no julgamento de processos envolvendo a Previdência Social.

A atuação de De Sanctis como titular da 6ª Vara, especializada em crimes financeiros, garantiu-lhe notoriedade. A mão pesada para aplicar a lei penal granjeou-lhe a simpatia de boa parcela de seus companheiros e da população, mas também lhe custaram pesadas críticas.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Alemão e o show midiático

Os mais recentes acontecimentos no Rio mostram que o crime não é propriamente organizado. O que há na verdade são bandos de pessoas levadas à delinquência exatamente pelo fato de o Estado não lhes proporcionar opções. A barbárie então impera.

 

Por Mario Augusto Jakobskind (*)


BRIZOLA TINHA RAZÃO, EM PARTE. O OPERÁRIO TEM RAZÃO, EM OUTRA PARTE: A ação contra o tráfico no Rio e a esquerda.

Gustavo Arja Castañon


“Quem poupa o lobo, condena à morte as ovelhas”
Victor Hugo

Caros companheiros da esquerda brasileira, quero dizer diretamente, que eu, carioca, não compartilho com a indignação de parte de vocês com os acontecimentos dos últimos dias no Rio.

Eles são fruto de duas coisas bem conhecidas de todos. A primeira, que só a educação pode mudar o futuro. Brizola falava quase trinta anos atrás: “Vamos cuidar de nossas crianças!”, “vamos tirá-las das ruas, dar-lhes educação em tempo integral”. Ele construiu 500 Cieps. A direita achou o programa muito caro. A classe média achou o programa muito caro. O Garotinho achou o programa muito caro. O PT achou o programa muito caro. Destruíram seu legado. Tai o preço que o futuro cobrou. O “Zeu” é uma das crianças que o Brizola queria educar e ninguém deixou.

Brizola tinha razão.

A outra causa é também bem conhecida de todos. Não se resolve o crime já instaurado com educação, com ONGs, com discurso. A educação não pode mudar o presente. O mal armado, violento, rancoroso, lucrativo, às vezes psicótico, tem que ser enfrentado com repressão. Repressão armada. Você que está lendo sabe disso. A ação repressiva do estado ao crime, é tão expressão de democracia quanto um processo eleitoral. Democracia é lei. É direito. Não é liberdade para cercear a liberdade de inocentes. A esquerda tem que parar de tratar toda e qualquer ação repressiva da polícia como repressão econômica, política e social. Isso é repugnante moralmente. Isso afasta o eleitorado trabalhador de nós, e é confundido com apologia e cumplicidade com o crime.

Brizola não tinha razão.

E pagou o preço político por estar errado nisso.

A "OPERAÇÃO ALEMÃO" - A "LEI" GARFOU 31 MIL DE UM TRABALHADOR

A “OPERAÇÃO ALEMÃO” – A “LEI” GARFOU 31 MIL DE UM TRABALHADOR


Laerte Braga


A preocupação da REDE GLOBO com a violência no Rio vai terminar assim que o juiz apitar o fim da decisão da copa do mundo de 2014. Todo esse aparato de especialistas, de vítimas inocentes vai ser deixado de lado seja o Brasil o vitorioso ou não. O problema depois passa a ser da RECORDE, detentora dos direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de 2016.

GLOBO e RECORDE são personagens dessa caquética elite brasileira que imagina ser possível desenterrar a princesa Isabel e colocá-la no trono até que se decida que ramo dos Braganças tem direito a corroa.

Pobre conde D’Eu. Corre o risco de ver filhos bastardos disputando os direitos de enfiteuse em Petrópolis e com a cara da princesa. Hoje o DNA resolve.

Já imaginou se um deles for Tiririca?

Sua Alteza Real, o príncipe Tiririca?

Brasil cobrará metas sobre clima mas prevê negociações muito duras

Do site "Brasília Confidencial"

O Brasil deverá adotar um papel de cobrança de metas ambientais, na 16° Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-16), que começa nesta segunda-feira, em Cancun, no México. É o que antecipa a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

A ministra afirma que, como o Brasil tem feito o “dever de casa”, agora pode e deve assumir o papel de negociador na COP-16 para buscar um pacote de medidas que envolvam a mitigação das emissões de gases de efeito estufa, o financiamento de políticas para essas reduções e a transferência de tecnologias.

A recusa dos EUA – Mas o governo brasileiro prevê que as negociações serão extremamente difíceis em alguns pontos específicos. Um deles é aquele que tratada segunda fase do Protocolo de Quioto, assinado em 1997, no Japão.

Governo Lula conclui obra iniciada em 1981

Do site "Brasília Confidencial"

A conclusão das obras das eclusas de Tucuruí, que será acompanhada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira (30), além de ser considerada uma dasmaiores obras de infraestrutura logística do país, é politicamente simbólica para o governo federal. Viabilizada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com investimento de R$ 1 bilhão, a obra teve início há quase 30 anos e foi diversas vezes interrompida nas administrações anteriores.

“É uma vitória do trabalho sério e da persistência sobre a falta de vontade política, que havia paralisado os serviços diversas vezes desde que a obra começou em 1981”, comemora o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot.

Em 1989, a primeira paralisação – Inicialmente comandada pela extinta Portobras, aconstrução das eclusas teve andamento normal até 1984, quando o ritmo foi reduzido gradativamente até a interrupção em 1989. Nove anos depois, em 1998, os serviços foram reiniciados, mas houve nova desaceleração por determinação do Tribunal de Contas da União. Reativadas mais uma vez em 2004, as obras seguiram até outubro de 2005. Somente em março de 2007, após a inclusão no PAC e a assinatura do contrato de delegação firmado entre o Dnit e a Eletronorte, foi possível retomar a construção.

domingo, 28 de novembro de 2010

O Rio que eu amo é de Janeiro

Floresta da Tijuca. Foto: Ana Helena Tavares
As pessoas clamam por sangue sem perceber que estão esquartejando a si próprias. Como um queijo suíço que não assume seus buracos, manda-se que a polícia saia matando e criam-se os Batmans (o mais famoso dos milicianos). E troca-se seis por meia dúzia.

Por Ana Helena Tavares (*)

Há décadas, o Rio, hoje totalmente dominado pela família Marinho, vem perdendo força econômica e cultural. Tem sido muito maltratado não só pelos governantes como também por parte de seu povo que não valoriza esta terra. 

Por isso, vale o alerta: quem ama cuida.

Dizem que amor nem sempre gera amor. Talvez. Mas morrerei tentando - isto é prestar um serviço a si mesmo. 

Nesta mais recente crise na segurança pública carioca, duas das maiores emissoras de TV do país – as concorrentes Globo e Record – “uniram-se” para prestar juntas um desserviço à população carioca: a filmagem, durante horas ininterruptas, das operações policiais. Não estou de modo algum pregando que a polícia censure a imprensa. Nem em nenhum momento tentaram isto. Mas o BOPE (Batalhão de Operações Especiais da PM) expressou sua preocupação com a exposição exagerada que prejudica as operações, no que está certíssimo. 

Além de exagerada e prejudicial, a meu ver, é desnecessária. É justamente este tipo de shownalismo que dá às pessoas a falsa idéia de que é tudo um filme, onde a pipoca é o próprio telespectador. Queimando aos poucos junto com cada faísca na tela. Enquanto a imprensa oportunista tem o único intuito de ganhar audiência e vender jornal - porque a tragédia dá lucro e isto foi sempre assim -, as pessoas clamam por sangue sem perceber que estão esquartejando a si próprias. Como um queijo suíço que não assume seus buracos, manda-se que a polícia saia matando e criam-se os Batmans (o mais famoso dos milicianos). E troca-se seis por meia dúzia. E, mais que isso, cria-se um câncer para o sistema. 

Bandido bom é bandido na cadeia - inclusive, os fardados. Melhor ainda se for bandido engravatado, que é aquele que, prendam-se ou matem-se mil pobres, ele aliciará outros para fazer o serviço pesado do tráfico, enquanto ele toma champanhe com dinheiro sujo.

Pelo que se tem visto, parte da população brasileira, com o luxuoso apoio de um punhado de famílias, ainda tem sede de heróis. Falta ter sede de política para cobrar que cheguem às favelas todos os benefícios sociais que conferem cidadania às coberturas. 

Por isso, vale o alerta: amar uma terra é defender o direito de todos os seus cidadãos. O resto é ódio.

E ódio sempre gera ódio. Disto podem estar certos. Na música, “Nomes de Favela”, Moyses Marques garante: “Ou lá na favela a vida muda ou todos os nomes vão mudar". O Rio que eu amo é de Janeiro, não é de Agosto.

*Ana Helena Tavares é jornalista por paixão, escritora e poeta eternamente aprendiz. Editora-chefe do blog "Quem tem medo do Lula?".

Ataque do Comando Vermelho foi para negociar

Ocupado o QG do Comando Vermelho. Algo vai mudar?

Por Carlos Amorim, em seu blog*

Às oito horas da manhã do domingo 28 de novembro – uma data histórica -, três mil policiais, soldados da Brigada Paraquedista do Exército, além de fuzileiros navais com 15 blindados leves, mais helicópteros de combate, invadiram o quartel-general do Comando Vermelho: o Morro do Alemão, no centro de um complexo de 14 favelas e quase meio milhão de moradores. Até as cinco horas da tarde, quando a ocupação se completava, a força milita ainda se impressionava com a calma aparente no bairro. Esperava enfrentar 600 traficantes fortemente armados, mas esse grande confronto, que resultaria em dezenas de mortos, simplesmente não aconteceu.

Utilizando a velha tática das guerrilhas, os bandidos se dispersaram e sumiram em meio à população. Deixaram para trás toneladas de maconha e cocaína, armas de guerra, dinheiro (60 mil dólares só numa mochila apreendida com um garoto) e as casas luxuosas dos gerentes do tráfico. Quase uma centena de pessoas foram presas, a maioria inocentes. A ocupação do Morro do Alemão encerra uma semana de violência desmedida no Rio de Janeiro. No domingo anterior, bandos armados começaram a queimar ônibus e carros por toda a cidade, num total de quase 100 veículos, semeando o pânico. No enfrentamento entre os criminosos e a polícia, 36 pessoas morreram e não há conta do número de feridos.

A batalha – e este é apenas um episódio numa guerra que levará décadas – produziu três resultados inéditos e surpreendentes: a reação solidária de todos os níveis de governo, com o governador aceitando a intervenção de tropas federais; a resposta indignada da população carioca, que colaborou com a força-tarefa inclusive nas favelas; a unificação das facções criminosas. A pergunta que se coloca é a seguinte: por que os bandidos tomaram a iniciativa do confronto, com a queima dos veículos, provocando abertamente o poder público? A explicação oficial é a de que eles estavam perdendo territórios para as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Difícil de acreditar, porque essas unidades existem apenas em 12 (agora 13) das mais de mil favelas cariocas – uma gota no oceano. Outra explicação: os bandidos estariam reagindo contra a transferência de suas lideranças para presídios de segurança em outros estados. Essa pode ser. Mas, como eles foram transferidos há muito tempo, soa estranho. A minha tese é a de que os ataques visavam criar uma moeda de troca para uma trégua na Copa do Mundo e nas Olimpíadas.

O Brasil derrota o Brasil. Para delírio do Brasil

Por Luiz Carlos Azenha, jornalista, no Vi o Mundo

A população brasileira vibra. “Forças de segurança” garantiram a vitória do Brasil contra… quem mesmo? O Brasil.

Finalmente, nossa gloriosa bandeira está hasteada em Iwo Jima.

A foto foi publicada no site do Sidney Rezende.

O discurso é grandiloquente: o território teria sido “libertado”, o “momento simbólico entra para a história”, é a “atitude emblemática”.

PARA NÃO VIRAR UM IRAQUE

PARA NÃO VIRAR UM IRAQUE


Laerte Braga


É inegável que o atual governador do Rio Sérgio Cabral decidiu enfrentar o crime organizado, o tráfico de drogas especificamente. Mas é preocupante constatar que o aparelho policial é em boa parte corrupto e ao longo de muito tempo vem favorecendo e sendo cúmplice do crime.

É despreparado para ações de grande envergadura (exceto quando trata de professores reivindicando melhorias salariais, movimentos sociais buscando reforma agrária, etc). Esse despreparo não é só conseqüência de baixos salários e falta de estrutura, é de corrupção também.

Não é da natureza das forças armadas intervir em conflitos dessa natureza, mas o apoio emprestado pelas três armas tornou possível que as polícias militar e civil do Rio de Janeiro viabilizassem operações concretas contra os traficantes.

"Alô, moça da favela! Aquele abraço!"

Rocinha. Foto: Ana Helena Tavares
Ontem, sábado, 27/11/2010, saí de casa com uma máquina fotográfica na mão e uma cisma na cabeça: sim, apesar de tudo, o Rio de Janeiro continua lindo. Em busca de provar isto, tirei mais de duas dezenas de fotos. Quem quiser ver as outras, clique aqui.

O Rio de Janeiro continua lindo?

Foto: Ana Helena Tavares
O Globo abriu manchete: “O Dia D da guerra ao tráfico”, onde sem temer o ridículo destacou a “semelhança simbólica com o desembarque das tropas aliadas na Normandia” na segunda guerra mundial (menos, família Marinho, menos!).

Por José Ribamar Bessa Freire (*)

Latuff e onde está o tráfico

sábado, 27 de novembro de 2010

A Guerra contra o Tráfico numa Sociedade Falida

A ilicitude virou a regra geral; não só o coração foi petrificado, mas também o nosso pensamento; e também não só maceramos o corpo para a obtenção desses luxos e prazeres, como também reduzimos os nossos sonhos somente a isso; eis a desgraça maior.

Por Renato Prata Biar (*)

Um bombeiro no alto do Corcovado

Ubiratan Dantas, ou simplesmente Bira, é um cartunista, chargista e ilustrador paulistano. Colabora com o blog "Quem Tem medo do Lula?".

Os paraísos artificiais e os infernos reais

Reprodução de imagens da TV Brasil (Abr)
A realidade da sensação de guerra, a instabilidade emocional da ameaça, o sangue nas feridas abertas em tantos inocentes e o terror da insegurança é o prato feito diário das comunidades pobres do Rio e da periferia de praticamente todas as cidades brasileiras. Os paraísos artificiais se constroem na distância e no descaso com o que acontece aos brasileiros que não moram nas ruas da classe média, foi sempre assim, esse é nosso fosso histórico. Essa é nossa miopia como povo que ainda não nasceu, porque ainda é incapaz de se irmanar.

Bastam uns dias experimentando a sensação de terror frente à guerra ao vivo na TV para que a classe média e sua “opinião pública” mostrem suas presas afiadas ávidas por sangue. Diante da urgência de restabelecer a paz aparente, soa forte a demanda por atacar, cobrar-lhes aos pobres o preço de sua condição, lavar com sangue a ameaça à tranqüilidade da paisagem.

A urgência em responder aos ataques do que se presume ser o “crime organizado” é inimiga da inevitável constatação de que não há solução imediata para a questão da segurança pública no Rio e nas demais capitais brasileiras. “Apressado come cru”, diria minha sábia avó Isabel, uma brasileira mestiçada de africanos e índios, que aprendeu a ler praticamente sozinha, e que recebeu este nome em homenagem àquela que assinou-nos a Lei Áurea. Lei essa que ainda não clareou os porões do navio.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A crise no Rio e o pastiche midiático

Por Luiz Eduardo Soares*, em seu blog

Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.

Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:

Tucano é encontrado com 500kg de maconha durante operação policial no Rio

Duvido que a Globo dê a notícia, mas o site Terra deu.
Aguardamos agora para saber se ele abrirá o bico ou se só falará no Tribunal.

A BATALHA DO RIO DE JANEIRO

Celso Lungaretti (*)


Canso de repetir: a criminalidade é intrínseca ao capitalismo.

Porque as molas mestras do capitalismo são a ganância, a busca do privilégio e da diferenciação, e o consumismo.

Ter cada vez mais posses e recursos materiais.

Competir zoologicamente com os semelhantes, no afã de se colocar em situação superior à deles.

Mitigar todas as suas insatisfações adquirindo e desfrutando coisas.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Lula, Lulinha e a certeza de que todo mundo pode

Dói o fígado de "O Globo"

De braços dados com a ditadura: a família Marinho sempre escolheu um lado
Por Rodrigo Viana, jornalista, em seu blog "O Escrevinhador"

O jornal da família Marinho publicou chamada na capa sobre a entrevista de Lula aos blogueiros. E, numa página interna, estampou matéria de alto de página sobre a coletiva no Palácio do Planalto. O objetivo, evidentemente, era esculhambar os blogueiros e o presidente da República.

Achei muito engraçado: a turma de Ali Kamel está perdida. Passar recibo dessa forma a meia dúzia de blogueiros? Isso mostra o que? Que eles temem a blogosfera. Já não falam sozinhas. O fígado dos que dirigem as “Organizações Globo” dói por dois motivos:

- já não formam opinião como antes, e não decidem eleição (por mais que eu seja o primeiro a reconhecer que a velha mídia segue a concentrar algum poder; erra quem menospreza esse poder hoje cadente);

- já não falam sozinhos no Brasil.

A agricultora que fez o presidente chorar

Maria Inês Nassif: A encrenca de uma coalizão muito ampla

Por Maria Inês Nassif, no Valor Econômico*

Não é bom ter o PMDB como amigo. Pior ainda tê-lo como inimigo. A presidente eleita, Dilma Rousseff, já deve ter percebido o tamanho do barulho que o PMDB faz e a enorme capacidade do partido de desferir golpes rápidos e certeiros em seus aliados, quando o assunto é participação na máquina do governo. Sozinho, o PT, com sua bancada de 88 deputados na Câmara, será incapaz de se contrapor a isso. E não parece ser do perfil da eleita dar nó em pingo d’ água, como conseguiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à base da estratégia uma no cravo, uma na ferradura.

Pragmático, o presidente Lula, já na formação de seu primeiro governo, acenou para a sociedade como se sua eleição tivesse sido o produto de uma aliança política mais ampla do que realmente foi. A escolha de ministros comprometidos com a política ortodoxa, no campo da economia, teve a compensação que poderia dar naquele momento, diante da grave crise econômica que o Brasil atravessava: a imediata execução do Programa Fome Zero, posteriormente Bolsa Família, que integrou todos os programas de transferência de renda existentes.

O lado mais curioso dessa ampla coalizão (do ponto de vista da diversidade ideológica dos partidos aliados) foi a solução dada por Lula à Agricultura. Lula tomou o agronegócio como prioridade de governo e manteve o Ministério da Agricultura nas mãos de pessoas ligadas aos grupos ruralistas, que deram ao seu governo mais trabalho do que apoio no Congresso. No outro lado da balança, manteve um Ministério do Desenvolvimento Agrário sempre nas mãos de ministros ligados a movimentos sociais pela reforma agrária. A síntese dessa contradição foi um grande apoio ao agronegócio, mas uma política ativa de crédito e transferência de tecnologia voltada para a pequena propriedade e para a agricultura familiar. O Ministério de Desenvolvimento Social trabalhou articuladamente com o MDA junto a essas famílias, que pelo menos no início do governo estavam inseridas nos bolsões de miséria sob a mira das políticas sociais do governo. Agora já devem ter subido um pouco na escala social.

Ocorrida de 22 a 27 de Novembro de 1910, Revolta da Chibata completa cem anos




A música "O mestre sala dos mares", de autoria de João Bosco e Aldir Blanc (magistralmente interpretada por Elis Regina no vídeo acima) conta a saga de João Cândido - o "navegante negro" -, líder da Revolta da Chibata.

A charge é do cartunista Bira Dantas, colaborador do blog "Quem tem medo do Lula?".

Clique aqui e conheça a história da Revolta da Chibata.

Produção florestal brasileira cresceu quase R$ 1 bilhão


A produção florestal brasileira gerou R$ 13,6 bilhões em 2009, valor quase R$ 1 bilhão acima do registrado em 2008 (R$ 12,7 bilhões). Do total obtido no ano passado, 66% (R$ 9 bilhões) foram oriundos da silvicultura, exploração de florestas plantadas. O restante, R$ 4,6 bilhões, provém do extrativismo vegetal, baseado nomanejo de recursos nativos.

Os dados fazem parte da pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, divulgada ontem (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ocrescimento do setor foi puxado principalmente pela atividade extrativista, que teve incremento de 7,9%. Já a exploração de florestas plantadas ou cultivadas registrouelevação de 5,6%.

O levantamento indica que a produção de carvão vegetal em 2009 sofreu queda de 19% na comparação com 2008, tendo passado de 6,2 milhões para 5 milhões detoneladas. A produção de carvão proveniente da silvicultura teve redução de 15% no período, somando 3,3 milhões de toneladas em 2009. O mesmo movimento foi observado no carvão oriundo do extrativismo, com queda ainda mais intensa, de 26,2% na passagem de um ano para o outro. Em 2009, a produção atingiu poucomais de 1,6 milhão de toneladas.

Quem se habilita a dar emprego ao Serra?



Do Poder Online

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Entrevista histórica: viva o Brasil de Lula

  Entrevista histórica: viva o Brasil de Lula

 

Não fosse a circunstância desse encontro, raro, único, de um Presidente “baixar-se” a uma coletiva de mais de duas horas para os expulsos da grande imprensa que se julga jornalística, não fosse, já nesse encontro, o reconhecimento do poder de informar de uma nova mídia, que faz o jornalismo com que todo estudante sonha, não fossem essas coisas tão extraordinárias, haveria as revelações que o Presidente Lula trouxe em vários momentos da coletiva.

 

Por Urariano Mota (*)


Vídeo: íntegra da entrevista dos blogueiros com Lula

Cordel-Tributo a Betinho


 Cordel do meu amigo poeta Jetro Fagundes, diretamente da Ilha de Marajó*

Betinho

O Irmão do Henfil

I

pros rumos das Alterosas
terra onde Tiradentes nasceu
uma alma pra lá de corajosa
mineiramente santa apareceu

Vento, lindo sumano cabano
sei que tu já ouvistes falar
de um amigo dos dominicanos
menino de sonhar, agir, lutar

Homem que já lá na juventude
sabia muito bem se posicionar
numa União Católica de Atitude
a nossa lendária Ação Popular

Desde a época universitária
ele já dava um claro sinal
de ser defensor da agrária
pra paz reinar no meio rural

Lá pro meio dos anos sessenta
este guerreiro da Ação Popular
viu uma quartelada vil, nojenta
golpear o governo de João Goulart

O POSSÍVEL E O IMPOSSÍVEL FUTURO DE LUÍS IGNÁCIO LULA DA SILVA (e as cogitações baratas do CQC)

Foto: Agência Brasil
Não sei se ali no cara a cara com O Cara eu diria, mas aqui eu digo: “- E até quando vamos ter de aguentar a conversinha burra e barata desses Custe o Que Custar da vida? Quando voltaremos a ter humoristas de verdade nesse país? PQP! Isso de CQC e outros besterois é muita perda de tempo!”

Por Raul Longo (*)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Se a fome entra pela porta, o amor sai pela janela

A eleição de Lula, que só ocorre em 2003 e após várias tentativas, aconteceu porque além de a direita não apresentar um só candidato a altura do líder sindical, ninguém suportava mais tanta incompetência, desemprego e miséria.

O PT, em meio a um sistema eleitoral nas mãos do poder econômico, aceitou jogar o jogo sujo em que se transformaram as campanhas eleitorais e após uma campanha caríssima, acordos, dissidências, concessões, levou a esquerda finalmente a conquistar o poder central.

A mídia após o golpe de 1964, vinte e um anos de ditadura, agora completamente partidarizada, concentrada nas mãos dos conservadores e com amplo domínio sobre a opinião pública, com a volta da democracia perdeu sua primeira batalha.

O tempo não para e graças ao excelente governo merecedor de aprovação recorde, Lula é reeleito presidente e ao final dos oito anos em que consegue tirar da miséria 28.000.000 de brasileiros, elege ainda ainda com muita dificuldade uma mulher como seu sucessor.

Pode-se dizer agora com tranquilidade que o povo brasileiro ama o seu presidente. E que foi este amor que levou a mídia agora agindo com o ódio de um amante traído a ser derrotada pela segunda vez.

Há muito o que comemorar, não há dúvida, e as perspectivas para o país são as melhores possíveis, mas todo o cuidado é pouco nesta hora.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Vaticano libera a camisinha


Vaticano libera a camisinha

Imagina-se que os próprios padres pedófilos passarão a usar preservativos nas suas atividades extra-religiosas e que diminuirá o número de afilhados de padres mais ardorosos nas regiões interioranas.

Por Rui Martins (*)

Exército boliviano se recicla


 Exército boliviano se recicla
 Enquanto Folha e O Globo se preocupam com a ficha de Dilma, Exército boliviano se declara socialista e em favor da luta pela soberania e pela dignidade nacional.

Por Mario Augusto Jakobskind (*)


Meirelles ainda quer mais autonomia

Por Altamiro Borges*

Ávida por interferir na montagem do ministério do governo Dilma Rousseff, a mídia oligárquica parece preocupada com o futuro do atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Há boatos de que a presidenta eleita não o manterá no cargo. Os tais “agentes do mercado”, que têm espaço privilegiado nos veículos de comunicação, dizem temer pela “estabilidade da economia” – na verdade, eles temem por seus lucros exorbitantes e criminosos na especulação financeira.

Diante a boataria, Henrique Meirelles tentou um golpe de mestre, mas parece que se deu mal. Ele teria dito à imprensa que foi convidado a permanecer na função, mas que “impôs condições”. A principal seria maior autonomia do Banco Central. É muita petulância. Hoje, a instituição já goza de uma baita autonomia. Nos últimos oito anos, o BC manteve o tripé neoliberal da política macroeconômica – com juros elevados, superávit primário e libertinagem cambial.

Mídia é a pauta da vez na América Latina

Reproduzo artigo de Marcelo Salles, publicado no site Opera Mundi*

Nossa América dá sinais, cada vez mais constantes, da necessidade de rever o modelo de comunicação a que estamos submetidos. Primeiro foi a Venezuela, que impulsionou a criação de uma televisão multi-estatal, a Telesur, em parceria com Cuba, Argentina e Uruguai. A medida foi tomada logo após a tentativa de golpe de Estado contra o presidente Chávez, em 2002 – golpe esse que contou com apoio decisivo das corporações da mídia privada venezuelana.

Em 2007, o Brasil cria a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), que une a Radiobrás e a TV Educativa do Rio de Janeiro num projeto de comunicação pública – ainda imperfeito, mas com capacidade suficiente incomodar, a ponto de jornais neoliberais dedicarem editoriais exigindo o fim da iniciativa.

No ano seguinte foi a vez da Bolívia criar um jornal estatal, El Cambio, de formato tablóide e preço popular. Inicialmente com 5 mil exemplares, dois anos depois o jornal boliviano já alcançou o primeiro lugar em vendas e desbancou os tradicionais La Prensa e El Razón.

A Argentina enfrenta o monopólio dos grupos privados e o governo Kirchner leva adiante a Ley de Medios, que atinge duramente as corporações privadas.

Tânia Bacelar Araújo: “estamos distribuindo renda com uma mão e concentrando com a outra”

Em entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos, a socióloga discute duas questões importantes suscitadas pela vitória de Dilma Rousseff: o movimento conservador e a atuação do nordeste

Ao IHU On-Line*

A eleição de Dilma suscitou duas questões importantes que precisam de reflexão e discussão no Brasil: o movimento conservador que levantou bandeiras preconceituosas durante as eleições movendo votos consideráveis e, também, o crescimento da discussão política que envolve a atuação do nordeste, antes esquecido e renegado no ‘canto do país’. “O nordeste tem 28% da população total do Brasil, mas tem metade dos que ganham salário mínimo no país. Nesse sentido, o nordeste foi bastante beneficiado por essa política. Aumento de renda significa aumento de consumo e o aumento de consumo destacou a economia do Brasil, mas, particularmente, do nordeste”, relatou a professora e economist Tânia Bacelar de Araújo durante a entrevista que concedeu à IHU On-Line, por telefone.

A economista analisou as principais transformações que o nordeste viveu nos oito anos de governo Lula e refletiu sobre o protagonismo que a região vem explorando e o preconceito que cresce contra os nordestinos no país. Além disso, ela também falou sobre suas expectativas em relação ao governo Dilma. “Para as mulheres, a chegada de Dilma é simbólica. As mulheres, até 1930, sequer votavam. A taxa de analfabetismo feminina até metade de século XX era o dobro da masculina. Então, as mulheres, no século XX, fizeram um esforço grande de se qualificar porque foi o canal de entrada na vida pública que nós escolhemos”, manifestou.

domingo, 21 de novembro de 2010

O papel de Lula no governo de Dilma

Por Ricardo Kotscho*
 
Num ponto, pelo menos, as personalidades de Lula e Dilma são muito semelhantes: os dois são teimosos, não gostam muito de ouvir palpites e conselhos, e apreciam exercer a autoridade, às vezes de forma brusca, deixando claro quem manda.

Por isso mesmo, não dou crédito a esta história de que o governo Dilma será apenas um terceiro mandato de Lula com outro nome. Quem diz isso não conhece a Dilma nem o Lula.

Claro que o futuro ex-presidente estará sempre à disposição da presidente eleita para colaborar, ajudar na articulação política e nos momentos de crise, mas só quando for chamado por ela, por iniciativa dela, jamais dando uma de oferecido. Não é do feitio dele.

O Globo e Folha “torturam” Dilma

Por Altamiro Borges*

Ainda lambendo as feridas da derrota do seu candidato, a mídia demotucana já afia as suas armas para “torturar” a presidenta Dilma Rousseff. No seu arsenal, ela não vacila em utilizar os arquivos da ditadura, dando voz aos torturadores e carrascos. Com base num processo movido pela Folha, o Superior Tribunal Militar liberou nesta semana alguns documentos deste sombrio período. O STM bem poderia liberar também os relatórios sobre a cumplicidade da mídia com os golpistas.

Jogo sujo e combinado

Na sexta-feira, 19, o jornal O Globo – pertencente à famíglia Marinho, que ergueu o seu império com o apoio dos golpistas – foi o primeiro a explorar o arquivo. Pareceu até jogo combinado. A ávida Folha conseguiu os papéis e O Globo deu a largada com o título “Documentos da ditadura dizem que Dilma 'assessorou' assaltos a bancos”. O jornal informa que os dezesseis volumes de anotações liberados pelo STM “descrevem a ex-militante como figura de expressão nos grupos em que atuou, que chefiou greves e ‘assessorou assaltos a bancos’, e nunca se arrependeu”.

Com base nas opiniões dos carrascos, O Globo diz que Dilma era chamada de “Joana D’Arc da subversão” e que seria “uma figura feminina de expressão tristemente notável”. Ele ainda destaca o relatório sobre os militantes da VAR-Palmares escrito pelo delegado Newton Fernandes. Em 12 linhas, ele traça o “perfil” de Dilma: “Uma das molas mestras e um dos cérebros dos esquemas revolucionários postos em prática pelas esquerdas radicais... É antiga militante de esquemas subversivo-terroristas... Trata-se de uma pessoa de dotação intelectual bastante apreciável”.

A cada um sua democracia: Folha de S. Paulo e o arquivo de Dilma

O Brasil da Folha de São Paulo (e de outros órgãos de imprensa muito bem identificados) insiste na tática da desinformação, da meia verdade ou da meia mentira, o que vem dar no mesmo, usando aquilo a que chamam de liberdade de imprensa, da sua liberdade de imprensa, bem entendido, como uma espécie de chantagem moral (aqui sim) sobre toda a sociedade brasileira. Uma chantagem que ainda conta com o beneplácito de muitos de seus incautos leitores ou do apoio daqueles que insistem em querer dividir o país através do preconceito, do ódio, da intolerância.

Por Izaías Almada*

Não é curioso, amigo leitor, que ao terminar a primeira década do século XXI, a velha imprensa brasileira (aqui no sentido de antiga mesmo e carcomida) insista em não querer aceitar a vitória da presidente Dilma Roussef? Ou melhor: insista em “investigar” o passado da candidata eleita, substituindo a polícia da ditadura civil/militar que infelicitou o país nos anos 60?

Porque não é outra a atitude do jornal Folha de São Paulo ao se regozijar com a abertura dos arquivos de posse do Superior Tribunal Militar, pomposamente recebida como uma “vitória da sociedade brasileira”, para bisbilhotar sobre o passado de uma ex-presa política.

A nova consciência democrática do povo

Por Emir Sader*

O enorme apoio do governo Lula vem, sobretudo, dos resultados das políticas sociais do governo. O apoio é tão generalizado (mais de 80% e apenas 3% de rejeição) que fica difícil distinguir diferenças por nível de renda ou de escolaridade, mas o resultado eleitoral permite ver como os setores de apoio mais firme - os que deram inequivocamente a vitória a Dilma - foram os de menor nível de renda. Visível também porque foram os apoios amplamente majoritários nas regiões com um peso predominante dos pobres – como o norte e o nordeste.

Uma das questões que se coloca é saber a que se deve a diferença entre o índice de apoio do governo e a votação da Dilma. Claro que o apoio ao governo tem matizes – do ótimo ao regular – e estes refletem disposição de transferência do voto a Dilma o apenas anuência diante das relações inegáveis do governo Lula.

Mas foi possível perceber que, colocados diante da comparação entre os governos Cardoso e Lula – ou diante da percepção do que viveram nos anos 90 e do que passaram a viver na primeira década deste século -, uma grande maioria de brasileiros opta pela continuidade e aprofundamento do governo Lula com Dilma. Foi diante dessa barreira que o candidato tucano buscou um atalho – buscar desviar o debate dessa comparação política para um tema como o aborto e seus desdobramentos religiosos, no circuito das igrejas.

Joaquim Nabuco (1849/1910): O mais republicano dos monarquistas

por Chico Alencar

Pontos na costura da vida de um pensador na política.

1. Marcas da infância: filho da elite, sensível à miséria do entorno. Passou a meninice cercado de mucamas e mimos (nunca lhe foi permitido andar a cavalo, e tinha nojo de toicinho e manteiga, por exemplo) no Engenho Massangana, em Cabo de Santo Agostinho (PE). “O traço de toda uma vida é para muitos um desenho de criança esquecido pelo homem, mas ao qual ele terá sempre que se cingir sem o saber” (‘Minha Formação’): o jovem negro – 18 anos presumíveis – que se lança sobre o menino na sacada da Casa Grande, suplicando que o comprasse, para amenizar os suplícios que sofria do senhor vizinho... “Foi este o traço inesperado que me descobriu a natureza da instituição com a qual eu vivera até então familiarmente, sem suspeitar a dor que ela ocultava”. De alguma maneira, Nabuco traiu suas origens de classe, com toda uma vida que poderia não ter sido e foi...

2. A causa vital: a emancipação dos escravos, a ‘dignidade humana’ – pela qual pautou todas as outras carreiras (advogado, historiador, ‘sociólogo’, jornalista, escritor, diplomata e deputado, contrariando parte de suas ‘bases’). Causa norteadora, balizadora, mas não exclusiva. Funda, com André Rebouças e José do Patrocínio, a Sociedade Abolicionista Brasileira – sempre na expectativa de que houvesse um Terceiro Reinado. Em carta, aos 34 anos, diz que prometera fazer de sua vida um protesto contra a escravidão, “nada querendo dela, esperando como os escravos o meu dia”. “A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil”. Perpassava todas as instituições e maneiras de ser – invadia todas as atividades, todas as classes, todas as mentes. Suas sequelas: “a alma infantil”, “o silêncio sem concentração” e “as alegrias sem causa”. Para Nabuco, o senhor, por ser senhor, também ficava diminuído como cidadão, lembrando, de alguma forma, a dialética da dependência entre senhor e escravo, de Hegel. Completando seu curso de Direito em Recife, escandalizou a sociedade ao ajudar, em juri, aos 20 anos, na defesa de um escravo (Thomaz, 27 anos) acusado de assassinar uma autoridade (que o mandara açoitar barbaramente, em praça pública), e um guarda da prisão, de onde escapara. “Na origem desse processo dois crimes havia: havia a escravidão, havia a pena de morte. A escravidão levara Thomaz – que era bom e fez-se uma fera – a praticar o primeiro crime, a pena de morte a perpetrar o segundo”. Vitória parcial do jovem causídico: Thomaz teve a pena de morte comutada em prisão perpétua.


Lungarzo: “A chegada de uma ex-torturada à presidência pode provocar reflexão na sociedade” – Especial pro QTML?


Carlos Alberto Lungarzo é ativista dos Direitos Humanos, sendo membro, desde 1982, da Anistia Internacional – que ajudou a fundar na Argentina, onde nasceu – e voluntário do Alto Comissionado das Nações Unidas para os refugiados. A estes deu sua contribuição no Brasil, América Central e México. Escreveu o livro "Vendetta!" sobre o julgamento do escritor italiano Cesare Battisti e colabora com duas ONGs da esquerda americana: a “Anwer.org” e a “Move On!”. Para honra minha, é atualmente co-editor do "Quem tem medo do Lula?", onde publica seus artigos diretamente.

Nesta entrevista, concedida numa agradável noite, em uma das varandas do Campus da UFRJ na Praia Vermelha – onde esteve para participar de um seminário sobre jornalismo – ele fala sobre a necessidade de que se esclareçam os crimes da ditadura militar brasileira.

Para ele, ao querer acesso aos documentos referentes à atuação de Dilma na ditadura, a mídia quer “criar agitação e confusão”, na tentativa de “suprimir a realidade, através de informações forjadas, que não são corretas – ou que, mesmo sendo corretas, são agitadas e colocadas fora de contexto, produzindo um impacto maior do que teriam naturalmente.” Por outro lado, ele considera que “se for contado o que de fato aconteceu com ela, é grande a possibilidade de aumentar o grau de consciência da sociedade.”

Conclui lamentando que o nosso sistema judiciário seja “uma ditadura, que não presta contas a ninguém, que se impõe por pressão e que usa uma linguagem ininteligível para o povo.” Sem que isto seja mudado, “nada de democracia”.

Por Ana Helena Tavares*, entrevista realizada em 17 de Novembro de 2010

Você nasceu na Argentina e se exilou no Brasil, depois do golpe lá. Como foi isso?

sábado, 20 de novembro de 2010

A anta que virou elefante num domingo espetacular

 Então, ficamos combinados assim: uma anta é uma anta, um elefante é um elefante, a resposta dada por algumas comunidades tem tromba e é grande, mas não é elefante, e o Edir Macedo é....bom todo mundo sabe o que é Edir Macedo.

Por José Ribamar Bessa Freire (*)

Nosso racismo é um crime perfeito

O antropólogo Kabengele Munanga fala sobre o mito da democracia racial brasileira, a polêmica com Demétrio Magnoli e o papel da mídia e da educação no combate ao preconceito no país

Por Camila Souza Ramos e Glauco Faria*

Fórum - O senhor veio do antigo Zaire que, apesar de ter alguns pontos de contato com a cultura brasileira e a cultura do Congo, é um país bem diferente. O senhor sentiu, quando veio pra cá, a questão racial? Como foi essa mudança para o senhor?

Kabengele - Essas coisas não são tão abertas como a gente pensa. Cheguei aqui em 1975, diretamente para a USP, para fazer doutorado. Não se depara com o preconceito à primeira vista, logo que sai do aeroporto. Essas coisas vêm pouco a pouco, quando se começa a descobrir que você entra em alguns lugares e percebe que é único, que te olham e já sabem que não é daqui, que não é como “nossos negros”, é diferente. Poderia dizer que esse estranhamento é por ser estrangeiro, mas essa comparação na verdade é feita em relação aos negros da terra, que não entram em alguns lugares ou não entram de cabeça erguida.

Uma rede que transforma a educação e o país

Encontro reúne 50 professores finalistas do Concurso Aprender e Ensinar – Tecnologias Sociais, que fazem parte de uma rede que começa a ganhar corpo no Brasil

Por Adriana Delorenzo*

“Já te chamaram de louco? Você está no caminho certo.” Foi esse o recado de um dos 50 professores no Encontro de Finalistas do Concurso Aprender e Ensinar – Tecnologias Sociais. Durante dois dias, todos estiveram em Brasília, onde o relato das experiências revelou o esforço de cada um para colocar em prática alternativas simples, mas capazes de transformar a realidade local. No encerramento, os educadores avaliavam que saíam da capital federal e voltavam para seus municípios fortalecidos e com a esperança de que outro mundo é possível. E, claro, todos torcendo para serem premiados pelo concurso que levará cinco professores a Dakar, no Senegal, para participar do Fórum Social Mundial de 2011.

Comentando os documentos sobre Dilma

Do meu companheiro e amigo Gustavo Medeiros, 
publicado pelo blog do Nassif

O problema é que na própria reportagem de o Globo sobre o inquérito não mostra que ela assessorou o assalto.
"descrevem a ex-militante como uma figura de expressão nos grupos em que atuou que chefiou greves e "assessorou assaltos a bancos", e nunca se arrependeu.
Onde está Descrição? Não era relevante para estar na reportagem? Eram baseados em fatos ou eram apenas Achismos dos órgãos de repressão?
Mostra também que a Dilma não necessariamente sabia dos eventos ocorridos.
"Dilma contou que, em outro encontro, um companheiro falou da realização de uma "grande ação" que iria render bastante dinheiro para os cofres da organização. Essa ação, soube Dilma depois, tratava-se do assalto à residência de Ana Capriglione, ex-secretária do ex-governador Ademar de Barros."
Aliás, Adhemar de Barros não tinha reputação de honesto.
Outra coisa, os integrantes das organizações não necessariamente sabiam das ações uns dos outros, havia uma grande autonomia nas ações por medida de segurança, a razão é obvia, se um “caía” nem sempre todos cairiam. Por isto, nem a Dilma Rousseff e nem o esposo dela sabiam os nomes verdadeiros um dos outros.
Na ditadura, houve alegação ridícula de que Vladimir Herzog era da KGB. O que prova que eles não eram bons de avaliação ou, pelo menos, belos mentirosos e manipuladores.

As viúvas de Eike Batista

Eike Batista dá seu lance durante um leilão realizado no Hotel Copacabana Palace - Fotocom / Oi
 
Acalmem-se senhoras que o Eike volta! Já disse que volta! Querem mais o quê? Que dê uma de Madona interpretando Evita Perón e cante, lá de seu Jurerê do Rio de Janeiro para vocês ouvirem no daqui: “Don’t cry for me Santa Catarina!”?


Por Raul Longo (*)

COM O PROCESSO DE DILMA, A "FOLHA" PARIU UM RATO

Celso Lungaretti (*)


Bem que, há quatro dias, eu antecipei: depois de tanto haver lutado para obter o processo a que Dilma Rousseff respondeu durante o regime militar em tempo de produzir algum factóide capaz de influir na eleição presidencial, a Folha de S. Paulo seria agora "obrigada a soltar alguma reportagem" baseada no entulho ditatorial que tardiamente desencavou.

A matéria Dilma tinha código de acesso a arsenal usado por guerrilha, da edição deste sábado (20), confirma tal previsão e também a que fiz em seguida:
"Pela qualidade atual do jornalismo da Folha, canto a bola desde já: vai ser imensamente inferior à da Época".
Ou seja, a revista Época publicou em agosto uma matéria de capa sobre Dilma que, se não foi perfeita, pelo menos tentou manter tanto equilíbrio e isenção quanto são possíveis em nossa grande imprensa.

Os questionamentos dos partidários de Dilma foram muito mais quanto ao momento escolhido para se dar tamanho destaque a seu passado de resistente e presa política, do que à forma como ele foi abordado.

Bem diferente da Folha, que produziu texto tão malicioso quanto aquele com o qual tentou vincular Dilma a um mirabolante plano de sequestro, nem sequer tentado; ou quanto o ridículo e rapidamente desmoralizado artigo de um seu colunista, tomando ao pé da letra uma piada de mau gosto do Lula sobre estupro.

Noblat: "Eu nunca preguei golpe nem nunca tive rabo-preso"

Prof. Laurindo Lalo Leal e Ricardo Noblat em foto que tirei em evento recente na UFRJ. Quem conhece sabe que a diferença entre os dois é a mesma do vinho pra água. Ao final, um cara provocou o Noblat perguntando o que ele achava de "dizerem por aí" que ele faz parte do chamado PIG. Visivelmente irritado, ele respondeu: "Nunca preguei golpe nem nunca tive rabo-preso". Não me aguentei de rir...

Ana Helena Tavares

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O comentarista da RBS responde ao Brasil: "Eu luto pela felicidade das pessoas!"...


 
A resposta da Besta

Afirmam os  veterinários que, comparativamente, um ano de vida para um cão de porte médio equivale a 7 anos de vida de um ser humano. Nessa linha, comparando-se a idade do apresentador da RBS ao Diabo, evidencia-se que a capacidade intelectual do apresentador se assemelha a de Lúcifer no tempo em que também era chamado de Cão, mas mais comumente de A Besta.

O que melhor se ilustra na resposta (vídeo acima) de hoje à reação nacional às suas afirmações no almoço de ontem.
Por Raul Longo (*)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Qualquer miserável tem preconceito

  Qualquer miserável tem preconceito

Manifestações, zombarias, ocorriam  antes de 2010. Agora, após a eleição de Dilma, o riso virou zurro e fúria.

Por Urariano Mota (*)


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